Capítulo XII: Café da manhã
Mia
Algum tempo depois de falarmos com Max, Yan apareceu na janela pedindo a mochila vazia, para que pudessem trazer a comida. Eu não fiz muitas perguntas, mas pela expressão dele provavelmente seria algo perigoso.
Eu sabia que ele e Max, particularmente, eram fortes, mas eu não podia deixar de me preocupar, a inquietação que eu estava sentindo... Algo em mim dizia que aqueles dois fariam algo até então impensável.
Sentada na cadeira da cozinha depois de comer, eu observava a Senhora Aburaya e seu marido, eles estavam magros, quase subnutridos, sua aparência por si já demonstrava o inferno que passaram por causa da "morte" de Aki.
*Japonês* — Porque você está me encarando, mocinha? — A Sra. Aburaya me perguntou de forma doce.
*Japonês* — Ahh, n~nada. É só que... Não tem comida pra todo mundo... ou tem? — Questionei sem a fitar os olhos.
*Japonês* — Minha nossa! Eu estava tão feliz com a volta do Akinho que nem pensei nisso, mas agora que você falou... A comida extra que tínhamos acabou ontem. E por causa desse negócio de terroristas, duvido que qualquer coisa além de hospitais e lojas de conveniência abram hoje, isso se as lojas de conveniência abrirem... — Ela disse preocupada e pensativa.
*Japonês* — Então só eles pra resolver isso mesmo, né... — Soltei bufando.
*Japonês* — Fala do rapaz com a cicatriz no olho e do outro com os olhos bonitos? — O Sr. Aburaya, que outrora nem lá estava, indagou de repente, se introduzindo na conversa.
*Japonês* — O Max e o Yan? Sim, o Max principalmente, sem ele provavelmente todos estaríamos mortos. —
*Japonês* — ...Max, no caso, é aquele rapaz que chegou todo ensanguentado? O da cicatriz? — Ele perguntou ranzinza.
*Japonês* — Sim, ele mesmo. Porque? Algum problema com ele? — Indaguei.
*Japonês* — Não... Mas ele não pretende roubar, pretende? —
*Japonês* — B~Bem, tipo assim... Talvez. — Respondi sem graça, não tinha certeza do que Max planejava, mas pela situação provavelmente não era uma atividade legal.
*Japonês* — Uhg... Certo, certo. Espero que ele só faça esse tipo de coisa por causa da situação de vocês. — Ele disse firme.
*Japonês* — Querido! —
*Japonês* — Agora não Fumiko! Você sabe o que eu penso sobre isso... Olha, eu sou realmente grato a vocês por terem salvo meu filho, de verdade, mas pelo amor de Deus... Não façam merda. — Se aproximou de um jeito amigável... Aquele homem era bem ranzinza, mas não dava pra ignorar que ele era quem mais tinha medo, e quem mais se preocupava... O problema era que ele se preocupava demais.
*Japonês* — Eu sei que o Max pode ser um pouco... Ele pode não passar a melhor imagem, mas sei que ele é um bom homem, e sei que ele não é idiota. O Maxwell não faria nada que nos colocasse em risco. — Afirmei indignada, contrariando o pensamento do Sr. Aburaya.
— "Não tem como aquele homem nos deixar na mão..." — Pensei com o rosto ardendo ao acabar de falar.
*Japonês* — Muito bem, acho que chega de discussões por hoje. — A mãe de Aki suplicou.
*Japonês* — Tirou as palavras da minha boca. — Comentei.
*Japonês* — Certo vocês duas venceram... Mas antes, só uma pergunta, de onde exatamente eles pretendem roubar? — O Sr. Aburaya questionou.
*Japonês* — Bem, eles não disseram nada. Acho que vamos descobrir quando eles voltarem. Afinal só nos resta esperar. — Finalizei tomando um gole de café, voltando a pensar em como eles estavam.
*Japonês* — *Tsc* Eu mereço... — O Sr. Aburaya reclamou, indo para a varanda...
Narrador
Na Panificadora Hanimori, no edifício ao lado, estavam Max e Yan. O rapaz torturado já bolara um plano de assalto, visto a estrutura do lugar alvo, e com Yan, já havia combinado os detalhes.
A ideia em Max entrar e, sem chamar atenção, descobrir os níveis de segurança, no caso, como os Yakuza no subsolo fariam para subir se precisassem. De certo que a entrada, ou ao menos uma delas, ficava dentro da padaria, então deveria ser uma escada ou elevador, ou ambos, independente da forma, esses meios deveriam ser de um acesso discreto, mas seria possível usar a audição ou olfato para identificá-los.
Claro que ainda existia a possibilidade de reconhecerem Max logo ao entrar, mas esse era o objetivo de não ser Yan a iniciar o contato. Como membros da máfia, as pessoas de lá provavelmente sabiam quem era o Max e de suas capacidades, acrescido do detalhe que Hynder os havia levado até a panificadora, a Yakuza deveria receber o rapaz de uma forma pacífica, ainda que por medo. Não era certeza absoluta, no entanto ao que tudo apontava, era o mais provável.
Agora, desconsiderando a ideia de um assalto pacífico e o reconhecimento, após identificar os meios de sair do subsolo, Max deveria mandar um sinal para Yan, que entraria logo a seguir por uma porta que viram atrás do estabelecimento, e neutralizaria da forma mais silenciosa possível os bōryokudans de dentro, assim Max iniciaria o assalto, com Yan já pronto para bloquear a passagem da escada ou do elevador, caso fosse necessário.
E no caso de os reconhecerem no começo de tudo... Então o assalto se tornaria um caos inevitavelmente, e com isso, uma corrida desenfreada para pegar o máximo de comida que fosse possível antes de chegarem reforços ou a polícia.
Essa era o plano de assalto, tudo isso sem baixas a pedido de Yan, já que estariam roubando, não havia necessidade de matar também, acabou que Max se mostrou favorável.
No momento em que Max descia do prédio, Yan o parou apresentando uma ideia um tanto quanto genial.
*Inglês* — Aí Max! Eu pensei em uma coisa. Assim, nós temos super-audição, certo? — Ele disse animado.
*Inglês* — Sim, temos. Onde você quer chegar? — Max falou apressado.
*Inglês* — Seguinte, quando estiver indo pra lá foque em mim, se você conseguir escutar o que vou dizer então vamos poder evitar usar "sinais" estranhos durante essas façanhas. —
*Inglês* — Ei! Eles não são estranhos!... Mas tenho que admitir, podermos nos comunicar sem uso de aparelhos eletrônicos é bem vantajoso. —
*Inglês* — Certo, combinado então. Que comece o assalto!... Sem mortes é claro. — Yan exclamou empolgado.
*Inglês* — Sim, até daqui a pouco. — Max falou já se jogando do prédio, se segurando levemente na parede, desacelerando a queda levemente. Apesar de um pouco de dificuldade, tudo correu bem.
— "E pensar que o Yan dominou essa movimentação antes de sequer tentar..." — Max pensou ao aterrissar.
Max foi até a panificadora normalmente, sem chamar atenção. Abriu a porta de vidro, que se fechava sozinha, e entrou.
Já no estabelecimento com o chão de azulejos pretos, o garoto analisou o ambiente. Pães e Oniguris, era o que estava disposto nas prateleiras, algumas de madeira e outras de alumínio, estas com vidro envolto, aquecendo os conteúdos. A padaria estava totalmente vazia, com relação a presença humana, sequer tinha alguém no caixa.
O jovem, devagar, andou de um lado para o outro, como quem busca um sinal de celular, enquanto procurava por uma escada ou elevador sem usar os olhos, quando escutou um barulho estranho percorrer o subsolo, parecia um som metálico ecoando por túneis e saindo fracamente por uma porta fechada, apesar de certa dificuldade de Max, era notório uma corrente de ar descendo por uma espécie de poço.
