Nami
2946 palavras
Título: A NAVEGADORA E A ARTESÃ
Nami te olhava ainda irritada, ela não conseguia acreditar que a namorada pudesse ser tão desapegada. A navegadora tentava se recordar de uma única vez em que conseguiram concordar em um assunto tão banal e falhava miseravelmente.
Todos ali tinham suas ambições e para ela era inaceitável ter se apaixonado pela única pessoa no bando que dizia não ter nada, nem sequer um sonho.
— Meu bem até quando você vai me dar um gelo? — Lá estava Sn deitada no chão com alguns papéis rabiscados ao redor enquanto Nami se concentrava em desenhar mais um mapa e tal pergunta permaneceu sem resposta.
— Nami é sério, você vai fingir que eu não existo? — A ruiva já havia terminado o mapa e você se aproximou: — E se eu fizer isto. — Envolveu a cintura dela com agilidade deixando um beijinho na parte detrás do ombro direito, ali era um dos muitos pontos fracos da ruiva deixava o corpo todo arrepiado, sua mão foi por cima da dela que estava na mesa distribuindo carícias e ela te afastou, saindo da saleta em silêncio antes que te agarrasse ali mesmo.
Sn estava começando a se chatear com a forma que Nami a tratava e ao retornar para os rabiscos percebeu que ficaria sozinha. Não conseguia compreender por que raios a namorada havia ficado tão chateada quando simplesmente mencionou não ter uma ambição ou um sonho sequer. Para você estava bom se aventurar pelo mundo conhecer lugares novos e pessoas completamente diferentes, bufou chateada antes de catar os papéis e seguir para a pequena "oficina" um espaço do navio que dividia com Usopp. O lado esquerdo era seu e o direito dele e no fim trabalhavam bem juntos e até trocavam algumas ideias ajudando um ao outro sempre que preciso, mas no momento seus pensamentos estavam em Nami e em como de alguma forma aquela discussão ridícula ganhou proporções absurdas segundo seus parâmetros.
No quarto Nami murmurava de forma inconstante e inconsciente quando Robin entrou, a morena pensava em todo o ocorrido afinal a briga de vocês foi feia, começou com um desentendimento a respeito de ambições e sonhos e terminou com você dizendo que não se importava e que cada um deveria cuidar da sua vida, pois mesmo que se ajudassem dependeria apenas da força de vontade de cada um chegar onde queria. Aí pronto o barraco estava armado, foi uma briga idiota por motivos estúpidos, afinal nem tudo precisa ser dito, existem parte de nós mesmo que devem ser somente nossa, sejam sonhos que não queremos compartilhar ou simples fatos que achamos vergonhosos e Sn era assim e por isso não compreendia o motivo de tanto alarde, no fundo só gostava de dormir e fabricar seus próprios artesanatos ajudando a tripulação sempre que precisavam é claro, afinal todos contribuem de alguma maneira.
— Talvez você devesse dar tempo pra ela. Nem todos precisam de um objetivo ou simplesmente não conseguem revelá-los.
Robin conhecia as brigas de vocês e o relacionamento também já que era uma amiga, não costumava dar conselhos desse tipo, mas achava que estavam sofrendo atoa.
— É pode ser, vou determinar o curso da nossa próxima parada. — Desconversou retornando ao convés e quando pegou no leme deixou a raiva de lado, essa era uma boa forma de esquecer os problemas e de imediato você ocupou a mente da ruiva, sua risada seus cabelos balançando após tomarem banho e principalmente quando se deitavam, você costumava por a cabeça na barriga dela sempre rabiscando algo no papel.
Sn é uma artesã das boas, certa vez fez pratos para cada um dos integrantes do navio levando em conta suas características e sonhos. O de Luffy por exemplo, tinha um chapéu de palha pintado na borda e escrito somente para o rei dos piratas e nem é preciso dizer que depois disso o capitão do navio se recusou a comer em outro prato, o mesmo se repetia para os demais membros da tripulação fora o fato de ter refeito toda a louça quebrada a mão e em porcelana, tudo tão belo que Sanji vivia dizendo para qualquer um que se quebrasse seria morto por ele e esse era mais um motivo para Nami não aceitar que você não tivesse uma vontade sequer, um sonho ou ambição para ela era tão... Triste.
Uma explosão vinda de dentro da famigerada oficina chamou a atenção de todos principalmente da ruiva que puxou Chopper que até então estava no seu consultório para segurar o leme e desceu a escada correndo.
— Droga seu narigudo eu falei pra você não virar esse líquido no meu papel! É inflamável!
