𝟓𝟔 - 𝐅𝐄𝐄𝐋𝐈𝐍𝐆
A porta se abre, e a primeira coisa que me atinge é o odor de carne carbonizada. A minha bile sobe e a vontade de me desmanchar no chão aumenta. O que caralhos aconteceu aqui? Eu me recuso a ficar sentindo esse cheiro de morte; tudo dentro de mim se contorce, e eu levo a mão até o nariz, cobrindo-o em uma tentativa falha de abafar esse futum dos infernos. Dou alguns passos para o lado, ficando ao lado do Dixon. O homem leva a sua mão até a minha cintura, apertando-a com força, como se tentasse me proteger discretamente. Amo que suas demonstrações são assim; é uma forma dele mostrar que, mesmo sendo distante em alguns sentidos, ainda estará sempre ali para mim, e eu não poderia deixar de amar mais a forma como ele me trata. Ainda estou com raiva da nossa última discussão; não vou esquecer tão rápido, mas ainda assim me sinto segura ao seu lado.
Daryl Dixon jamais me machucaria, não de novo. Ele pode ser bruto, carrancudo, falar besteira e surtar de raiva, mas ainda assim não levantaria um dedo para mim. Mas, se um dia acontecer, não há amor no mundo que me fará perdoar isso.
Ao descer meu olhar para o chão, me deparo com uma cena digna de filme de terror, daqueles de cair o cu da bunda de tanto medo. Karen e o homem do grupo Decatur carbonizados, a pele grudada no chão e uma parte do osso aparecendo. Subo meu olhar automaticamente para Daryl, que, mesmo na sua casca grossa, parecia mais horrorizado do que eu. Fico nas pontas dos pés e aproximo meus lábios do ouvido do homem, sussurrando:
— Parece que fizeram churrasco e não nos chamaram; achei uma falta de respeito — ironizei, como um escudo para os meus sentimentos, bloqueando qualquer mudança de humor.
Tudo já está ferrado o suficiente; não posso perder o controle agora, sabendo que há um possível assassino. E, bem, não que eu discorde. Eles eram uma ameaça para o grupo; não sabemos como curar essa doença, mas matar alguém assim, acho um pouco exagerado.
— Você os encontrou assim? — Rick questionou, intercalando o seu olhar entre Ty e os corpos carbonizados.
Isso aqui tá me dando ânsia de vômito…
— Eu fui ver a Karen, aí vi o sangue no chão… — ele fez uma pequena pausa, apontando para o rastro de sangue. — Alguém arrastou-os para cá e botou fogo neles! MATARAM E BOTARAM FOGO NELES! — esbravejou, com a voz falha devido ao choro contido.
Tyreese avança com passos brutos e contidos na direção do Grimes mais velho; caralho, eu conseguia ver a raiva brilhando em seus olhos, a forma como sua respiração pesada movia o seu tronco e a movimentação rápida das mãos. Sem pensar, eu avanço alguns passos e, imediatamente, minha mão alcança o coldre, passo o meu dedo pela alça, soltando-a do botão. Ty é uma pessoa confiável, mas quando a raiva nos toma, tudo que queremos é uma vingança, e eu sei disso porque quero acabar com aquele maldito governador de meia tigela.
— Descubra quem fez isso e traga pra mim! TRAGA PRA MIM! — esbravejou, dando mais um passo na direção de Rick, como se o culpasse por isso.
— A gente vai encontrar quem fez isso — Daryl murmurou, sem paciência, tocando o braço do homem com cautela. Tyreese então moveu o braço com força, fixando o seu olhar ainda mais em Rick.
Incrível como toda a culpa ainda cai sobre Richard, mesmo que ele nem esteja mais à frente das decisões. Parece que todos gostam de culpar ele pela merda dos outros.
— Tenho que falar de novo?
— Acho que vai precisar, Tyreese! — rosnei, tomando a frente de Rick. Inclinei a cabeça para o lado, observando-o atentamente. — Sabe, eu não entendi muito bem uma parte. É culpa do Rick ou você quer uma solução?
— Rick. — O homem me ignorou, virando o olhar para o meu pai. — Preciso falar de novo.
— Ai, céus! Minha paciência é curta.
— Nós vamos encontrar o autor disso! Eu sei o que você está sentindo, você me viu assim!
— A Karen não merecia isso, o David não merecia isso! — Ty gritou novamente, intercalando o olhar entre os corpos e Rick.
