Capítulo 02 - Olhar felino
Jimin seguiu a criatura por exatamente oito quarteirões, chegando a sair de Changjeon e adentrar em Sinchon, andando devagar na moto, sempre parando em esquinas e esperando o ser virar na próxima que iria para continuar seguindo-o, afinal, ele possuía sentindos apurados assim como qualquer criatura da noite, seria falta de inteligência seguir ele explicitamente na estrada, ainda por cima, naquela hora.
Finalmente a besta chegou a um ponto de parada, em um bar com fachada de letras neon e parede com textura de tijolos e adentrou o local, Jimin observou com atenção do ponto onde estava e então se aproximou e estacionou sua moto, assim podendo entrar.
Aquele era um dos poucos bares gays que ele conhecia em Seul e ainda assim, nunca havia o frequentado, por dentro era um ambiente agradável, de cores quentes. A presença da tal criatura foi avistada bem próximo, no balcão do bar, onde ela estava sentada com seu casaco felpudo de cor bege que possuía algumas manchas, como listras, pretas, pela aparência do rosto, tudo indicadava que era um homem.
Aproveitando todo aquele envolvimento de dentro do bar e também aproveitando o fato de que a cadeira ao lado dele estava desocupada, Jimin se adiantou em andar até ele e se sentar, deixando as mangas do casaco caírem um pouco e mostrarem parte de seus ombros.
Agora que finalmente estava bem ao lado, quase cara a cara com a tal besta, teve a confirmação de que era um homem e bem bonito por sinal, de cabelos pretos com uma franja repartida mais para um lado, rosto quadrado, lábios róseos e olhos claros, a cor Jimin ainda não conseguia distinguir. Ele pensou em talvez interagir com o tal monstro disfarçado para tentar descobrir qual criatura ele era afinal, então ajustou sua postura, olhou-o rapidamente e disse:
– Boa noite.
– Boa noite – respondeu o ser com uma voz grave que impressionou-o.
– Belo casaco – ele comentou, apenas para gerar assunto.
– Muito obrigado – o sobrenatural o respondeu novamente, mas sem nem ao menos olhar para ele direito e dar espaço para uma conversa, pelo o que parecia, era bem reservado.
O barman chegou, trazendo uma garrafa e um copo para o moço do casaco felpudo.
– Sozinho? – Jimin perguntou.
– Sim – ele respondeu e dessa forma o outro deu um sorrisinho zombeteiro.
– Beber uma garrafa inteira dessas e sem compainha... parece coisa de alguém que está sofrendo por amor.
O sobrenatural, que enchia um pouco de seu copo, olhou para ele parecendo confuso e ao mesmo tempo aparentando dizer com o olhar: "Que ousadia", então logo em seguida deu uma risada soprada, depois ergueu o copo à boca para levar um gole para dentro e respondeu:
– Não, eu não estou sofrendo por amor. Há muitas coisas mais importantes na minha vida nas quais eu tenho que me preocupar.
Nesse momento aproveitou para dar uma olhada em seus olhos, o ser possuía um olhar muito diferente e não era só o fato de que suas íris eram verdes mesmo ele sendo coreano, havia algo anormal nele, era um tanto atraente e ao mesmo tempo feroz, e Jimin pôde ter a certeza de que as pupilas dele pareciam levemente estreitas dentro das íris, assim como os olhos de um felino.
Felino, felino...
Ele buscou em suas memórias de estudos sobre monstros e criaturas sobrenaturais alguma em que aquela característica se encaixasse, procurou bem afundo, até que somente um único ser veio na sua lembrança.
Um... homem-tigre?
Os homens-tigres eram e são uma lenda popular na ásia, um ser humano que pode se transformar em uma fera felina, especialmente em tigre, por conta de uma maldição, quase como os lobisomens, a diferença, é que os homens-tigres não dependem da lua cheia e nem da noite, podem fazer isso quando bem querem.
