1 | "Benry"
"A gente fica mordido, não fica?" (Liniker e os Caramelows - Zero)
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- Senhores, temos um probleminha, mas eu vou resolver o mais rápido possível - disse o agente que estava nos acompanhando nessa viagem.
Henry e eu nos entreolhamos, já estávamos cansados de toda a rotina daquele dia, fotos, autógrafos. Tudo isso numa ação de marketing no Brasil para divulgar o filme "Espiões de Elite", no qual fazíamos uma dupla que precisava encontrar o segredo pra acabar com a guerra. Olhei para o agente querendo mais informações, pois já estávamos na frente do hotel, aguardando a confirmação dos quartos. A movimentação em volta do carro era intensa, os fãs estavam enlouquecidos e gritavam frases como "Ben Summers eu te amo!", "Henry Scott, o Brasil te ama!".
A vida tem essa estranha mania de nos surpreender. Eu digo estranha, pois nem sempre a surpresa é boa. Aliás, tentar entender as coisas da vida é um exercício complicado e que exige muita energia e reflexão. Diga-se de passagem, meu nome é Ben, não é diminutivo de Benjamin como a maioria pensa, nem apelido, esse é meu nome mesmo. Ben Summers, "o ator em ascensão que está se destacando em vários papéis e já conquistou uma legião de fãs", disse algum site por aí. Eu sempre gostei de atuar e comecei desde cedo nas peças de teatro da escola. Depois foi uma peça aqui, outra peça ali, algumas produções independentes para a TV, meu primeiro filme de cinema eu fiz aos 19 anos enquanto fazia um curso de atuação.
Hoje, aos 30, eu já fiz vários trabalhos em filmes, seriados de TV, programas e vários personagens diferentes. Alguns me exigiam mais do que outros, alguns foram massacrados pela mídia e outros ovacionados. Aprendi a me acostumar com as críticas, tanto da especializada quanto da internet. Essa última consegue ser ainda mais feroz, visto que é uma terra de ninguém e sem leis.
Olhei em volta do carro, o caos lá fora, suspirei profundamente tentando me aliviar do estresse. Meus pensamentos iam desde o calor infernal do Brasil até o ótimo almoço que tive naquele dia. Por que o Brasil foi escolhido para fazer tanto calor? Por que o Brasil foi escolhido para ter a melhor comida do mundo? Tentei me desvencilhar do pessimismo e olhei para Henry, que demonstrava estar incomodado com alguma coisa.
- Hey, o que foi? Tem alguma coisa te preocupando?
- Não é nada - respondeu, com toda sua educação- apenas quero entrar e me deitar um pouco, estou exausto.
- Mal espero por um banho, rezo para que os quartos tenham banheira.
- E é aí que está o problema - interrompeu o agente - não são os quartos, é o quarto. Aparentemente, por algum problema no sistema de reserva ou incompetência de alguém, fizeram a reserva de apenas um quarto, em vez de dois e todos os outros já estão ocupados. Contudo já estou providenciando outro hotel, fica um pouco longe, dentro de... com esse trânsito... umas duas horas chegaremos lá - Suspiramos quase que sincronizados, estávamos incrédulos com a má notícia.
- Olha, eu estou tão exausto que não me incomodaria de ficar aqui mesmo e dividir o quarto - disse Henry, buscando minha aprovação.
- Sinceramente, do jeito que estou irei desmaiar após um banho, então não vejo problema também.
- Vocês tem certeza? O quarto tem apenas uma cama king size, daquelas bem grandes, não se importam de dormir na mesma cama? - indagou o agente, no aguardo de uma resposta positiva, pois pouparia o seu trabalho.
Nós consentimos e o agente suspirou de alívio. Após toda a confusão ao sair do carro, após sorrisos para os fãs, alguns autógrafos e selfies, conseguimos entrar no hotel e chegar ao quarto. Era um espaço amplo, com uma cama bem grande no centro, uma mesa pequena com duas cadeiras, uma TV enorme fixada na parede. Fui até o banheiro e constatei a existência de uma banheira, maior do que eu precisava e sorri sozinho. Henry abriu a porta da sacada o máximo possível, inspirou até os pulmões não aguentarem e, enquanto soltava o ar, pude perceber sua expressão de agradecimento por saber que iria descansar. Combinamos que Henry tomaria banho primeiro para que eu pudesse usar a banheira depois, tranquilamente e sem pressa.