— Ninguém merece, Tyreese! — Rolei meus olhos, entediada com o homem. Não estou minimizando seus sentimentos, mas é um porre já ter várias coisas para resolver e vir mais uma pessoa querer te culpar ou ameaçar.
— Tudo bem, olha aqui!
Daryl colocou a mão no ombro do homem novamente; entretanto, dessa vez, ele reagiu com fúria, colocando a mão sobre o peito de Dixon e o empurrando na direção de uma das grades. Sua respiração pesada entregava o ódio, a vontade de matar quem fez aquilo, e não o julgo: mataria qualquer um que fizesse mal à minha família. Dei alguns passos para o lado, ao mesmo tempo em que retirei a minha arma do coldre. Logo em seguida, passei o meu dedo pela trava, ficando pronta para dar um tiro caso ele continuasse com isso.
— Eu não vou pra lugar nenhum sem respostas, porra!
— Olha, cara, estamos do mesmo lado! — Dixon murmurou, olhando diretamente para os olhos de Tyreese.
— Ei, eu sei o que você está passando; todo mundo já perdeu alguém! — Rick tentou apaziguar, mesmo que sua mão já estivesse pronta para puxar sua Colt. — Eu sei o que você está passando!
Em uma fração de segundos, Tyreese surtou, perdendo todo o controle. Ele se desvencilhou de Dixon, virando seu corpo na direção de Rick e partindo para cima do meu pai antes mesmo que qualquer um pudesse reagir.
— NÃO CHEGA PERTO DE MIM! — gritou o homem, com as narinas dilatadas e a respiração pesada.
— Ela não ia querer te ver assim! — murmurou Grimes, tentando acalmar a fúria do homem, mas, em resposta, recebeu um belo soco.
— Para! — gritou Carol, indo para cima deles, mas foi impedida por Daryl.
A raiva cega as pessoas; se Carol for até ali, algo de ruim pode acontecer e eu não vou hesitar em atirar.
O inferno se desenrolou diante dos meus olhos. Tyreese, tomado pela fúria, ignorou as súplicas de Carol para que aquela briga acabasse. Algo no semblante da mulher exalava culpa, mas pouco me importei; minha atenção voltou para os homens. Ty não parou por um segundo; golpeava Rick com toda a raiva que continha em seu corpo, como se estivesse descontando tudo ali ou culpando o meu pai por tudo isso. Rick, tentando ser sábio, manteve a compostura até onde pôde, pois logo depois estava socando o rosto do homem com toda a raiva, enfiando seu punho com força contra o rosto de Tyreese, fazendo o sangue respingar pelo concreto frio. Pisquei, tentando absorver o caos, tentando pensar em uma solução; entretanto, uma raiva descomunal tomou o meu corpo, espalhando-se por ele como um veneno de cobra.
Eu vou matar esse desgraçado. Cerrei os meus olhos, dei alguns passos e esperei Tyreese ficar por cima de Rick e socá-lo com força. Após o primeiro golpe, ergui o meu pé esquerdo e chutei o corpo do homem, fazendo-o cair ao lado da sua ex-namorada morta; achei simbólico até. Retirei a minha arma do coldre, apontando diretamente para a testa dele. Curvei um pouco o meu rosto e um sorriso irônico tomou conta da minha face. Antes de falar, passei a língua entre os lábios, umedecendo-os lentamente.
— Melhor ficar pianinho, porque, sinceramente, pena não é bem o meu forte. Principalmente se você resolver encostar no meu pai de novo. Até entendo, tá furioso, cheio de razão e os caralhos a quatro, mas sabe o que eu não entendo? Gente que acha que pode ameaçar minha família e sair impune. — Sibilei lentamente. — Então, Ty… — fiz uma pausa, deixando um sorrisinho sombrio se formar no canto da boca — se não quiser acabar como a Karen, que Deus a tenha – ou não, sei lá, não sou eu que mando lá em cima, é bom aprender a respeitar meus limites. — Pisquei devagar, mordiscando o lábio inferior. — E olha que eles são curtinhos, viu? Bem curtinhos.
— Isobel!
— O que foi, Daryl? — rosnei, virando o meu olhar para o meu marido, que ajudava o meu pai a se levantar. — Eu tenho empatia até um certo ponto; ele ultrapassou!
— Vai pra dentro, resolvemos isso aqui!
— Ah, claro. — Travei a arma novamente e a direcionei para o meu coldre. Ty, que estava jogado aos meus pés, curvou-se para o lado, começando a chorar como um bebezinho. — Nós vamos encontrar quem fez isso, Tyreese. Mas ninguém aqui tem culpa; você não tem que descontar as tuas frustrações socando a cara de ninguém, moro?
