☠︎︎🏴 Capítulo 22 - Sem Escolha ☠︎︎🏴

Reescrito 🏴☠️🐺

O Black Swan seguia pelas rotas comerciais nos mares da Oceania. Não possuíam informações sobre os demais fragmentos do Imperium, e seu plano atual seria continuar saqueando navios mercantes e seguir para as Índias.

Os golfinhos da costa australiana recebia o Black Swan com pulinhos divertidos e curiosos, a medida que apostava corrida com a embarcação. Yibo estava debruçado na mureta enquanto sorria encantado, apontando para eles e mostrando para o navegador. O Beta já estava acostumado com aquilo devido aos anos de navegação, mas mostrou-se extasiado a cada vez que o loirinho lhe apontava um dos golfinhos.

— Olha aquele lá! — O Ômega estava tão encantado com os golfinhos, que quase sentiu vontade de pular no mar e ir nadar com eles. — Você viu o pulo que ele deu?

— Eles estão brincando com você. 

— Olá, senhores golfinhos! — Yibo os saudou, acenando com a mão.

Do outro lado da embarcação, Xiao o observava com um sorriso bobo no rosto. Era realmente adorável ouvir os risos do Ômega, enquanto este admirava algo tão bobo para ele quanto simples golfinhos.

— Olha lá — Peixin cutucou o espadachim com o cotovelo. — o Capitão bobão.

Cheng riu.

— Ele vai te jogar para fora do navio.

— Ele não está ouvindo.

— Ele é um lúpus — Cheng se levantou revirando os olhos. — É claro que ele ouviu — E saiu, deixando o outro Alfa paranóico.

Um pequeno alvoroço se formou no convés inferior chamando a atenção do Capitão. Zhan olhou para baixo e viu Haikuan acompanhando seu irmão, Yu Chen, passando pela escotilha que os levava mais abaixo e sumindo de suas vistas. Um pouco depois, Haikuan retornou subindo pelas escadas a procura do Capitão. Ele o viu falando com Ziyi e Xuan Lu, logo rumando em sua direção.

— O leme ficou travado do nada — Ziyi, a alfa responsável pelo timão resmungou.

— Capitão — Haikuan chegou interrompendo a conversa. — Yu Chen entrou em seu rut.

— Verifique isso — Xiao disse para a mecânica e girou para o outro Alfa: — Prenda-o no porão.

— Mas Capitão… 

— Você quer que eu desenhe? — Haikuan balançou a cabeça temendo insistir no assunto. Zhan voltou sua atenção à mecânica: — Quando encontrar uma solução para isso me comunique. Enquanto isso vou mandar baixar as velas.

Ziyi assentiu. Ela e Zhan tomaram rumos diferentes, com Haikuan seguindo no encalço do lúpus. O Capitão se voltou a tripulação e ordenou que descessem as velas, pelo tempo em que a mecânica encontraria a solução para o problema com o leme. 

— A presença do Ômega e seu cheiro, são como uma tortura para o pobre Sven — Haikuan insistiu.

Zhan cessou seus passos e olhou para o bucaneiro como se estivesse pensando em uma alternativa para aliviar o sofrimento do irmão dele. Estava óbvio para o próprio Haikuan que o Capitão não poderia fazer nada, a não ser que cedesse o Ômega para saciar o desespero carnal de Yu Chen em seu rut anual.

Mas é claro, isso era algo que Zhan jamais o faria.

— Parece que nosso estimado bucaneiro terá dias difíceis, então — Zhan disse e seguiu o olhar de Haikuan, que alternava entre ele e o Ômega. Xiao seguiu até o espadachim no convés logo abaixo — Cheng, não deixe Yibo passar para as cobertas inferiores.

Haikuan fitou o Capitão com amargura enquanto ele se afastava. Ele não ousou pedir, mas seu desejo era claro que o Ômega fosse entregue ao seu irmão. Despreocupado, Zhan voltou a sua cabine sabendo que o Alfa não iria conseguir passar pelo espadachim se tentasse levar Yibo consigo.

🏴☠️🐺

Noite do jantar na casa do governador…

— Onde está Jiyang? — Wang Quon questionou a uma das criadas.

— Em seu quarto, senhor. 

— Mande-o vir imediatamente. Nossos convidados já estão chegando — a mulher assentiu e seguiu a cumprir a ordem.

A mulher bateu na porta de Jiyang mas não obteve resposta. Ela então entrou em seu quarto, vendo o garoto sentado mirando o próprio reflexo no espelho.

— Está muito lindo, senhor — distraído, o pequeno Ômega apenas suspirou — Seu pai o chama no salão de jantar.

A mulher sentiu pena quando ele girou para fitá-la. Não havia maquiagem, jóias caras ou roupas bonitas, que escondesse o semblante abatido do Ômega, que sentia-se como se estivesse indo para o abate. 

Ele a seguiu até encontrar com seu pai.

— Mais belo do que qualquer arranjo de flores. — Quon recebeu o filho, beijando o topo de sua cabeça e cochichou em seu ouvido: — Sorria mais, assim parece que está indo para um funeral.

Mas era exatamente assim que o Ômega se sentia. Não querendo contrariar seu pai, ele sorriu um pouco mais. 

— Mais — o mais velho exigiu, colocando dois dedos em sua bochecha e forçando um sorriso mais aberto no rosto do filho — Mostre seus dentes. Assim. 

