Kiba Inuzuka

1919 palavras

Título: MISSÃO COMPLICADA

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O sol já começava a se pôr no horizonte quando Kiba Inuzuka, acompanhado de seu fiel companheiro Akamaru, caminhava pelas trilhas poeirentas que levavam à Vila Oculta do Sol, ou Taiyōgakure. Era uma missão de alta prioridade: identificar e capturar o responsável pelo envenenamento das rações que chegavam à Vila da Folha.

A responsabilidade pesava sobre os ombros de Kiba, e ele sabia que havia sido escolhido por suas habilidades de rastreio excepcionais, algo que combinava perfeitamente com o olfato aguçado de Akamaru. Ainda assim, ele não conseguia evitar um leve sentimento de inquietação. Não só por ser a primeira vez que visitava a remota Taiyōgakure, mas também porque as pistas eram escassas.

— Certo, Akamaru, vamos manter o foco — disse Kiba, quebrando o silêncio do caminho. Ele passou a mão no pelo macio do cachorro, que respondeu com um latido animado. — Se alguém consegue encontrar esse desgraçado, somos nós.

Akamaru abanou o rabo em concordância, mas seu focinho já estava alerta, farejando o ar quente e seco do deserto que cercava a vila.


[...]


Taiyōgakure não era como nenhuma outra vila que Kiba tinha visto antes. Cercada por grandes dunas e protegida por muralhas feitas de pedra arenosa, a vila parecia pulsar sob o calor do sol, assim como os rios, mares e a grande parte de vegetação diversificada encoberta pelas mesmas muralhas de areia que parecia lhe conferir um ar seco. As ruas eram estreitas, com casas de cores terrosas e janelas adornadas com tecidos coloridos que balançavam suavemente ao vento quente e outrora fresco acompanhado da brisa marítima.

— Lugar estranho... — Kiba murmurou, franzindo a testa enquanto observava as pessoas passando.

Assim que entrou disfarçado como um viajante comum, ele percebeu que Akamaru parou de repente. O cachorro ergueu o focinho, farejando algo com intensidade.

— O que foi agora, hein? — Kiba perguntou, abaixando-se ao lado do companheiro.

Antes que pudesse obter uma resposta, uma figura feminina saltou de um telhado próximo, pousando graciosamente à sua frente. Kiba instintivamente colocou a mão no cabo de uma kunai, mas hesitou ao notar os detalhes da mulher.

Ela era alta, com longos cabelos negros presos em um coque bagunçado. Seus olhos eram afiados, e havia um brilho de desconfiança misturado com curiosidade neles. Ao seu redor, três raposas de pelagens diferentes se aproximavam com passos leves e calculados, cada uma delas com olhos brilhantes que pareciam avaliar cada movimento de Kiba e Akamaru.

— Quem é você? — a mulher perguntou, o tom firme. — E o que está fazendo na minha vila?

Kiba se levantou, tentando parecer casual. — Ah, é assim que vocês tratam os visitantes por aqui? E você, quem pensa que é pra chegar assim do nada?

Ela ergueu uma sobrancelha, nada impressionada com o tom dele. — Sou Sn Nethuns, controladora de raposas desta vila. E, pela forma como você está tentando se passar por um viajante, imagino que você não esteja aqui só para apreciar o calor de Taiyōgakure.

Antes que ele pudesse retrucar, uma das raposas menores deu um passo à frente, farejando Akamaru. O cachorro não se moveu, apenas abanou o rabo lentamente, e, para surpresa de Kiba, a raposa se aproximou ainda mais, soltando um latido curioso.

— Ah, que coisinha mais fofa! — Sn exclamou, deixando de lado a pose séria e se agachando para acariciar Akamaru. — E quem é você, fofura?

— Ei! — Kiba exclamou, incrédulo. — Ele não é um mascote, sabia?

— Claro, claro — ela disse, sem desviar a atenção de Akamaru, que parecia completamente à vontade com os carinhos. — Mas isso não muda o fato de que ele é adorável.

Kiba revirou os olhos, cruzando os braços. — Olha, eu não tenho tempo pra isso. Você pode me dizer se viu algo suspeito ou prefere continuar babando no meu parceiro?

Sn se levantou lentamente, um sorriso travesso surgindo em seus lábios. — Talvez eu tenha visto. Talvez não. Vai depender de quão educado você pode ser.