Em seguida, de dentro do fundo da panificadora, saiu um som de cabos de aço tensionados, o garoto teve certeza de que era um elevador, e estava subindo. Ele permaneceu quieto, mas a tensão percorreu seu corpo. Quando de repente, uma voz soou em seu ouvido, quase o matando de susto.
*Inglês* — Max, pode me ouvir? — Yan indagou.
*Inglês* — Ahh! Que susto Yan... — Max exclamou com o semblante embranquecido.
*Inglês* — Cacete, não precisa falar tão alto! —
*Inglês* — Que?! Mas eu falei normal... — Disse Max cochichando.
*Inglês* — Eu sei, mas pra mim pareceu um grito. —
*Inglês* — Nossa audição funciona, pelo menos. — O moreno apontou.
*Inglês* — Ehh Desse jeito, logo logo para de funcionar. — Brincou o monge.
*Inglês* — Haha! Verdade. Mas escuta, eu descobri que eles sobem por um elevador. Vem logo, parece que tem alguém chegando. — Finalizou o jovem cicatrizado.
*Inglês* — Certo, já vou. — Yan afirmou.
Ao parar de falar, Max foi surpreendido por um homem, um jovem japonês de uns 1,70 de altura, usando uma roupa social preta e um avental branco de tecido luxuoso com a mesma logomarca exposta do lado de fora do prédio.
*Japonês* — OH! M~Meu Deus! U~U~U~Um Invasor! Puta que pariu! — Ele disse assustado, sacando um revólver (M1911) apertando alguma coisa embaixo do balcão. Um som tênue e alarmante soou pelo subsolo e pelas casas vizinhas naquele momento.
*Inglês* — Merda! Yan~! — Max exclamou.
POW!
Interrompido por um tiro, o jovem se viu atingido de raspão no pescoço. Seu sangue escorria lentamente, mas sua ferida se regenerou antes que o sangue manchasse suas roupas. O machucado foi quase instantaneamente curado, e ao mesmo tempo que Max se recuperava, um arrepio percorreu seu corpo, o ar a sua volta pareceu mais pesado, no entanto, se sentia leve. O garoto podia notar a tensão nos dedos trêmulos do atirador aterrorizado, outro disparo estava por vir.
POW!
Max conseguiu desviar prevendo quando o disparo ocorreria, diferente das outras vezes ele não teria desviado se contasse apenas com seus reflexos e sua velocidade. O "modo acelerado" claramente tinha algo de errado, isso desde que chegara ao Japão.
O jovem pulou na direção de uma das mesas, todas de aço inoxidável e presas ao chão por um único ponto de apoio. Em quase um segundo, ele conseguiu virar a mesa de lado e sacar sua arma, bem a tempo de se proteger do terceiro tiro. Foi quando Yan chegou, destruindo a fachada, as prateleiras, o balcão e jogando o homem em na parede com uma rajada de vento, desacordando-o.
*Inglês* — O que aconteceu?! Ele te reconheceu?! O que aconteceu com seu pescoço?! E por que você está se escondendo?! — Ele perguntou desacreditado.
*Inglês* — Ele se assustou quando me viu, já saiu atirando. Ele me acertou um tiro, dessa vez eu não consegui desviar como nas outras vezes... — Max respondeu ofegante.
*Inglês* — Como assi~?! —
Uns quarenta homens, dos quais apenas cinco espalhados ao redor dos rapazes portavam submetralhadoras (MP5), os outros estavam armados com Katanas e tacos de madeira e metal, eram vinte saindo do interior da padaria, e a outra metade vinha do lado de fora.
Ninguém moveu um músculo após isso, os homens estavam muito assustados com a cena para agir sem pensar, um clima tenso dominou o lugar, com todos parados lá apenas esperando um golpe vir de qualquer um dos lados, restava apenas o som do nervosismo a cada respiração.
*Japonês* — C~Como diabos destruíram o lugar rápido assim? — Disse um dos capangas abalado.
*Inglês* — Yan, eu acho que eles só nos confundiram com uma gangue rival ou algo do tipo. — Max cochichou enquanto girava colado nas costas de Yan.
*Inglês* — Certo, e como isso ajuda? — Yan indagou nervoso enquanto aconpanhava o lento girar de Max, observando os inimigos em volta.
*Inglês* — Eu sei, não ajuda muito... —
*Inglês* — Eu pego os de fora, você os de dentro, beleza? —
*Inglês* — É... Isso ajuda. Boa, Yan. — Max admitiu se preparando, virado para o fundo.
*Inglês* — Combinado. — Afirmou Yan também entrando em postura, virado para a entrada.
O suor, frio e arrepiante, corria por suas testas. Cautelosamente, Max e Yan observavam os movimentos inimigos, todos os homens com as armas apontadas para eles, todos com o coração batendo rápido e forte.
Eles Permaneceram naquela situação por mais alguns segundos até que Max sentiu um dos homens tensionando os dedos.
*Japonês* — FOG~ — Um Yakuza armado ordenou.
Com apenas um passo, largo e rápido, Max avançou no homem, ninguém sequer percebeu o movimento.
Sangue, pedaços de carne e ossos atingiram os rostos dos homens próximos, o corpo decapitado do Boryokudan atingido por Max caiu no chão jorrando sangue. O ocorrido assustou todos envolta. Já o próprio Max, estava com foco total, e livre de qualquer resto ou resíduo do defunto.
Uma chuva de tiros veio em seguida, de todos os lados e direções. Os jovens pularam no teto. Max deu sequência pulando em direção a um inimigo que atirava do fundo da padaria, chutando sua cabeça, roubando sua arma e fazendo uma série de disparos nos Yakuza envolta, derrubando os quatro armados restantes.
Yan jogou uma lufada, forte o suficiente para derrubar vários dos homens na entrada e poder se dirigir até lá. Se soltando do teto logo em seguida, Yan entrou em combate corpo-a-corpo contra os Yakuza que se mantiveram de pé.
Max continuou atirando, mirando em pontos não letais, enquanto avançava para o meio deles. E após dez disparos certeiros, os oito homens restantes se protegeram no interior da padaria, na cozinha, então o jovem pegou um cilindro laminador e jogou contra os homens violentamente.
A máquina fora lançada com tanta força, que saiu atropelando cada um que estava na frente, e só foi para ao colidir com a parede do fundo, cinco dos oito homens estavam, agora, desacordados, ou talvez em coma, se tratando dos primeiros atingidos.
Antes que os outros três pudessem contra-atacar Max chutou um dos destroços do balcão para cima e em seguida desferiu um chute direto no objeto, a força foi tanta que ao ser atingida, a placa de madeira maciça se transformou em estilhaços e os perfurou como farpas os corpos dos yakuza. Todos caíram ao chão e gritaram em coro, pela pavoroza dor de arrancar o couro.
Já Yan, do lado de fora, se defendia em sua postura estilo leopardo, com a mão esquerda posta para frente, e a mão esquerda encolhido ao peito, ambas com os dedos cerrados e dobrados em suas falanges mediais, exaltando peculiarmente a falange medial do dedo médio, esse era o tal "punho do leopardo". O monge permanecia na mesma posição, cercado por dezoito inimigos que vinham em levas como um enxame.
Todos avançaram para cima do monge, que reagiu com duas lufadas, separando o grupo e controlando o combate. Agora, apenas dois, um a frente e outro atrás, se aproximavam do rapaz agressivamente.
O homem da frente chegou desferindo uma tacada transversal com tudo, usando um cano de metal, mas Yan aparou o golpe com o braço esquerdo, o mesmo que usou para contra-atacar imediatamente com um acerto incrivelmente preciso, com o punho do leopardo, na linha têmporal do agressor, que caiu literalmente desligado no chão.
Já o segundo homem foi surpreendido com uma virada brusca de Yan, que se apoiou no chão com uma mão só, impulsionando todo resto de seu corpo num chute altamente equilibrado, que foi de certo na boca do Yakuza, jogando-o desacordado em cima de um de seus comparsas que se levantava, derrubando-o junto.