Enquanto eu checava alguns e-mails pelo notebook, na pequena mesa, Henry aproveitou que eu estava de costas e tirou a roupa para ir ao banho. Quando ouvi barulho de roupas sendo tiradas continuei na mesma posição, mas senti uma curiosidade estranha, uma pontinha de vontade de olhar para trás. Foi nesse momento que senti aquele cheiro, foi nesse momento que tudo começou. Com certeza vinha de Scott se libertando das roupas suadas, era um cheiro de suor, mas diferente, mais suave, eu nunca tinha sentido aquele cheiro com meu próprio suor. O chuveiro começou a despejar água e me dei conta de que estava sozinho no quarto, levantei e vi as roupas jogadas num canto. A camisa estava visivelmente molhada de suor, principalmente no meio do peito e nas axilas.
Eu sabia que Henry era peludo, quem não sabe? Um milhão de fotos dele sem camisa por toda a internet e televisão. Porém, não imaginava que ele suava tanto. Foi então que vi a cueca vermelha, que também tinha marcas de suor. Como um animal caçando, dei um passo em direção as roupas, meu instinto estava falando mais alto, não era eu ali, meu raciocínio não estava funcionando, eu precisava verificar aquele cheiro. Apesar do animal ser mais forte que eu, resisti, parei e comecei a pensar no que estava fazendo. O que está acontecendo? Confuso e absorto em meus pensamentos, sem perceber quanto tempo eu fiquei ali, lutando comigo mesmo, não vi Henry chegando apenas embrulhado com a toalha da cintura para baixo.
- Hey, tudo o.k.?
- Sim, apenas lembrei de algo que preciso fazer - tentei disfarçar após acordar de meus devaneios.
Antes de desviar o olhar, consegui, sem a intenção, capturar uma imagem: seus mamilos entre os pelos, as veias saltadas nos bíceps e o volume evidente na toalha branca. Henry percebeu que fiquei sem graça quando o vi somente de toalha e pediu desculpas por ter esquecido de levar as roupas para o banheiro, justificando que já estava tão cansado que não estaria pensando assertivamente. Tentei demonstrar indiferença e disse que estava "tudo o.k., nada a ver", peguei minhas roupas e fui para o banheiro.
Já na banheira, comecei a pensar nos últimos acontecimentos: por que eu estava tão envergonhado? Meus pensamentos estavam loucos? Que sensação era aquela em relação ao Henry? Qual o motivo repentino que me fez ter vontade de cheirar aquelas roupas suadas? A cada questão eu me lembrava, inevitavelmente, das imagens daqueles bíceps e de seus pelos que quase formavam um desenho em seu peito, o volume, isso me deixava muito confuso, sem compreender a mudança que estava acontecendo comigo. Tentei mudar o foco do pensamento, mas já era tarde demais, senti um sinal vindo de baixo, junto com uma uma vontade incontrolável de me tocar e me sentir. Me saciei, abafando qualquer som, ninguém poderia descobrir o que aconteceu ali.
Após sair do banheiro, já todo vestido, percebi que Henry estava na sacada, olhando algo no seu tablet e eu me senti envergonhado por ter feito o que fiz há poucos minutos. Aliás, eu me sentia envergonhado de ter pensado num homem daquela maneira, isso nunca tinha acontecido comigo, eu não era daquele jeito, senti minhas mãos queimarem como se tivesse feito algo errado. Ainda estranhando todas aquelas sensações e sentimentos novos, tentando evitá-los, lembrei de todo o tempo que nós estávamos passando juntos, tantas premières, tantas entrevistas, gravações, cidades e países diferentes, já fazia uns dois meses que estávamos trabalhando intensamente para o marketing desse filme, sem contar os meses de gravação, fizemos praticamente cem por cento das cenas juntos.