E isso era tudo o que Jimin sabia sobre eles e, por sua vez, nunca viu um pessoalmente, não se sabe se é porque esses preferem florestas e eram escassos nas cidades, ou se estavam em processo de extinção por conta de caçadas antigas, já que existiam em abundância em regiões asiáticas. Ainda assim, não se podia ter certeza de que aquele ser era, de fato, um homem-tigre, ainda não haviam provas suficientes daquilo, no momento, aquela era somente uma hipótese.
– ... E você? Está sofrendo por amor? – o possível felino o perguntou antes de dar uma risada baixa com tom de sarcasmo. – Está sozinho... ou está esperando alguém?
– Nem um e nem outro – disse Jimin, também rindo baixo. – Eu nem pretendo tomar uma garrafa sozinho, só um copo ou outro, estou aqui mais atrás de me divertir, se eu encontrar alguém pra fazer isso, melhor.
– Pois eu acho que você acabou de encontrar – o outro sorriu sugestivamente para ele, que retribuiu, então se voltou para a direção do barman e chamou-o. – Mais um copo, por favor!
O homem assentiu e logo trouxe o copo, imediatamente o sobrenatural arrastou-o no balcão até Jimin e se pôs a despejar bebida nela, colocando mais um pouco no seu assim que terminou.
– Bem, eu espero que não esteja querendo competir força pra beber, não tô querendo me exibir, mas não vai passar bem.
O moço deu uma risada grave e ao ver de Jimin, um tanto sexy.
– Eu não quero competir, só me divertir com você, gracinha – Jimin precisou ignorar a sensação estranha que se manifestou em seu estômago ao ouvir a última palavra para manter sua postura.
Aquela fala por si só foi totalmente sugestiva, Jimin até que não ligou e, de repente, não pareceu uma má idéia fingir estar interessado no possível felino só para atrair ele e facilitar sua captura e seu abate.
O outro moço começou a beber sem muita pressa, parou na metade por conta da força da bebida, depois olhou para Jimin e uma expressão de surpresa se fez em sua face quando viu que o rapaz havia simplesmente acabado de virar o copo inteiro e inclusive estava pegando um guardanapo para limpar o líquido que havia escorrido pelo canto dos seus lábios.
Com isso, talvez querendo impressionar, ele também virou o resto do seu e alguns segundos depois de colocar o copo de volta na bancada, pôs suas mãos na testa e no rosto e grunhiu, dizendo logo depois:
– Aahh... péssima idéia...
– O que foi que eu te falei? – Jimin riu, um tanto desdenhoso.
Após dizer aquilo, Jimin notou uma diferença no olhar do outro, não estava mais tão feroz como os de um tigre, mas sim pacíficos e com pupilas totalmente redondas como os de um gatinho e logo depois, ele também presenciou um sorriso quadrado se manifestar no rosto do moço, seguido de uma risada leve e grave.
– Você é mesmo uma graça, gracinha – comentou logo depois.
Aparentemente o plano de simular algum desejo nele seria de fato o mais válido, pois o tal ser já começava a cair de joelhos por Jimin em poucos instantes (e ele até gostava disso) e tomando isso como objetivo, ele pôs um pouco do soju que moço havia pedido no copo e continuou com a conversa.
– ... Espere, acho que eu conheço aquele ali... Jimin-ah! – uma voz chamou por ele.
Jimin olhou para a direção de onde a mesma soava e viu um outro moço acenando para ele, encostado numa mesa de bilhar, tendo cabelos pretos e longos, uma camisa de botões azul e uma calça preta, Jimin o reconheceu como Taemin, um amigo seu do colegial.
– Só um minuto – disse ele ao suposto felino antes de sair, e o mesmo o observou se dirigindo rumo à mesa de bilhar, mordendo seu lábio inferior de forma discreta.
– Aqui – disse Taemin aos outros companheiros quando Jimin chegou e em seguida pôs seu braço sobre os ombros dele. – Esse foi um dongsaeng meu da escola, se eu não acertar essa tacada, o meu dinheiro vai pra ele.
