Epílogo

— Puta que pariu!

O volante do carro não era culpado pela frustração do Lourenço, mas era o que estava ao alcance e acabou levando o soco de nervoso.

Era a terceira vaga que ele perdia!

Quando ele se ofereceu para levar as meninas ao cinema e deixar a Bia com a tarde inteira livre para colocar os pés para cima e descansar, ele não tinha imaginado que ia dar essa porra de confusão. Como ele pode ter sido imbecil de ficar a merda do filme inteiro sem checar a merda do celular colocado no silencioso? Mas a Bia tinha garantido que estava tudo bem. E ainda faltavam duas semanas para a data que a médica tinha marcado.

Duas semanas de antecedência!

Ele só lembrou de olhar o telefone, na fila da lanchonete com as meninas, e seu coração parou por alguns segundos ao ver a quantidade de ligações perdidas da Bia e mensagens do Fred e da Mariana avisando que era para ele ir para o hospital.

Mariana: AGORA!!!!!

Se a irmã tinha gritado e usado mais de um ponto de exclamação, a urgência era grande, e ele saiu correndo como um doido pelo shopping, uma menina de cada lado, equilibrando o celular entre o ombro e o ouvido, para avisar ao Fred que eles estavam indo. O cunhado tinha tentado acalmá-lo, explicando que duas semanas de antecedência inspirava cuidados, mas não era preocupante, e que ele não precisava avançar nenhum sinal vermelho, eles tinham algum tempo.

Mas aquilo tinha sido há mais de uma hora e ele tinha conseguido perder a porra de três vagas!

Ele só não largava o carro ali, atravessado de qualquer jeito, porque era um hospital e a sua emergência não era mais importante que a emergência dos outros que ele ia atrapalhar, era o que ele estava se repetindo para não ficar louco.

— Papai!

Ele virou para trás, encontrando a Alícia com uma expressão de reprovação no rosto.

— O que foi? — Ele se fingiu de inocente. Talvez, ainda desse para fingir que não tinha acontecido nada.

— Você falou palavrão, papai! — a Amanda reclamou, brava.

Ele devia saber que a baixinha não ia deixar barato, e prendeu os lábios para não sorrir. Apesar de todo o drama, tudo nele relaxou, como sempre acontecia quando as meninas o chamavam de papai. Cinquenta anos não fariam aquela novidade ficar velha.

Tudo tinha começado com a própria Amanda que, ao se dar conta que a Alícia tinha dois pais, declarou que aquilo era muito injusto e ela queria dois pais também. Poucas vezes ele tinha ficado tão emocionado na vida, como quando a pequenininha segurou seu rosto com as duas mãos, e com os olhos verdes sérios, tinha perguntado se ele queria ser pai dela. Ele só conseguiu responder depois de levar uma cutucada da Bia, que observava a cena com lágrimas escorrendo pelo rosto, e de engolir por sobre o nó na sua própria garganta para conseguir dizer que, claro, seria uma honra.

Como se fosse a coisa mais natural do mundo, a Amanda tinha substituído o tio Lôro pelo papai Lôro na hora de chamá-lo. E pronto. Simples assim.

Sua própria filha demorou alguns meses para seguir a irmã, mas tinha acontecido, quase que por distração dela. Felizmente, ele conseguiu não demonstrar nenhuma emoção e agiu como se nada diferente tivesse acontecido e a Alícia também foi deixando o 'tio' de lado. Aos poucos, o papai Lôro foi sendo encurtado para 'papai' e 'pai', e agora, ele era só era chamado daquela maneira quando precisava ser diferenciado do papai Diego.

— Desculpa, minhas lindas. Eu tô nervoso. — Ele esfregou o lado do olho, a cicatriz coçando como nunca.

— Então, quando eu tô nervosa, eu posso falar palavrão? — A Amanda virou a cabeça de lado.

— Não. Xingar é sempre feio, e eu tô errado. Eu não vou fazer de novo. — Pelo menos não na frente delas, se ele não quisesse levar uma bronca da Bia.

Não que ele se importasse. Ele amava tudo na Biatriz, até as broncas. Às vezes, ele precisava se beliscar para ter certeza que não estava sonhando, que aquela era mesmo a sua vida, casado com a única mulher que ele sempre quis, duas filhas e prestes a ser pai outra vez. E virar manchete de jornal ao morrer enforcado pela própria esposa por ter perdido o parto.

— E não tem nada errado com a mamãe, papai?

A Alícia esperava sua resposta com os olhos arregalados e o rosto pálido.