Nunca neguei para mim mesmo que o achava um homem bonito, simpático, com uma educação polida, postura perfeita. Todas as pessoas no mundo sabem que ele é um cavalheiro, não havia como negar isso. Porém, meu conceito sobre ele nunca veio acompanhado de sentimentos, sensações, nunca o vi dessa maneira, naquele dia algo novo havia despertado dentro de mim.
- Eu estava tão cansado que acabei me esquecendo de que estava com fome, o que acha de pedirmos o jantar? - disse enquanto adentrava o quarto.
- Ah, o.k., vamos sim - respondi tentando esconder o que tinha acabado de fazer no banheiro, ocultar meus pensamentos e conflitos, como se ele fosse capaz de ler a minha mente.
- Vou querer uma massa, após o dia de hoje vou dispensar a salada - ele riu um pouco, mas eu não conseguia expressar nenhuma reação, apenas prestar atenção naquele sorriso, nunca havia percebido o quão bonito era.
- Tudo bem, peça uma pra mim também - respondi sério, desviando o olhar para não ser descoberto.
Durante a espera do jantar, tentei ficar afastado o máximo possível, Henry tentava puxar assunto, mas eu permanecia monossilábico. Não queria que ele desconfiasse e, do jeito que eu estava, me senti vulnerável, transparente e não conseguia tirar aqueles pensamentos da minha cabeça. O jantar chegou e tivemos que dividir aquela mesa que, agora, parecia muito menor do que quando entrei no quarto. Em determinado momento nossas mãos se encostaram quando fomos pegar as taças, um simples toque fez minha nuca se arrepiar, o que era aquilo que eu estava sentindo!? Parecia uma cena clichê de filme romântico, me senti bobo por pensar isso. O silêncio permaneceu durante um bom tempo, até que ele resolveu quebrá-lo:
- Jack... - ele parou ao perceber que tinha trocado o meu nome com o do personagem, eu o olhei e começamos a rir, finalmente ele tinha conseguido quebrar meu gelo e a tensão- Cara, você precisa sair desse personagem - disse ainda rindo.
- Eu sei, me desculpe pelo silêncio, também estou cansado como você, tanta coisa ultimamente e...
- Eu estive pensando - me interrompeu, com tanta educação que nem consegui achar ruim- nos aproximamos muito ultimamente, né? Tantos dias fazendo quase tudo juntos, eu sempre quis te conhecer melhor, você parece o tipo de pessoa ideal pra se ter uma ótima amizade.
- Ah, obrigado, digo o mesmo de você - não consegui elaborar nada melhor, abaixei a cabeça e senti meu rosto ficando vermelho.
Terminamos o jantar conversando assuntos aleatórios, quando, navegando por alguns sites, vi a notícia "Benry é real! Atores estão hospedados no mesmo quarto" e quase engasguei com a bebida na minha boca. Por que unem o nome de duas pessoas que imaginam juntas, criando esses nomes estranhos?
- Então você viu também? - disse observando minha reação.
- A mídia adora esse boatos e rumores - fechei o cenho dando a entender que não me importava.
- Com certeza, mas eu não veria mal algum, eu sou um cara legal, você é um cara legal - ele riu espontaneamente e eu sorri bem amarelo, sem entender do que aquela frase se tratava, era sinceridade ou ironia? Eu queria que fosse verdade?
- Enfim, vou dormir, se importa se eu tirar a camiseta? Não consigo dormir com muita roupa, mas só se estiver tudo bem pra você.
- Sim, nenhum problema - cerrei os dentes quase implorando para que ele não o fizesse.
Ele o fez, tirou a camiseta mostrando as axilas e peito peludos e o meu tormento começou mais uma vez. Desviei o olhar tentando demonstrar que não era por ele estar se despindo, a intenção era não esboçar nenhuma expressão de desejo, peguei o celular e fingi ler alguma coisa. Ele se deitou do lado esquerdo da cama e percebi que tirou a calça por baixo da coberta, tentando esconder sua ação e virou-se para o lado de fora da cama. Fui para a varanda, respirei fundo e comecei a sofrer com a ideia de me deitar na mesma cama que Henry Scott, um dos atores mais famosos da atualidade. Se eu adivinhasse no que isso estava se tornando, não teria aceitado a proposta de dormir no mesmo quarto que ele e, apesar da brisa amena, suei levemente.
