Kuroko Tetsuya
Tetsuo utilizado como apelido p/encurtar o nome
2400palavas
Título: MILKSHAKE
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Você estava há mais de meia hora dentro da livraria tentando escolher um cartão, todas as garotas da sua sala já haviam escolhido e agora só restavam os com estampas feias ou amassadas por tantas mãos. Você tinha caminhado por três quarteirões inteiros divididos em dias a fim de achar algo especial e não se surpreendeu por todos os cartões estarem esgotados, afinal o Dia dos Namorados é uma constante popular em todo o universo.
"Mas que droga e agora, o quê que eu faço?" Indagou olhando os papéis para scrapbook e os fitilhos arrumados por ordem de cor e estava tão imersa em seus próprios pensamentos que se arrepiou ao sentir uma mão sobre seu ombro.
— Finalmente te achei, Sn! — A voz extremamente alta de Ayla, sua melhor amiga, ecoou e você correu para tapar a boca da prateada.
— Pelos deuses, Ayla, fala baixo! — Desviou o olhar para a porta em busca de conhecidos e se sentiu aliviada por não ter.
— Para que tanto mistério, Sn, por acaso vai enviar um cartão de namorados para o papa? — Ironizou. — Olha, se você quiser, posso te levar numa loja desconhecida, tenho certeza de que lá você encontrará algo ideal e, por falar nisso, quem é o sortudo? — Sussurrou e automaticamente seu rosto demonstrou vergonha.
— É um veterano ou um novato? Ayla estava tão feliz que chegava a saltitar, a garota de pele escura e fios prateados não via a hora de fazer uma torcida para você, algo que somente ela era capaz de fazer com total discrição. Nunca lhe colocaria em situações vergonhosas ou te empurraria para apressar as coisas, apenas queria o seu bem e sabendo disso, você se deu por vencida.
— Primeiro me leva na loja e depois conversamos. — Ela bateu as pontas dos dedos sorrindo e assim te arrastou para longe das lojas. Caminharam por uma rua levemente tumultuada de lojas velhas até que chegaram a um sebo. Ayla respirou fundo, abrindo os braços completamente felizes.
— Bem-vinda ao meu lugar favorito, Sn. Nenhuma livraria te passará a emoção que um sebo traz, vamos. — Ela entrelaçou seus dedos e te puxou para dentro da loja. O lugar tinha um cheiro forte de papel antigo e tinta, como se você acabasse de cheirar um livro que acabou de ser impresso e ainda está quente. Para Ayla, aquilo era uma delícia.
— E então, Ayla, cadê os cartões?
— Bem aqui. — Bateu no balcão de mogno. — Senhor Jin, pode me ver alguns cartões por favor?
Detrás de tantos livros arrumados, um senhor de meia-idade surgiu te deixando assustada, trazia consigo uma caixa de madeira detalhada e, ao abrir, você notou vários cartões detalhados e enfeitados, cada um possuía uma aparência única e completamente diferente daqueles tradicionais.
— São tão bonitinhos. — Você comentou.
— São sim, olha, eu comprei um aqui, ele tem formato de bola de basquete e até assinei meu nome e escrevi, além de colocar um vale-hamburguer do evento de sábado dentro. — Piscou enquanto seus dedos ralhavam pelo papel. Você queria algo que expressasse suas intenções, afinal, desde que soube que o Tetsuya estudava na sala ao lado da sua, ficou em polvorosa, tanto que passou a assistir aos treinos do time de basquete constantemente na esperança de que ele te visse ou simplesmente se lembrasse de você.
Seus olhos vagaram por mais alguns segundos até encontrar um cartão em tom creme, havia até um canudinho no topo e todas as linhas delimitadas de um copo de milkshake. Você segurou com ambas as mãos, o erguendo e sorrindo de forma boba.
— Esse é um dos modelos antigos, não consegui vendê-lo, tenho alguns mais novos por aqui. — O senhor informou, porém seus olhos continuaram a brilhar.
— Ele é perfeito! Quer dizer, vou levar. — Tentou manter a postura e, enquanto pagava, Ayla ria de sua reação, saíram da loja felizes.
— Agora me diz pra quem é esse cartão? — Sorriu.
—Não deve conhecê-lo. — Sussurrou.
— Bom... Há dois meses que assistimos aos treinos dos jogadores de basquete da escola, então, ou é um dos novatos ou um dos veteranos, e se você não quiser me contar, tudo bem. Vai no seu tempo. — Colocou a mão em seu ombro, te causando alívio. — Fora que vou acabar descobrindo quem é. — Ayla riu antes de deixar um beijinho estalado na sua bochecha e seguiu o caminho para casa. Você fez o mesmo e, a noite, quando já estava a se preparar para dormir, pensou no que escreveria no cartão.