Jiyang abaixou a cabeça para que seu pai não visse seus olhos lacrimejarem. Seus pensamentos se voltaram ao seu irmão mais velho, e ele desejou fortemente que pelo menos ele estivesse ali para segurar sua não. Mas Yibo não estava e ele precisava ser forte. Devia isso à ele, que se entregou bravamente em seu lugar 

Ao ouvir as vozes dos convidados se aproximando pelo salão, ele cerrou os punhos e engoliu o choro.

“Posso fazer isso” — pensou consigo mesmo. “sorria, Jiyang”.

Um Alfa alto e de aparência bonita se aproximou do governador. Ele possuía uma expressão séria mas quando seus olhos desceram até o Ômega, ele suavizou, sorrindo para ele.

— Seu filho é realmente lindo — O Alfa elogiou e o governante sorriu orgulhoso e cheio de si.

Eles se acomodaram cada um em suas cadeiras. O governador na extremidade da mesa, Jiyang ao seu lado, Wen no outro e o Tenente Su ao lado de Jiyang.

— Tenho ótimas notícias para o senhor, governador. — Wen afirmou — Partiremos em nossa missão ao amanhecer.

— Ótimo. 

A conversa seguia-se animada durante o jantar. Pelo menos entre os Alfas, pois o Ômega parecia mais como uma decoração. Parado e bonito. Não ousava falar sem que alguém se dirigisse à ele. 

— Confesso que por um momento imaginei que o fato dele ser pelo menos vinte anos mais jovem, você talvez não ficasse interessado nele. — Comentou o governador como se seu filho fosse uma mercadoria e não estivesse alí, ouvindo tudo.

A resposta que veio do Tenente, quase fez Jiyang vomitar:

— Ômegas são como as frutas, quanto mais jovens melhores, em minha opinião.

O Comodoro riu.

— Que conversa estranha. Você come frutas verdes, Su? — e voltou-se para o governador — Com todo respeito, senhor.

O governador fez um gesto com a mão indicando que estava tudo bem, enquanto tomava de seu vinho.

— Eu discordo. Prefiro as frutas maduras — Quon admitiu e o Comodoro levantou seu cálice concordando.

— E você, Jiyang — Wen finalmente se dirigiu ao Ômega —, precisa ficar maduro rapidamente, para meu amigo apressadinho poder colhê-lo.

— Não sou uma fruta, sr. Wen. Sou um ser humano. Se o sr. Su está interessado em uma, pode simplesmente adquiri-la no mercado da cidade.

— Touché. — O Comodoro olhou para seu amigo e sorriu — Suas comparações não agradaram seu noivo.

O governador deu de ombros, mas aquela resposta não agradou o Tenente. Ele desceu a mão por baixo da mesa e agarrou a coxa do Ômega, com bastante força capaz de deixar uma marca. Jiyang sobressaltou assustado e olhou para o Tenente com os olhos arregalados.

— Nada como uma boa mão firme para educar nossos Ômegas.

— Está insinuando que meu filho não foi bem educado, Tenente? — o governador indagou ofendido — E o que quis dizer com mão firme? Pretende agredir meu filho? Não vou admitir isso.

— Não, nada disso senhor. — O Tenente intensificou o aperto na coxa do Ômega e Jiyang engoliu um chiado doloroso, seus olhos já estavam lacrimejando outra vez — Pretendo tratar seu Ômega com a maior delicadeza possível. 

— Fico feliz em ouvir isso — Wang Quon suspirou aliviado, sem imaginar o mal que aquele Tenente fazia ao seu filho naquele momento — Meus filhos são os meus maiores tesouros. Minha intenção é acima de tudo, que eles sejam felizes e bem tratados.

— Ele com certeza será muito bem tratado. — o Tenente subiu a mão até estar próxima a virilha do Ômega e apertou novamente — Serei muito gentil e cordial com minha frutinha.

O governador assentiu satisfeito e logo voltou a atenção ao Ômega, que estava explicitamente incomodado com algo.

— Está se sentindo bem, filho? 

— Papai… — O menino soluçou e engoliu tentando prender o choro. 

Quando o governador se levantou de sua cadeira caminhando preocupado até o Ômega, o Tenente Su o livrou de seu aperto asqueroso.

— Filho, você está pálido.

— Eu não estou me sentindo bem. — Jiyang confessou — Posso tomar um pouco de ar lá fora?  

Sua voz estava trêmula e ele mantinha a cabeça baixa e a mão na boca, para continuar segurando o choro e a imensa vontade de vomitar.

— Claro meu filho, tenho certeza de que o Tenente não se incomodará com isto. — Su assentiu e Wang Quon ajudou o filho a se levantar, puxando sua cadeira para trás — Quer que eu o acompanhe?

— Não… — Jiyang esquivou-se de seu pai e correu em direção a entrada principal.

Parado na varanda, o Ômega liberou o ar que estava preso em seus pulmões e com ele algumas lágrimas desceram. Um barulho de metal raspando chamou sua atenção, e ele olhou para o lado. Havia um Alfa sentado próximo à uma coluna, afiando a lâmina da sua katana com uma pedra, fitando-o com olhos castanhos e profundos. Sua expressão estava entre surpreso e curioso.

A troca de olhares foi rápida. Jiyang ouviu passos logo atrás e pensando se tratar do seu pai, ele correu na direção do jardim para se esconder. Mas foi o Tenente Su que saiu em sua busca.

— Haoxuan — o Tenente se dirigiu ao Alfa que afiava sua katana — viu um Ômega passar por aqui?

— Não. 

— Tsc... Esteja pronto, partiremos ao amanhecer. — Su voltou-se para dentro.

Haoxuan olhou na direção ao jardim mas não viu nem sinal do Ômega. Ele então voltou a tarefa de aprimorar sua arma.

Continua...

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