AXEL
Paris, 2017
— Pode ser uma descrição meio tosca, ou até pode soar poética de mais... — uma risada seca escapou — então parece até meio estúpido e bobo para mim, — mas eu andei pesquisando um pouco sobre... você sabe... sobre isso. — o garoto se sentia envergonhado, ele queria falar mas não conseguia parar de enrolar, e isso o fez se sentir mais patético, e por isso ele se xingou mental mente e decidiu falar logo. — Eu acho que... talvez seja como, estar andando na beira de um poço. Eu estou sempre andando na beira, tentando manter a porcaria do equilíbrio. — e no fim das contas falar aquilo não o deixou aliviado como esperava. Admitir aquilo o deixou enfurecido. mas uma vez que finalmente estava conseguindo falar, ele não conseguiria simplesmente parar e então, nesse tom frustrado ele continuou:— Uma hora eu vou cair, não é? Eu sempre vou cair, tsc, esse é o problema. — ele olhou novamente para a mulher que estava na sua frente e deu de ombros. — Acho que eu tenha medo de não conseguir voltar para cima. — quanto mais se via ali, mais patético parecia.
— Entendo o que quer dizer, Axel. Acho que você descreveu bem como se sente. — ele riu e mexeu a cabeça de um lado por outro. "claro que acha" ele pesou. A Dr. Daisy sorriu para ele.
— Esse vai ser o resto da merda da minha vida? Com medo? — brincou.
— Não precisa ser , Axel. Há inúmeras pessoas como você que conseguem manter uma ótima rotina e, assim, uma ótima vida. por isso estamos aqui, vamos trabalhar isso juntos para que você tenha o melhor. Mas, devo lembra-lo que também não devemos nos precipitar, vamos esperar o diagnostico, tudo bem — Como você se sente sobre isso?
— Eu já tenho certeza sobre isso, e eu odeio isso. Odeio ter que seguir a porcaria de um tratamento. e também odeio ser um fudido da cabeça. pessoas fudidas da cabeça machucam pessoas com quem se importam, e eu machuco pessoas com quem me importo.
— Bom... quem seriam essas pessoas?
— Minha família. Meu irmão.
— E por que acredita que os machuca?
— ... — Axel se esticou na cadeira e torceu a boca. — vamos falar mais sobre isso depois, antes de acabarmos eu gostaria de lembrar que terei um teste daqui a duas semanas.
— Se você prefere assim então tudo bem. Pense melhor sobre isso em casa e semana que vem retornamos a esse assunto, combinado? — ele confirmou — sobre o seu teste... estou muito orgulhosa, você se esforçou muito até aqui. Veja onde chegou. — sorriu.
— Eu sei que não é o que a senhora quer ouvir, mas a minha vida literalmente depende desse resultado. Desde de que eu era uma criança venho dedicando cada segundo da minha vida a esse momento. Meus pais pagaram escolas especiais, professores particulares e eu treinei até ter calos no meu pescoço. Sim, esse é o momento que mais me da orgulho na minha vida. E eu sei que a senhora acha esse pensamento problemático e nada saudável, e a senhora está certa, mas enfim.
— Acho que você já sabe o que vou dizer... — ela notou a perna do rapaz balançar insistentemente de baixo da mesa. — mas preciso pelo menos lembra-lo que a forma como você vive cada dia de sua vida influência cada segundo naquele palco. Axel, você precisa ter uma rotina saudável e calma para que tudo esteja bem no dia de seu teste e eu sei que você acredita fielmente que sua agitação pode ser positiva para esse momento, eu sei que as vezes você pode se sentir com um super poder, mas lembre-se, manter-se calmo e equilibrado sempre será o melhor.
Axel deu um sorriso lateral. era muito difícil ignorar a a "única parte positiva de seu problema" mas a sua psicóloga nunca viu isso como algo positivo como ele, e ele sabia que ele provavelmente estava certa. Mas foda-se.
