⌗ 20 || Entre uma praia e estar louco por Choi Yeonjun

•'¯'•» BO LEITURA «•'¯'• ♡.

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| 𝐁𝐄𝐓𝐖𝐄𝐄𝐍 (𝐇𝐀𝐓𝐄) 𝐀𝐍𝐃 𝐋𝐎𝐕𝐄 |

⌗ CAPÍTULO 20 ⌗
"Entre uma praia e estar louco por Choi Yeonjun"

「 🌙 」

CHOI SOOBIN

── Eu sei onde ele está!

E NAQUELE mesmo instante, todas as minhas esperanças perdidas voltaram para mim rapidamente ao ouvir a voz de Kai ecoar pelo quarto, causando-me um pequeno susto, não só a mim, mas a todos. Voltei meu olhar para os meus amigos e para ele logo em seguida, tentando assimilar suas palavras, enquanto o mesmo permanecia parado ao pé da porta.

Como assim sabia onde ele estava?

── Do que está falando? Você sabe onde o Yeonjun está? ── Changbin perguntou antes de mim.

── Sim, foi o que eu disse, sei onde Yeonjun está. ── Ainda processando tudo, levantei-me e fui em sua direção, com a ansiedade tomando conta de todo o meu corpo a cada passo dado.

── Você sabe? Como? Por que não me falou antes?

── Por que será né? Você simplesmente não quis me dizer, talvez seja por isso? E sem contar que me excluiu da conversa, disse que quando seus amigos chegassem ia contar a todos nós, mas o que você fez? Esqueceu de mim! ── Soltou indignado, enquanto cruzava os braços.

── Você fez isso, Soobin? ── Félix perguntou, e virei-me minimamente para olhá-lo, notando-o com um semblante nada contente.

── Tá, tá, desculpe, acabei esquecendo, isso não vai se repetir. Mas agora me diz de uma vez onde Yeonjun está? E como soube disso?

── Meio que ouvi a conversa de vocês atrás da porta, mas realmente não imaginava que fosse o Yeonjun. ── Falou, deixando-me ainda mais ansioso pela resposta à minha pergunta.

── E então? Como você sabe onde ele está? ── Changbin perguntou antes de mim novamente, todo aquele suspense estava me deixando louco.

Kai caminhou até minha cama, sentando-se nela, deixando, não só a mim, mas a todos com uma curiosidade imensa.

── Ontem, depois da aula, antes de você sair da sua sala, escutei acidentalmente a conversa dos amigos dele. Jay havia contado a Jungwon que Yeonjun estava chorando quando saiu da sala de música... ── Kai contou, olhando para mim, e logo depois para meus amigos atentos. ── E que Yeonjun havia contado para ele, antes de ir embora, que iria passar o fim de semana na casa de praia da prima dele.

── Por que eles não me falaram isso ontem? ── Acabei pensando alto, sentindo-me frustrado com toda a situação.

── Talvez porque o motivo de Yeonjun ter ficado assim foi você? Eles só queriam proteger o amigo deles. ── As palavras de Félix atingiram-me completamente. Sabia que era mais que culpado por tudo que estava acontecendo, e isso me sufocava aos poucos.

── Mas onde fica essa casa de praia? ── Perguntei rapidamente, enquanto um nervosismo ainda maior pairava sobre meu corpo. Finalmente conseguiria me explicar?

── Bom, é aí que vem o problema, a casa fica em Jeju. ── Ao ouvir sua resposta, levantei-me e caminhei em direção ao meu closet, sentindo-os me seguirem imediatamente.

── Ei, o que você está fazendo? ── Fui capaz de ouvir Changbin perguntar, enquanto ainda estava atento às minhas roupas.

── Estou me preparando.

── Se preparando? O que você está pensando em fazer, Choi Soobin? ── Kai perguntou de forma séria, e não pude deixar de revirar os olhos, não gostava quando ele usava aquele tom autoritário comigo, o fazia parecer ser o mais velho ali.

── Vou até o Yeonjun, não é óbvio? Eu preciso falar com ele. ── Dei de ombros, respondendo à pergunta, antes de voltar a me concentrar no que procurava.

── O QUÊ? ── Os três praticamente gritaram, fazendo-me então pôr a palma de minhas mãos sobre meus ouvidos, tentando amenizar o som.