•••
Me encosto na banqueta do quarto, os olhos pregados em Dixon enquanto ele vagueia de um lado para o outro, como se tentasse encontrar respostas no próprio rastro. Os pensamentos parecem estar a quilômetros de distância, as mãos enterradas no cabelo em um gesto frustrado. Ele revira a memória em busca de algo — um detalhe, uma sombra, qualquer sinal que tenha deixado escapar. Passou a noite inteira vigiando a prisão, mas, ainda assim, a culpa se agarra a ele como um fardo invisível. Não quer que mais ninguém morra. Não sob sua vigilância.
— Se continuar andando assim, vai cavar uma cova, amor! — brinquei, cruzando os braços. — Precisamos manter a calma e investigar com cautela; não vai adiantar nada se fizermos disso um inferno na terra.
— Não entende, Isobel? Eu passei a madrugada vigiando e tentando tomar conta da prisão, mas, mesmo assim, duas pessoas morreram.
— E você não é dois, não teria como cobrir toda a prisão. — Caminhei até o homem, espalmando minha mão em seu peitoral, acariciando-o lentamente. — Vamos encontrar quem fez isso, ok?
— Eu estou frustrado, Isobel.
Confessou o homem, passando a mão pelos cabelos e afastando-os da testa antes de soltar um suspiro pesado. Dixon apoiou a cabeça no meu ombro, tentando manter a fachada de sempre — firme, inabalável —, mas eu via através da armadura. Por dentro, ele estava em frangalhos, consumido pelo cansaço e pelo peso que carregava. Daryl nunca foi bom com palavras, nunca soube como expor o que sente, mas eu aprendi a decifrá-lo. Com o tempo, ficou fácil enxergar além do que ele deixa transparecer.
— Você tem algum suspeito?
— Não faço a mínima ideia, mas vou investigar isso. Já falei com o Rick, vamos virar essa prisão de cabeça para baixo se for preciso.
— Aliás… você não achou a Carol meio estranha?
— Nem reparei, estava mais ocupado segurando o Tyreese antes que ele matasse alguém.
— Ele estava fora da casinha — sibilei, exausta, deslizando a mão pelos ombros dele.
— E você exagerou!
— Ah, qual é! O cara estava socando o meu pai, eu não tenho sangue de barata! E, só pra constar, eu não ia atirar, tá?
Daryl soltou uma risada baixa, balançando a cabeça.
— Eu te amo, sua maluca.
O homem repousou a mão contra minha cintura, puxando o meu corpo contra o seu e começando a depositar beijos em minha pele lentamente, saboreando-me. Ele está tentando, mas não vou liberar tão fácil assim; ainda estou puta de raiva.
— Eu ainda estou com raiva!
— Eu sei, e com certeza é bem mais divertido te provocar quando está com raivinha.
Passei a língua entre os lábios, mordiscando o lábio inferior lentamente. Estava prestes a aproximar meus lábios da boca dele quando dei uma risadinha contida ao sentir o homem apertar minha bunda com vigor. Sua respiração foi ficando pesada e ele apertou meu corpo contra a sua ereção. Sinto uma pontada entre as pernas, esfregando uma contra a outra. Eu ainda vou morrer de tesão por esse homem. Puta que pariu! Foco, Isobel, você está brava com ele e não pode ir para a cama. E, graças a Deus ou qualquer força do universo, uma tosse nos interrompe bem na hora. Nós nos afastamos, dando uma risadinha baixa. Em seguida, viramos o rosto para a porta e vimos Glenn parado ali, com um sorrisinho sacana estampado nos lábios.
— Eu sei que vocês são dois coelhos, mas o Hershel está nos chamando para mais uma reunião, sinto muito, o coito foi interrompido!
— Ai que boca suja, Glenn!
— Não mais que a sua Bebela — cruzou os braços, me encarando. — Aí, fico tão feliz por ter vencido a aposta, sou foda.
— Nossa vida não é um jogo, japa!
— Coreano, caipira! — retrucou, mostrando o dedo do meio. — Então, vamos ou os bonitos vão tentar fazer mais filhos?
— Que mais filhos?
— Óbvio, vocês já estão fazendo uma creche.
— Há Há Há
— Gostou? Nem foi piada — mandou um beijo — vamos? Dianna já está enchendo o saco, aquela ali tá com o diabo virado no três, parece que a raiva invadiu o corpo dela.
