[47] Três Ômegas e Um Segredo
Reescrito
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Enquanto fazia seu desjejum, o Ômega lembrou-se do fragmento que viu na posse dos nativos. Pelo que ele conheceu de Yahto, eles eram um povo bastante unido e guerreiro, que sofreram ao longo dos anos sendo enganados por pessoas que só pensavam em enriquecer seus bolsos com ouro e prata. Ele não queria que outra matança como a da Ilha dos Kangaroo acontecesse.
Jimin entendia que é isso o que os piratas fazem. Matam e tomam o que é dos outros. Mas os canibais pelo menos foram um perigo para a tripulação, já os aborígenes do Brasil não demonstraram ser uma ameaça. Eles apenas viviam em suas tribos sem fazer mal a ninguém. Nem perto da cidade eles gostavam de chegar.
Mas é claro que Jimin não deixaria essa oportunidade passar, estamos falando do sexto fragmento. Depois desse, só restaria mais um e pronto, teriam o mapa completo e todas as informações necessárias, para finalmente irem atrás do suposto tesouro.
— Será que se eu pedir por favor eles me darão? — Jimin suspirou, pensando em voz alta.
— Darão o que? — Taehyung perguntou.
O navegador chegou de surpresa e acabou assustando o Ômega, que nem notou sua presença de tão concentrado que estava em buscar uma solução pacífica para a situação.
— Então... eu descobri algo que pode mudar a vida de muitas pessoas.
— Fale.
— Primeiro quero que me prometa que não vai contar a ninguém. Se o Jungkook ficar sabendo é capaz de mandar a tripulação fazer uma coisa terrível...
— Depende. Esse segredo, se o Capitão descobrir, a minha cabeça será separada do meu corpo?
— Não. Você tem minha palavra.
— Então você também tem a minha. Pode contar.
— Eu descobri onde está o sexto fragmento... — Jimin contou sobre a Tribo e tudo o que se passou por lá. Chocado, o Beta não disse nada a princípio. — Entende a situação ?
— Claro. Mas você sabe que a gente vai ter que pegar essa parte, não é?
— Eu sei... me ajuda a pensar em alguma coisa?
— Ajudo sim, mas antes eu preciso ir com o Yoongi encontrar um bom ferreiro. Alguns piratas precisam trocar suas armas.
— Está bem. Ah, quase ia me esquecendo, já que você vai fazer isso aproveita e tenta descobrir para onde aqueles escravos foram levados?
— Lá vem...
— Por favor? Juro que não faremos nada perigoso. — Taehyung ergueu uma sobrancelha, sem acreditar. Jimin corrigiu: — Nada muito perigoso...
— E para onde pretende levá-los?
— Um amigo meu vai cuidar disso.
— Por acaso esse seu “amigo” anda por aí com um mínimo pedaço de tecido cobrindo as partes íntimas?
— Credo, Tae. Do jeito que você falou parece que ele é um dos prostitutos da Ilha de Folsom... mas sim, é ele mesmo.
— O que é que eu estou fazendo da minha vida? — Taehyung questionou retoricamente. — Vou ver o que consigo descobrir.
Jimin anuiu satisfeito e quando o Beta saiu, ele chamou seu irmão para passearem pela cidade. Não tinha nada de tão interessante que eles já não tenham visto, pelo menos na pequena área em que eles costumavam circular. A pedido do Capitão, Jimin não se aventurou por tão longe.
Por hora...
O lúpus levou Jisung para uma feirinha e comprou da flor nenúfar, responsável por conter o heat de um Ômega, para ajudar o seu irmão. Jimin já não precisava do tal chá, visto que estava marcado por um Alfa.
Ainda no centro, eles encontraram Taehyung voltando sozinho e logo foram ao seu encontro.
— Você não ia em busca de um ferreiro com o Yoongi?
— Sim, mas o Scott encontrou a gente e foi com ele. Ele quer uma prótese com uma lâmina, para combates.
— Uau... nossa, se ele pisar no pé de alguém então...