Outros três homens já levantados se apreximaram por trás e pelos lados, porém Yan, que já havia se posto de pé, se esquivou habilmente dos golpes dados em conjunto pelos três, com um pulo alto e uma cabalhota de costas, os quais o levaram a aterrisar por trás dos mal-feitores.
Yan começou desferindo um cruzado de direita com o punho do leopardo no zigomatico do homem a sua direita, abrindo um belo corteno rosto do sujeito, que caiu em desacordo com sua mente.
Com a mesma mão, girando um pouco o antebraço para ganhar impulso, o monge quebrou a guarda do Yakuza do meio, que se defendia com uma katana. O rapaz empurrou a lateral da lâmina com sua força, o que fez os braços do homem cederem para baixo, e nesse momento, Yan acertou um golpe direto no supercilio do criminoso, derrubando-o de nuca no chão.
O terceiro a esquerda já desferia um corte descendente com sua katana quando de repente seu corpo parou em inércia. Yan acabara de soltar um estouro de ar com sua mão direita, por baixo do braço esquerdo que acabava de se recompor do último golpe. Então o rapaz o finalizou com um golpe em sua gardanta. O homem caiu tentando respirar, porém com dificuldade e olhos vermelhos lacrimejando, veio a desmaiar.
Todos os outros Yakuza já tinham se posto de pé e corriam em direção a Yan, que usou mais uma lufada não tão eficiente quanto a última, que deixou de pé ainda cinco inimigos.
O jovem apenas esperou pela aproximação dos cinco, e já começou acertando a lateral da lâmina do homem do canto esquerdo, quebrando-a, e acertando seus estilhaços no braço do Yakuza a sua direita, que largou seu taco de baseball de madeira. Em seguida, Yan acertou o olho direito do criminoso com as falanges mediais de seus dedos direitos, o que além de apagar o coitado, ainda terminou por deixá-lo cego.
O yakuza do meio correu para defender o colega com o braço ferido, já saiu dando uma tacapada transversal descendente vindo da direita, mas Yan apenas defendeu com seu antebraço direito, e com a mesma mão acertou com o "calcanhar" da mão o queixo do agressor, que caiu em nocaute.
O homem ferido em sua vez, sequer percebeu quando foi atingido, apenas apagou ao receber um golpe precisamente aplicado por detrás de sua orelha.
Os dois últimos homens atacaram em conjunto com suas katanas, fazendo vários movimentos transversais contínuos, mas a cada passo de avanço deles, Yan recuava de forma equivalente.
Até que em um corte transversal descendente de esquerda, o yakuza da direita parou e respirou por um momento, ainda meio curvado. Nesse instante, Yan acertou uma palmada em seu zigomatico, e o fez cair de imediato.
O inimigo restante desferiu um corte lateral da direita para a esquerda, porém surpeendentemente, Yan segurou o fio da espada com dois dedos de sua mão esquerda, e terminou aplicando outra palmada de direita nas costelas dele, que vieram a se partir, o levando a se jogar no chão gritando de dor.
Após toda essa pancadaria, Yan se viu no meio dos dez yakuzas caídos no chão, porém oito deles ainda estavam de pé o cercando, os quais se encontrariam com seu mais novo golpe.
Ao se virar, Max viu os Yakuzas que cercavam Yan o atacar de todos os lados, todos estavam armados com tacos e katanas. Seu instinto não foi outro se não avançar rápido como um clarão para ajudar Yan, mas antes que ele se aproximasse, o monge chocou sua mão direita contra o chão, e com uma poderosa redoma de ar, todos os criminosos foram jogados para longe por uma lufada com uma força avassaladora, que os desacordou logo no choque de impacto.
— "Como é que ele fez isso?! Os poderes dele não eram só criar umas lufadas?! Desde quando ele pode criar uma pressão tão forte assim?!" — Max pensou surpreso com o que vira.
Um capanga escondido por trás do que sobrou do balcão havia acabado de pedir reforços, ele reconhecera o "Garoto da cicatriz", mas Max o neutralizou jogando um pedaço de concreto em sua cabeça, não o matou... Mas foi forte.
Aquele ocorrido fez Maxwell querer se apressar, mas não antes de parabenizar Yan. A quem apenas se aproximou calmamente, e chamou a atenção.
*Inglês* — Mandou bem, Yan. — Max falou impressionado.
*Inglês* — Valeu! Mas eu pensei ter dito pra fazer isso sem mortes. Eu 'tava apostando que não ia acontecer. — Yan disse lançando um olhar chateado.
— "Falando nisso, esse último golpe e aquela defesa lá atrás meio que foram uma aposta também. Meu Karma bom já depois das dicas que o Harry me deu ontem." — Yan pensava recordando as palavras do menor: "Porque você não tenta comprimir o ar antes de fazer a lufada? Isso aumentaria a potência drasticamente! Pode até parecer uma explosão se conseguir comprimir muito ar."
*Inglês* — Aí, tudo aqui foi feito às pressas, valeu, meu plano era só um quebra-galho! E eu só matei aquele que ia dar a ordem de disparo, os outros eu peguei leve e acertei em pontos não letais, pô... Mas a gente fala disso depois, por enquanto ainda temos tempo de pegar comida antes da polícia ou os reforços que aquele cara pediu chegarem... — Max concluiu apressado.
*Inglês* — Tem razão, vam'bora pegar a comida. — Yan disse entrando na padaria.
Após alguns minutos pegando tudo comestível que encontrassem, a maior parte eram bolinhos de arroz, a mochila se encheu, então os garotos pegaram algumas sacolas em meio aos destroços do balcão e as usaram.
Yan e Max se preparavam para fugir quando três carros pretos pararam bruscamente em frente a padaria, junto de um veículo utilitário blindado que possuía um canhão acoplado no teto.
*Inglês* — Yan, VAM'BORA! — Max exclamou ajeitando a mochila nas costas.
Os jovens apenas correram para o interior da padaria, onde eram feitos os pães e doces, e atravessaram as paredes para fugir. Os carros começaram a manobrar quando notaram que ambos haviam saído do interior da padaria, mas eles já estavam subindo o prédio ao lado nesse momento.
Max e Yan saltaram para o próximo prédio quando começaram a ouvir hélices se aproximando. Não pararam de correr, galgaram para o prédio seguinte, rumando a direção para fora da cidade, foi quando o rádio chamou.
— Max, o que aconteceu?! Ouvimos tiros, e tem três helicópteros avançando juntos pela cidade! — Mia questionou assustada.
— Aguenta aí Mia! Eu te explico depois, mas agora não dá! — Max falou estressado, já desligando o rádio.
Os helicópteros estavam se aproximando rapidamente, três ao todo (dois H145/ um H160) no entanto os carros estavam sendo deixados para trás, até que o veículo utilitário disparou um míssil na direção dos meninos. O edifício interditado pelo qual passávamos foi atingido, perdendo boa parte de suas sustentações de um dos andares intermediários, desestabilizando sua estrutura geral, derruindo-o.
Ambos os garotos tentaram pular no prédio seguinte e, mesmo com o chão desabando sob seus pés, conseguiram correr o suficiente para saltar. Por pouco Max conseguiu se agarrar na parede do edifício, Yan não teve a mesma sorte, porém o jovem torturado o segurou.
Destroços do prédio atingiram vários edifícios próximos, e a fumaça, densa e turva, cobriu o quarteirão abaixo de Max e Yan, que estavam pendurados a vários metros do chão.
*Inglês* — C~Consegue me jogar lá pra cima? — Yan perguntou um pouco enleado.
*Inglês* — Consigo! — Max respondeu, se voltando para o topo do prédio, lançando Yan naquela direção.