Os outros companheiros riram com certo desdém, e Jimin apenas cruzou os braços aguardando a jogada de Taemin. O mais velho se preparou bem, estudou a própria tática por bons e longos segundos e então finalmente fez a sacada, a bola branca bateu na bola 9, que percorreu a superfície da mesa, batendo nas laterais várias vezes até parar na beirada da caçapa e nesse instante quase todos achavam que ela iria não iria cair, mas Jimin, que já havia calculado a trajetória dela na mente, apenas aguardou mais alguns segundos até que ela pendesse e caísse.
– É, não foi dessa vez – Taemin riu para Jimin.
– Se for pra jogar bola 9, que seja com alguém que não é bom em física – comentou o mais novo.
– Tem razão, principalmente com os melhores das classes – o mais velho piscou para ele. – Tipo a gente.
Os demais trocaram comentários entre si e logo concordaram junto de Taemin que já era hora de encerrar o jogo e se aquietar com algumas bebidas em uma mesa, Jimin foi convidado, mas recusou alegando que já estava acompanhado, o que não era mentira, depois disse que precisava ir ao banheiro, que também não era mentira, pois afinal, ele precisava de um lugar com privacidade para ligar para Seokjin.
O banheiro ficava logo depois de um espaço designado para pessoas dançarem ou só se falarem enquanto se tocava música ao vivo. Jimin atravessava esse espaço vagarosamente enquanto olhava o celular e até parou na metade do caminho para discar com mais atenção o número do amigo, até então sentir duas mãos repousarem em sua cintura e um nariz encostar na sua nuca e respirar nele, provocando um leve arrepio no mesmo antes dele ouvir uma certa voz grave dizer perto do seu ouvido:
– Você tem um cheiro doce...
O cérebro de Jimin entrou em alerta, afinal, aquilo havia sido apenas um gracejo ou por acaso era também uma afirmação discreta de que ele possuía o cheiro digno de um banquete? Não se podia esperar algo diferente vindo de um monstro.
– Qual é mesmo o seu nome? – perguntou o moço.
– Como? – inquiriu Jimin, mesmo que houvesse entendido muito bem o que ele perguntou.
– O seu nome, gracinha.
– Park Jimin – o moreno respondeu, não enxergava problemas em dizer seu nome verdadeiro para ele, pois de qualquer forma, ele não se lembraria de nada quando sua cabeça estivesse na coleção de troféus de Seokjin. – E o seu?
– Kim Taehyung – o mais alto respondeu enquanto Jimin se virava de frente para ele. – E quantos anos você tem?
– Vinte e quatro, e você?
– Jura? O mesmo – ele riu. – Legal, quem é o hyung aqui?
– Acho que não precisamos de um, não é? – disse Jimin, pouco importaria quem era o hyung daquela relação, já que ela nem iria existir por muito tempo.
– Concordo com você – Taehyung exibiu seu sorriso quadrado novamente, Jimin até que achava ele bonito.
Mais uma música havia começado a tocar no espaço pelo cantor e sua banda, uma música no estilo indie e calma também, Taehyung, que não havia deixado de olhar para Jimin sorrindo, segurou sua mão é perguntou:
– Quer dançar?
– Ah...
O mais baixo analisou a situação, o que seria melhor, dizer que iria ao banheiro e ligar para Seokjin primeiro ou deixar para fazer isso depois de dançar? A primeira opção parecia a mais certa, quando ao mesmo tempo, a música envolvia o ambiente de uma maneira totalmente convidativa, desenvolvendo nele uma verdadeira vontade de dançar.
Mas vontade não supera o que é necessário...
– ... Claro... – ele finalmente respondeu, ignorando sua consciência, tomando as mãos de Taehyung e notando o quão grandes eram comparadas às suas, assim dando continuidade ao que ele intitulou mentalmente de "plano sereia".