── Você está louco por acaso? ── Félix perguntou, aparentemente preocupado.

── SIM, EU ESTOU LOUCO POR CHOI YEONJUN! Então, por favor, me ajudem e não tentem me impedir, tudo bem? ── Acabei me exaltando um pouco, mesmo tentando me manter controlado.

── Sabemos que você está apaixonado por ele e isso não é de hoje, mas você tem noção do que quer fazer? São quase sete horas de carro de Seul a Jeju. ── Changbin tentou tirar aquela ideia da minha cabeça, mesmo sabendo que estava mais que decidido.

Ainda fossem doze horas, não desistiria, tinha que falar com o Yeonjun, mesmo que ele não quisesse me ouvir mais.

── Sim, sei disso, mas vocês querem que eu apenas espere ele voltar? Creio que não vou conseguir sequer dormir direito até isso acontecer, não aguento mais esperar. ── Parei de procurar roupas e fui em direção à porta, com eles me seguindo novamente.

── Entendemos você, irmão, mas por favor, olhe a loucura que você está prestes a fazer, você tem que dar tempo ao Yeonjun.

── É esse tipo de loucura que estou disposto a cometer por ele, já esperei muito tempo para encontrá-lo, e dessa vez, não vou perder a única chance que tenho. ── Abri a porta saindo do quarto, sem querer ouvir mais protestos.

Desci as escadas o mais rápido que pude, não trazia nada comigo, apenas aquela vontade imensa de vê-lo e aquele frio no estômago que não me deixava desde o dia que o vi pela primeira vez. Sentia-me feliz por finalmente ter a chance de ver o Yeonjun novamente, que estava prestes a explodir em um misto de emoções, enquanto seguia o trajeto até a garagem, encontrando meu motorista ao lado do carro.

── Me leve até Jeju. ── Falei direto e rápido para ele, entrando no carro logo depois.

Minhas escolhas poderiam ser precipitadas, mas estava disposto a tudo para resolver de vez o que tanto nos machucou.

── Senhor, mas isso...

── Não se oponha, apenas faça o que estou pedindo, por favor. ── Falei, vendo-o demorar um pouco, mas logo assentiu, entrando no carro.

── São dez da manhã, chegaremos tarde, sem contar que terá que pegar um barco em uma parte do percurso. Tem certeza de que quer que o leve até lá? ── Perguntou, e apenas concordei, colocando o cinto de segurança. Não queria discutir mais aquele assunto.

Finalmente, poderia dizer tudo que sempre esteve entalado em minha garganta, tudo que precisava de explicações. Finalmente, iria vê-lo, escutar sua voz e senti-lo perto de mim depois de tanto tempo.

CHOI YEONJUN

| Dez anos atrás |

Desde muito pequeno, costumava mudar de cidade. Certa vez, minha família resolveu mudar-se para Ansan com o propósito de passar bastante tempo naquele lugar, já que estávamos cansados de tantas idas e vindas.

Sentia-me desanimado por sempre ter que deixar meus amigos devido às mudanças constantes. Porém, naquela época, não sabia que acabaria conhecendo um garoto com uma beleza extraordinária e até meio quieto, mas incrivelmente gentil, diferente de muitos que já havia conhecido ao longo dos anos, e que por sinal, seria meu mais novo vizinho.

Assim que nos vimos pela primeira vez, o provoquei apenas para chamar sua atenção, tentando convencê-lo a falar comigo. Por conta disso, subia todos os dias em uma grande árvore que ficava no quintal de minha casa, que por sorte dava acesso à casa dele, permitindo que assim o pudesse observar, já que o garoto costumava ler livros todas as tardes debaixo da mesma.

A primeira impressão que tive dele foi que seria apenas mais um riquinho mimado, mas depois de um tempo o observando, percebi que estava muito enganado sobre aquela suposição.

Descobri então o sentido para a frase que tanto ouvia: "Não julgue o livro pela capa". Entendi que havia julgado-o de maneira bastante incerta. Afinal, meu vizinho, além de rico, era um garoto bom, legal e gentil, com as pessoas ao seu redor, ainda que no início, ele não tivesse ido muito com minha cara.

Decidi não apresentar meu nome a ele por medo de acabar indo embora e deixando outro alguém importante para trás, algo que realmente não queria novamente.

Por conta disso, nos comunicamos como Jun, o vizinho bagunceiro e louco, e Bin, o vizinho quieto, (lindo) e estranho.