Ao chegar na altura da borda, Yan se puxou para o telhado. Max Começou a escalar rapidamente o prédio para alcançar Yan, mas antes que o fizesse o monge o elevou amigavelmente com uma de suas rajadas de vento, foi como ir voando até o topo.
*Inglês* — 'Cê tá bem? — Yan perguntou.
*Inglês* — Tô sim... Valeu. — Max agradeceu.
*Inglês* — Merda! os helicópteros! — Yan exclamou ao ver os três helicópteros que os perseguiam cercando o prédio.
*Inglês* — Yan... Esses helicópteros não são de combate, são? — Max falou ao observar a falta de armas nas aeronaves e sua movimentação, rodeando o prédio calmamente, enquanto se aproximavam do terraço.
*Inglês* — Percebi. Olha! Aquele ali tá abrindo a porta! — Yan disse apontando para o helicóptero mais chique, no meio (modelo H160).
O helicóptero se aproximava lentamente, como se fosse pousar ali mesmo, sua porta agora aberta, dava visão pra um homem japonês, já de certa idade, com um baita bigode, terno e gravata pretos e camisa social vermelha.
*Inglês* — Eu tô achando que ele quer falar com a gente. — Disse Yan.
*Inglês* — Se for isso deixa que eu falo. — Max afirmou.
*Inglês* — Beleza... Mas tenta não xingar, vai que ele é desses que gostam de tudo pomposo e tal. — O jovem monge apontou.
*Inglês* — Se fosse assim acho que os capangas dele não usariam misseis. — Max repontou.
*Inglês* — É, não posso discordar... —
As aeronaves nivelaram-se ao terraço, e homem de terno se aproximou de nós com um batalhão de pouco mais de vinte homens usando uniformes táticos saindo dos helicópteros. Os jovens se preparavam para mais um combate, até que a voz do homem elegante, entre o bater da hélices, cortou a tensão.
*Japonês* — Acalmem-se rapazes, não vamos tomar decisões precipitadas, vamos? — Ele disse em um tom quase ameaçador.
*Japonês* — Quer que eu te mostre o que é uma decisão precipitada, velho?! — Max respondeu confiante, cheio de raiva.
*Japonês* — UAU! Quanta marra! Depois do que eu vi vocês fazendo lá em baixo, acho que entendo o motivo. — O homem afirmou meio sarcástico.
*Japonês* — Se entende, então sabe que o melhor pra todo mundo é nos deixar ir, sem brigas de preferência. — Max disse em um tom ameaçador.
*Japonês* — Essa é uma opção com muitas desvantagens para a conduta da nossa organização, rapaz~... Me desculpe, qual é mesmo o seu nome? —
*Japonês* — Pro nosso bem, deve ser melhor não sabermos os nomes um do outro, não acha? —
*Japonês* — ...Concordo, de qualquer forma eu devo desculpas aos senhores pelo... Ocorrido... O rapaz que os atendeu era novato. — Disse o homem gesticulando enquanto andava calmamente de um lado para o outro.
*Japonês* — Jura?! Quantos dedos ele vai perder? — O jovem questionou com um rosto sádico.
*Japonês* — Isso não é da sua conta, mas se quer saber, a culpa é minha. A maior parte dos integrantes de baixo escalão dos sindicatos da minha organização não sabe sobre você ou sobre os detalhes sobre o gritante do Runner... E ainda mesclado a ao caos que você causou na meu armazém de cocaína... Meus homens entraram em desespero e, como viu, tomaram decisões bem drásticas. — O homem disse sério.
*Japonês* — Você sabe sobre o Gritante?! — Max perguntou surpreso, fazendo o homem soltar um olhar estranho para Yan, que respondeu com um olhar feroz.
*Japonês* — ...Sei... Mas aqui não é o lugar, e nem a hora pra isso. O motivo de eu estar aqui é por que sei que vocês precisam da minha ajuda...— O homem disse em um tom sugestivo.
— "Tomar no cu, porra! Outro acordo?" — Max pensou irritado.
*Japonês* — Mas se possível, eu gostaria de ter boas relações com vocês. Então vamos fazer um acordo, um onde nós dois nos ajudamos, o que acha? —
*Japonês* — Vai depender das condições, mas fala logo, estamos com pressa. —
*Japonês* — Bem, é simples na verdade, pelo que sei, vocês precisam de comida... Muita comida, e talvez roupas... Eu posso ser a sua fonte enquanto estiver no Japão, é só ligar que eu mando o pedido pra onde você quiser. E por último, mas não menos importante... Os terroristas... Posso livrar vocês dessa. —
*Japonês* — Parece promissor! Mas o que você quer em troca? —
*Japonês* — Recentemente, meu sindicato tem tido problemas com uma "máfia invasora" por assim dizer, mas não invasora do bairro ou da cidade, essa gente é de fora do país, e nós não gostamos de invasores. —
*Japonês* — Percebi, acabaram de demolir um prédio por causa disso... Mas eu não vou matar ninguém pra você, não sou assassino de aluguel! —
*Japonês* — Não precisa matar ninguém, o você precisa é de provas das ações deles, mostrar que eles estão aqui. Dessa vez vamos fazer as coisas de um jeito mais pacífico e legal, pelo menos nos termos de criminosos. —
*Japonês* — Saquei... Então o acordo é esse? —
*Japonês* — Sim, aceita? —
*Japonês* — Só uma pergunta... Você sabe quem são esse "invasores"? —
*Japonês* — Na verdade eu sei, já ouviu falar da tríade, da China? —
— "Puta que pariu! No que caralhos eu estou me metendo?" — Max pensou passando a mão no rosto.
*Japonês* — Me dá só um segundo, eu vou falar com o meu amigo aqui. —
*Japonês* — Certo, mas não demore, não podemos segurar a mídia por muito tempo. — O homem olhou para seu relógio e se aproximou de um de seus homens armados.
Maxwell olhou para Yan e se aproximou do monge, iniciando uma conversa de cochichos em sequência.
*Espanhol* — Yan, preciso falar com você, mantenha-se no espanhol. — Disse Max.
*Espanhol* — Beleza, o que foi? — Yan respondeu.
*Espanhol* — Ele disse que quer fazer um acordo... — Max falou pensativo.
*Espanhol* — Um acordo com um Yakuza? Não me parece uma boa ideia. —
*Espanhol* — Eu sei que não, mas ele ofereceu serviços de entrega de comida enquanto estivermos no Japão, e mais, acredito que nós possamos usar essa situação pra acabar com essa história de terrorismo. Temos muito a ganhar com esse acordo. — O moreno explicou.
*Espanhol* — ...Isso é muito bom, mas imagino o que ele quer em troca... —
*Espanhol* — Ele quer que consigamos provas contra a tríade, pra expulsá-los do país, por isso eu acredito que dê pra usar essa situação a nosso favor, mas preciso falar com o Anjo da guarda primeiro e ver o que posso ganhar com isso. —
*Espanhol* — Tá de sacanagem?! A Tríade?! Sabe o que isso quer dizer? —
*Espanhol* — Quer dizer que podemos estar entrando numa puta guerra, eu sei! Mas a gente tá fugindo de uma organização tão perigosa quanto a tríade e a Yakuza, e eu sei que não dá pra arriscar levar uma bala perdida na nossa situação. — Max sussurrou seus argumentos.
*Espanhol* — Exatamente! Então porque você parece tendenciado a aceitar a oferta?! — Yan indagou confuso arfando.
*Espanhol* — Porque eu acho que isso é coisa do anjo da guarda que eu falei. Preciso confirmar, mas confia em mim, por favor. Isso pode resolver o lance do terrorismo. —
*Espanhol* — Certo, mas vai logo, parece que o nosso amiguinho de terno já está ficando impaciente... — Yan disse ao notar o homem olhando para o relógio em seu pulso enquanto batia o pé no chão.
*Espanhol* — Liga pro nosso benfeitor e decida se aceita ou não a proposta, eu confio em você, Max, sei que você quer o melhor pra nós. — Yan continuou.