— Sua destrambelhada! Quem mandou você deixar suas coisas aqui? Misturou tudo, jumenta!
— Ora seu paler... — Antes que pudesse terminar Usopp foi acertado pelo cozinheiro.
— Não trate a Snzinha desse jeito seu IDIOTA! Você está bem Snzinha? — O famoso coração se formava no olho de Sanji e discretamente você olhou para Nami notando a preocupação em seus olhos e com isso resolveu dramatizar já pedindo desculpas a Usopp mentalmente.
— Estou sim, só preciso me deitar.
— Vamos eu te ajudo Snzi...
— Não precisa Sanji, deixa comigo. — A ruiva te apoiou e enquanto saiam podiam ouvir coisas do tipo: como a senhorita Nami é perfeita, maravilhosa e como Usopp iria morrer se você passasse mal de novo.
No quarto Sn se sentou na cadeira e sorriu, discretamente tentando manter a pose.
— Vamos até o Chopper ele vai te examinar e...
— Olha eu não preciso, só um banho para retirar a fuligem e alguns curativos no meu supercílio já está de bom tamanho. -- Você tinha a sobrancelha cortada na ponta e foi justamente ali que sangrou de leve além de alguns arranhões pela bochecha e pescoço.
Nami respirou fundo antes de se aproximar.
— Beleza vou te ajudar com o banho.
— Excelente, quer dizer, não quero te dar trabalho. — Mentiu e Nami revirou os olhos, sabia que estava fazendo doce, que no fundo você queria era mais dela.
Na banheira Nami te ajudou com os cuidados evitando olhar para os seus seios já que você facilmente saberia quais são seus pensamentos.
[...]
A navegadora não conseguia pensar em uma forma de te surpreender e Usopp a ajudaria se ela tivesse coragem de pedir. Mas pedir ajuda a Usopp era admitir que estava confusa e isso não era algo que Nami fazia com facilidade. Enquanto isso, você estava sentada na banheira, o vapor quente do banho ajudando a relaxar seus músculos e a fazer sua mente voar. O silêncio entre vocês era quase palpável, mas diferente de antes, não era desconfortável.
— Nami? — Você quebrou o silêncio, chamando-a de forma hesitante.
— Hm?
— Por que está tão irritada comigo? — Sua voz soou baixa, como se receasse a resposta.
A navegadora parou de esfregar suavemente sua pele e te encarou, seus olhos castanhos fervilhando com uma mistura de emoções.
— Porque eu não entendo você, Sn. — Ela suspirou, colocando a esponja de lado. — Todo mundo aqui tem um objetivo, algo que os move, que faz suportar os perigos, os desafios. Mas você... você simplesmente não tem nada? Só está aqui por estar?
— E isso é tão errado assim? — Você rebateu, se virando na banheira para olhá-la de frente. — Nem todos precisam ter um grande sonho, Nami. Eu sou feliz do jeito que sou. Não posso apenas... viver?
A ruiva apertou os lábios, tentando organizar seus pensamentos. Era difícil para ela aceitar que alguém pudesse viver sem uma meta concreta, mas parte dela sabia que o problema maior era seu medo. Medo de que sua falta de ambição significasse falta de comprometimento, não só com o bando, mas com ela.
— Não é errado, Sn. — Ela admitiu, baixando o olhar. — Mas me assusta. Parece que, sem um motivo para ficar, você pode ir embora a qualquer momento.
Suas sobrancelhas se franziram em confusão, e então você riu suavemente.
— Então é isso. Você está com medo de que eu vá te deixar?
Nami não respondeu, mas a leve tensão em seus ombros foi a confirmação que você precisava. Você segurou sua mão molhada, entrelaçando os dedos com os dela.
— Eu posso não ter um grande sonho como o de Luffy ou o seu, mas isso não significa que eu não tenha razões para ficar. — Seu sorriso foi pequeno, mas genuíno. — Você é uma delas, sabia?
A ruiva piscou, surpresa com a confissão.
— Eu?
— Sim. Eu gosto de estar aqui porque você está aqui. Não preciso de mais motivos que isso.
Nami sentiu o coração acelerar, mas antes que pudesse responder, a porta do banheiro foi aberta com força, revelando Usopp completamente descabelado e com Sanji logo atrás.
— Nami! Precisamos de você no convés, agora! Algo está errado com o log pose!
— Droga! — Ela se levantou rapidamente, atirando uma toalha em você antes de sair correndo atrás deles.
Você riu sozinha, secando o rosto.
— Acho que esse é o jeito dela dizer que me ama. — Murmurou para si mesma, antes de terminar de se arrumar.