Com o passar do tempo, e em uma de nossas brincadeiras pelas ruas da vizinhança, acabamos encontrando uma casa completamente abandonada, a mesma que foi vista por nossos olhos como algo incrível. E então fizemos dela um lugar de acesso para nos encontrarmos sem a intervenção de nossas famílias.

── Jun, você já gostou de alguém? ── Bin questionou enquanto mantinha seu corpo jogado contra o velho sofá da casa, enquanto eu estava ao seu lado, olhando o telhado gasto, avistando por uma brecha pequenas estrelas já enchendo o céu pouco escuro.

── Sim, eu gosto de você... somos melhores amigos. ── Respondi ainda fitando o céu.

── Não é isso, hyung. Quero dizer... Já gostou de alguém... romanticamente? ── E no mesmo instante nos encaramos.

── Você já?

── Hyung, não me responda com outras perguntas, seu besta. ── Bin me empurrou, caindo na gargalhada, sendo acompanhado por mim.

Gostava muito de ter Bin ao meu lado, parecia até um sonho finalmente ter conseguido um amigo, este que desejava levar para sempre comigo, que nunca me deixaria.

Mas infelizmente, todo aquele sonho se tornou um grande pesadelo.

Tudo começou quando Bin ficou mais estranho que o normal e não ia para a casa abandonada há um tempo.

Quando perguntava o que estava acontecendo, ele apenas respondia que não era nada e que tudo ia ficar bem. Mas não estava tudo bem? O que iria ficar bem?

Essa era certamente a pergunta que mais circulava em minha mente, o tempo inteiro.

Porém, só fui capaz de entender aquilo uma semana depois, quando senti ainda mais sua ausência e fui até a casa do mesmo, encontrando-a completamente vazia, restando apenas uma placa de venda na frente.

── Papai? Mamãe? ── Chamei os mais velhos, ofegante por correr até ali desesperado.

── O que foi, meu filho?

── Vocês sabem o que aconteceu com os vizinhos da grande casa azul, ali atrás? ── Perguntei, deixando os mesmos confusos, sabia disso pela forma como me olhavam.

── Eles se mudaram hoje cedo, por que, meu amor?

E foi então que me desesperei ainda mais ao ouvir aquilo, negando a acreditar em tal coisa. Como meu melhor amigo havia ido embora? Assim, do nada? Sem explicação alguma?

Sem pensar, corri até a casa de Bin, tropeçando ao chegar no gramado.

Foi a primeira vez que senti um peso e uma dor que nunca havia sentido antes, meu coração apertava e minhas pernas falharam, levando-me a cair no chão, que estava quente, mas nada estaria mais quente que meu rosto, coberto de lágrimas que desciam sem hesitação.

Não conseguia acreditar que Bin, meu único amigo, o amigo que nunca queria se separar, havia me abandonado, sem sequer se despedir ou explicar o motivo.

Sentia-me um idiota, traído por quem confiava tanto, meu orgulho gritava tão alto quanto minha tristeza. Mesmo sem entender direito tudo o que estava vivendo, sentia que todos os sentimentos estranhos que nutria eram ilusões que só me faziam sofrer.

Queria esquecer.

Esquecer tudo, e ao mesmo tempo queria ver e ter Bin novamente ao meu lado.

Mas a única coisa que via eram minhas mãos, as mesmas que usei para me apresentar a ele, as mesmas que usei para segurar Bin quando o mesmo quase caiu daquela maldita árvore. Árvore que passei a amaldiçoar a partir daquele dia. Pois para mim, ela foi o principal motivo de ter conhecido e me aproximado do garoto.

Meus pais, ao me verem caído, foram rapidamente ao meu encontro, perguntando o que estava acontecendo.

Mas eu estava tão preso em pensamentos ruins e lembranças que, naquele momento, mal conseguia perceber a presença deles ali.

Apenas algum tempo depois, quando tudo se acalmou um pouco, fui capaz de conversar e contar tudo a eles, deixando muito claro a dor que sentia.

── Ele se foi, mamãe! Ele me deixou sozinho... e nem se despediu de mim. ── Falei subindo no colo da mais velha, enquanto secava meu rosto com as mãos, sendo totalmente acolhido naquele abraço.

── Quem, meu amor?