(...) eles conversara um pouco sobre o teste de Axel e ela lhe deu alguns conselhos. no final da sessão Alexei ainda queria falar sobre outra coisa com ela, mas estava um tanto tímido. Não deveria estar, pois não tinha nada de mais, porém ele precisou juntar coragem para falar de uma vez — Eu conheci um garoto... na escola. Um amigo novo. Eh... eu... normalmente... quero dizer. Sei lá. — suspirou. — Eu geralmente conheço uma pessoa atrás da outra, as vezes elas são bem legais no início, mas depois... não sei explicar. Eu fico... pode parecer babaca... mas eu me sinto entedido depois de um tempo.
— E esse garoto...
— Sei lá... ainda não me deixou entediado.
— Você já mencionou que não tem muitos amigos.
— Sim. Eu converso as vezes com muitas pessoas, mas depois canso delas. Há tempos em que quero me divertir com amigos, mas depois... não tem mais graça, então passo a só querer ficar sozinho por um tempo.
— Mas esse garoto...
Axel tensionou os lábios.
— Ainda não me entediou. Ele é bem legal.
UMA SEMANA DEPOIS
A melodia do violino de Axel preenchia a sala de musicas do colégio. A música era agitada e os movimentos do rapaz eram rápidos. Ele estava muito concentrado e por isso nem notou o ranger baixnho da porta, ou os passos leves do rapaz loiro e de moletom cinza. O nome dele era Darlan, e ele não se aproximou muito, pois não queria ser notado ainda. Ele ouviu Axel tocar com um singelo sorriso e paciência.
Passou-se alguns segundos até que a música cessasse, e Axel se preparasse para vltar a tocar, mas antes que ele fizesse isso, as palmas de Darlan soaram o fazendo se assustar.
— Minha nossa! — disse com uma irritação que foi imediatamente interrompida assim que ele encontrou os olhos verdes de Darlan. — há quanto tempo está aqui?
— Pouco. — caminhou sobre o piso de madeira velho e que rangia e ficou de frente para Axel e o olhou de cima a baixo. Axel tinha um cabelo liso um pouco volumoso e com uma franja que geralmente estava partida ao meio, não de uma forma amoadinha e patetica, mas de uma forma atraente e suave. — está chegando o dia da sua audição, não? — Axel acenou com a cabeça. — Você não parece nervoso.
— A confiança faz um homem bem sucedido. — Sorriu e empinou o nariz.
— Uau. — sorriu confuso e então se aproximou rindo.— Gosto dessa sua confiança. —Axel disse aquilo brincando como um babaca, mas ambos sabiam disso mas também sabiam que quando o assunto era violino, ele realmente era confiante. ele era bom, e sabia disso. Darlan caminhou até o piano preto e se encostou na cauda. Axel foi atrás dele e colocou o violino sobre o piano
Darlan mordeu os lábios quando Alexei ficou mais próximo.
— Estamos em semana de festas.
— É?
— Aham, hoje terá uma e sábado também. — Darlan contraiu os lábios e Alexei se sentiu mais confiante o vendo tentar contrair um sorriso.
— Amanhã é quinta-feira!
— E daí?
— Temos aulas!
— E daí?
Riram juntos.
— Achei que não gostasse de festas. — Alexei deu de ombros.
— Depende da companhia.
O garoto passou a mão pelos cabelos loiros e desviou o olhar pensativo.
— Está flertando comigo?— serrou os olhos.
— Isso não é flertar! — voltou a pegar o violino
— É sim...
— Hum... depende de qual vai ser sua resposta. — disse em tom sugestivo. Darlan mordeu os lábios. Alexei havia o surpreendido. Nunca havia sido tão ousado, muito pelo contrário, porém não ele não negaria que havia gostado.
— Eu... — Alexei voltou a se posicionar para tocar e antes que ele começasse Darlan respondeu. — Então isso é um flerte.
Alexei sorriu e começou a tocar.
— Tá. Até amanhã então.
Darlan o olhou de cima abaixo e vou andando para trás.
— Te mando uma mensagem quando eu chegar em casa. — Avisou.
Eles haviam se conhecido há umas 5 semanas. Axel pensou que enjoaria dele umas duas semanas depois, mas lá estava ele na quinta semana. Lá estava ele com um sorriso bobo, contando os minutos para que pudesse chegar em casa, se jogar na cama e pegar o celular para ficar a noite toda trocando mensagens com ele.