Primeiro seduziria ele, depois o levaria ao caminho da morte.
Taehyung contornou a cintura dele, e ele, o seu pescoço, dançaram calmamente no ponto em que estavam, rodeados de outros casais, Jimin até olhou nos olhos do felino quando começaram, mas logo abaixou quando se viu um pouco absorvido pela imensidão do verde dentro deles, pontanto apenas encostou um lado do rosto sobre o ombro dele, sentindo seu calor.
E ele estava gostando de sentí-lo.
Aquela dança estava tão agradável e confortante que ele nem se deu conta do tempo, passou-se uma música, duas, três... somente na quinta que ele foi se dar conta de que havia esquecido e tomado um rumo diferente de seu verdadeiro objetivo e por isso teve de pensar em uma forma de consertar isso.
– Tem alguém me ligando, tô sentindo o meu celular vibrar... – ele disse repentinamente, se soltando de Taehyung e depois tirando o aparelho de um bolso da calça. – Me dá um minuto, por favor?
– À vontade – Taehyung o disse em um tom educado.
Jimin se dirigiu em passos rápidos até a saída do bar e saiu para fora pois pensou que era uma idéia melhor que ir ao banheiro, no lado de fora do estabelecimento, ele digitou os números e ligou para Seokjin, mas esse não o atendeu, não conformado, ele permaneceu ligando, porém em nenhuma das sete vezes obteu sucesso.
Frustrado, durante o fim da sétima vez não o restou outra opção a não ser enviar uma mensagem e aguardar a visualização do amigo, uma mensagem de áudio, ele se encostou em sua moto estacionada ali perto virado para a rua e começou:
– Hyung, eu preciso de você e do resto aqui, é meio urgente, eu estou no Sinchon-dong, naquele bar gay que o Hoseok hyung nos falou mês passado... Nop-eun sigan. Você não faz idéia do que eu encontre-
– Você já vai? – uma voz grave perguntou atrás dele um pouco distante e o fez engolir seco antes de abaixar o celular, cancelar o envio do áudio e olhar para trás.
Ele se deparou com Taehyung o encarando da porta do bar, sentiu um pouco de raiva por ele ter o seguido, só que ao mesmo tempo havia... gostado de ver a presença dele? Suas emoções estavam confusas e ele não conseguia compreender, mas ignorando isso e voltando ao personagem, ele rodeou a moto, voltou para a calçada e disse:
– Sim, me ligaram do trabalho dizendo que vai ter uma reunião logo cedo amanhã, então eu acho melhor ir agora, não é? Eu já ia me despedir...
– Tudo bem – o moço sorriu com simplicidade. – Você tem razão, é bom voltar pra casa mais cedo.
– E você... vai ficar? – perguntou Jimin, voltando a se encostar em sua Hyosung.
– Vou, eu não tenho nenhuma reunião de trabalho amanhã cedo então vou aproveitar – ele riu brevemente e levou Jimin a fazer o mesmo.
Sim, o sorriso dele era bonito.
– Já que você vai – continuou Taehyung. – Eu posso dar uma despedida decente?
– Ah, claro – disse Jimin, sem compreender exatamente o que ele queria dizer.
Até que ele começou a andar em sua direção, o que ele queria, afinal? Por milésimos de segundo acometeu-se na mente de Jimin o pensamento de que seria atacado, pensou em usar a adaga, até colocou a mão na cintura, mas antes de fazer qualquer outra coisa, Taehyung tomou seu rosto com as mãos e de maneira inesperada, o beijou.
Nos primeiros segundos pareceu até um beijo ruim de drama, pois Jimin ficou paralisado e com os olhos (bem) abertos, ainda processando o que havia acontecido, mas bastou que Taehyung continuasse mexendo seus lábios nos dele para que seus movimentos fossem desbloqueados e logo ele fizesse o mesmo. Jimin fechou seus olhos enquanto suas mãos automaticamente subiam para pousar na cintura do mais alto, seus lábios estavam quentes, a sensação deles e de suas línguas se tocando era gostosa. Caramba! Ele realmente sabia como fazer aquilo bem.
