Você precisa parar

✧ Créditos:
Escrito por: @MoonchildSunn
Co-Autor: PurpleGalaxy_Project
Avaliação por:  Greenin
Betagem por: pipoca77poca
Design por: namgloo

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Taehyung estava na ala pediátrica do hospital, ele adorava estar perto das crianças, amava ver o sorrisinho delas, quando o viam. Aqui e ali era possível ouvir alguém chorando, mas um choro em específico chamou sua atenção, ou melhor, a falta dele.

Afinal, um dos bebês estava chorando, mas parou repentinamente sem ninguém entrar no quarto, então Taehyung resolveu checar o que estava acontecendo.

Ao abrir a porta, encontrou alguém embalando o bebê, de costas para a porta.

— Quem é você? Você não pode estar aqui.

— Sabe — A voz grossa soou, fazendo um arrepio percorrer a espinha do médico — Eu sempre quis ter um filho. Na verdade, eu e meu namorado já estávamos na fila, tínhamos até escolhido a criança, ou melhor, as crianças. Eram dois irmãos, um deles adolescente, mas ninguém queria os adotar, estavam há anos no orfanato, seus olhinhos brilhavam quando a gente os visitava. Quando o advogado disse que a adoção estava certa, eles choraram conosco de alegria. Mas aí veio a pandemia, não era seguro para eles saírem do orfanato.

— Nossa…

— Você imagina a dor que senti ao saber que eles iriam ficar lá, sem notícias nossas, pensando que foram abandonados novamente? Eu prometi para eles que voltaria... Que seríamos uma família... Não tive tempo de me despedir verdadeiramente... Afinal, como poderia imaginar que em um dia estaria tudo bem, e no outro era obrigado a ficar em casa por conta dessa pandemia? Eles devem nos odiar. Eles devem achar que fomos como os outros com suas promessas vazias que diziam que os adotariam, mas fugiam ou levavam outra criança. Você trabalha com crianças, deve entender como é terrível ver a carinha de choro delas implorando que você não as deixe. E agora, mesmo que tudo passe, eu não poderei voltar.

— Olha…

— E esse garotão aqui, hein? — Ele ergueu o bebê fazendo-o sorrir —  Parece que está sozinho também, quem é meu guerreiro? — Ele brincou com o bebê, fazendo cosquinha em sua barriga com o nariz — Quem é o garotão guerreiro que logo vai para casa? É você! É você sim. Agora o tio tem umas coisas para fazer, vai lá.

O bebê foi posto na cama, e Yoongi se virou, fazendo Taehyung dar um passo para trás.

— Mas como? Você morreu.

— Vim acertar as contas.

Sem esperar ver o que aconteceria, Taehyung começou a correr, as luzes do corredor piscavam e quando virou uma curva tudo parou. Ele diminuiu o passo e respirou com dificuldade pela corrida, se apoiando na parede.

Algo caiu na cabeça do médico, e ele ergueu os olhos, encontrando Yoongi de quatro no teto, com a cabeça para baixo, o olhando feroz.

— Bu!

Taehyung começou a correr novamente, enquanto Yoongi descia do teto. Ele chegou até o elevador e se jogou dentro do cubículo, apertando com força o botão do térreo. Quando o elevador começou a descer, e a música calma tocar, ele suspirou aliviado, pensando estar a salvo.

Quando chegou no segundo andar, o elevador parou e um homem de capuz entrou, apertando o botão do térreo também.

 Mas o elevador, ao invés de descer, começou a subir. O médico tentou apertar o botão do térreo novamente, mas não funcionava, o homem então começou a rir e as luzes piscarem, conforme o som de uma caixinha de música infantil iniciou.

— Sabe, Dr. Kim. — Ao ouvir aquela voz, o médico ficou estático e choramingou. — Você já teve um cachorro? Eu tinha um, dois, na verdade, Holly e Mickey, toda vez que eu chegava em casa eles corriam me ver, agora imagina quando o Hoseok chegar em casa e estiver sozinho, sem mim, não terão mais o cara que levava eles jogar bola, afinal o Hobi detesta jogar bola, não irão mais dormir nos meus pés enquanto trabalho, nem poderão subir nas minhas costas enquanto assisto o jornal da manhã.

— Isso é terrível.

— Terrível? Terrível são acidentes de elevador.

O objeto então deu um tranco, e parou, as luzes começaram a piscar e a última coisa que Taehyung viu foi o sorriso de Yoongi. O elevador então começou a cair, o médico tentou apertar o botão de emergência, mas nada. Com lágrimas nos olhos, ele via os números correndo.

— Yeontan, desculpe o papai.

Namjoon tentava ligar para o marido, mas nada do celular dele funcionar, ele tentou e tentou, mas a chamada não era concluída, o deixando apreensivo e ansioso.

Uma batida na porta o fez largar o aparelho, Jin havia lhe dito para ficar ali, mas não disse nada sobre abrir a porta, mesmo assim ele estava temeroso.

Uma nova batida.

 Seu coração acelerou e ele começou a caminhar lentamente até a porta.

— Amor? — Claramente aquela era a voz de Jin, o que fez o rapaz suspirar aliviado. — Abra a porta, sou eu.

— Só um instante — Ele foi até a porta e destrancou. — Agora me explica direito toda essa história.

Quando abriu a porta, qual não foi sua surpresa ao não encontrar ninguém. Namjoon ergueu uma sobrancelha e tirou a cabeça para fora, olhando para os dois lados do corredor, porém estava completamente vazio.

Estranhando a situação, ele voltou para dentro do quarto e fechou a porta, quando deu as costas, ouviu novamente batidas.

— Namjoon! Sou eu amor, abre a porta por favor.