Quando eles se encontraram pela primeira vez, Axel estava em um mau dia. Não queria ver ninguém e não queria fazer nada. Ele ainda não havia se acostumado com a porcaria do antidepressivo e isso piorava tudo, mas depois tudo pareceu perfeito, porem nao durou muito, e tudo de repente voltou a ser uma bosta e ele quis morrer. No entanto até nesses dias mais difíceis Darlan conversou com ele e o fez se sentir menos pior.
No dia em que se conheceram, no horário do intervalo, enquanto Axel estava tentando dormir na biblioteca, Darlan apareceu e se sentou ao seu lado. Ele o cutucou, se aproximou e sussurrou:
— A senhora Barte, — a bibliotecária — Pediu para que eu o acordasse. — Alexei esfregou os olhos e o olhou de cima abaixo. Sua expressão mostrava o quão incomodado ele estava por ser acordado.
— Ei, não fique bravo comigo, ok?
— Qual a porra do seu problema? — Darlan abriu grande sorriso e abriu um livro que estava em sua frente, mas não se voltou para o objeto, ele continuou olhando Alexei.
— Você é sempre mal humorado? — Alexei não respondeu. Darlan balançou a cabeça na direção da bibliotecária — Ela é bem pé no chão. Você nunca vai conseguir dormir aqui.
— Tsc, eu sei.
— Você não respondeu minha pergunta. — Alexei ergue as sobrancelhas. — é sempre mal humorado. — Alexei deu um sorriso preguiçoso.
— Sim. e eu gostaria de te mandar ir a merda. — Axel pela primeira vez prestou atação no rosto daquele garoto. Ele parecia um anjo, e ele se perguntou por que um garoto daquele iria se aproximar dele. — desculpe... — por um momento naquele dia cansativo que ele estava tendo ele pensou que valeria a pena ser legal.
— Não se preocupe. Eu não me importo. Tenho cinco irmãos
— E o que tem isso?
— Eu sei lidar com gente mal humorada. Eles podem ser insuportáveis quando querem.
— Hum...
— Qual seu nome?
— Pode e chamar de Axel.
— Eu sou o Darlan.
— Prazer, Darlan.
Antes que o garoto loiro pudesse falar mais alguma coisa a bibliotecária os repreendeu por estarem conversando na biblioteca. Darlan pegou suas coisas e se levantou.
— Você não vem? — Alexei piscou confuso.
— Ham?
— Sei de um lugar o de você vai poder dormir a vontade. — Alexei nem sabia se queria voltar a dormir, mas decidiu pegar suas coisas e acompanhar Darlan.
Eles foram para o lado de fora da escola onde ficavam algumas árvores e então se sentaram sob a grama. era um péssimo lugar para dormir, penicava e irritava, mas era um incômodo suportável. O clima não estava tão agradável assim, mas o casaco que ele estava usando era o suficiente para o mantê-lo minimamente confortável.
— Nesse caso... eu estarei aqui pra te acordar e avisar quando a aula começar.
Alexei serrou os olhos.
— Você é de qual ano?
— Segundo. — A voz de axel ainda não passava muita simpatia. ele não sabia como ser gentil naquele momento, porque estava nervoso. Darlan estava o deixando sem jeito.
— É? Eu sou do primeiro.
Alexei não soube o que responder.
— Você já sabe tocar?
— Que?
Darlan apontou para o estojo do violino que estava do lado da mochila de Alexei.
— Sei.
— Pode me mostrar?
—Ham... claro. — Alexei abriu o estojo e tirou de lá um violino preto.
— É bonito. — Alexei sorriu.
— Alguma sugestão?
— Ham?
— De música.
— Toque o que gostar.
Alexei mordeu os lábios e posicionou o violino.
— Eu gosto... — ele pensou na musica que mais gostava e começou a tocar sua predileta do the smiths: asleep
Darlan balançou a cabeça para que ele começasse.
Poucos segundo depois que ele começou a tocar foram suficientes para deixar Darlan de boca berta. Ele nunca viu ninguém tocar daquela forma sem ser num vídeo ou pela televisão. Era tão bem tocado, era tão lindo que por um segundo ele pensou que aquele som não era real. Axel era um profissional. a musica saia de fora tão perfeita que Darlan começou a desejar que aquele momento não acabasse. Aquela melodia parecia lhe dar uma nova energia, até mexia um pouco com seu organismo, o que era engraçado. e Axel parecia fazer isso sem esforço algum.
