– Não – foi a resposta de Yoongi quando Taehyung perguntou se Jimin poderia ficar na casa deles.

O casal não havia dormido na noite anterior depois dos acontecimentos, eles destruíram o revólver e passaram o tempo todo pensando no que fariam, Jimin com certeza não iria mais à floricultura e, certamente, ninguém mais estava seguro. E foi pensando nisso que ele pediu para o namorado para se instalar na residência dele, obviamente, com a permissão de Yoongi, que ao escutar a história e receber esse questionamento, deu essa resposta negativa.

– Hyung – Jimin se pôs na frente dele e começou a falar, estavam os três na frente da casa dos dois sobrenaturais e o sol estava nascendo. – Eu entendo o seu ponto de vista, sei que está temendo que com a minha estadia por aqui, eu possa atrair os caçadores.

– Sim.

– Mas essa é a questão, eles virão aqui de qualquer jeito. Se conseguiram descobrir que vocês são bestas, então descobrir o endereço de vocês nem vai ser difícil, isso se já não tiverem descoberto, então, independente de eu estar aqui ou não, eles irão vir pra matar vocês. E é exatamente por isso que eu quero ficar. Seokjin hyung tinha tudo pra me matar, mas não conseguiu porque eu usei os meus poderes, sou um bruxo agora, mesmo em desenvolvimento, e eu quero estar aqui pra defender vocês quando os caçadores vierem, pra acabarmos logo com isso.

Ao ouvir aquelas palavras, Yoongi se aquietou e começou a refletir. Jimin tinha razão, depois de tudo o que havia acontecido, depois que ele havia literalmente sofrido uma tentativa de assassinato por parte do (ex) amigo caçador, era inviável que ele ficasse do lado deles, além do mais, ao dar uma última olhada dentro dos olhos do Park, sentiu que não tinha como ele estar sendo falso, no fundo, ele sabia que Jimin estava querendo o bem deles.

Então, depois de longos e tortuosos instantes de silêncio, o mais velho abriu a boca e respondeu:

– Está bem, você pode ficar.

Jimin soltou ar pela boca, aliviado.

– Obrigado, hyung – ao dizer isso, ele abriu os braços e caminhou até Yoongi, abrançando-o, esse o retribuiu. – Eu prometo que não vou deixar nada acontecer com vocês, eu vou resolver isso.

– Eu quem agradeço, por isso – Yoongi respondeu e então os dois se desfizeram do abraço.

Taehyung se aproximou, sorrindo, e Jimin pôs sua moto na garagem, pegou a mala que havia trazido com algumas roupas e a levou para o quarto do namorado quando os três adentraram a casa.

Ninguém dormiu ou descansou por aquelas primeiras horas, os dois homens-tigres nem precisavam disso, mas Jimin sim, todavia, ele preferiu esperar para depois que os outros tomassem café da manhã e seguissem com seus dias, ele em particular não quis comer, apenas porque não sentia vontade no momento.

Depois que Taehyung vestiu suas roupas sociais para ir trabalhar, Jimin o acompanhou até a calçada e, na hora de se despedir, o Park falou a ele:

– Espere... – ele retirou o colar que havia feito de amuleto do pescoço. – Use isso, eu coloquei um feitiço de proteção, mesmo que eu já tenha poderes, quem sabe estar com ele também não tenha me ajudado ontem à noite. Quero que também te proteja.

– Certo, amor – Taehyung respondeu.

Então Jimin se ofereceu a pôr o amuleto no pescoço dele, logo depois, ambos se aproximaram, seguraram suas mãos elevadas à altura do peito e juntaram suas testas, sem se importar com as pessoas que já começavam a movimentar a rua.

– Eu te amo – Jimin falou.

– Eu também te amo – Taehyung respondeu.