O médico ficou estático e arregalou os olhos, ele se virou e abriu a porta com a mão tremendo, mas estava vazio novamente.

 Assim que fechou a porta, as batidas voltaram.

— Namjoonie, a porta.

Ele deu alguns passos para trás ofegante, aquilo não fazia sentido. Com cuidado, para não fazer barulho, ele retirou a chave da fechadura e olhou pelo buraco.

Não havia ninguém.

Então o trinco começou a se mover violentamente, ele ergueu os olhos para a peça de metal e voltou a olhar pela fechadura, caindo para trás ao ver alguém o olhando de volta

 Namjoon caiu sentado, ele pôs a mão no peito tentando se acalmar, seu coração estava a mil, ele não tinha noção do que estava acontecendo, mas sabia que não era nada bom.

Como a porta continuou com o trinco mexendo, ele começou a se afastar, até que tudo parou e ele bateu em algo. Quando ergueu a cabeça, encontrou Yoongi sorrindo para si.

— Sabia que é falta de educação bater à porta na cara das pessoas?

Em um pulo, o médico se levantou e se atirou contra a porta, abrindo-a e correndo, mas seu caminho não foi longo, quando se virou para ver se estava sendo seguido, topou com tudo no corpo de Yoongi.

— É falta de educação fugir também.

O cadáver o empurrou contra a parede e olhou no fundo, de seus olhos, em sua mão havia uma seringa com um líquido estranho. Antes que Yoongi pudesse fazer qualquer coisa, passos foram ouvidos, o distraindo, tempo suficiente para Namjoon o jogar para o lado.

O médico tentou correr, mas suas pernas foram seguradas, fazendo ele cair novamente.

— Yoongi! — A voz de Hoseok fez os dois olharem, encontrando o rapaz junto de Jin, correndo na direção deles. — Amor, o que você tá fazendo?

— Hobi? — Yoongi se levantou devagar, como se não acreditasse em seus olhos. — Você... veio?

— Claro, eu jamais sai daqui. Eu não podia te deixar sozinho, na saúde e na doença, se lembra?

O morto-vivo deu alguns passos em direção da dupla, soltando a seringa que caiu esparramando todo o líquido no chão.

— Eu achei... eu pensei…

— Por favor, Yoongi, me perdoa. — Hoseok andou devagar, com medo de ser atacado. — Isso é tudo culpa minha.

— Não! A culpa é deles!

— Amor — Ele ergueu as duas mãos parando na frente de Yoon, que ergueu as próprias mãos entrelaçando seus dedos — Eu fui o culpado, nós discutimos, fiz tudo isso.

— Não é sua culpa.

— É sim — Lágrimas começaram a brotar nos olhos de Hoseok — Nós discutimos, você saiu por minha causa, eu fui o culpado.

— Não! Não chora por favor! — Eles colaram suas testas, suas respirações se misturando, enquanto lágrimas percorriam o rosto do que ainda possuía um coração batendo — Por favor, não foi você, foram eles.

— Eles não fizeram nada, meu amor. Você não vê? Você não é assim. Por favor, pare com isso.

— Mas…

— Você me ama?

— Mais que tudo.

— Então pare. Por favor.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo, Jin aproveitou a distração para ir checar se estava tudo bem com Namjoon. O casal de médicos olhava aquela cena com curiosidade, parecia estranho, mas compreensível.

— Yoongi, me leva com você.

— O quê? — O ser abriu os olhos encarando seu namorado — Você tem noção do que me pede?

— Eu não posso continuar assim, sem você, por favor, me leva junto.

— Você tem certeza?

— Hoseok! Pare! — Jin gritou do lado do marido, sendo segurado por ele — Namjoon me larga, não vê o que ele está fazendo? Me solta.

 Yoongi deu um sorriso maligno, antes de abraçar o namorado. Um último olhar foi dado para o casal, antes que ele e Hoseok sumissem em uma ventania.

Quando Jin encontrou Jungkook, o rapaz estava esperando do lado de fora do centro cirúrgico, onde Jimin estava sendo operado às pressas.

 A polícia cercou todo o hospital, mas nada foi encontrado. Mesmo que seu corpo e mente gritassem em discordância, Jin voltou ao seu posto no necrotério. 

A ansiedade era alta, ele sentia que a qualquer momento algo sairia das gavetas para o atacar novamente. Seu marido implorou para que pedisse transferência, ou então para que tirasse uma licença médica.

Mas ele não aceitou, sempre que ficava parado, sentia alguém o observar, os gritos que ouviu, voltavam a ecoar, fazendo ele duvidar de sua sanidade mental.

 Semanas se passaram desde o ocorrido, e mesmo que evitasse, era necessário abrir a gaveta que Yoongi estava um dia. Ele tentou abrir, mas o peso era absurdo, parecia que havia alguém ali dentro.

Quando finalmente conseguiu, encontrou um par de alianças, ele as pegou com cuidado e foi até a área de preparação dos corpos, onde havia o telefone.

 Enquanto olhava os dois anéis, ele notou uma inscrição neles. Yoongi e Hoseok.

Jin levou uma mão para pegar o telefone, mas alguém pôs a mão sobre a sua, fazendo ele se virar assustado. Mas estava sozinho na sala. Ou ao menos, era o único vivo, pois ao olhar para a mesa encontrou os corpos do casal, lado a lado, de mãos dadas, e sorrindo.

 Ele suspirou, rindo da situação, e foi até eles pondo a aliança em seus dedos.

— Acho que isso lhes pertence.

Ao virar as costas, pode jurar que ouviu alguém sussurrar um "obrigado", mas apenas deu os ombros e pegou o telefone, teria um longo trabalho pela frente.

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