Alexei terminou de tocar e lhe olhou um pouco tímido.
— Uau.— axel forçou um sorriso — Isso foi incrível. — falou rindo um pouco. Alexei se sentiu aliviado. — é sério. Eu nunca ouvi nada assim!
— Nunca? — Alexei imaginou que ele estivesse exagerando e riu.
— Não ao vivo. Sei lá. Foi incrível! Eu não esperava que você tocasse tão bem, sabe?
— Obrigado. — tentou conter um sorriso mas não conseguiu.
— Eu ainda estou impressionado de mais. — admitiu. Alexei reparou nos olhos verdes e brilhantes dele e se sentiu um pouco tímido por achá-lo tão bonito.
— Eu toco desde novo. E treino muito com professores muito bons.
— Você planeja ter uma carreira na área musical?
— Sim! Na verdade daqui uns dias eu estarei participando da primeira parte de um teste para uma orquestra.
— Tá brincando! — Alexei se divertiu com a empolgarão dele. — Você é tipo uma celebridade!
— Não! — Gargalharam. — Não... e eu provavelmente não irei passar. Sou novo de mais, e outras pessoas mais experientes estarão fazendo o teste.
— Mas você é muito bom!
— muitos são.
— Não acredito que sejam melhores que isso! Eu não entendo de música, mas eu tenho quase certeza que você não desafinou em nada!
— Obrigado. — torceu para que seu rosto
não tivesse ficado vermelho.
— Eu tenho certeza que você vai ir muito bem no teste.
— Obrigado.
— Você não está mais com sono? —
Darlan perguntou.
— Não. Estou cansado, mas não vou dormir agora.
Coloque a música da mídia: another love - Tom odell
Eles ouviram o sinal do fim do intervalo tocar.
— Bom... nem que eu quisesse voltar a dormir. — Alexei se levantou e pegou seus matérias. — Tchau. Foi legal te conhecer. — ele acenou e se virou, mas Darlan segurou seu braço.
— Espera! — Darlan de levantou com a mochila já nas costas e pegou o celular no bolso. Alguns segundos depois ele entregou o celular para Alexei com o teclado aberto. — Me da seu número, podemos conversar mais. Quero saber se vai passar no seu teste.
Alexei não sabia bem se teria ânimo para continuar falando com Darlan, ou o que falar com ele. As vezes aquilo era difícil, fazer amigos, conversar, mas vezes era muito fácil e expontâneo.
Ele digitou o número e entregou o celular de volta para Darlan.
— Vamos? — Alexei ergue a sobrancelha.
— Vamos.
Naquele dia, Darlan enviou uma mensagem para Alexei ao anoitecer. Por um tempo, o violinista ficou receoso sobre a possibilidade de ficar sem assunto ou não conseguir desenvolver uma conversa agradável, mas não demorou para ficar confortável falando com Darlan. Era fácil. Era legal. Era incrível. Fazia Alexei se sentir bem.
Eles ficaram quase a noite toda conversando.
INGLATERRA, final de novembro de 2020
Na cozinha de um chalé à beira de um lago:
— Eu conheci um garoto. — Alexei admitiu.
Depois de tanto tempo ele ainda tinha receio daquelas palavras, mas Theo sabia bem a verdade, e não importava o quanto Alexei tentasse negar para si mesmo para tentar mentir de maneira mais convincente para os outros.
Theo pensou em dar de ombros e fizer "E daí?" Mas ele estava curioso, então ficou em silêncio esperando Alexei falar mais alguma coisa, e quando ele não o fez, Theo se virou para Alexei, bebericou um pouco mais de vinho e perguntou:
— Então você gostava desse garoto?
— É. Quase isso eu acho.
— E?
— E eu era um tolo na época.
Theo virou inclinou a cabeça e o analisou de cima abaixo.
—Sim, na verdade você ainda é.
Fim do capítulo.
LETRA DA MÚSICA;tem relação com a cena.
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