— Acho que ele só vai usar em ocasiões de ataque.
— Quase me esqueci, você descobriu para onde os escravos foram levados?
— Claro que você não ia esquecer… — Taehyung suspirou balançando a cabeça. — Hm, sim. Alguns já foram vendidos e os que restaram aguardam sua vez no mercado, caso eles não sejam comprados, eles retornam para uma espécie de galpão ao anoitecer.
— Jimin, será que o Kunta já foi vendido? — Jisung perguntou, com um terrível sentimento fulminando em seu interior.
— Não sei, mas podemos descobrir. Tae, leva a gente nesse mercado? — O Beta hesitou. — Se você não levar, nós vamos sozinhos.
— Eu estou com um péssimo pressentimento… — Taehyung refletiu.
— Isso é seu medo falando. Vai dar tudo certo, confie em mim. Temos o Yahto do nosso lado.
— Aquele nativo vai mesmo ajudar?
— Bem, sim... mas ele não sabe que será hoje.
— Hoje, Jimin?!
—Sim!? Fale baixo. Escute, quanto mais a gente demorar com isso mais daquelas pessoas serão vendidas e levadas para serem exploradas.
— Eu já disse que estou com um péssimo-...?
— Sim, você já disse isso — Jimin o cortou. — Hoje após a última refeição, me encontrem no saguão depois do corredor.
Mais uma vez o Beta lamentou por “falar demais”. Não era pessimismo, mas em seu ponto de vista o plano de Jimin não tinha nada para dar certo, por ser totalmente improvisado.
Sentia muito por isso, mas gostava demais dele para vê-lo fazer essa loucura. Não que duvidasse da capacidade dele, Jimin estava aprendendo rápido e quando as coisas se tornavam sérias ele sabia como lidar, mesmo sendo tão novo e com a criação que teve. Taehyung nunca iria se perdoar se algo acontecesse àquele Ômega e ao seu irmão, logo, a primeira coisa que fez ao chegar na taberna foi falar com seu Capitão.
— Precisa ficar no pátio essa noite. — Taehyung falou por alto, próximo a Jeon.
Jungkook o olhou sem compreender. O navegador estava mais estranho do que costumava ser.
— Do que está falando? Seja direto.
Taehyung se sentia mal por fazer aquilo, mas era para o próprio bem dos Ômegas.
— Jimin... escravos...
O Capitão respirou fundo rolando os olhos.
— Eu sabia que ele não ficaria quieto. Inferno de Ômega teimoso do... — A voz do Capitão foi desaparecendo à medida que ele se afastava.
— Jimin vai me matar... — Taehyung pensou em voz alta.
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Após o jantar, Jungkook fez como o Beta aconselhou, foi direto para o saguão e ficou sentado em um banco de pedra. Estava com os braços cruzados e olhando para a única passagem conhecida que dava acesso àquele lugar.
O primeiro a surgir foi Taehyung, ele se aproximou de seu Capitão e sentou ao seu lado, tentando convencê-lo a ajudar os Ômegas. Mas Jeon era um pirata que não se importava com esse tipo de coisa, sendo assim a sua fama tão conhecida.
Enquanto isso, Jimin passava pelo corredor dos quartos superiores juntamente com Jisung ao seu lado, seguindo na direção do pátio em que o Capitão Jeon e Taehyung estavam, quando alguém interrompeu seu caminho.
— Preciso falar com você.
— Agora não, Sungjae. Estou com pressa.
Jimin contornou o Ômega mas parou quando ao ouvi-lo dizer:
— Se eu fosse você não desceria por aí.
— E por que não?
— Por um acaso um ouvi o navegador falando com o Capitão sobre os escravos, e envolvia você. Eles estão lá no saguão sentados, te esperando.
— Não acreditamos em você. — Jisung afirmou, olhando para Jimin e esperando o irmão confirmar.
— Não tenho tanta certeza, Ji — o Ômega lúpus falou — Eles são sim muito fiéis ao Capitão. E também, creio que as intenções do Tae foram boas, ele deve estar preocupado com nossa segurança.