— Vamos logo e parar de reclamar ôh seu boca aberta.
Me afasto do meu marido, caminhando até o Rhee. Assim que chego perto, espremo as mãos contra suas costas, tamborilando os dedos distraidamente em sua pele. Jogo a cabeça para trás, tentando segurar o riso — é engraçado, no meio de tanta desgraça, ainda conseguimos nos manter juntos como uma família. E pensar nisso é meio insano. Sei lá, nunca imaginei que o fim do mundo me traria pessoas de bom coração, gente que mudaria minha vida de um jeito irreversível. No caos, encontrei laços que nunca pensei ter. De certa forma, sou grata por tudo isso.
Porque, sinceramente? Já não consigo me imaginar sem eles.
— Vamos lá, belona!
O Rhee jogou o braço contra o meu ombro, assim como fazia na fazenda. Apoio a minha cabeça em seu peitoral, sentindo uma sensação de conforto e nostalgia. Há um bom tempo não ficávamos tão próximos assim. Os momentos duros estão nos fazendo perder um pouco da nossa humanidade e ficar mais alertas aos perigos; uma droga. Escuto a risada abafada dele e bato a minha mão contra seu peitoral. Glenn aproxima os lábios da minha testa, dando um beijo estalado. Logo depois, vira o rosto por cima do ombro, mandando um beijinho para provocar o Dixon, e com certeza conseguiu, porque o homem bufou alto e logo depois acelerou o passo, típico de quando está puto de raiva.
Glenn, desse jeito o Daryl te mata; virar camiseta de saudades não é legal. Inclusive, que gosto horrível! Quem é que inventou um treco desses?
Alguns centímetros atrás de nós, podíamos escutar os passos pesados do Dixon e a respiração ofegante, como se estivesse carregando o mundo nas costas. Ultimamente, ele tem se importado mais com as pessoas do grupo, buscando sempre coisas para melhorar a convivência. E, mesmo que ele não admita, o Dixon está saindo do casulo que criou. Eu sei que ele está mal com tudo isso; também estou, mesmo que não chegue a confiar nas outras pessoas. Ainda são seres humanos, e ver que a morte anda conosco é uma grande merda. Sei como meu marido está se sentindo. E tudo que mais desejo é encontrar uma forma de aliviar tudo que ele vem sentindo, pegar o peso que ele carrega pra mim, dividir nossas dores; afinal, isso é o casamento.
Suspiro pesadamente, tombando a minha cabeça para o lado. Passei a língua entre meus lábios, sentindo um gosto amargo se formar em minha boca. Toda essa merda está por um fio, caralho. Só quero dar um jeito em tudo, matar o governador e ter a nossa felicidade de novo. Eu sei que esses mortos vão nos perseguir eternamente… mas eu só quero a paz.
— Chegamos, belinha! — Glenn batucou os dedos na minha cabeça e andou na direção da porta, abrindo-a com tudo e atraindo a atenção das pessoas. — Achei os coelhos. Podemos começar?
— Foi mal aí.
Daryl passou por mim direto, sentou-se em uma das cadeiras e apoiou os braços contra a mesa. Ele piscou algumas vezes como se estivesse esperando que os outros começassem logo; apenas queria sair dali o mais rápido possível, eu sentia isso.
— Oi, Mich — sorri para a mulher de dreads. Ela apenas acenou com a cabeça antes de me dar um soquinho leve e descontraído no ombro. — Tudo bem?
— Indo… Eloide está atentada.
— Adolescência!
— Todos são insuportáveis assim?
— A maioria, sim — brinquei, desviando o olhar para os outros sentados nas mesas. — Melhor prestar atenção, né?
— Acho que sim! — Michonne soltou um suspiro, cruzando os braços.
— Quem está doente agora? — Perguntei, me aproximando da mesa.
— Sasha, Caleb e agora os outros — pontuou Hershel, erguendo seu olhar para mim.
— Meu deus
O Dixon tombou a cabeça para baixo, balançando-a negativamente, como se estivesse desacreditado. Glenn, que estava ao lado de Hershel, estava um pouco suado e piscava descontroladamente, mudando completamente em relação ao que estava há alguns minutos atrás.
— O que vamos fazer?
— Primeiro, vamos isolar o bloco de celas para um sério confinamento, como tentamos com a Karen e o David.
— E o que a gente faz sobre isso? — esbravejou Daryl, erguendo a cabeça.
— Vou pedir para o Rick fazer uma linha do tempo de quem e de quando. Mas o que faremos para parar com isso?