*Espanhol* — ...Caramba! Valeu!... Certo Yan, mas leva a comida de uma vez, tem algumas coisas que eu preciso falar com esse cara, mas acho que ele só vai me dizer se eu entrar no helicóptero com ele... —
*Espanhol* — Você tem certeza...? — Yan questionou preocupado.
*Espanhol* — ...Tenho, agora vai! E explica tudo pra Mia. — Max exclamou dando a mochila para Yan, que aceitou e foi até a borda do prédio.
*Espanhol* — Aí!... Somos uma boa dupla, apesar de tudo. — Max disse sorridente, olhando para Yan.
*Espanhol* — Haha! É, nós somos. — Yan respondeu com o mesmo sorriso antes de se jogar do prédio e seguir de volta para o apartamento de Aki.
*Japonês* — Vocês já acabaram? — O homem perguntou impaciente.
*Japonês* — Já... O que acha de terminarmos essa conversa no seu helicóptero? — Max respondeu.
*Japonês* — Acho uma ótima ideia! — O homem disse sério, fazendo um sinal com a mão esquerda, e todos os soldados voltaram para os helicópteros.
Max então se dirigiu até a aeronave do Yakuza e, após estrar se sentou entre dois soldados, o homem se sentou à sua frente ao lado de um único soldado. Fechadas as portas, o helicóptero levantou voo dando visão para a destruição nas ruas do quarteirão.
*Japonês* — É realmente uma pena que isso tenha acontecido... Vou oferecer a indenização devida às famílias. — Disse o Yakuza lamentando-se.
*Japonês* — Seria bom se vermes como você não existissem, daí ninguém ia perder a casa, ou alguém querido pra precisar da sua merda de pena e tampouco sua generosidade de cu. Agora, se não me dá licença, eu vou fazer uma ligação. — Disse Max, pegando o telefone e ligando para o "anjo da guarda".
Triririm
Triririm
Triririm
— O que foi, Senhor Rodrigues? — Hynder questionou.
— Hynder, é o seguinte, o chefe de um dos sindicatos da Yakuza quer fazer um acordo comigo. — Max respondeu apressado.
— Jura?! E o que ele quer? — Perguntou Hynder de uma forma quase sarcástica e nada surpresa.
— Ele quer que eu investigue a tríade chinesa, que aparentemente está invadindo território dele, Por acaso isso é coisa sua?! Lembra que eu tenho gente pra proteger, porra! E além disso eu lembro de falar sem inocentes no fogo cruzado. — Max explicou nervoso.
— Você é idiota por acaso?! É impossível não ter inocentes no fogo cruzado, minha promessa foi não usar nenhum pra cumprir o meu ou o seu objetivo, e além disso, se não quer mortes de terceiros então não derruba a porra de um prédio! E óbvio que esse encontro é coisa minha, eu disse que tinha algo pensado pra resolver essa história de terrorismo! E eu disse pra você que seus amigos ficariam o mais seguro possível, o único que está se expondo a riscos aqui é você! Por acaso está duvidando de mim? — Hynder se irritou, algo anormal em sua forma de agir.
— Não!... Eu só~ —
— Moleque, fui eu que te mandei pra máfia, e baseado em tudo o que você viu, não acha que fuder a tríade pode te ajudar? — Disse Hynder um pouco indignado.
— Agora que você falou... 'Pera! Afinal, quem você está tentando ajudar aqui?! Eu, você, a companhia ou a Yakuza?! — O garoto questionou confuso.
— Filho, ninguém é aliado de ninguém na parte de cima. Quanto mais der pra jogar os outros pra baixo, melhor, nós estamos usando isso a nosso favor. Mas pensa bem, por mais que isso ajude a Yakuza, se a tríade estiver executando uma operação que possa ser considerada terrorismo, não acha que vai ser vantajoso pra você levar isso a público? E ainda mais com esse acordo de recursos?. — Hynder disse sugestivo.
— Em primeiro lugar, nunca mais me chame de filho e em segundo... Realmente é vantajoso... Planejou tudo isso mesmo? —
— Em tese não, nunca tinha pensado em fazer você assaltar a padaria dele, mas já que você estava precisando de comida eu não vi motivo para evitar de juntar você com o Sr. Kyoichi de uma vez... Fora que também me pareceu interessante para a parte do teste. Só sinto muito pela demolição do prédio, mas a culpa foi sua, podia ter sido evitado. — Hynder respondeu de forma reflexiva.
— Então esse é o nome dele... Enfim, enfia seus pêsames no rabo, até parece que se importa! E escuta, o quanto o Shogun sabe sobre o meu grupo? — Max questionou ignorando o comentário estranho de Hynder.
— De você ele só tem a descrição da sua aparência e sabe que você está protegendo uns moleques, mas ele não sabe nada sobre eles, ou sobre você que possa afetar suas vidas pessoais. —
— Entendi... Isso é um alívio, mesmo que ainda preocupante. — Disse Max arfando pela contradição.
— Sim, sim. Você deve ter sentido algo muito parecido quando o Finn te chamou no rádio mais cedo, quando você estava no meio de um ataque de pânico, hahaha! — Hynder brincou.
— Vai tomar no cu! Projeto de aborto!... E aquilo não foi um ataque de pânico! — Max gritou irritado.
— Hahaha! Você é realmente uma figura Sr. Rodrigues. Até mais ver. — Hynder se despediu e desligou o celular.
*Japonês* — A ligação tirou suas dúvidas? — O Yakuza questionou ao Max guardar o celular.
*Japonês* — Me ajudou a decidir. Eu aceito a proposta... Mas só se você me garantir que vai criar uma narrativa que colabore comigo. Afinal, se a tríade já está aqui, que envolvimento ela poderia ter com um ataque que veio de fora, não é? —
*Japonês* — Haha! Ótimas condições, garoto! Mas relaxe, já está tudo esquematizado, temos alguns prisioneiros da China que vamos usar pra se passar por vocês e culpar pelo ataque ao aeroporto, e sobre a narrativa, bem, isso vai te ajudar de qualquer forma, mas você não precisa dessa informação agora... Sabe, eu tenho que dizer, eu gostei de você. Você é bem direto, admiro isso. — O yakuza explicou com um sorriso simpático.
*Japonês* — Digo o mesmo para você, velho. Mas se sair da linha, te mato. E é bom que nenhum inocente se machuque nessa brincadira, já tive baixas demais essa semana. — Maxwell ponderou, com uma expressão fria, para não dizer que ele parecia um assassino.
*Japonês* — Huh! Que assustador, hahaha! Pode ficar tranquilo, nenhum inocente vai se ferir... Quer dizer, talvez um pessoal da TOSHISO Industries seja preso ou até morto, mas dificilmente são inocentes... Olha, mudando de assunto, eu sei que não quer que compartilhemos nossos nomes, mas eu preciso de chamar de alguma coisa, rapaz... — O homem disse pensativo e risonho.
*Japonês* — TOSHISO industries? Que empresa é essa?... E deixa eu ver... Sobre um nome... Pode me chamar de "Fangs". — Maxwell falou após pensar um pouco e relembrar seu apelido.
*Japonês* — A TOSHISO é uma industria de desenvolvimento tecnológico não muito reconhecida internacionalmente, eles são financiados pelo governo e estão, digamos, trabalhando num projetinho secreto um tanto inovador, o único problema é que alguns dos funcionários tem desviado os produtos e distribuído por aí no mercado, e algumas pessoas e organizações poderosas, como a Tríade. E sobre o seu nome, gostei da escolha. Simples, direto e feroz. Combina com você, Senhor Fangs. —
*Japonês* — Entendi, valeu... E eu te chamo como? De "velho" mesmo? — Max provocou.
*Japonês* — ...Não, por favor, pode me chamar de Shogun. —
*Japonês* — Certo, Shogun, agora que já resolvemos o principal, tem algo que eu quero saber. — Curvei meu tronco, chegando na ponta da cadeira.