── Meu melhor amigo... o Bin.

Após aquele dia, disse a mim mesmo que se alguma vez, a vida ou o universo fossem capazes de nos colocar frente a frente novamente, não iria me deixar afetar e iria jogar na cara dele que não seria mais meu amigo e que o desprezava. Me sentia magoado e abandonado.

Naquela época, não sabia que meus reais sentimentos carregavam tanta beleza e que eles seriam totalmente afetados pela partida de Bin. Afinal, era muito novo para saber sobre essas questões e acabei entendendo tudo tarde demais.

「 🌙 」

Se me perguntassem o que estava acontecendo, não saberia responder. Tudo se tornava ainda mais confuso, e agora parecia até mesmo que estava fugindo dos meus próprios problemas, como uma criança. Embora não pudesse negar que estava mesmo fazendo isso.

Era tão difícil acreditar que Choi Soobin, o garoto que foi rude comigo o tempo inteiro, era ele, meu antigo vizinho e melhor amigo, que simplesmente sumiu sem explicações ou ao menos uma despedida.

Tinha noção do quão imaturo fui em ter corrido daquela maneira da escola. Realmente não conseguiria me segurar naquela situação, e acabaria dizendo coisas horríveis a ele, algo que, no fundo, não desejava.

Pensar que me apaixonei duas vezes pela mesma pessoa é muito confuso e estranho, chega até mesmo a doer, visto pelas circunstâncias em que estamos. E principalmente, dói saber que o passado que tanto tentei esquecer, apesar de nunca ter conseguido, estava se voltando contra mim de uma forma inesperada.

Naquela época, me apeguei bastante a Bin, e estava tão confuso sobre tudo que sentia por ele, mesmo que ainda não os entendesse, sabia que eram sentimentos sinceros e inocentes. Aquela amizade havia sido cultivada genuinamente por nós dois, assim como foi quebrada pelo seu silêncio e pela dor de sua partida.

Bin não era apenas baixinho e um tanto mimado, mas também, desde aquela época, era incrivelmente bonito. Seria inevitável olhar para Soobin e não vê-lo nele agora.

Me sentia horrível todos os dias durante todos os anos que se passaram desde a última vez que o vi, imaginando o quão estúpido fui por confiar em alguém que agiu de tal maneira, sequer dando um motivo para sua ida inesperada.

Sim, havia feito novas amizades, mas as mesmas demoraram muito para acontecer, pois não conseguia confiar em ninguém. Mesmo que isso parecesse infantilidade, realmente não conseguia.

Um medo estranho vinha crescendo em mim. Quanto mais pensava sobre tal assunto, mais medo tinha de reencontrá-lo novamente, o que aconteceria uma hora ou outra, e acabar falando coisas fúteis e me arrependendo logo em seguida.

Me preocupava ainda mais pensar em tais possibilidades, mesmo tendo a total e absoluta certeza de que meus sentimentos por ele eram os mais puros e verdadeiros, e que chegavam a ser mais fortes que eu mesmo. Não queria me deixar levar pela emoção e acabar me decepcionando novamente, especialmente quando ainda não faço a mínima ideia de como reagir agora que sabia que ele e Bin, na verdade, se tratavam da mesma pessoa, esse tempo inteiro.

Não negaria que fiquei feliz em saber que ele esteve bem e que se tornou um garoto alto, lindo e... Bom, precisava tirar imediatamente todos aqueles pensamentos da minha cabeça antes que enlouquecesse de vez.

Agora estava na casa de uma prima minha, Rosé. Apesar da mesma ser longe de Seul, conseguia me sentir bem mais à vontade estando aqui e também evitava, por hora, encontrar Soobin. Não queria trazer à tona mágoas que sentia por ele e, consequentemente, acabar o magoando também.

Mesmo que tentasse oprimir meus sentimentos, estava convicto de que não conseguiria. Gostei de Soobin desde o primeiro instante que meus olhos se encontraram com os seus, desde todas as sensações estranhas que me causou. Aquele olhar, aquele rosto, seus lábios... tudo nele.

E agora estava tão confuso depois de ser rejeitado e ainda por cima descobrir que ele gostava de mim, mas não do Yeonjun, e sim do meu eu de dez anos atrás.

Não acreditaria em uma palavra sequer sua se dissesse que gosta de mim agora. Mas o medo de acabar caindo nos seus charmes impregnava meu corpo por inteiro.