Esperei ele adormecer e me deitei, bem devagar para que ele não acordasse. Respirei fundo e comecei a refletir sobre o que estava acontecendo comigo, pois eu não conseguia entender. Sempre fui uma criança tímida, apesar de gostar de me apresentar em peças de teatro e atividades a fim. Eu me soltava nesses casos, mas geralmente eu era bem tímido, vergonhoso, eu chegava a correr para o quarto quando recebíamos visitas desconhecidas. Fui crescendo nesse ritmo, sempre me escondendo, mas me mostrava quando algo me interessava, o problema era que nada me interessava tanto quanto atuar em peças e nos pequenos vídeos que eu produzia com a antiga câmera do meu pai.
Ser adolescente foi complicado para mim, eu não gostava de ir a festas ou fazer as coisas que todo adolescente fazia. Por vezes eu era agredido, chamado de nomes pejorativos sobre sexualidade ou meu estilo de vestir, mas isso não me abatia, sabia que aquilo ia passar um dia. Toda essa timidez passou quando me tornei adulto e entrei no mundo do cinema, fiz acompanhamentos com profissionais que me ajudaram a superar isso. Mas, ao que tudo indica, perto de Henry tudo tinha voltado, todo o meu medo de falar, conversar, sorrir, parece que ele me desestabilizou completamente. Ali, naquela cama, pude perceber o quanto ele tinha me afetado. Tanta coisa passando pela minha cabeça, até que dei um grito mentalmente, numa tentativa de esvaziar a mente e conseguir dormir um pouco.
Eu despertava toda hora pensando que poderia estar encostando nele, eu não queria ser mal interpretado e, como resultado disso, acabei não tendo um bom sono e acordei antes de Henry. Abri os olhos e o vi ali, estava descoberto acima da cintura, o braço posicionado atrás da cabeça, sua respiração era suave, até no sono esse cara é educado. Novamente agindo sem pensar, observei cada detalhe. Comecei olhando o rosto e a barba cerrada de uns dois dias sem fazer, olhei o peito e os mamilos em meio aos pelos escuros e grossos, a axila, igualmente peluda, o braço forte flexionado, o abdômen que fazia um caminho até o espera, o que? Sim, ele estava tendo uma ereção matinal e a minha curiosidade quase foi mais forte, mas eu me controlei.
Apesar de tentar evitar qualquer ação, lembrei do dia anterior e do cheiro exalando daquelas roupas e meu instinto foi mais forte ainda, quando dei por mim já estava bem perto dele, tentando farejar silenciosamente. Obviamente não senti o mesmo cheiro, visto que ele tinha usado desodorante e fiquei desapontado, sem entender o motivo. Bem devagar, da posição que eu estava, observei seus lábios, eu já estava bem perto, minha mão teimava em querer acariciar seu peito, barriga, quem sabe descer mais um pouco, olhei mais uma vez para aquele volume.
- Bom dia - quase caí da cama com o susto, por quanto tempo ele estava me olhando? - Me desculpe, eu estava... eu... pensei ter escutado um barulho estranho vindo de você - gaguejei parecendo um adolescente mentindo pra mãe, dissimulando um sorriso.
- Estou bem, dormi muito bem, obrigado pela preocupação - eu percebi um sorriso de canto, um olhar diferente, logo ele puxou a calça e a vestiu do mesmo jeito que a tirou, por baixo da coberta.
Fui ao banheiro e me olhei no espelho, não estava me reconhecendo, eu não era a mesma pessoa de dois dias atrás. Eu sentia raiva por estar tendo esses pensamentos, essas atitudes, aquilo não era nada que eu faria, por que esse cara despertou essa curiosidade em mim? Naquele momento eu me enganava, pensando e dizendo a mim mesmo que era apenas curiosidade e nada mais, eu não queria admitir o óbvio, meu desejo ia muito além, mas eu nem pensava nisso. Fica esperto, acorda, você não é assim!