Após algumas explicações e troca de farpas, ficou claro que Sn não era o inimigo. Na verdade, ela também estava investigando atividades suspeitas na vila e parecia conhecer bem o Hokage atual. Ainda assim, a parceria foi formada com uma relutância mútua.

— Certo, vamos trabalhar juntos — Kiba disse, tentando soar diplomático. — Mas só não atrapalha, tá bom?

— Atrapalhar? — Sn replicou, incrédula. — Eu sou a especialista aqui, sabia? Você só precisa me seguir e aprender.

Kiba resmungou algo inaudível, enquanto Akamaru, aparentemente já conquistado pelas raposas e pela nova aliada, abanava o rabo alegremente.

Enquanto os dias passavam, Kiba percebeu que trabalhar com Sn não era tão simples quanto ele imaginava. Ela era meticulosa, parando frequentemente para observar detalhes que ele considerava irrelevantes.

— Sabe, se você fosse mais rápido, já teríamos terminado isso — ele resmungou certa vez, enquanto ela estudava marcas no chão deixadas por pegadas.

— E se você fosse mais paciente, não teria que refazer o trabalho duas vezes — ela respondeu calmamente, sem nem olhar para ele.

Apesar das constantes discussões, os dois começaram a perceber que suas habilidades se complementavam. Enquanto Kiba e Akamaru rastreavam com precisão, as raposas de Sn conseguiam se infiltrar em lugares que eles não poderiam alcançar.


[...]


Depois de semanas de investigação, finalmente localizaram o culpado. Um ninja renegado da Vila Oculta da Pedra estava escondido em uma caverna nas montanhas próximas. A abordagem, no entanto, não foi tranquila.

— Dois guardas à frente — Sn sussurrou, observando a entrada da caverna.

— Deixa comigo — Kiba respondeu, um sorriso confiante surgindo em seus lábios. Ele fez um sinal para Akamaru, e os dois se moveram em sincronia.

A luta foi intensa. Kiba usou o Gatsūga para desorientar os inimigos, enquanto Sn coordenava suas raposas em ataques rápidos e estratégicos.

— Você não é tão ruim assim, sabia? — Kiba admitiu, ofegante, enquanto desviava de um ataque.

— E você não é tão cabeça-dura quanto pensei — ela retrucou, sorrindo.

Depois de derrotar os guardas, enfrentaram o ninja responsável pelo envenenamento. A batalha final foi exaustiva, mas, juntos, conseguiram capturá-lo junto as toxinas restantes.


[...]


Enquanto Sn terminava de ajeitar os pergaminhos com o relatório da missão para apresentar ao Rokudaime, Kiba permanecia próximo, observando-a em silêncio. Não era algo comum para ele – geralmente, sempre tinha algo sarcástico ou brincalhão a dizer –, mas, desta vez, parecia difícil encontrar as palavras.

— Sabe, — começou ele, quebrando o silêncio constrangedor, — se não fosse por você, essa missão teria sido bem mais complicada.

Sn ergueu os olhos, um sorriso genuíno brincando nos lábios. — Finalmente um elogio, Inuzuka? Isso é raro.

— Não me acostumei com a ideia ainda — ele retrucou, coçando a nuca, tentando esconder o constrangimento.

Ela deu uma risadinha, fechando o pergaminho e colocando-o em uma bolsa de couro. — Bom, eu diria que você também não foi tão ruim assim. Talvez até divertido, em alguns momentos.

— Só "alguns momentos"? — ele perguntou, fingindo indignação, mas com um brilho de diversão nos olhos.

Sn começou a caminhar em direção ao portão principal da vila, mas antes de cruzar a saída, virou-se para ele.

— Sabe, Kiba, por mais irritante que você seja às vezes, acho que vou sentir falta de trabalhar com você.

— É mesmo? — ele perguntou, tentando soar casual, mas a expressão de surpresa escapou de seu rosto.

— Talvez a gente se veja de novo, em alguma outra missão ou... quem sabe por aí — ela disse, e dessa vez, sua voz carregava uma suavidade que o fez ficar em silêncio.

— Eu vou cobrar isso — ele respondeu, tentando esconder um sorriso.

Ela deu uma piscadela e desapareceu no horizonte, acompanhada de suas raposas.