── Ei, tá no mundo da lua, Yeonjun? ── Escutei Rosé dizer, aparentando estar assustada, e só então percebi que estava tão preso em meus pensamentos que acabei deixando todo o suco que colocava em um copo cair.

── Ai céus! Desculpa, vou limpar agora mesmo. ── Falei em meio ao desespero, pegando um pano que havia ali e passando pela mesa molhada.

── Não precisa se preocupar tanto, tô te achando meio perdido. Aconteceu alguma coisa? ── Perguntou-me, já sentindo seu olhar sobre mim, esperando por minha resposta, o que me fez encará-la.

── Não, não aconteceu nada. Só ando distraído como sempre, me desculpa mesmo por isso.

── Já disse, não precisa se preocupar e nem se desculpar, seu besta. Mas sério, desde ontem quando chegou você tá estranho desse jeito. Se precisar conversar estou aqui, viu?

Seu olhar era tão compreensivo que me fazia querer contar-lhe tudo ali mesmo.

── Você realmente me conhece... ── Praticamente confessei que havia mesmo algo errado, sentando-me ao seu lado na mesa enquanto enfiava o rosto entre minhas mãos.

── Claro que conheço. Quando você era pequeno, costumava esconder as coisas muito mal e acabava contando tudo no final. Então nem adianta tentar me enganar. ── Falou, fazendo-me rir fracamente.

Rosé estava realmente certa. Nunca fui bom em guardar as coisas para mim mesmo, pelo menos não depois de Bin ter me deixado.

── Tudo bem, se eu contar, promete não rir? ── Perguntei, mesmo sabendo do humor que ela tinha para qualquer assunto, até os mais sérios.

── Prometo, juro que prometo. ── Falou, levantando a mão no ato de fechar sua promessa. Fechei os olhos e respirei fundo. Quando os abri, passei a encarar a toalha de mesa ao invés de seu rosto.

── Eu estava... bom, estava pensando em um garoto. ── Confessei, com a vergonha me consumindo, principalmente ao escutar uma risada baixa dela. ── Ei, você prometeu! ── Reclamei, emburrado e chateado, por ela ter quebrado sua promessa em menos de um minuto.

── Desculpa, não consigo me conter. ── Falou, passando a rir ainda mais. ── Mas então, o que tem esse garoto? Você gosta dele? Ou é o contrário? ── Perguntou, deixando-me ainda mais louco de vergonha. Sério, o que fiz pra merecer isso?

── Sim, gosto dele, e ele... também gosta de mim.

── Ué, qual o problema então?

── O problema é que ele gosta de mim, mas não do meu eu de agora, entende? ── Falei, ficando tão confuso quanto ela aparentava estar. Claro que ela não vai entender, Yeonjun! Você sequer explicou a situação! Bati em minha própria testa, tentando me repreender por minha burrice.

── O quê? Me explica esse rolê aí direito. ── Falou, olhando-me realmente sem entender nada.

── A história é um pouco longa... ── Cocei minha nuca em puro nervosismo. Nunca havia falado sobre isso com ninguém além dos garotos, chegava a ser até estranho. Porém, sabia como Rosé me entendia sempre, até mais do que eu mesmo me entendo.

── Tenho todo o tempo do mundo para fofocas, e não me deixe mais curiosa! Vai, me conte logo. ── Acabei sorrindo ao ouvir aquilo, e não demorei a lhe contar tudo o que havia acontecido desde o passado até os acontecimentos dos dias anteriores.

Notei o quão chocada ela ficava a cada parte da história. Tanto com o que houve há dez anos, quanto com o beijo que aconteceu, e como Soobin achava que eu havia morrido em um acidente, algo que até estranhei, para ser sincero.

── Mas espera aí! Ele te disse que não podia gostar de você, pois gostava de Jun, que no caso é você. ── Falou, enquanto minha cabeça só ficava mais confusa. Por que tudo parece um quebra-cabeça sem fim? ── Então, pense comigo, se ele não fosse o Bin, seu vizinho de dez anos atrás, ele poderia sim gostar de você, então, Yeonjun, ele gosta sim de você. ── Levantei-me, negando rapidamente com a cabeça.

── Não, ele gosta do Jun, aquele garotinho ingênuo que conheceu. ── Falei, de forma séria e rápida demais. Não queria admitir o peso que aquelas palavras estavam me causando enquanto as dizia.