*Japonês* — Se eu puder responder... —
— "...Espero que possa, seu merda..." — Max pensou, sentindo uma leve preocupação lhe bater as costas.
*Japonês* — Como você sabe sobre o gritante? Afinal, o que é a organização que tá me perseguindo? —
*Japonês* — Sr. Fangs... Tem muita coisa aí que não posso responder, e nem quero no momento. Mas o que eu posso te dizer é que, eu sei do gritante por que até três dias atrás eu que orquestrava os sequestros no país. —
— "Pelo visto você também é um deles..." — Max pensou, imaginando a morte do homem, algo que lhe agradava mais do que ele mesmo aceitava.
*Japonês* — ...Seja lá quem forem, eu devo conseguir matar se eu estiver cem porcento. —
*Japonês* — Garoto, entenda uma coisa, até algum tempo atrás você era uma pessoa normal, mal sabia que a Yakuza, minha organização, realmente existia fora dos filmes. E agora, só porque está todo forte acha que pode enfrentar qualquer coisa?! — Shogun questionou irritado.
*Japonês* — Você não me conhece~ —
*Japonês* — Moleque, deixa eu te dizer! Você não tem ideia do que é real nesse mundo! E mesmo pessoas como eu, com poder político, ou pessoas como você, com um poder bruto, não podem lidar com coisas como aquelas! —
*Japonês* — "Coisas como aquelas"? Do quê que você tá falando, porra?! —
*Japonês* — Do Doutor Frederic Hynder, do General Dominic Reese... — O Shogun disse com desgosto e nervosismo em seu semblante.
*Japonês* — O Hynder eu conheço, mas esse tal de Reese... Quem é ele? —
*Japonês* — Eu nunca o vi pessoalmente, mas sei que ele treina soldados desde crianças para que sejam capazes de usar as habilidades do soro o melhor possível, não sabemos se é eficiente, mas... O que aquela coisa é capaz de fazer... Independente do quão forte você seja, não da pra lutar com aquilo. E o Hynder não é diferente. —
*Japonês* — Certo, já entendi! Ele é um cara ruim, igual a todos vocês mas porque você tem tanto... medo dele? Do que ele é capaz exatamente? —
*Japonês* — Não é medo, Sr. Fangs, é receio. E recomendo que também tenha, afinal seja lá o que eles forem... Não são humanos... — O homem disse com um olhar extremamente angustiante e amedrontado.
— "Essa conversa já está me assustando... Melhor parar." — Max pensou.
*Japonês* — ...Acho que já ouvi o suficiente. Me dê os detalhes da tríade que eu resolvo o seu problema. —
*Japonês* — Senhor Fangs, me perdoe, mas vou ter que negar o seu pedido. —
*Japonês* — Quê?! Por que?! Afinal, você quer que eu te ajude ou não? — Max indagou confuso.
*Japonês* — Olhe para si mesmo! Está com olheiras horríveis, e claramente não dorme há dias. Descanse um pouco por hoje, resolvemos esse assunto mais tarde. Se ninguém fizer nenhuma jogada drástica, temos tempo. —
*Japonês* — Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje, e aliás eu tô com pressa. —
*Japonês* — Se você não dormir hoje, vai dormir amanhã independentemente da sua vontade, e confie em mim não vai querer baixar a guarda quando a tempestade se acalmar, as coisas costumam dar errado quando o fazemos. —
*Japonês* — Tá legal, você venceu. Me deixa em qualquer lugar por aqui que eu me viro pra voltar. — Max falou olhando os prédios envolta.
*Japonês* — Certo, fique com esse celular, eu vou te ligar por ele. — Disse Shogun, oferecendo um pequeno aparelho telefônico para Max.
*Japonês* — Eu já tenho um que é bem seguro... E pelo visto o seu número já está salvo nele. — Max respondeu, verificando seu próprio celular e vendo o nome "Shogun" salvo em sua lista telefônica.
*Japonês* — Senhor Fangs... Você está trabalhando com o Hynder de bom grado? — Questionou o Yakuza assustado.
*Japonês* — Eu tenho um acordo com ele, só isso. Não é como se ele mandasse em mim ou algo do tipo, tudo o que me beneficia ajuda ele também, então por hora não somos inimigos. — O jovem disse sério.
*Japonês* — Entendo... — O homem falou decepcionado consigo mesmo. — "O que diabos ele quer com esse rapaz?!" — O Yakuza pensava.
*Japonês* — Com certeza não. — Max respondeu confiante.
*Japonês* — ...Até mais ver Sr. Fangs... E mais um conselho, não envolva seus amigos com o Hynder, quanto menos eles souberem melhor. — Shogun se despediu ao sentir o helicóptero parar, estavam nivelados no terraço de um prédio próximo da entrada do 'Rio Aji'.
*Japonês* — Até a próxima, Shogun. — Max despediu-se emitindo certo nojo e seriedade, já fora do helicóptero.
As aeronaves já levantavam voo, quando Max marcou o apartamento de Aki no mapa do celular. Enquanto andava até a borda do edifício, Max ressoava pensamentos em sua mente.
— "Não envolver meus amigos com o Hynder...? Mas eu não quero mentir pra eles, pelo menos não mais... Se bem que eles não precisam saber de tudo, afinal eu preciso protegê-los, a qualquer custo... Ainda mais agora..." —
E com esse pensamento o garoto salteava de volta para o grupo, que agora, depois de tomar um delicioso café da manhã, estava em uma estimada discussão...
*Inglês* — Um acordo com a Yakuza?! Não bastou demolirem um prédio?! — Mia questionou confusa e irritada.
*Inglês* — Isso é uma ideia de imbecil! Vocês nem sabem se podemos confiar neles, e a resposta pra isso é óbvia. — Disse Harry.
*Inglês* — Calma gente, eu sei que é uma má ideia, mas a gente tem muito a ganhar com isso... E o lance do prédio não foi culpa nossa. — Yan rebateu.
*Inglês* — Muito a ganhar?! A gente tá se envolvendo com criminosos de primeira classe, as chances disso dar errado são enormes. — Mia repontou.
*Francês* — Do que eles estão falando? — Alexander perguntou a Chloé.
*Francês* — Pelo que eu entendi, o Fangs e o Yan fizeram um acordo com mafiosos. — Chloé respondeu.
*Francês* — Tá de sacanagem, né? — Alexander disse surpreso.
*Francês* — ...Eu acho que não. — Disse Chloé ao ver seus colegas discutindo intensamente.
*Inglês* — Mia a gente só tem que conseguir provas, o resto vai ser feito legalmente, ninguém vai se machucar. E o prêmio por isso é não precisarmos roubar enquanto estivermos no Japão. — Yan explicou.
*Inglês* — AHH! Mas que droga! Tá bom, você me convenceu, mas não quer dizer que eu aceito essa decisão. — Mia falou irritada.
*Inglês* — Que bom... Você vai explicar para os outros? — Yan perguntou.
*Inglês* — Sim... Vou sim. — Mia afirmou.
Após alguns minutos de explicação, todos estavam inteirados sobre a situação. Obviamente, ninguém aplaudiu a ideia... Ou quase ninguém...
No sofá, Jawari e Haja discutiam.
*Africâner* — Um acordo com criminosos? Roubar já não é mais o suficiente? — Jawari reclamou.
*Africâner* — Melhor que passar fome, duh! — Disse Haja.
*Africâner* — a gente ia comer de qualquer jeito, bobão! —
*Africâner* — Não me chame assim! — Exclamou Haja irritado.
Ao lado dos dois, as gêmeas compartilhavam seus pensamentos uma para a outra.
*Alemão* — Vish! Parece que o Fangs perdeu completamente a linha... — Disse Heidi.
*Alemão* — Pode até ser... — Disse Evelyn.