Assim o mais alto se afastou e seguiu seu caminho pela rua para chegar à estação de ônibus mais próxima, e o outro não tirou os olhos dele até que esse dobrasse a esquina, saindo de seu campo de visão. Após isso, Jimin entrou na casa, já sentindo todo o cansaço dos últimos eventos e da falta de descanso caírem sobre seu corpo. Na sala, Yoongi já se direcionava ao consultório para esperar seus pacientes, ajeitando as mangas de sua blusa social azul enquanto usava uma calça do mesmo tipo, porém preta.

Quando deu de cara com o mais novo e seu ar de exaustão, ele disse:

– Você pode ir dormir se quiser, ainda é manhã, tenho certeza de que se os caçadores decidirem vir aqui hoje, será à noite.

– Sim, com certeza, é o momento pra caçar – Jimin respondeu antes de bocejar.

– Vá tirar um descanso, até porque, se quiser enfrentar os caçadores, vai precisar ter forças pra isso, e não é exausto que você vai ter essas forças.

– Certo, hyung, você tem razão.

Jimin se arrastou até o quarto de Taehyung e lá retirou seus acessórios e sua jaqueta, deixando que a blusa sem mangas deixasse suas tatuagens à mostra, e se jogou na cama. De fato, precisava dormir nem que fosse por apenas três horas, temeu não conseguir por conta da perturbação na qual sua mente se encontrava no momento, porém logo o quarto foi invadido por uma presença tranquilizadora que fez ele se sentir calmo, sabia que era um de seus pais.

Então antes mesmo que percebesse, ele adormeceu.

Ele realmente não dormiu muitas horas, mas as quatro que passou adormecido já foram o suficiente para ele se visse mais repousado. Quando acordou era meio-dia, desceu para a cozinha, encontrou Yoongi preparando o almoço e decidiu ajudá-lo a terminar.

Depois de um almoço bem escasso, não por falta de comida mas sim porque ainda não sentia tanta vontade de comer, Jimin decidiu dar uma breve faxina na casa enquanto Yoongi voltava ao trabalho. Ele lavou a louça, limpou os móveis, o chão da casa. Durante a limpeza sentiu a falta de algo e então se lembrou de que ali não haviam plantas igual o seu apartamento e desejou poder ter trazido nem que fossem duas, mas já era tarde para pensar nisso.

Depois disso ele foi ao banheiro para atender ao chamado da natureza, no entanto, quando se viu no espelho e viu as tatuagens, ele passou um bom tempo a olhar para a tatuagem de adaga no ombro esquerdo enquanto sentia uma sensação estranha de vazio, aquela tatuagem já não fazia mais sentido em seu corpo, na verdade, nunca fez, Jimin nunca a achou bonita, havia feito apenas para simbolizar a aliança entre os caçadores, aliança essa que havia rompido na noite anterior.

Ele ficou pensando no que faria com ela depois de tudo. Retiraria? Cobriria com outra por cima? Bom, a única coisa que ele sabia, é que jamais ficaria com ela do jeito que estava, gravando aquela união quebrada no seu corpo para o resto de sua vida.

E foi enquanto ainda analisava o que poderia fazer em relação àquela tatuagem que novamente sentiu a boa presença de mais cedo, dessa vez o ancestral mentor que estava ao seu lado lhe falou, era sua mãe.

– ...Jimin-ah...

– Omma? – ele perguntou em voz baixa. – O que foi? Quer conversar comigo?

Jimin não ouviu uma resposta verbal, mas algo em sua intuição confirmou que sim, então ele fez o que tinha de fazer no banheiro e depois seguiu para o quarto de Taehyung outra vez. Quando chegou, ele se sentou na cama na posição de meditar e se concentrou, aos poucos foi sentindo a presença de sua ancestral se tornar mais forte e com isso a ouviu falar outra vez:

– ...Jimin-ah...

Ele abriu os olhos e contemplou a visão dela sentada na sua frente, do mesmo jeito etéreo e sobrenatural e usando as mesmas roupas tradicionais de antes, foi então que ele respondeu:

– Oi, omma.

