O CASO DE ROSETA


-SAIAM DA FRENTE! É GRAVE! - gritava a enfermeira Antonieta pelos corredores do Hospital de Psiquiatria e Neurologia Newton Suzuki Margulis Richter Gutenberg, lotado de pessoas, médicos e enfermeiros preocupados com os recentes casos dos biohackers.

-Deixem minha cabeça, saiam do meu BCI! - dizia a garota que chorava e gritava horrores na maca que corria pelos corredores do hospital.

Logo doparam Roseta, mas a menina era incapaz de fechar os olhos, permanecia rígida, não gritava mais, porém parecia imóvel diante de tudo aquilo, aproveitando a calmaria dela, Antonia mandou mensagens neurais por meio do sistema rudimentar de Brain Center Interface e redes neurais para a doutora Salpêterière, já idosa, e experiente o bastante para lidar com aquele caso, que não se sabia ser psiquiátrico, neurológico ou cibernético.

Salpêterière chegou rapidamente com seu enfermeiro assistente, Isaac, apenas observando a pequena garotinha de 17 anos percebeu que ela era mais uma das centenas de vítimas dos biohackers, era preciso ser racional e compreensiva. Ao aproximar-se de Roseta olhou-a com um carinho maternal, era uma sensação diferente, logo dispensou as camisas de forças que lhe foram entregues para colocar na vítima de algum malware.

-PARE DE ME MACHUCAR, ISSO DÓI MUITO [...]-gritava Roseta sem informar quem estava a lhe machucar internamente.

-Quem está lhe machucando, minha querida?-indagou a doutora Salpêterière olhando fixamente para sua paciente.

-Eles estão me machucando, querem controlar minha mente, o alvo é seu amigo, mas vou lutar contra eles até o fim!-disse Roseta um pouco mais calma.

O caso dela era muito semelhante ao dos outros usuários de biochips, tinham o sistema invadido por criminosos, e eram controlados para algo. Nunca na história da humanidade eles haviam sido perigosos, na Era Complexa viver sem um nano-chip encefálico era como viver sem um Smartphone da Idade Contemporânea, mas agora eles estavam sendo um verdadeiro caos, quem não tinha condições de pagar um bom anti malware encefálico poderia ter seus encéfalos hackeados por biohackers, alguns eram apenas por brincadeiras, mas outros tinham intenções maiores e ocultas.

-Querida, diga-me quando tudo isso começou?-perguntou a neurologista à Roseta.

-Eu estava conversando com uma amiga pela complexnet , e fui levada para uma rua escura [...]

Roseta ficou muda, e começou a levantar-se indo em direção ao bisturi e laser cirúrgico, estava fora de si, e precisou ser atingida por um dardo de psicofármaco de reação instantânea, Salpêterière sentiu-se mal por ter feito aquilo, pegou no braço esquerdo de Isaac, e retiraram-se deixando Roseta aos cuidados de Antonieta.

Salpêterière entrou em seu laboratório intitulado "Ada Lovelace", ali estava buscando o que estava levando as pessoas a terem seus biochips hackeados, principalmente em Schön, aquilo não era normal. Os biohackers estavam invadindo de alguma forma os biochips, e por meio deles estavam acessando as camadas mais profundas dos cérebros das vítimas, e modificando as direções das sinapses neurais, impondo pensamentos e ações.

Davi quase foi morto por meio de um malware instalado em seu biochip outro dia, ele parece ser um dos alvos do biohacker, o que faz sentido, aquele revolucionário é contra o acesso total dos nanos chips ao encéfalo! - disse Salpêterière para a parede cinza a sua frente.

Salpêterière levantou-se da cadeira, olhou sua plaquinha boba da musa Lovelace, e começou a questionar-se sobre a existência dela no passado, talvez fosse só alguma lenda. Seu nano chip não tardou a reorganizar suas ondas cerebrais, e logo a neurologista voltou ao trabalho para desvendar quem eram os biohackers. 

(566 palavras)

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