Boa sorte
05. Boa sorte.
Uma casa cheia de vampiros definitivamente não era o melhor lugar para se ter uma conversa íntima, ainda que por enquanto, só houvessem três vampiros e meio na residência.
Jacob, assim como eu, tinha total consciência disso, por isso me chamou para dar uma caminhada.
Considerando que daqui a pouco tempo esse lugar estará cheio de vampiros, ter essa conversa o mais rápido possível era o melhor a se fazer.
A noite já havia caído e a lua cheia brilhava no seu.
Quando já estávamos longe o suficiente da mansão Cullen, Jacob parou de frente para mim, me fazendo parar também.
Seu nervosismo estava nítido, o que era compreensível considerando aquela situação constrangedora.
Estar ligado à alguém a quem você nem ao menos conhece de uma forma tão forte e significativa era realmente o cúmulo do ridículo.
Ele coçou a garganta, me tirando dos meus devaneios.
─ Bom, acho que vive já sabe que tive um imprinting por você. ─ Ele começou. Confirmei com um aceno de cabeça. ─ Quero começar dizendo que eu não controlo isso...
─ Eu sei. ─ Sorri na tentativa de tranquilizá-lo. Não tínhamos que deixar aquela situação mais constrangedora do que já era. ─ Mas acho que você deveria começar se apresentando.
Foi apenas uma brincadeira, mas acho que pela cara de envergonhado que ele fez, o garoto havia levado a sério.
─ Desculpe, você tem razão. ─ Apresou-se em dizer. Ele estendeu sua mão em minha direção. ─ Sou Jacob. Jacob Black.
Apertei sua mão, sentindo o quão quente ela era, o que me surpreendeu.
─ Inari Lavelle. É um prazer, conhecê-lo formalmente. ─ O cumprimentei de volta. ─ Você é quente, hein. ─ Comentei impressionada.
Juro que foi na inocência.
Ele coçou a nuca, parecendo envergonhado. Ou talvez só estivesse desconfortável com a situação.
─ É uma coisa de lobo. ─ Ele deu de ombros.
─ Sei. ─ Murmurei sorrindo.
A verdade é que eu tinha uma certa curiosidade por sua espécie.
Ele certamente não era um lobisomem, já que a lua cheia não tinha influência alguma sobre sua transformação.
Além da sua forma lupina ser bem maior que a de um lobisomem comum.
─ Não sei se te explicaram como isso tudo funciona. ─ Ele continuou.
─ Mais ou menos. Confesso que ainda estou confusa sobre algumas coisas. ─ Admiti.
Em todos esses anos nunca tinha ouvido falar em imprinting.
O mundo é realmente uma caixinha de surpresas e eu adoro desvendá-las.
Jacob repetiu o que Bella havia me contado mais cedo.
Disse que seria o que eu precisasse.
Eu tive que rir com o pensamento de ter meu próprio seguidor fiel. Assim, de graça.
Ele literalmente faria de tudo por mim. Daria sua vida por mim, e nem ao menos me conhece.
Ou sabe as coisas que fiz durante esses séculos de vida.
Jacob parecia um garoto inocente e puro, com um sorriso que poderia iluminar o dia de qualquer uma.
Mesmo que houvesse algo nos seus olhos, uma ferida não cicatrizada, ele continuava sendo puro demais para alguém como eu.
De certa forma, aquilo me deixou triste e ele pareceu perceber minha mudança de humor muito rápido.
─ Está tudo bem? ─ Questionou parecendo genuinamente preocupado. ─ Eu disse alguma coisa errada?
─ Não. Não foi nada que você disse. ─ Respondi. Porém ao pensar um pouco mais voltei atrás. ─ Na verdade, o que você me contou sobre o imprinting parece bem pertubador... como você se sente com isso?
Ele pareceu confuso.
─ Sendo bem sincero? Não sei explicar muito bem. ─ Ele respondeu, pensativo. ─ Até agora tudo o que eu sabia sobre o imprinting era pela minha ligação com outros lobos que já tiveram um, mas isso nem se compara a realmente ter essa ligação com alguém real.
─ E isso não te incomoda? ─ Questionei, realmente interessada na sua resposta. ─ A gente mal se conhece e agora você está ligado a mim e sente coisas por mim que certamente não sentiria caso esse imprinting não existisse.
Queria saber o que ele pensava sobre tudo isso.
─ Talvez. ─ Ele disse, dando uma pequena pausa antes de continuar: ─ Pelo que sei o imprinting nos liga ao nosso par perfeito.
Eu ri. Não foi deboche, ou nada do tipo. Eu realmente achei aquilo engraçado.
Que tipo de destino sádico ligaria um jovem rapaz a mim achando que sou o par ideal para ele?
─ Há coisas que você não sabe sobre mim, Jacob. ─ Falei sombriamente.
Eu sei.
Ele realmente não sabe nada sobre mim e aquela constatação foi completamente idiota.
─ Acho que temos bastante tempo para nos conhecer melhor. ─ Rebateu o garoto, sem se abalar.
─ Você vai querer correr se me conhecer melhor. ─ Ri amarga. ─ Mas não vai poder, porque está ligado a mim por essa mágia estranha e sem sentido.
─ Nem tudo têm que fazer sentido, sabia?
─ Eu posso acabar com isso. Quebra essa ligação e te libertar. ─ Ofereci.
A verdade é que eu o feria de qualquer forma, mas achei que seria legal deixar ele pensar que pelo menos dessa vez, tem uma escolha.
─ O quê? ─ Ele pareceu realmente chocado.
Entretanto, ao contrário do que imaginei, não foi uma reação exatamente positiva.
─ Não quer ter a sua liberdade de volta? ─ Questionei, realmente intrigada.
Eu não pensaria duas vezes em aceitar se estivesse no lugar dele.
─ Quero que se dê a oportunidade de me conhecer melhor.
Tombei a cabeça para o lado, depois para o outro tentando analisar sua expressão, mas ele não parecia estar brincando.
─ Não têm porque perdermos tempo com isso, Jacob. ─ Disse por fim, me virando para voltar pela trilha até a mansão. ─ Eu vou quebrar essa ligação. Só preciso de um tempo para estudá-la melhor.
─ Eu não vou desistir! ─ Ele gritou quando eu já estava há uns bons passosa a sua frente.
─ Boa sorte ─ Murmurei de volta, sabendo que ele escutaria sem problemas.
No mínimo seria divertido.
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