– ...Eu sinto muito pelo o que aconteceu... – ela se apressou em dizer. – ...Seu pai e eu tentamos te alertar, mas também não podíamos interferir nos seus atos, é claro que você tinha o total direito de ir ver quem tinha invadido a sua casa...

– Eu sei, omma, desculpa não ter ouvido.

– ...Está tudo bem, já é passado. O que importa é que você conseguiu se defender e eu consegui falar com o seu companheiro para que ele não fosse embora e corresse até a sua casa...

– Sim, ele me contou que uma voz pediu pra ele subir ao invés de sair – Jimin sorriu. – Na hora eu deduzi que seria você ou o appa.

– ... Fui eu... – Jimin viu na imagem dela um ar de sorriso. – ...Bom, agora você já sabe qual caminho você irá seguir, estava em dúvida entre ficar com os caçadores e os seus novos amigos...

– Sim, minha dúvida foi sanada, mesmo que da forma mais difícil – ele soltou ar pelo nariz, tentando não tornar o momento tão tenso.

– ...E acredito que agora você também sabe a resposta daquele questionamento que eu lhe deixei...

– Questionamento? – ele fez uma expressão de dúvida, até que se lembrou. – Ah! Sim! Foi aquele questionamento sobre o porquê que não existem bruxos caçadores, não é?

– ...Esse mesmo. Você já sabe a resposta...?

– Creio que sim. Não existem bruxos caçadores porque nós reconhecemos que existem bestas que são boas, não é? E por isso não faz sentido caçar todas, já que existem várias que não merecem isso. Estou certo?

A ancestral mentora ainda demorou alguns segundos para respondê-lo.

– ...Na verdade, esse está mais para um segundo motivo, mas sim, você está certo...

– E qual seria o primeiro? – ele inquiriu.

– ... Você se lembra qual foi a última frase que ouviu Seokjin dizer antes de tentar atirar em você...?

– Hmm... – Jimin fechou os olhos, procurou na memória, depois abriu outra vez. – Sim, eu lembro, ele disse... "morra como um monstro" - relembrar isso o fez engolir seco.

– ...Então, meu bem, o principal motivo por que não existem bruxos caçadores, é porque durante muito tempo, nós também fomos caçados...

Ouvir isso fez com que a mente de Jimin se expandisse, fazendo-o esboçar uma expressão de choque e confusão.

– Nós... fomos?

– ...Sim... tudo bem, é natural que você não saiba, você não teve ninguém para te dizer. Mas sim, nós bruxos fomos por muito tempo caçados por sermos bruxos, éramos vistos como se fossemos bestas... só depois de muito tempo os caçadores reconheceram que nós também somos humanos, humanos com magia, mas humanos, então passaram a não nos caçar e nos tratar como iguais... mas até hoje nós jamais nos propomos a caçar bestas ou até mesmo ajudar caçadores a fazer isso, pois além de reconhecermos que nem todas as bestas são ruins, não seria coerente da nossa parte fazer eles sofrerem o que nós sofremos...

"...Sabemos que existem bestas que se entregam de vez ao lado sombrio, e com essas nós lidamos usando nossos poderes, a Superonis foi criada com esse intuito muito antes dos caçadores existirem... mas é claro, às vezes nem nossos poderes são o suficiente, como ocorreu na noite em que nós partimos, haviam mais monstros do que nós e lobisomens são fortes demais para os nossos poderes..."

Jimin não soube como se sentir naquele momento, estava perplexo, envergonhado por ter passado praticamente todos os anos da sua vida ajudando os caçadores sem saber que bruxos não faziam isso, o que ele podia fazer a respeito? Nem sabia que era capaz de ser um bruxo, mesmo que toda a sua família fosse. Mas logo após sentir essas emoções confusas, aos poucos, ele começou a sentir uma espécie de alívio, de realização, sentiu como se, finalmente, estivesse se libertando do compromisso com os caçadores de vez.