— E agora? O que vamos fazer? Kunta precisa da gente.
Jimin olhou para Sungjae, desconfiado.
— Podemos ir pela passagem dos escravos. — Sungjae propôs. — Por que essas carinhas de espanto? Pensou que essas pessoas que servem na taberna são o quê?
— Vamos começar por elas então. — Jimin decretou. — Mas o que me choca realmente é você querendo ajudar.
— Não é que eu queria ajudar. Mas será pior se eu ficar aqui e o Capitão descobrir o que eu fiz. É mais seguro para mim se eu ficar com você.
— Bom, obrigado pela sinceridade. — Jimin disse, confuso com as próprias palavras. — Leve-nos para essa tal passagem.
Sungjae assentiu e caminhou na frente, com os Ômegas mais novos seguindo-o de perto. Jimin estava atento a qualquer coisa, porém, Sungjae realmente os levou para o local em que os escravos ficavam alojados.
Jimin tentou convencê-los a fugir, mas eles se negaram.
— Você está vendo alguém vigiando a gente sobre a mira de uma chibata? Não somos castigados e andamos livremente por aí. Somos bem tratados aqui e não comemos restos. Preferimos ficar, mas agradecemos a sua boa intenção.
Os Ômegas mais jovens lamentaram a decisão deles, mas era compreensível.
Os três seguiram para o mercado e aguardaram pacientemente enquanto os comerciantes organizavam suas coisas para guardar a "mercadoria" que restou. O pequeno Kunta estava lá. Ainda não foi comprado porque a preferência na maioria das vezes era por Alfas grandes e fortes, para realizar trabalhos pesados nas lavouras ou serem levados para as minas.
Os escravos foram levados para senzalas provisórias, onde apenas um Alfa tomava conta. Ele estava armado com um fuzil de pederneira e duas pistolas presas em seu cinto, além de uma tira grossa de couro e um molho de chaves. Era o mesmo Alfa que Jimin viu maltratando os escravos.
— Posso derrubá-lo. — Jimin afirmou olhando fixamente para ele.
— Não com um ataque direto. — Sungjae argumentou. — Se você atirar vão ouvir o disparo. Se tentar se aproximar, ele é um Alfa e pode facilmente subjugá-lo. Isso se não matar você por estar invadindo propriedade privada.
— E se a gente distrair ele? — Jisung sugeriu.— Assim podemos pegar ele de surpresa — disse, mostrando uma faca. — Peguei isso do Jackson, ele nem viu.
— Céus — Jimin o olhou surpreso. — Não, guarde isso. Eu vou lidar com aquele maldito, você ainda não sabe como fazer isso.
— Jackson disse que só preciso acertar um ponto vital.
O queixo de Jimin caiu.
— Vocês vão ficar discutindo? — Sungjae indagou. — Eu distraio ele e você ataca.
— Como vai fazer isso?
— Sério que não sabem? — Os irmãos se entreolharam com dúvidas e negaram com a cabeça. — Vocês ainda são muito inocentes, céus... Vocês sabem que todo Alfa tem aquela maldita voz de comando, certo? Talvez com você não funcione já que é um Ômega lúpus.
— Não. — Jimin respondeu. — Acho que só a de um Alfa lúpus, mas Jungkook nunca usou comigo.
— Sortudo. Mas onde eu realmente quero chegar é que Ômegas também possuem um tipo de habilidade especial. Não possuímos uma voz dominante, mas temos algo que se soubermos usar, podemos dominar qualquer Alfa.
— E o que seria isso?
— Nosso charme e inteligência. — Sungjae ajeitou as roupas e o cabelo.
Os mais novos entreolharam-se novamente, sem compreender ao certo.
— Observe. — Sungjae se levantou e caminhou na direção do Alfa.
— Eu estou com medo e vergonha, Jimin. — Jisung confessou.
— Somos dois...
Continua...
X azul - Marinha Real
X preto - Black Swan
X vermelho - Estrela da Morte
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