Quando chegou ao convés, viu a tripulação toda reunida. Nami já estava dando ordens, e você observou com um sorriso no rosto. Talvez não tivesse um sonho grandioso, mas isso não significava que não pudesse compartilhar o deles.
O caos já estava instalado. Luffy estava na proa, tentando avistar algo à distância com um sorriso animado, enquanto Zoro cochilava encostado em uma amurada, aparentemente indiferente ao frenesi. Chopper corria de um lado para o outro, carregando pequenos frascos de remédio, enquanto Robin folheava calmamente um livro ao lado de Franky, que estava mexendo em uma ferramenta.
— Nami, o que está acontecendo? — Você perguntou, se aproximando da ruiva que estava inclinada sobre o log pose.
— Algo está errado com o curso! — Nami respondeu, a preocupação estampada em seu rosto. — O log pose está apontando para uma ilha, mas não há nada visível no horizonte. Isso nunca aconteceu antes.
Você olhou para o céu. Não havia tempestades à vista, o mar estava relativamente calmo, e mesmo assim a bússola pirata estava inquieta, tremendo como se fosse explodir.
— Talvez seja uma ilha invisível? — Luffy sugeriu com empolgação, sem desviar os olhos do horizonte.
— Uma ilha invisível? — Sanji acendeu um cigarro e deu de ombros. — Não seria a coisa mais estranha que já vimos.
— Pode ser uma armadilha. — Zoro finalmente abriu os olhos, se levantando. — Isso parece encrenca.
— Só há uma maneira de descobrir. Vamos lá! — Luffy gritou com entusiasmo, já estendendo os braços em direção ao leme, mas Nami o empurrou de volta.
— Não tão rápido, capitão! — Ela gritou. — Vamos com calma. Não sabemos o que está nos esperando.
Robin fechou seu livro e caminhou até vocês.
— Talvez haja algum registro sobre essa ilha nas histórias. Se for uma ilha invisível ou protegida por algum tipo de ilusão, provavelmente está documentada em algum lugar.
— Documentada ou não, se for algo perigoso, precisaremos estar prontos. — Zoro disse, desembainhando uma das espadas.
Você permaneceu em silêncio, observando a interação. Esse tipo de situação era exatamente o que definia o bando do Chapéu de Palha: o caos absoluto, mas cheio de propósito. Mesmo sem um sonho claro, você sentia uma excitação familiar crescendo.
— Ei, Nami. — Você a chamou, se aproximando dela. — Se há algo lá, posso fazer algumas ferramentas para ajudar. Talvez uma armadilha ou algo para detectar presença.
Ela olhou para você, surpresa com sua oferta, mas logo assentiu.
— Faça isso. Vamos precisar de toda ajuda possível.
Enquanto você se afastava para a oficina, o barco começou a tremer ligeiramente, como se algo estivesse movendo as águas ao redor.
— O que foi isso? — Chopper gritou, segurando o mastro.
— Não é vento. — Nami disse, franzindo a testa.
— Algo está vindo. — Zoro afirmou, sua mão já firme na empunhadura da katana.
De repente, um nevoeiro denso começou a se formar, engolindo o Thousand Sunny rapidamente. O ar ficou mais pesado, e a temperatura caiu drasticamente.
— Um nevoeiro? Isso não estava no clima previsto. — Nami murmurou, apertando o log pose, que agora girava ainda mais freneticamente.
Você retornou ao convés com algumas ferramentas improvisadas, mas parou ao perceber a atmosfera tensa.
— Parece que vamos descobrir se a ilha é invisível ou se é outra coisa. — Disse, tentando aliviar o clima, mas ninguém riu.
E então, uma sombra enorme apareceu à distância, dentro do nevoeiro. Não era possível identificar o que era, mas o tamanho e a forma irregular eram o suficiente para deixar todos alertas.
— TODOS EM SUAS POSIÇÕES! — Luffy gritou, um sorriso largo no rosto, já esticando os braços para o que quer que fosse.
E assim, a tripulação se preparou para enfrentar o desconhecido, cada um com sua habilidade única. Nami assumiu o leme, você segurou suas ferramentas e prendeu a respiração, pronta para o que viesse. Afinal, mesmo sem um sonho claro, você sabia que pertencia a esse bando. E isso, para você, já era o suficiente.
[...]
ami revirou os olhos, tentando disfarçar a vermelhidão que se espalhava pelo rosto enquanto aplicava o curativo.
— Você é impossível, sabia? — Murmurou, mas não afastou suas mãos.
Seu toque na cintura dela foi suave, quase carinhoso, e você se aproveitou disso para apertá-la levemente contra você.