Ele já não devia nada mais a eles, já não precisava mais daquilo, ele era um bruxo, bruxos não são caçadores.

– É realmente uma luz saber disso, omma – ele falou.

– ...Que bom, meu bem... – disse ela com voz suave. – ...Então, você está pronto pra tirar esse outro peso da consciência...?

– Omma – Jimin sorriu. –, eu já tirei.

Algo dentro dele vibrou de satisfação depois que proferiu aquelas palavras, ele assistiu a figura de sua mãe sorrir para ele também.

– ...Isso é uma felicidade muito grande, Jimin-ah... – ela falou, então olhou para o lado, na direção da porta do quarto. – ...Bom, é hora de encerrarmos, ainda mais, tem outra pessoa querendo falar com você...

– Quem? O appa? – ele perguntou, curioso, mas ela negou com a cabeça, e então Jimin ouviu passos do lado de fora. – Yoongi hyung?

– ...Não, o vampiro. Escute bem ele, está precisando dos seus conselhos...

E dizendo isso, ela desapareceu, deixando Jimin ainda mais curioso. Antes de mais nada, ele olhou para a janela do quarto, vendo que o sol já havia se posto a um bom tempo, depois começou a se perguntar o que Jungkook queria ouvir dele e como sabia que ele estava ali.

Ele não teve mais tanto tempo para pensar, pois logo ouviu o vampiro bater na porta do quarto, apenas por educação, e com isso respondeu que ele poderia entrar.

– Jimin-ssi – ele o cumprimentou ao adentrar o cômodo.

– Olá, Kook, como vai? E como sabia que eu estava aqui?

– Eu conversei com o Taehyung pelo telefone e ele me contou o que tinha acontecido – ele se sentou na beira da cama. – Então eu senti uma necessidade de vir aqui e conversar com você.

– Hmm, certo, mas conversar o quê? – Jimin tombou a cabeça para o lado, ainda tentando entender o que estava se passando.

– Bom, eu só queria saber uma coisa... como você e o Taehyung tiveram coragem de manter a relação de vocês sabendo de todo esse perigo que vocês corriam?

Jimin se viu praticamente encurralado com aquela pergunta, queria entender o propósito de Jungkook com ela, mas, por hora, ele respirou calmamente e respondeu:

– Bem, Jungkook, tiveram vários fatores na verdade. Primeiramente, sim, nós fomos loucos em formar essa relação porque nos gostamos muito e não estávamos querendo ficar longe, na verdade, eu diria que nem conseguíamos ficar, parecia que tudo ao nosso ao redor nos arrastava um para o outro. Mas eu acho que o motivo principal é que além de nos gostarmos, nossa relação nos faz bem, simples assim! Nós nos fazemos bem e, no meu caso, ter essa relação com o Taehyung começou a me dar esperanças e força de vontade para lutar por uma vida sem trabalhar com os caçadores, sabe, eu nunca gostei disso de verdade.

– Entendo... – Jungkook comentou e se fez pensativo.

– Mas agora eu queria entender o porquê dessa pergunta, Kook.

O vampiro demonstrou um certo receio em contar, olhou para baixo, depois respirou fundo, mesmo que não precisasse disso, e então tornou a olhar para o amigo, respondendo:

– Eu queria ter a mesma coragem que vocês dois... em relação ao Yoongi...

Jimin notou que já era a terceira vez que ele tratava dos amigos sem usar o termo "hyung", será que significava alguma coisa? Que ele estava tentando aceitar que era um vampiro de centenas de anos?

– Ah, Kook – disse o Park. – Não é tão difícil assim pra vocês, na verdade, não é nem um pouco difícil, não tem nada que impeça de vocês dois ficarem juntos, o caminho está livre.

– Na verdade, tem uma coisa sim, a minha imortalidade.

– E no que ela interfere?