── Que é você, Yeonjun! Não seja difícil, você sabe que quanto mais negar, mais doloroso vai ser para vocês dois. ── Caminhou em minha direção.

── Não, Rosé, Choi Soobin nunca gostou de mim, sempre foi rude comigo, me tratando como se eu fosse um ninguém. Nunca, sequer uma vez, demonstrou ter sentimentos por mim. Ele... ele só gosta dele mesmo! ── Falei, tentando me controlar, mas acabei deixando uma lágrima escapar. Meu peito e garganta apertavam a cada frase dita.

── Você está sofrendo, não vê? Precisa conversar com ele e esclarecer tudo de uma vez, seu orgulhoso. ── Me abraçou de lado, enquanto acariciava meus fios, me trazendo o conforto que precisava.

── Posso estar sendo imaturo, mas se Soobin aparecer na minha frente, realmente irei ignorá-lo e desprezá-lo assim como ele fez comigo. Tenho medo do que posso fazer e dizer, noona. Só de imaginar estar frente a frente com ele, me sinto tonto e exausto.

── Tudo bem, não irei te pressionar mais, apenas suba até o quarto e durma um pouco. Ontem você chegou tarde e nem conseguiu dormir direito. ── Falou, enquanto separava o abraço e sorria para mim. Realmente precisava daquele abraço e sorriso para me acalmar um pouco.

── Vou agora mesmo, obrigado por me ouvir. ── Me despedi com um sorriso mínimo.

Subi as escadas, entrando no primeiro cômodo do segundo andar. Sabia que devia dormir tranquilamente, sem pensar em Soobin, e nem em nada relacionado a ele, pelo menos, não naquele momento. Não até tudo se acalmar novamente.

E assim fiz.

O sol estava prestes a se pôr quando acordei. Ao olhar pela janela, notei que havia dormido durante a tarde inteira. Desci as escadas e logo percebi que estava sozinho em casa. Por um instante, me perguntei onde Rosé estava e o porquê de não ter me acordado, mas apenas balancei a cabeça. Não queria me preocupar tanto; afinal, ela devia estar bem.

Sentia-me um tanto desconfortável em ficar sozinho ali, mas o que acabou piorando todo aquele desconforto foi aqueles pressentimentos ruins voltando a me atingir. Realmente não gostava de tal sensação, pois sempre trazia algo à tona.

Voltei ao quarto apenas para vestir uma regata branca, e então saí de casa. Queria ver o sol se pôr à beira-mar e também tirar todo o peso daquelas emoções estranhas que me consumiam aos poucos.

Um sentimento de leveza me assolou assim que pus os pés fora de casa, especialmente ao sentir a brisa fria bater em meu rosto, me fazendo fechar os olhos e sorrir brevemente. Me sentia livre ao fazer aquilo, e gostava de todas as sensações que me causava.

Apenas não imaginava que, ao abrir os olhos, avistaria quem menos desejava ver naquele momento.

Choi Soobin.

Tudo pareceu parar, até mesmo o vento que estava presente ali há um segundo atrás. Minha mente parecia estar completamente em branco, e minha respiração ficou densa.

Minhas pernas recuaram ao ver Soobin me encarar de volta, a cerca de dez metros de distância de onde estava. Não deixei de perceber seu olhar abatido e indescritível até certo ponto.

── O q-que você está fazendo aqui? ── Perguntei, olhando para os lados enquanto buscava respostas, ainda desacreditando que era real sua presença ali. Por um segundo, pensei ser apenas mais um sonho, e que acordaria a qualquer momento.

Esperava mesmo que fosse realmente um sonho. Mas infelizmente não era o caso.

Soobin caminhou em minha direção sem dizer absolutamente nada, seus passos pareciam lentos e ao mesmo tempo desesperados.

Quando estava perto o suficiente, recuei para trás, tropeçando em meu próprio pé e sendo segurado por Soobin, que puxou meu pulso em um ato rápido e nervoso.

── Precisamos conversar! ── Soobin se mantinha cabisbaixo, enquanto agora passava a segurar minha mão fortemente, fixando seus olhos na mesma.

── Não, não temos nada pra falar, o que você está fazendo aqui? ── Falei firme, não deixando de perguntar, puxando minha mão que estava em sua palma fria e trêmula.