*Alemão* — ..."Mas"? — Implicou sua irmã.
*Alemão* — Eu acho que, mesmo sendo uma ideia ruim, nós podemos ter muitas vantagens. — Apontou Evelyn.
*Alemão* — Ehh... Não vou nem perguntar... — Falou Heidi.
Enquanto isso, em pé atrás do sofá...
*Alemão* — Hmm, que saco... — Disse Mikhail.
*Alemão* — Você fala?! — Indagou Heidi surpresa, virando-se para o garoto.
Mikhail olhou para ela por apenas um segundo, mas se virou instantaneamente, corado, deixando Heidi boiando.
Ao lado do sofá, próximos da parede...
*Espanhol* — Pablo... O que você acha disso? — Questionou Diogo.
*Espanhol* — Acho que o Presas se envolveu com gente má. — Disse Pablo.
*Espanhol* — ...Errado não tá. — Diogo pensou alto.
Ao mesmo tempo, próximos da porta da varanda...
*Chinês* — Você concordou mesmo com isso, grandão? — Suyin perguntou.
*Chinês* — Eu não concordei com nada. Mas confio na escolha do Max. — Yan respondeu com um olhar confiante.
*Chinês* — Porque você confia tanto nele? —
*Chinês* — Eu confio nele porque eu sei que ele está tentando nos proteger com todas as forças que tem, e você também deveria saber, afinal todos vimos o que ele tem feitos nos últimos dias. —
*Chinês* — Sim, mas... E aquela história dele ser um monstro? — Suyin perguntou protegendo a boca.
*Chinês* — Sobre isso... Não acho que o que eu vi tenha sido ele, de fato, ele parecia um animal, e claramente era perigoso, mas o Max disse que aquilo só acontece quando ele está com muita fome. Então por enquanto deve ser seguro ficar do lado dele. —
*Chinês* — ...Temos que avisar pros outros que se tiver pouca comida é melhor deixar a maior parte pra ele. Vai que depois a gente vira a janta! —
*Chinês* — HAHAHAHA! Acho que não vamos precisar dessas regras por agora também. — Yan riu da ideia da menina, desmentindo-a logo em seguida.
*Chinês* — Se você diz. — Concordou Suyin.
Enquanto todas essas conversas ocorriam, Yuri foi até Mia, sem entender a preocupação da mesma.
*Russo* — ...Tem certeza de que isso é tão ruim assim?... Quer dizer, a gente já não tá sendo perseguido pelo "governo"? Que mal faz uma ajuda de fora? — Indagou Yuri.
*Russo* — Me escuta Yuri, por mais que estejamos contra o "governo" agora, confiar em um criminoso da máfia não é uma boa ideia, eles são pessoas ruins que deveríamos evitar o máximo possível, entende? — Mia respondeu calmamente.
*Russo* — Hmm, acho que entendo... — Disse Yuri.
Mia andou um pouco pelo apartamento, queria falar com os pais de Aki, mas se deparou com Giovanni, que demonstrava um comportamento curioso. O garoto estava calmo, tranquilo, parecia até feliz.
*Italiano* — G~Giovanni...? Você ouviu o que eu disse? — Mia questionou.
*Italiano* — Han? Ahh, sim, ouvi sim. Porque? — Ele respondeu.
*Italiano* — É que você parece tão calmo... E você tá quase sempre preocupado... —
*Italiano* — QUÊ?! Claro que não, eu tô super tenso só estou tentando me acalmar pensando em coisas boas. — Disse o garoto com suor frio escorrendo por sua testa.
— "Que disfarçando o quê! Eu tô tranquilasso! Eu estava me perguntando quando a gente ia se encontrar com o Kyoichi. Eu não entendo porque estão todos tão preocupados, a Yakuza nem é tão perigosa assim, eles tem códigos de conduta bem bonzinhos. Será que eles não sabem...?" — Giovanni pensava.
*Italiano* — Ahh, que bom! Se preocupar demais pode causar muitos problemas fisiológicos e psicológicos. — Mia disse, doce como sempre.
*Italiano* — Sim, sim. Agora... Você não estava indo pra algum lugar? —
*Italiano* — Ah sim! Eu vou falar com o Sr. e a Sra. Aburaya! — Mia exclamou.
A jovem se retirou da sala em seguida, e pediu permissão para entrar no quarto dos pais de Aki, que a receberam curiosos para saber o porquê de tanto barulho em seu apartamento.
*Japonês* — Posso saber qual o motivo pra tanta barulheira? Vocês eram tão quietinhos quando chegaram. — Perguntou o Sr. Aburaya.
*Japonês* — A~Assim... Eu preciso te contar uma coisa. — Mia afirmou, meio sem jeito.
Após uma breve explicação do que estava acontecendo, a Sra. Aburaya ficou boquiaberta, em estado de choque. Já seu marido deu um grande chilique...
*Japonês* — COMO É QUE É?! Acordo com criminosos?! — Indagou o pai de Aki enfurecido.
*Japonês* — Eu sei qu~! — Mia tentou explicar, mas foi interrompida.
*Japonês* — Você não sabe de nada, menina! Tem alguma noção do que vocês estão fazendo?! Vocês vão nos matar! — Berrou o homem.
*Japonês* — Papai, a Mia e o Fangs não fariam isso. Eles só querem nos aju~ —
*Japonês* — Você principalmente, Yoshiaki Aburaya! Você é só uma criança! Sequer deveria estar exposto esse tipo de coisa! — O pai de Aki brigou.
*Japonês* — Que gritaria é essa, porra?! — Max indagou invadindo o quarto, surpreendendo a todos com sua chegada.
*Japonês* — Porra, eu que o diga! Moleque, você tem alguma noção de com quem está mexendo?! Tem ideia das consequências que suas escolhas podem causar?! — O Sr. Aburaya questionou com ameaça na voz.
Max andou calmamente até o homem, com uma frequência de passos quase opressora, e disse em um tom ameaçador...
*Japonês* — Eu tenho total noção das minhas escolhas, Senhor. E vou fazer o que for preciso para manter essas crianças sãs e salvas até que cheguem em casa. —
*Japonês* — Se continuar assim, ninguém vai voltar pra casa! —
*Japonês* — Vão voltar sim! Eu vou protegê-los. —
*Japonês* — SOZINHO?! Você tem alguma ideia de quem está enfrentando?! —
*Japonês* — Eu tenho a Mia e o Yan do meu lado! E não eu não tenho ideia do que eu estou enfrentando, mas se você tiver acho bom dizer agora! —
*Japonês* — O QUÊ?! Eu dizer algo? EU DIZER ALGO?! —
*Japonês* — Sim porra, você! Porque se não tiver, cala a merda da boca e para com esse chilique! —
*Japonês* — Filho da puta! Seus pais não te educaram não?! —
*Japonês* — Hayato, por fav~ — Fumiko tentou acalmá-lo.
*Japonês* — Cala a boca, mulher! — Gritou Hayato, assustando-a.
Ao ver aquela cena, Max repensou em seu modo de agir, e viu que aquela discussão estava tomando um rumo que seria desagradável para todos.
*Japonês* — Baixa a bola, homenzinho! Não precisa brigar com a sua mulher. — Disse Max, tentando acalmá-lo.
*Japonês* — Não é com ela que eu preciso brigar, é com você! —
*Japonês* — Me escuta, olha pra você... Está assustando todo mundo aqui, eu entendo você estar irritado, mas se eu quiser facilitar a minha vida e a desses moleques, não tenho escolha se não um acordo com aqueles merdas... Você entende o que eu estou dizendo?... Tenho certeza que faria o mesmo pelo seu filho. — Disse Max em um tom calmo.
Hayato então, com uma expressão angustiante, balançou a cabeça e se sentou ali mesmo no chão, parecia estar tonto e cansado, seu olhar estava perdido e confuso. Sua esposa, Fumiko, se ajoelhou para cuidar dele e pediu educadamente para que Max, Mia e até mesmo Aki se retirassem.