Se arrastava pela escola cansada e sem um pingo de confiança. Tinha plena ciência de que havia escolhido palavras péssimas para pôr no cartão, mas agora já era, já havia assinado. Mal adentrou o corredor que dava para as salas e viu a algazarra: algumas alunas se derretiam pelos veteranos, outras colocavam cartões no armário das paixões de maneira discreta e você manteve o seu em mãos, observou ao longe a sala do azulado e conferiu o relógio na parede mais uma vez antes de se aproximar e logo na lateral da porta, deu de cara com sua amiga e o novato de cabelos vermelhos.
— Isso é para mim? — Kagami perguntou.
— Claro que sim. — Perto dele, sua amiga parecia um pigmeu. — Por que, não gostou?
— N-não. Quer dizer, sim. — Era engraçado ver os dois conversando.
— Que bom, espero que leia com carinho e aceite meu convite se tiver livre no sábado. — Sua amiga o chamou com o indicador como se quisesse contar um segredo e o mais alto se abaixou e, no fim, recebeu um beijo na bochecha. Aqueles que viam a cena achavam um absurdo e você se segurava para não rir.
— Garota! — O maior bagunçou os fios prateados, estava completamente desajeitado. — Considere seu convite aceito.
— Beleza. Até mais, Kagami, vou guardar o outro beijo para sábado. — Sussurrou, se afastando e você a olhou incrédula.
— Onde foi parar o seu bom senso?
— Amiga, quem não arrisca não petisca. Agora vai lá que o seu crush está solitário. — Você piscou incrédula, como ela sabia? -- E antes que pergunte fiz o meu dever de casa bebê, sou uma ótima agente do FBI quando preciso. — Se despedindo de você, Ayla partiu e automaticamente sentiu suas mãos suarem numa mistura de nervosismo e possível medo da rejeição. Se aproximou da porta colocando a cabeça para dentro da sala apenas para conferir se ele estava ali e o notou adormecido, como era dia dos namorados as aulas começariam meio intervalo depois. A passos curtos você foi até o fim da mesa passando por Kagami que te analisou rapidamente e de forma discreta, deixou o chocolate e o cartão sobre a mesa do garoto, virou de costas e deu alguns passos até que sentiu algo segurar a manga do seu uniforme.
— Isso aqui é pra mim? — Sua respiração de imediato acelerou e seu corpo travou. — É o primeiro que eu recebo, obrigado. — Seu rosto esquentava e ele se levantou tão rápido que você não percebeu quando ficou à sua frente e, no movimento seguinte, sentiu os lábios dele tocarem sua maçã direita. Foi tudo tão rápido que o pânico lhe dominou e você correu para fora da sala em completo desespero.
— Seu idiota, a garota ficou constrangida. — Kagami deu-lhe um tapa na nuca.
— Mas não foi o mesmo que você fez? — O azulado afirmou.
— Não. Na verdade, ele foi beijado pela estrangeira, é diferente. — Shinji comentou.
— Ok. Vou consertar isso. — Ao ouvi-lo, Kagami bufou.
— Você não pode simplesmente chegar lá e pedir... — O ruivo percebeu que falava sozinho.
[...]
Você molhou o rosto, apertando os olhos.
"Ele me beijou" - Seus pensamentos estavam uma bagunça, respirou fundo antes de comemorar feito louca, dando um pulinho e é claro que verificou se alguém estava olhando, ao perceber que não ajeitou os fios frente ao espelho e saiu do banheiro, tomando um susto no processo, pois não deu nem meio passo e esbarrou no azulado.
— Sn... — A voz doce, segundo você, tirava seus pensamentos dos trilhos.
— S-sim? — gaguejou levemente enquanto ele se aproximava.
-- Me desculpe por mais cedo. -- Estava tão encabulado quanto você, porém seu sorriso disfarçou tudo.
— Não —Você não precisa pedir desculpas, eu até que gostei... — Sentiu a vergonha lhe alcançar novamente pela resposta reveladora.
—Oh, eu não esperava por isso. Bom, se você estiver livre, podemos comer algo no fim de semana. — Kuroko sentia-se um pouco desajeitado, mas era por um bom motivo, principalmente agora que olhava para você sorrindo.
— Kuroko Tetsuya, eu adorarei sair com você. — Sorriu de leve, mesmo que por dentro seu estômago se assemelhasse aos fogos de ano novo na praia de Copacabana e mal via a hora de contar para sua amiga sobre o ocorrido.
[...]
Os dias se passaram e você estava meio nervosa, teria um encontro com o seu atual crush e ainda por cima teria sua amiga ao lado, já que Kuroko sugeriu ao longo da semana que vocês saíssem em casal. Suas mãos estavam suadas e seu semblante tenso só de pensar no que poderia ocorrer, mas ao ter o corpo abraçado pela prateada respirou leve.
— Você está linda. E eu prometo não pegar no seu pé. — Ayla sussurrou e você balançou a cabeça diversas vezes. Você usava uma calça jeans skinny de lavagem mediana, slip on de couro preto, uma camisa azulada de gola u recortada e sem borda a estampa eram respingos brancos simulando as primeiras estrelas quando o sol se põe, nos seus lábios usava um batom puxado para o vermelho, nada forte ao ponto de parecer que sua boca era naturalmente dessa cor, nos olhos máscaras de cílios e nas bochechas um pouco de blush para lhe dar mais ar de saúde. Ayla sorria e você tentava conter sua vergonha, saíram de sua casa em uma conversa animada a respeito do que poderiam comer e o que a noite aguardava. Os rapazes esperavam por vocês no ponto de ônibus.