Jimin não se conformou quando Taehyung separou seus lábios e cessou o ato com um fio de saliva ainda ligando-os, não podia acabar tão cedo, pontanto ele puxou a gola alta da camisa do felino e continuou, percorrendo suas mãos até os ombros dele enquanto ele percorria as suas até sua cintura, segurando com firmeza e suavidade ao mesmo tempo. Eles deram início a mais um beijo, não muito diferente do outro, trazendo mais uma nova onda de arrepios, estalos de suas bocas e batimentos acelerados, Jimin queria aproveitar tanto que se pôs na ponta dos pés buscando alcançar mais a altura de Taehyung e até levantou uma perna para ajudar nisso, até o beijo acabar mais uma vez, quando o fôlego já lhes faltava.
Os dois afastaram seus lábios, mas ainda não queriam se afastar, segundos depois do fim do beijo, se encararam bem de perto, quase com suas testas grudadas e Taehyung simplesmente abriu um sorriso enorme e deu uma risada curta, baixa e grave, o sorriso que surgiu no rosto de Jimin foi simplesmente inevitável, quando menos se deu conta, ele estava sorrindo com o outro, que gentilmente, envolveu a mão dele com a tatuagem de flor de lótus com as suas duas e perguntou:
– Onde eu posso te encontrar de novo?
Foi nesse exato instante em que a consciência de Jimin deu um toque de alerta depois de ter desaparecido durante os minutos em que beijava ele, seu objetivo era levá-lo ao caminho da morte e não deixá-lo ir e ainda por cima dar a ele o caminho de volta para si. Mas o que fazer quando ele pensava isso, mas sua vontade era totalmente contrária?
Se Taehyung morresse, ele não o veria de novo, não o beijaria de novo, o calor dele, os lábios dele, aquela sensação era tão boa para ser sentida só uma vez na vida, tão boa para ser sentida só daquela vez.
– ... Eu trabalho na floricultura The Kim's no Changjeon-dong, perto do Wau Park, largo às cinco e meia...
Mas uma vez, ele ignorou sua consciência e fez o que o seu peito estava gritando para que ele fizesse.
– Hum... e só isso? – Taehyung deu uma breve risada. – Sem rua, nem endereço?
Jimin afastou mais o seu corpo do dele, sorriu de canto com um olhar travesso e sem soltar as mão dele, disse:
– Você descobre.
Depois disso ele piscou, soltou-se de suas mãos e rodeou a moto para montar nela, pôr o capacete e deixar o lugar, Taehyung o observou se afastando sem tirar um sorriso sem mostrar dentes do rosto. Até que Jimin estava certo, ele descobriria onde ele trabalhava, ou melhor, descobriria qualquer lugar que ele pudesse estar em Seul, pois sempre que ele estivesse por perto, o felino sentiria seu cheiro e iria ao seu encontro.
E quanto a Jimin, ele andava livremente em sua moto sem se importar com nenhum limite de velocidade, sentia o vento noturno agitar suas roupas como as penas de um pássaro a voar sob o céu estrelado, e naquele momento, sua emoção e euforia eram bem maiores do que costumavam ser, sua alma levitava, seu coração ainda estava acelerado, precisava admitir, estava feliz.
Uma pena que aquela felicidade não perdurou por muito tempo, nem a sensação de liberdade, aos poucos, à medida que ele se afastava daquela rua e daquele bairro, sua razão começava a falar por cima da emoção, a reflexão sobre a gravidade do ato que ele havia feito foi substituindo a lembrança da sensação incrível durante aquele beijo de outrora e, logo, o que ele sentia era confusão e culpa e perguntava a si mesmo qual foi aquela confusão que ele havia acabado de arranjar.
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