— Não tem como parar! — Dianna, que estava um pouco mais escondida, surge com os braços cruzados e os olhos semiabertos. — O que estamos lidando aqui é uma infecção viral respiratória, semelhante a uma cepa severa de influenza, possivelmente H1N1 ou uma mutação derivada — explicou, pondo as mãos na cintura. — Isobel, você estudou isso na faculdade?
— Sim, não sei se me lembro de tudo, mas… — respondi, vasculhando minha memória em busca das doenças que já estudei e das formas de tratamento. As informações vinham em flashes, fragmentadas, como páginas soltas de um livro. Algumas eu lembrava com clareza, outras pareciam escapar, mas uma coisa era certa: qualquer conhecimento agora podia ser a diferença entre vida e morte. — O vírus se espalha rapidamente pelo ar e pelo contato com secreções contaminadas, atacando o sistema respiratório e desencadeando uma resposta inflamatória intensa nos pulmões — falei alto o suficiente para atrair a atenção de todos. Meus olhos estavam fechados, como se estivesse explicando mais um dos meus seminários na faculdade. — Os sintomas iniciais incluem febre alta, calafrios, fadiga extrema e tosse persistente, mas, conforme a infecção avança, os pacientes desenvolvem hemorragia interna, falência respiratória e choque séptico.
Tudo saiu com tanta facilidade; pensava que não conseguiria me lembrar de mais nada disso. Boa parte disso se deve ao meu desejo de esquecer minha vida antes do apocalipse, mas agora… meus conhecimentos de medicina básica podem ser a diferença entre a vida e a morte.
— Exatamente, ponto pra Grifinória — brincou Dianna, voltando seu olhar para os outros.
— Mas acaba matando! — afirmou Michonne, ainda no canto da sala.
— Não exatamente; a doença não, mas os sintomas, sim! — explicou Hershel, batucando os dedos na mesa.
— E como vamos lidar com isso? — Dessa vez, foi Glenn quem se pronunciou.
— Sem antivirais eficazes, a taxa de mortalidade é altíssima. E considerando que todos aqui já carregam o vírus que nos transforma em Franklin Satin, qualquer um que pegue essa droga de gripe não só morre – se transforma. — respondi, apoiando as mãos na cintura.
— Já fomos a muitas farmácias da região e a muitas outras — lembrou Daryl. Em nossa última busca, mal conseguimos encontrar remédios eficazes.
— A faculdade de veterinária na West Peachtree Tech é um lugar onde as pessoas não devem ter ido atrás de medicação; os remédios para animais que têm lá são os mesmos que servem para tratar.
— São oitenta quilômetros. Antes era muito arriscado, mas não é mais — pontuou o homem, erguendo-se da cadeira. — Eu vou levar um grupo comigo; não vamos perder mais tempo.
— Eu vou — disse Mich, dando alguns passos à frente.
— Você não foi exposta; o Daryl foi. Se entrar no mesmo carro que ele…
— Ele já me passou pulgas! — brincou Michonne, arrancando uma risadinha de todos.
— Também vou — Dianna se prontificou, colocando as mãos na cintura. — Conheço alguns remédios… Sei que sou psicóloga, mas ainda tenho um certo conhecimento em medicina. Antes de escolher Psicologia, fui técnica de enfermagem.
Ela falou com firmeza, como se estivesse pronta para provar que podia ser útil. E, honestamente? Qualquer ajuda era bem-vinda agora.
— Dianna todo dia tira um coelhinho da cartola! — brincou Carol.
— Gosto de ser útil!
— E você?
— É melhor eu ficar; posso ajudar o Hershel e o doutor S. Era o meu sonho ser médica e, se de alguma forma posso ajudar, que seja com essas pessoas — afirmei, passando meus dedos pela bochecha do Dixon. — Se cuida, prometo ficar bem daqui!
— Eu sei!
— Tem outras precauções que vamos precisar tomar! — Greene pontuou, antes de todos se afastarem.
— Qual?
— Não sabemos quanto tempo Daryl e o grupo ficarão longe. Não seria melhor separarmos os mais vulneráveis? Podemos usar o prédio da administração.
— Quem são os mais vulneráveis?
— Os mais jovens.
— E os mais velhos?
— Vão ter que se proteger sozinhos — respondi, umedecendo os lábios. — Vou separar as crianças, colocá-las na sala e, em seguida, vou para o bloco de celas.
Hi Babies.
Como estão?
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MARATONA: 1/4
AURZTWD 🌶️
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