── Você precisa me ouvir, temos muito o que esclarecer. Eu... gosto de você, Yeonjun. ── Pareceu aliviado ao tirar algo preso de sua garganta, deixando-me totalmente confuso com tudo aquilo.

── Não, você não gosta de mim, você mesmo disse, ontem naquela sala de música! Isso é apenas porque eu sou aquele garoto... ── Virei meu rosto, sentindo o mesmo esquentar. Aquelas palavras saíram como facas, atingindo-me completamente.

── Não é assim... só não queria gostar de duas pessoas ao mesmo tempo, isso seria injusto e covarde, você precisa me entender! ── Soobin falou, tentando me olhar nos olhos, mas falhando completamente.

── E você me entendeu, Soobin? Entendeu a dor que senti quando você simplesmente se foi? Você tem razão, isso é o que você sempre foi e continua sendo! Um covarde que não teve coragem de dizer o que estava acontecendo e me abandonou como se não fosse nada. ── Falei, tentando controlar todas as emoções que estavam à flor da pele.

── Sei que sou um covarde e idiota, e você tem todo o direito de falar o que quiser de mim... mas, naquela época, eu realmente ia te contar. ── Soobin disse, quando notei em seus olhos lágrimas escorrendo silenciosamente.

E no mesmo instante, meu coração apertou. Vê-lo daquela maneira era algo novo e doloroso. O peso da saudade que sentimos por todos esses anos estava caindo sobre nossos ombros. As recordações e toda a situação me faziam vacilar.

── Então por quê? Por que você não fez isso? Você sabe o quanto te esperei igual um bobo? Por vários dias fui ao local onde costumávamos nos encontrar e você nunca aparecia, passei cerca de um ano fazendo isso, até ser a minha vez de ir embora... ── Contei em puro impulso, buscando me livrar de tudo que estava enterrado em mim.

── Sei o quão estúpido fui por não dizer quando tive tempo... ia te contar no dia que a mudança aconteceu, acredite em mim. Mas meus pais decidiram fazer uma visita à casa primeiro, e acabaram decidindo ficar lá. Tentei de tudo para voltar, Yeonjun, mas não podia contar que nos encontrávamos, pois era nosso segredo e era apenas uma criança contra adultos decididos. Tentei de todas as formas te encontrar, mas quando finalmente consegui e fui até o bairro em que vivíamos, não tinha absolutamente nada lá, estava tudo destruído! Quando meu pai me contou que você estava morto... ── Soobin disse com a voz falha, acabando por cair de joelhos em meio à areia morna da praia. ── Quando fiquei sabendo daquilo, passei noites em claro, chorava constantemente. Ainda hoje sofro com isso, porque a dor e a culpa de te perder me deixaram assim. Realmente te procurei! Eu não te abandonei, Yeonjun!

── O que você está fazendo? Levanta daí. ── Dirigi-me até ele, abaixando-me e sentindo-o me puxar para mais perto, abraçando-me fortemente enquanto escondia o rosto na curva do meu pescoço. Sabia que precisava daquele abraço tanto quanto ele. Abraçá-lo daquela forma trouxe conforto para nós dois.

── Yeonjun, por favor, fica comigo. Não suportaria te perder novamente. ── Falou com a voz rouca, as lágrimas molhando totalmente meu ombro.

Meu coração se apertou ainda mais ao escutar tudo o que Soobin havia contado. Sabia que nada daquilo era inventado. Sentia sinceridade em cada palavra dita por ele, e ao mesmo tempo, sentia medo. Medo de seguir meu coração e acabarmos magoados.

── Vai ficar tudo bem... ── Tentei acalmar Soobin, retribuindo o abraço e acariciando os fios que tanto desejava tocar por todo esse tempo.

Pensar que estava abraçando alguém que tanto me desprezou era uma conquista.

Porém, o clima ficou ainda mais estranho à medida que os minutos se passaram, e depois de tê-lo acalmado um pouco.

Estávamos sentados à beira do mar, o vento soprava calmamente, e um silêncio se formava cada vez mais entre nós.

Sentia-me envergonhado e tinha medo de fazer Soobin chorar novamente caso dissesse algo. Aquela foi a primeira vez que vi Soobin mostrar seus sentimentos e emoções tão claramente diante de mim, e doeu vê-lo daquela forma.

