Laço rompido

15. Laço rompido.


Já teve a sensação de algo pesando em seu peito? Um sentimento estranho ao qual você não saberia descrever em palavras?

Era assim que eu me sentia.

Algo no fundindo do meu subconsciente me dizia que aquilo era culpa. Mas eu realmente deveria estar me sentindo culpada?

Sei que fazer isso escondida é um pouco errado, mas Jacob não iria concordar com isso de forma alguma, então eu não tenho muita escolha.

─ Tem certeza que quer fazer isso, Inari? ─ Amara me questinou pela milésima vez só nesta manhã.

─ Você melhor do que ninguém sabe que não vou mudar de ideia. ─ Respondi firme, ignorando a pontada em meu peito. Vai passar.

Terminei de colocar os ingredientes na minha mochila. Encarei a jaqueta de Jacob em minhas mãos, me recordando da noite passada e do nosso beijo.

Ainda podia sentir a sensação dos seus lábios nos meus e apenas pensar naquele momento já fazia meu estômago se agitar.

Eu não poderia negar o quanto gostei daquele beijo e o quanto ele me afetou, mas, não saber se nos sentiriamos da mesma forma caso não houvesse a magia do imprinting nos unindo está me corroendo por dentro.

Eu não posso conviver com essa dúvida.

Balancei a cabeça espantando todos aqueles pensamentos e sentimentos e enfiei a jaquena na mochila junto com o restante das coisas e a fechei.

─ Vou te esperar lá em baixo. ─ Amara avisou quando seu celular começou a tocar.

Não precisava ser a Alice para deduzir que provavelmente se tratava de uma ligação da Freya.

Suspirei, passando a mão pelos fios negros do meu cabelo.

─ Você parece tensa. ─ A voz masculina chamou minha atenção para a janela onde encontrei Alistair.

─ Você tem uma mania horrível de aparecer sem avisar. ─ Retruquei mal humorada.

Parece que meu mal humor não afetou o vampiro, já que ele exibia um sorriso idiota nos lábios.

─ Não consigo evitar. ─ Ele deu de ombros se aproximando. ─ Só vim me despedir.

Franzi o cenho diante a sua revelação.

─ Se despedi? ─ Indaguei, confusa.

─ Estou indo embora.

Ri em escárnio.

─ Vai fugir como um covarde? ─ Questionei em tom de provocação.

Alistair não pareceu ofendido ou afetado pelo meu tom de voz, ao contrário, seu sorriso apenas aumentou.

─ Claro, o exemplo de coragem está diante de mim. ─ Murmurou lançando um olhar significativo para a mochila em minhas mãos.

Touché!

Quem sou eu para falar de covardia, não é mesmo?

─ Não tem comparação. ─ Desconversei.

Ele deu mais alguns passos em minha direção, ficando à poucos metros de mim.

─ Tem certeza?

Ponderei por alguns segundos antes de respondê-lo:
─ Por que todo mundo quer me fazer desistir disso?

─ Eu não quero que desista. ─ Ele pareceu realmente sincero em sua fala. ─ Só estou constatando o óbvio.

─ Fique. ─ As palavras voaram dos meus lábios. No entanto, mesmo sendo impensadas, eu não me arrependi de dizê-las.

─ O quê? ─ Questionou surpreso com o meu pedido.

─ Fique e lute. ─ Repeti, dessa vez o encarando. ─ Não passe a vida fugindo.

Dito isto, me virei em direção a porta.

─ Espero vê-lo aqui quando eu voltar.

...

Amara e eu iríamos até a cabana de Edward e Bella para fazer o feitiço, eles foram gentis em emprestar o lugar já que eles quase não estavam ficando lá.

Mesmo sendo contra a minha decisão, Bella prometeu que não contaria nada para Jacob até que eu finalmente terminasse o feitiço.

Claro que, quando isso acontecer, vai ficar evidente para o lobo que nossa conexão fora cortada.

Ainda estávamos no meio do caminho para a cabana quando meu celular começou a tocar. Peguei o aparelho do meu bolso e quase tive um infarto quando vi o nome "Jacob Black" brilhando na tela.

Mostrei para Amara que parecia tão surpresa quanto eu, então decidi atender. Afinal, se alguém abriu o bocão para me dedurar ao Black era melhor eu saber de uma vez.

─ Jacob? ─ Tentei não soar ansiosa ao atender.

Não. Ele ainda está dormindo. ─ Uma voz masculina um pouco familiar respondeu do outro lado da linha. ─ É o pai dele, Billy Black.

─ Oh! Sr. Black... ─ Soltei sem esconder minha surpresa. Amara me encarou tão surpresa quanto eu. ─ Aconteceu algo?

Ainda não. ─ Sua voz soou misteriosa. ─ Você não pode quebrar a ligação do imprinting.

Se estivéssemos em um desenho animado, essa seria a hora em que meus olhos pulariam para fora.

─ C-como... ─ Balcuciei chocada por ele saber o que eu estava prestes a fazer. ─ O Jake...?

Não, ele não sabe. ─ Respondeu, sabendo exatamente o que eu quis perguntar. ─ Você não pode quebrar a ligação do imprinting. ─ Voltou a repetir.

Pagareei, tentado adotar um tom indiferente.

─ Toda e qualquer ligação mágica pode ser quebrada. ─ Disse convicta. ─ O imprinting não é uma exceção.

Não faça isso... ─ Ele pediu. Quase implorou.

─ Eu preciso. ─ Disse apenas antes de desligar e apressar meus passos. ─ Vamos, Amy... temos que acabar com isso o mais rápido possível!

Parecia que a cada passo que dávamos para mais perto da cabana, mais o tempo ia se fechando e as nuvens pareciam mais e mais carregadas.

Felizmente chegamos a cabana antes que a chuva começasse a cair.

Preparamos tudo para o ritual e quando finalmente estava tudo pronto, Amara me encarou e eu sabia exatamente o que ela iria dizer.

─ Não pergunte. ─ A interrompi antes que ela dissesse algo. ─ Só vamos começar isso de uma vez.

Coloquei a jaqueta de Jacob no meio do círculo que havíamos preparado e então tirei meu colar colocando-o lá também.

Amara e eu nos sentamos uma de frente para a outra e nos demos as mãos. Respirando fundo, assentimos uma para a outra quando finalmente estávamos prontas para começar.

Começamos a murmurar o feitiço. Enquanto murmuravamos o mundo parecia cair lá fora, o barrulho de trovões e as árvores que balançavam pelo vento forte podiam ser ouvidos por quilômetros de distância.

Talvez aquele fosse um mal presságio, mas eu não iria voltar atrás. Não agora que cheguei tão longe.

Eu podia sentir algo dentro de mim querendo se romper a cada palavra dita por Amy e eu. Aquilo foi ficando mais forte até que se tornou algo físico, eu não sabia que aquilo iria doer. E se estava doendo em mim talvez também estivesse acontecendo o mesmo com o Black.

Quando eu senti a linha mágica que nos unia se partir de vez eu não consegui mais manter meus olhos abertos, o impacto foi tanto que eu simplesmente apaguei.

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