Depois do embaraçoso café da manhã, já que eu nem conseguia olhar no seu rosto, Henry foi tomar outro banho. Eu sentei na cama e vi, saindo da mala, a maldita cueca vermelha, que me atiçou no dia anterior, sem tentar resistir me levantei e a peguei. Percebi que era uma cueca boxer vermelha com listras quase invisíveis. Não resisti e a cheirei, sim, eu enfiei o nariz naquela cueca, parecendo um animal, puxei bem forte o ar e senti o cheiro, senti aquele odor masculino, tão diferente, dei outra aspirada. Eu desci a mão e me senti, gemi baixinho, aquele cheiro me deixou louco, eu queria me tocar ali mesmo, usando aquela cueca vermelha como luva, mas escutei o chuveiro sendo fechado e a guardei dentro da mala, rapidamente. Que loucura foi essa?
Após alguns minutos, eu já havia me acalmado, Henry saiu do banheiro enrolado na toalha novamente e eu fui dar mais uma relaxada na banheira, desculpa usada para não ficar próximo e me constranger mais. Eu estava ali evitando pensar no cheiro daquela cueca, só de lembrar da cena, meu estômago embrulhava, ao mesmo tempo que eu sentia uma excitação diferente, era... sexual?. Passado pouco tempo Henry bateu na porta:
- Ben, eu estive pensando, essa banheira parece ótima e parece ser grande o suficiente pra nós dois, posso me juntar a você? - eu não acreditei naquelas palavras e, muito menos, na minha resposta.
- Claro, fique a vontade - minha mente estava a mil, o que eu tinha acabado de fazer? Vestido apenas com uma sunga azul, Henry adentrou o banheiro e pude perceber como suas coxas eram musculosas. Num instante me lembrei que estava nu, posicionei minhas mãos de modo a tampar minhas coisas e o pedi para pegar a minha sunga, dentro da minha mala. Para a minha surpresa ele negou.
- Relaxa, Ben, somos apenas dois amigos numa banheira, não tem ninguém aqui, pode ficar tranquilo que não vou abusar de você - ele sorriu como se tivesse soado muito engraçado e, mais uma vez, fiquei sem entender se ele falava sério, fazia piada, estava sendo irônico, maldita educação polida! Fingi um sorriso, mas insisti para que ele pegasse a sunga, até que ele a buscou.
Ele nem esperou que eu vestisse a sunga completamente e já foi entrando na banheira. Passou uma perna por cima das minhas e parou de frente para mim, seu pênis, coberto pela sunga, na altura do meu rosto. Perguntou de qual lado seria melhor e eu apontei qualquer um, só queria que ele saísse daquela posição embaraçosa para mim. Eu tremia um pouco, aquilo era inusitadamente bom, ele se sentou de frente para mim, de um jeito que nossas pernas se tocavam e eu tremia mais.
- Hey, não precisa ficar nervoso - disse ele tocando minha panturrilha com a mão. Eu o olhei surpreso, incrédulo, meus olhos se arregalaram, sentindo a pressão de sua mão subindo lentamente a minha perna. Uma sensação me remoeu por dentro, tentei me afastar.
- Henry, não...
- Shhhh - com uma mão ele fez sinal para eu ficar em silêncio, enquanto a outra continuava subindo minha perna lentamente. Eu não sabia como reagir, agora eu parecia um adolescente na sua primeira vez - Eu percebi a tensão entre nós desde ontem, Ben, é recíproco. Será que podemos fazer isso sem nos arrepender depois?
Eu não consegui responder com palavras, elas não tinham força suficiente para se fazerem ouvidas, apenas consenti com a cabeça e com a minha mão hesitante e trêmula pousando em sua perna. Eu arrepiava e tremia, meu corpo queria aquilo muito mais do que eu, já estava pronto apesar de visivelmente nervoso. Ele se levantou e se ajoelhou me modo que minhas pernas ficassem entre as dele. Se abaixou e posicionou seu rosto bem próximo ao meu, seus braços se apoiando na parte da banheira em que eu estava encostado, nossos olhares se abraçando infinitamente, me beijou, nos beijamos, desajeitadamente, tentando achar o encaixe perfeito para os nossos lábios.
- Não posso fazer isso - disse enquanto o afastava do meu rosto, nossa respiração apertada, minha expressão de susto e surpresa- por favor...