── E então, como você veio até aqui? ── Perguntei, tentando quebrar aquele clima tenso e o silêncio perturbador que pairava.

Soobin, que até então encarava a água do mar tocando seus pés, virou-se para me encarar, fazendo-me desviar o olhar.

── Ah... acabei obrigando o motorista a me trazer. ── Falou baixo, e pude ouvir uma risada fraca. ── Yeonjun... preciso saber se você me perdoa. ── Virou-se novamente para mim, segurando meu queixo e trazendo meus olhos em direção aos seus, que imploravam por uma resposta. Então, apenas concordei.

Um sorriso se formou em seus lábios, enquanto algo dentro de mim gritava para abraçá-lo, mas me controlei, pois vê-lo daquele jeito ainda era diferente.

── Sério? Mesmo? Estou tão feliz que poderia te dar um beijo aqui mes... ── Se interrompeu fechando os olhos, me fazendo arquear uma sobrancelha, me segurando para não rir. ── Q-Quer dizer... desculpa, é só que eu...

Tentou explicar, e no mesmo instante inclinei meu corpo em sua direção, sentindo um frio no estômago, deixando um pequeno selinho sobre seus lábios, notando o quão surpreso Soobin ficou, se aproximando mais, passando a ficar tão próximo que poderia sentir sua respiração atingir meu rosto.

── Será que posso... beijar você? ── Sussurrou, me deixando sem reação, enquanto meu coração batia ainda mais forte. ── Se não quiser não precis...

Não o deixei terminar, assim que me aproximei ainda mais, selando meus lábios aos seus em um beijo, desta vez mais demorado e calmo.

Calmo até certo ponto.

Sua mão foi em direção a minha nuca, passando a acariciar ali, fazendo com que todo o meu corpo relaxasse em meio aquele ato, seus lábios se moviam fortemente nos meus, enquanto uma de minhas mãos se apoiou em seu rosto, ajudando-o a guiar aquele beijo e me levando a loucura em tê-lo tão entregue a algo e a mim.

Não era como o beijo do banheiro cheio de toques e ao mesmo tempo receio, era um beijo com desejo vindo da parte de nós dois, com carinho e ao mesmo tempo com saudade. Algo que demonstrava ainda mais os sentimentos e emoções que estávamos sentindo.

Sentia meu coração acelerar cada vez mais, principalmente ao ter a outra mão de Soobin apoiada em minha cintura, me puxando para mais perto. E então naquele momento entendi o quão errado fui em pedir para esquecer algo que queríamos tanto, e que meu coração ansiava em ter.

Puxei levemente os fios de sua nuca, enquanto envolvemos nossas línguas uma na outra, nos permitindo aprofundar um pouco mais o beijo que não queria que acabasse tão cedo.

Nossos lábios pareciam se encaixar tão bem, meu corpo estava eufórico, sabia que precisávamos daquele beijo, e meu coração batia ainda mais forte, enquanto o ar se tornava mais fraco. Cada um de nós sabia a necessidade que aquilo nos dava, a vontade de nunca parar, e não paramos por um bom tempo, continuamos por alguns minutos até sermos separados por selinhos dados por Soobin, passando a recuperar todo o fôlego que havíamos perdido.

── Vou conquistar sua confiança novamente, meu chatinho. ── Soobin falou enquanto colocava sua testa contra a minha, mordendo seu lábio ao dizer aquele apelido que tanto usou, só que desta vez, de uma maneira fofa, me fazendo rir bobo, enquanto seus olhos se mantinham fechados. ── Me desculpa por demorar tantos anos...

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Feito: 14/08/2021, às 17:02hrs.

por: mingSAMMY2.

(*N/A*)

Oioi Cuscuzinhooos

Bom, o que acharam??

MEUS YEONBIN ENFIM SE RESOLVERAM 😭

Gente, vou fazer igual o Soobin, me desculpem por demorar tantos capítulos kkkk

Desculpe qualquer erro cometido, espero melhorar e se vcs puderem, deixe aqui suas humildes e sinceras opiniões.

OBRIGADOOO 💕 A QUEM ESTÁ LENDO ESSA FIC VOCÊS SÃO: 📍🛐.

•| MV do enhypen favorito?

No próximo Cap fiquem com especial de mais um casal secundário. Irraaaa.

I LOVEEE U'S 💕🤧.

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