— No final, ele tem a maior parte da razão. — Disse Max ao sair do quarto.
— A maior parte? — Mia indagou.
— Ele não considerou que a Yakuza pode não saber quem são vocês. — Max falou em um tom confiante enquanto ia para a varanda.
— E eles não sabem? — Mia perguntou seguindo-o
— O líder do sindicato da região nem sabia o meu nome. —
— Ué, como não?... E sindicato? —
— O "Shogun" simplesmente não sabia, ele só sabe que fui eu que fugi daquele navio com uma galera junto. E as máfias, as mais famosas pelo menos, se dividem assim, em sindicatos. — Max explicou.
— 'Tendi... Aqui, eu queria te perguntar um negócio. —
— Pode perguntar. — Disse Max saindo para a varanda.
— Como você sabe tanto sobre essas coisas de armas, exércitos, artes marciais, máfias e tal? — A menina perguntou fechando a porta.
— Sobre as armas e o exército, digamos que eu tenho um passado... Um dia eu te conto, quando as coisas estiverem mais calmas e minha cabeça estiver menos cheia. Mas desde os quatro anos eu treino, e também gosto de pesquisar sobre coisas do tipo, então meio que é algo natural pra mim. — Max respondeu observando a vista da sacada como um gavião.
— Vou cobrar essa história hein! Mas caramba! Então você treina a mais tempo que o Yan! —
— Ele treina desde quando? —
— Desde os seis anos. —
— Hmm, esses dois anos não fazem tanta diferença nessa idade. —
— Eu não teria tanta certeza, crianças de até cinco anos tem uma capacidade incrível de assimilar informações externas. — Mia explicou.
— ...Se você tá dizendo. — Falou Max em um tom suspeito.
— Que foi? Não acredita em mim? — Mia questionou nervosa.
— Eu não disse isso. — O jovem soltou com um sorriso ladino.
— Mas quis dizer, né! — A garota reclamou fazendo um biquinho fofo.
— Relaxa, Mia. Eu tô te zoando. — Max falou em um tom sincero, coçando a nuca e corando um pouco.
— Aham... Sei. — Brincou a menina, mas não recebeu nenhuma resposta de Max, de repente ele ficou... Sério.
— ...O que foi? — Ela perguntou.
— ...Desculpa cortar o clima assim. Mas eu queria te falar sobre o tal anjo da guarda. — Falou o garoto pensativo.
— Tudo bem, pode falar. — Mia disse interessada.
— "Mia... Me perdoa. Eu não queria mentir assim pra vocês..." — Ele pensava. — Eu não sei ao certo quem ele é, mas aparentemente temos interesses em comum, e foi graças a ele que todas aquelas conveniências desde o Equador surgiram no nosso caminho. E é por causa dele que a máfia não sabe quem somos. Além disso, ele garantiu que todos poderíamos voltar pra casa, e viver em paz depois disso. —
— ...Foi ele quem te ligou ontem, quando chegamos? — Questionou a garota um pouco nervosa.
— Foi. Mas eu fiquei assustado com a ligação, por isso eu não falei pra você, eu nem cogitei me encontrar com ele essa noite, mas depois que a lua subiu... Eu sei lá, senti que deveria ir. Foi mal não avisar... E me desculpa por mentir pra você. — O jovem disse cabisbaixo.
— Tudo bem, eu te perdoo. — Mia disse sorridente.
— Sério?! — Max perguntou confuso.
— Claro, você está se esforçando tanto pra nos proteger, eu sei que você não fez por mal. E esse anjo da guarda, seja lá que for, está nos ajudando bastante. Mas eu compreendo você estar com um pé atrás em relação a ele. — Mia esclareceu.
Max quase chorou ao ouvir aquelas palavras, ele se sentia mal por mentir para uma pessoa tão boa quanto Mia, e ainda mais por ser perdoado sem nem uma discussão. O que mantinha sua compostura era sua certeza de que sua escolha a manteria viva e segura, independente do que custasse para ele.
— Tudo bem com você? — Mia indagou.
— ...Tudo. — O jovem falou engolindo o choro sem que Mia percebesse.
— Então tá bom. Eu vou entrar, você já comeu? —
— ...Na verdade, já. Ahh, e fala pro Yan que eu aceitei o acordo, principalmente por que temos a oportunidade de nos livrarmos do alerta de estado e usar um certo grupo criminoso de bode expiatório como terroristas. — o rapaz desviou o olhar. — "Pra ser sincero, eu não estou com fome. Mas acho que isso é por causa 'daquilo' provavelmente ter comido dois homens adultos sem deixar sequer as roupas pra trás." — Max pensava assustado, sentindo sua garganta pesada, como quem quer vomitar.
— Certo, pode deixar que eu falo, até daqui a pouco, Maxwell. — Mia se despediu com um olhar encantador, enquanto entrava de volta no apartamento.
— "Hm, ela é tão fof~ EEEEE! Olhas as ideias, cabeça!" — Max pensava com um sorriso bobo ao se despedir de Mia.
O garoto tentava tirar sua mente daquele tipo de pensamento, e após longos minutos ele percebeu que sua cabeça estava completamente distraída, e não estava focando no que realmente importava.
— "Meu Deus, o que é que deu em mim?... Não é por estar cansado que eu posso perder o foco... Cansado?! Nem a pau que eu estou, eu não preciso dormir, eu só preciso descansar meus olhos por alguns segundos." — Concluiu o jovem...
Enquanto isso no interior do apartamento...
*Inglês* — O que foi aquela gritaria toda? — Harry perguntava para Mia, sentado da braçadeira do sofá.
*Inglês* — O Sr. Aburaya... Se desestabilizou um pouco. — Mia disse, sem graça.
*Inglês* — Você e essas suas frases de enfermeiras cínicas. — Harry respondeu.
*Inglês* — Haha! Sim! —
*Inglês* — Mas e aí? a gente vai ou não voltar pro ônibus e fugir com os pais do Aki? —
*Inglês* — Nós não vamos mais precisar fazer isso, o Max conseguiu um jeito seguro de nos deixar em casa. —
*Inglês* — Sério?! Como? — Harry perguntou curioso.
*Inglês* — Isso eu não sei, nem pensei em perguntar, mas tem a ver com nosso benfeitor, então acho que é algo bem complexo. Mas vamos deixar isso de lado, o que acham de começarmos a aprender português? — Mia indagou animada.
*Inglês* — Acho ótimo! Não posso esperar pra ver como é para aprender agora! — Harry falou com os olhos brilhando.
Após juntarem todos para começarem as "aulas", Mia estava tão animada que até selecionara alguns vídeos na TV e pego um pacote de folhas de papel A4 para explicá-los a gramática devidamente. Mas logo antes de começar a explicar a linguagem a garota deu falta de Yan.
*Chinês* — Yan, cadê você?! — Mia chamou.
*Chinês* — Eu tô aqui. Eu queria falar com o Max, mas olha o que eu achei. — Yan explicou ao entrar pela varanda carregando Max, desmaiado como uma pedra, nos ombros.
*Chinês* — Também, depois de três dias sem dormir, lutando sem parar ainda... — Mia afirmou.
*Chinês* — Eu vou deixá-lo no sofá, e logo me junto a vocês. — Disse Yan.
Após colocar Max no sofá, sem as botas, e cobri-lo com sua jaqueta, Yan se uniu a turma.
Então as aulas começaram, e como Max e Yan pegaram comida aos montes, a aula duraria o resto do dia sem interrupções além de alguns "recreios". E Max finalmente, depois de dias, conseguiu dormir... Bom, involuntariamente pelo menos.
Mas é como dizem, parte do preparo para um grande momento é uma boa noite de sono, ou nesse caso, um bom dia.
<--To be continued...
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E aí gostaram? Curtam e comentem, eu adoraria saber o que vocês estão achando!
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