Kiba permaneceu ali por alguns minutos, olhando para o caminho vazio. Akamaru se aproximou, encostando a cabeça em sua perna.

— Não se preocupa, Akamaru. A gente vai encontrar ela de novo, com certeza.

Akamaru latiu em concordância, abanando o rabo, como se compartilhasse da mesma certeza.



Epílogo: Um Lar na Folha

Dois anos haviam se passado desde a missão em Taiyōgakure. As coisas estavam mais tranquilas na Vila da Folha, mas a rotina nunca era monótona para Kiba. Ainda assim, havia uma mudança significativa em sua vida: Sn agora fazia parte dela.

Depois de muitos encontros casuais e missões que os colocavam no mesmo caminho, os dois se aproximaram de forma natural. Inicialmente, eram apenas cartas ocasionais trocadas entre as vilas, com atualizações sobre a segurança de ambas as partes. Mas, com o tempo, as cartas ficaram mais pessoais, carregadas de provocações sutis e, eventualmente, um carinho crescente.

A decisão de Sn de se mudar para a Vila da Folha havia sido inesperada, mas muito bem recebida. Taiyōgakure precisava de uma representante que mantivesse uma relação diplomática com Konoha, e ela era a escolha perfeita.

Naquele dia, Kiba observava do quintal de sua casa enquanto Sn treinava com suas raposas. Era um momento tranquilo, mas ele se sentia estranhamente sentimental ao vê-la ali, completamente integrada à sua rotina.

— Não vai me ajudar? — ela perguntou, interrompendo seus pensamentos.

— Eu? Você parece estar indo bem sem mim — ele respondeu, cruzando os braços e se apoiando no cercado de madeira.

Sn revirou os olhos, mas havia um sorriso em seu rosto. — Como você conseguiu ser tão preguiçoso assim e ainda se tornar um ninja?

— Talento natural — ele disse, piscando para ela.

Akamaru, que estava deitado ao lado de Kiba, se levantou e trotou até Sn, encostando o focinho em sua perna.

— Pelo menos você é útil, Akamaru — ela disse, abaixando-se para acariciá-lo.

Kiba sorriu, aproximando-se lentamente. — Ei, eu também sou útil. Afinal, sem mim, quem ia te irritar todos os dias?

Ela riu, levantando-se para encará-lo. — Ah, como eu poderia viver sem essa sua incrível habilidade de ser irritante?

Houve um momento de silêncio enquanto os dois se olhavam. Não havia mais as provocações tensas do passado, apenas uma conexão genuína e confortável que os envolvia.

— Sabe, eu nunca agradeci por você ter aparecido naquela missão — ele disse, a voz mais séria do que de costume.

Sn arqueou uma sobrancelha. — Agradecido? Isso não soa como você, Kiba.

Ele deu um passo à frente, encurtando a distância entre eles. — Não brinca com isso. Eu tô falando sério.

Ela ficou em silêncio, surpresa com o tom dele, mas antes que pudesse responder, Kiba inclinou-se, encostando sua testa na dela.

— Você tornou minha vida mais interessante, Sn. E eu não tô falando só das missões.

O sorriso suave que ela deu foi o suficiente para fazer o coração dele acelerar.

— Acho que você também fez isso comigo, Inuzuka — ela respondeu, segurando suavemente o rosto dele com as mãos.

Akamaru latiu, como se quisesse lembrar que ainda estava ali, e os dois riram antes que Kiba finalmente tomasse coragem e a beijasse. Foi um beijo calmo, mas cheio de significado, como se ambos reconhecessem tudo o que haviam passado para chegar até ali.

Quando o beijo terminou, Sn abriu um sorriso travesso. — Só não deixe isso subir à cabeça, ou eu mando uma das minhas raposas atrás de você.

— Tarde demais — Kiba respondeu, rindo. — Minha cabeça já tá nas nuvens.

Enquanto o sol começava a se pôr, os dois ficaram ali, acompanhados por Akamaru e as raposas de Sn, aproveitando o momento de paz em meio às suas agitadas vidas de ninjas. E, embora nenhum deles dissesse em voz alta, ambos sabiam que aquele era apenas o começo de uma história muito maior.

Fosse nas missões ou nos dias tranquilos em casa, Kiba e Sn sabiam que agora tinham um ao outro, não importa o que viesse pela frente.

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