– Eu sou imortal, mas ele não é, mesmo que homens-tigres vivam muito mais do que os seres humanos, um dia eles morrem... um dia Yoongi vai morrer, não só ele, Taehyung também vai, você também vai, e eu vou ficar sozinho, de novo.

O vampiro fez uma expressão que partiu o coração de Jimin, com certeza, se ele não fosse literalmente um morto-vivo e fosse capaz de produzir fluidos, seus olhos estariam lacrimejando. Quando Jimin estava prestes a falar, Jungkook comentou:

– Acho que eu nunca devia ter deixado de ser, pra começo de conversa, pelo menos não precisaria passar por isso...

– Ei, pare com esse pensamento! – advertiu Jimin. – Me responda uma coisa, você é feliz conosco? Se sente feliz quando está entre nós?

– Sim...

– Isso é o que importa. E daí se um dia vamos morrer? Qual é a relevância disso agora? Isso são contas do futuro distante.

– Para vocês que são mortais é um futuro distante, mas para mim, que sou imortal, nenhum futuro é distante...

– Se você se lembrar de viver o presente, é sim! Jungkook, eu sei que você já passou por muitas perdas na sua vida...

– Sabe? – Jungkook perguntou, o interrompendo.

– Sim, sei, o Taehyung me contou – quando ele disse isso, o vampiro o olhou com uma expressão de quem diz: "Eu já devia saber", mas não falou nada. –, ele me contou da sua esposa, da vida que você tinha no começo e tudo mais. Me diga, mesmo que não tenha durado pra sempre, você não foi feliz com a sua esposa e os amigos que você tinha na época?

– Fui até ser transformado em vampiro e todos não me quererem mais por perto – Jungkook se lembrou disso com um gosto amargo na língua, desejou que fosse veneno ao invés de tristeza.

– Eu sei, mas agora você está entre nós que não vamos deixar você pelo o que você é, seremos os seus amigos até quando ainda for possível, e esqueça que no futuro iremos partir, ao invés de pensar nisso você devia se ocupar em continuar sendo feliz por agora, aproveitar os momentos de agora, pare de sacrificar a sua felicidade a troco de nada. Me diga o que é melhor, viver o que você deseja viver com o Yoongi hyung, ser feliz e sofrer apenas depois que ele se for ou reprimir os seus sentimentos durante esse tempo todo, passar esses anos todos sofrendo e sofrer mais ainda quando ele partir?

Jungkook abaixou a cabeça e olhou para o chão, taciturno. Logo depois voltou a olhar para ele com um olhar expressivo.

– Odeio admitir, mas você tem razão – ele disse.

– Não se preocupe com o que irá acontecer com você no dia em que ele e nós nos formos, você é forte, vai conseguir seguir em frente. Você mesmo é um exemplo disso, quando você perdeu a sua esposa e os seus amigos, aposto que doeu de um jeito que você achou que nunca mais fosse superar, certo? – Jimin perguntou, e ele assentiu. – Mas agora, olhe pra você, você conseguiu superar, conseguiu fazer amizades de novo e está amando de novo, Jungkook, você superou a dor que sentiu.

– Pra falar a verdade, eu não sei nem se eu superei, ainda dói lembrar de tudo...

– Talvez tenha sido pelo jeito que terminou, tão de repente e contra a sua vontade.

– Sim, com certeza foi isso.

– Mas agora a situação é diferente, com pessoas, ou melhor, criaturas diferentes – Jimin sorriu, e Jungkook também. – Não vai ser do jeito que foi da última vez, Kook, dá pra perceber e acreditar, então, por que você ainda está se privando de ser feliz agora? Não acha que você merece isso depois de tantas décadas de solidão?

Mais uma vez Jungkook fez silêncio enquanto olhava para um canto do quarto, e novamente Jimin teve a impressão de que, caso ele fosse capaz de produzir fluidos corporais, estaria com lágrimas nos olhos.

– É... – disse o vampiro, por fim, com uma voz falha. – Eu acho que eu mereço sim.