- Fica calmo, Ben, você não vai se arrepender, esquece tudo, sinta apenas o agora, meus lábios nos seus - sua voz macia, serena, me hipnotizou e eu fechei os olhos dando o meu aval. O que eu tô fazendo?
Outro demorado e desajeitado beijo na boca, depois foi descendo até meu pescoço, o que me fez palpitar, minha excitação aumentava a cada segundo. Meus músculos se apertavam de prazer e, involuntariamente, eu me contorcia. Ele me olhou nos olhos, aqueles azuis fumegantes, eu podia ver a lascívia estampada em seu rosto, mas com medo.
- Confesso que nunca fiz sexo com um homem antes - ficou um pouco corado, mas sorriu de um jeito obsceno mordendo o lábio.
- Eu também não, confesso que estou com m...
Ele sufocou minhas palavras colando sua boca na minha, mais forte, mais sedento, mordeu meus lábios com força e doeu, mas eu gostei. Nesse ponto, já havia água por todo banheiro, nos levantamos e fomos para o quarto, senti vergonha por estar nu de frente a outro homem nu.
O que aconteceu daqui em diante foi sublime demais para ser descrito. Nossos corpos se tocando, nossa respiração ardente. Um pouco desajeitados, com medo de fazer algo que não fosse bom, pois ambos nunca tinham feito sexo com outro homem, nos consumimos em prazer naquela manhã, vivendo uma experiência única e inesquecível. Eu não pensava no que estava fazendo, se estava certo ou errado, eu estava começando a me permitir, queria sentir aquele momento sem culpas ou medos. A sensação dos pelos de seu peito roçando no meu era diferente, eu gemi envergonhado.
Afinal, sexo é bem igual para todo mundo, os conceitos básicos são os mesmos, apesar de algumas coisas me estranharem, apenas aceitei a ideia de que estava experimentando algo novo. Rapidamente cheguei a pensar na loucura que era tudo aquilo, mas passou igualmente rápido, o desejo falou mais alto. Ele me olhava com uma expressão obscena e eu devolvia o olhar querendo mais ao mesmo tempo que ainda estava tentando me acostumar. Após algum tempo, terminamos o que seria o início de uma nova era na minha vida, mesmo sem saber, o que aconteceu ali teria consequências boas e ruins.
Deitei ao seu lado, não sabia como agir. Ele me olhou e sorriu - obrigado- disse me encarando e eu não conseguia me libertar daquele olhar, nem sentir raiva de sua educação, apenas sorri de volta. Me aproximei e lhe dei um beijo mais calmo, mais delicado, seus lábios pediam carinho. Descansamos um pouco até nossa respiração se normalizar, eu não conseguia parar de olhar para o Henry, tive que me controlar para não começar nada novamente.
Ele foi tomar outro banho e eu fiquei deitado refletindo sobre o que acabou de acontecer. Junto com esses pensamentos veio o conflito, a confusão, não sabia o que pensar de mim mesmo, da minha sexualidade, dos meus desejos. Até então eu tinha me relacionado apenas com mulheres, mas o que eu senti naquele dia foi intenso, despertou uma pessoa adormecida dentro de mim, uma pessoa diferente. Com certeza aquele sexo foi o melhor que eu tive até hoje, será que foi a falta de experiência de ambos? Digo, em se relacionar com o mesmo sexo? Eu não conseguia esconder meu sorriso bobo, típico de quem acabou de se satisfazer.
Decidi que não iria me sentir culpado ou qualquer coisa assim, o que aconteceu ali foi maravilhoso, forte, não tinha nada do que me envergonhar. Despertei dos meus pensamentos quando escutei um celular vibrando e percebi uma mensagem do Josh, o diretor do filme que estávamos divulgando, no celular de Henry. Eles começaram a conversar quando eu entrei na banheira após o café da manhã e eu não acreditei quando li.
Josh: Dormindo juntos no mesmo quarto, huh? Eu sei que tem dedo seu nessa história!
Henry: O que?! Você tá louco lol
Josh: Você vai ficar com ele?
Henry: O que você acha? [legenda de uma foto de Henry apenas de sunga sentado na cama do hotel]
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