— E ai Meninos. — Ayla os saudou e você disse um famigerado oi, sua amiga se atirou para perto de Kagami cutucando de leve o peito dele e o fazendo sorrir pela audácia, já seus olhos foram para Kuroko que usava uma camisa branca e jaqueta de courino além de calças pretas e tênis escuro.
— Está muito bonita Sn. — Seu rosto ebuliu e ele se aproximou. — Está tudo bem Sn? — Você nem percebeu que havia prendido a respiração confirmando.
— Você também está bem bonito. — Discretamente as bochechas dele mudaram de cor.
— Essas coisas velhas, você é muito gentil. — Respondeu.
— Meu deus, eles são fofos demais. — Ayla comentou e Kagami abaixou para falar em seu ouvido.
— Disfarça antes que eles nos vejam e me segue. — A platinada concordou e aos poucos saíram dali aproveitando que ambos estavam perdidos entre conversas, quando deram por si foram atrás da dupla.
— Vamos comer algo? — A ideia veio de Sn e, apesar de Ayla querer estrangular a amiga por perder a oportunidade de ficar sozinha com Kuroko, aceitou.
O "jantar" foi animado. Kagami e Ayla não perdiam uma oportunidade de provocar Kuroko e você, mas vocês dois também estavam se divertindo, compartilhando sorrisos e olhares que falavam mais que palavras.
Depois de comer, decidiram ir ao parque mantendo o plano inicial. As ruas estavam iluminadas e havia uma animação no ar que combinava com o clima descontraído do grupo.
Enquanto caminhavam em direção ao parque de diversões, o coração de Sn batia descompassado. Ela estava ansiosa pelo encontro com Kuroko, mas também nervosa com a ideia de passar o dia todo na companhia do rapaz que a deixava tão apaixonada.
— Este lugar é ótimo eu estava louca para testar alguns dos brinquedos radicais. — disse Sn, olhando ao redor maravilhada com as luzes coloridas e os sons animados do parque.
— Eu sabia que você ia gostar — disse Kuroko, sorrindo para ela.
Durante um bom tempo, os quatro amigos aproveitaram todas as atrações do parque. Eles gritaram nos brinquedos mais radicais, riram juntos nos jogos e compartilharam algodão doce enquanto caminhavam pelo parque.
À medida que tempo passava, Sn e Kuroko ficavam cada vez mais próximos, suas mãos quase se tocando sempre que estavam juntos. Sn sentia borboletas no estômago sempre que olhava para o rapaz ao seu lado, e mal podia esperar pelo momento em que estariam sozinhos.
Quando o parque encheu de vez, eles encontraram um lugar tranquilo, longe das multidões e das luzes brilhantes. Sentaram-se juntos em um banco, olhando o céu tingido de tons de avermelhados, azulados que se misturavam em uma faixa formando um belo roxo.
— Obrigada por hoje, Kuroko — Sn sussurrou, sentindo o coração disparar.
Kuroko sorriu, seus olhos azuis brilhando à luz do entardecer.
— O prazer foi todo meu, Sn. Eu me diverti muito.
Sn olhou para ele, sentindo-se corajosa. Ela sabia que era agora ou nunca.
— Kuroko... tem uma coisa que eu preciso te dizer — começou ela, sua voz um pouco trêmula.
Kuroko olhou para ela, seu olhar suave e acolhedor.
— O que é, Sn?
Sn respirou fundo, reunindo toda a coragem que tinha. E então, sem dizer uma palavra, ela inclinou-se para frente e selou seus lábios nos dele em um beijo suave, afinal atos valem mais do que palavras.
Kuroko ficou surpreso por um momento, mas logo retribuiu o beijo, seus braços envolvendo Sn com ternura, os dedos raspando suavemente pela nuca, causando um arrepio pela pele exposta. O mundo ao redor deles desapareceu, deixando apenas os dois, perdidos no momento e na cabeça dela poderia ter feito isso ante, se bem que o momento atual estava mágico.
Quando finalmente se separaram, Kuroko olhou para Sn com ternura.
— Até que esse passeio foi divertido — Tetsu te encarou de maneira divertida pelo atual estado de vergonha, mas, no fundo, queria era outro beijo.
— É, foi sim. — Você jogou a cabeça para trás antes de encostar no ombro dele, que discretamente colocou a mão por trás de seus ombros, te dando apoio e assim novamente se beijaram, esquecendo-se completamente de que certos amigos estavam de butuca no meio do seu encontro e nesse momento nada mais importa.
Talvez esse seja o primeiro de muitos encontros, que até poderiam te levar a ter algo a mais com Kuroko Tetsuya.
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