— Só impossível de ficar longe de você, Nami. — Disse com um sorriso brincalhão, os olhos brilhando com aquela malícia característica que a ruiva fingia odiar, mas que secretamente adorava.
— Pare de falar essas coisas. — Nami bufou, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso escapando de seus lábios.
— Eu só quero que você pare de se preocupar tanto. — Você respondeu, agora deslizando uma das mãos para segurar a dela. — Sei que sou meio bagunceira, mas você sabia disso quando me escolheu.
Ela respirou fundo, parecendo ponderar suas palavras.
— Eu só... não entendo como você pode ser tão despreocupada com tudo. — Admitiu, finalmente encontrando seu olhar. — Eu fico pensando que, se você não tem uma ambição ou algo que queira, talvez um dia se canse de tudo isso, afinal de contas foi assim que você veio parar aqui...
A confissão dela pegou você de surpresa, e por um momento, o sorriso brincalhão desapareceu do seu rosto.
— Nami... — Sua voz ficou mais suave, e você segurou o rosto dela entre suas mãos. — Você acha mesmo que eu estaria aqui se não quisesse? Parte do meu sonho é estar despreocupada, viver essas aventuras ao seu lado, ajudar essa tripulação maluca a chegar onde quiser, por que somos companheiros. Isso não é suficiente para você?
Nami desviou o olhar, claramente emocionada, afinal de contas você sempre deixava implícito que a qualquer momento poderia sair do bando mesmo que estivesse com eles após o East Blue, e foi apaixonante para você ver a ruiva tentando manter a postura firme.
— Você realmente acredita nisso?
— Não só acredito, como provo todos os dias. — Respondeu, inclinando-se para deixar um beijo suave na testa dela. — E se precisar, vou provar mais mil vezes.
Ela finalmente relaxou, deixando escapar um suspiro resignado, enquanto seus lábios desciam pela bochecha direita apertando-a contra si.
— Você é muito irritante, sabia?
— Só para quem eu amo. — Você respondeu com um sorriso provocador.
Nami balançou a cabeça, mas acabou sorrindo também, permitindo que você mantivesse o abraço apertado.
— Só não pense que vou pegar leve com você da próxima vez que se machucar.
— Nem esperava menos. — Disse, rindo, enquanto a segurava mais perto.
Mesmo sem dizer em voz alta, ambas sabiam que o que tinham era especial. Não importava quantas brigas acontecessem, vocês sempre encontrariam o caminho de volta uma para a outra.
Ela era sua navegadora e você a artesã de mãos tão delicadas quanto os lábios que ela buscava com veemência.
— Você reclama demais sabia? — Teve os lábios beijados de forma gentil pela ruiva que apenas se deixou recostar em seu corpo.
— Me desculpe por aquilo, eu não devia ter te ignorado tanto. — O pedido de desculpas veio carregado de uma pontada de remorso e você sorriu antes de envolve-la com os braços e beija-la intensamente, seus dedos se enroscaram nos fios ruivos sentindo a cintura ser apertada com carinho e sua outra mão deslizou pelo braço da navegadora, o ar aos poucos lhe faltou e ambas se separaram sentindo o rosto mais quente que o normal.
— Podíamos passar a noite aqui? — Você sussurrou e ela acariciou sua barriga.
— Aqui, você diz ao relento?
— Isso. Temos cobertas e já comemos, só há nós duas aqui... Acho que seria bem romântico. — Sorriu de forma apaixonada e ela balançou a cabeça antes de sorrir.
— Você é pior que o Sanji tem horas Sn! Essa sua proposta apesar de linda me parece muito sugestiva. — Você riu.
— Amor eu não disse nada, sua mente está muito corrompida. Agora se você quiser, podemos passar a noite inteira conhecendo nossos corpos em pleno luar. Isso realmente soou bem romântico.
Nami não esperava por isso, porém não negaria que a ideia a deixou extremamente interessada, principalmente quando sentiu seus lábios tocarem o ombro direito.
— Vou adorar pintar um quadro seu nua no mar.
Nami estava envergonhada, mas tentada ao extremo com sua curta sedução, seu nariz roçando atrás da orelha enquanto dizia palavras doces e percorria o vale dos seios com toques suaves como uma pluma e sem pensar mais resolveu entrar em seu jogo.
— Vou adorar ser a sua modelo. — Seus lábios se tocaram harmoniosamente enquanto aproveitavam mais um pouco daquele sossego afinal de contas é difícil namorar a navegadora em segredo.
Sem saber que metade da tripulação já sabia.
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