– Então seja.

– Eu vou tentar – havia um certo medo e insegurança no olhar dele.

Observando isso, Jimin sorriu com os lábios unidos e se inclinou para dar dois tapinhas no ombro dele, dizendo:

– Você vai conseguir.

– Obrigado – Jungkook falou enquanto se levantava.

– Já vai?

– Não. Vou ficar aqui para enfrentar os caçadores com vocês se for preciso.

Jimin anuiu com uma expressão de gratidão.

– Obrigado – disse, antes de pensar em algo. – Aliás, eu posso te fazer uma pergunta?

– Você já tá fazendo – Jungkook deu uma risada nasal. – Mas faça a outra.

– Se não for inconveniente, me responda, quantos anos você tem, de verdade?

Surpreendentemente, Jungkook não fez nenhuma pausa nem demonstrou receio antes de responder:

– Tenho duzentos e treze anos.

– Hmm, que legal – Jimin não conseguiu esconder o sorriso travesso. – Entendido, ahjussi.

Nesse momento, ele viu Jungkook semicerrar os olhos antes de avançar em si com tudo, Jimin não conseguia parar de rir mesmo quando ele dizia:

– Me chama disso de novo e eu vou sugar cada gotinha do seu sangue até que você seja só um pedaço de carne seca atada a um esqueleto.

– Claro, e depois o Taehyung te mata e faz um banquete com você, mesmo que a sua carne seja ruim – rebateu Jimin entre risos.

Jungkook saiu de cima dele ainda com um olhar sério enquanto ele ria, depois, o vampiro forçou uma expressão ofendida.

– Também não precisa humilhar.

Após recuperar o fôlego, Jimin teve outro pensamento e, novamente, falou com o outro:

– Ah! Só mais uma coisa, essa é mais séria, prometo.

– Hum, manda – Jungkook cruzou os braços.

– Aproveitando que eu te dei conselhos, quero te pedir um também – ele virou os ombros de lado de maneira a deixar a tatuagem de adaga do ombro esquerdo bem à mostra, em seguida apontou para ela. – Hmm, eu estava pensando no que eu iria fazer com essa tatuagem, ela é o símbolo da aliança dos caçadores, só fiz por causa disso, mas se eu pudesse só teria tatuagens de flores, que é o que eu realmente gosto. E agora que eu já não sou mais parte da equipe dos caçadores eu estou querendo menos ainda ela no meu corpo, então o que você me recomenda, que eu retire ela ou cubra com outra por cima?

Jungkook tombou a cabeça para o lado e pensou por alguns segundos, até que perguntou a ele:

– Já pensou em completar ela com alguma outra coisa e ressignificar?

Jimin o olhou confuso – Como assim?

– Veja bem, ao invés de cobrir ou retirar, já que você gosta de flores, que tal se você tatuasse algumas meio que brotando nessa adaga? Desse jeito, iria significar que antes você fazia algo que não gostava, mas agora se libertou disso, e as flores floresceram porque você não usa mais a adaga, entende? Ressignificar.

Jimin se levantou rapidamente da cama com uma expressão de surpresa, como se tivesse sofrido uma iluminação na mente.

– Nossa, verdade...

– Inclusive, você bem sabe que eu sou tatuador nas horas vagas, então pode contar comigo para fazer o trabalho.

– Está bem, obrigado – ele sorriu com afeição. – Jeon Jungkook, você é um gênio!

Jungkook deu de ombros enquanto sorria de lado.

– Me diga uma coisa que eu não sei.

🗡️

Então meus amores, eu já posso falar?

Nós já estamos na reta final da história, só faltam quatro capítulos + o epílogo, o que vocês acham que vai acontecer dentro desse tempo? Podem falar seus palpites, caso tenham algum.

E por hoje é só, não esqueçam da estrelinha, de comentar pra eu saber o que vocês estão achando e até o próximo! 💜