— Tá tudo bem com a mamãe. — Ele segurou a mãozinha delicada na sua. — Eu tô nervoso porque eu prometi que eu ia ficar na sala de parto junto dela, e eu tô atrasado e não consigo achar uma vaga pra parar o carro. Só isso.

Ela assentiu, parecendo se tranquilizar, mas arregalou os olhos de novo e apontou para a frente. O Lourenço se virou rápido, com a mão na marcha para não fracassar na sua quarta tentativa de estacionar, mas não era um carro saindo que a Alícia estava apontando. Era o seu Juarez, correndo até eles.

Puxando o freio de mão e soltando o cinto, em menos de um segundo, ele estava fora do carro.

— Mermão?

— Eu estava com o doutor Fred na hora que a doutora Biatriz ligou e eu vim com ele — o seu Juarez explicou. — E a dona Mariana achou que tu podia estar com problema pra estacionar. Eu cuido do carro.

— E a Bia? — O Lourenço abriu a porta de trás, esperando pelas meninas, que também estavam soltando os cintos.

— Ela tá na sala de parto. Sobe rápido, Lôro. Quinto andar, vira à direita quando sair do elevador.

— Valeu, mermão! — ele gritou por cima do ombro.

O Lourenço correu pelo estacionamento e diminuiu o passo ao entrar no saguão do hospital, indo direto até os elevadores. Ele tentou não apertar as mãozinhas agarradas nas suas para não deixar as meninas mais ansiosas, mas pareceu um século até ele chegar na sala de espera e ver o rosto aflito da Mariana.

— Graças a Deus! Aquela sala ali. O Fred tá com ela, e a médica disse que você podia entrar na hora que você chegasse. Vai!

Tudo o que ele queria, era ir, mas ele se obrigou a se abaixar e dar um beijo em cada filha.

— Eu vou lá ver a mamãe e quando a doutora deixar, eu venho buscar vocês pra ir ver ela também, tá bom?

Depois que as duas assentiram, ele respirou fundo e entrou na sala que a Mariana tinha apontado, empurrando a porta devagar, com medo do que ia ver. Ele nunca ia se perdoar se tivesse perdido a segunda vez que a Bia tinha um filho seu, mas ainda não era a sala de parto. Um enfermeiro o recebeu no cubículo, cheio de armários e jalecos brancos pendurados na parede.

— O senhor é o pai?

O Lourenço concordou com a cabeça, seu coração quase pulando do peito com o grito da Bia do outro lado das portas na sua frente.

— Ainda não nasceu. Vem cá. — O enfermeiro empurrou um avental esverdeado pelos seus braços e o puxou até uma pia. — Lava as mãos. Esfrega bem.

O Lourenço obedeceu como um zumbi, sem cérebro para raciocinar, todo o seu esforço concentrado em seguir as ordens do rapaz e não entrar como um louco na sala onde a Bia parecia estar morrendo, mas se ela estivesse morrendo, o rapaz não ia fazê-lo perder tempo lavando as mãos, ia?

Enquanto ele esfregava as mãos com o sabão de cheiro forte, o enfermeiro amarrou o avental atrás do seu pescoço e colocou uma touca branca na sua cabeça. Ele secou as mãos numa toalha que apareceu na sua frente, seu estômago dando outra cambalhota com mais um grito da Bia.

— Pode entrar. — O enfermeiro abriu as portas duplas e apoiou a mão nas suas costas, o empurrando para dentro.

Suas pernas amoleceram e ele firmou os joelhos para não passar vergonha ao ser atingido pelo cheiro forte de antisséptico misturado com sangue e a visão da Biatriz de perfil, dois enfermeiros segurando para trás os joelhos cobertos pelo mesmo pano verde do seu avental, e o que ele imaginava ser a doutora Sarah com a cabeça enfiada, por dentro do pano, no meio das pernas da sua esposa.

— Olha quem resolveu aparecer pra festa!

O tom de brincadeira na voz do Fred o acalmou o suficiente para que ele conseguisse andar até onde ele estava, segurando as mãos da irmã, que o recebeu com uma mistura de alívio e sofrimento no rosto vermelho de esforço e molhado de lágrimas e suor.

— Desculpa, amor. — Ele beijou os cabelos colados na cabeça. — Desculpa eu ter demorado. Como é que você tá?

— Eu tô morrendo — ela choramingou.

— Você não tá nada morrendo! — O Fred cortou o dengo da irmã e empurrou as mãos dela para o Lourenço. — E agora você pode massacrar a mão do culpado de você estar aqui.

— Frouxo! — a Bia xingou o irmão. — Eu queria ver você não massacrar a mão de alguém se tivesse que empurrar uma melancia pela sua vaginaaaaahhhhhhh!

O grito da Bia foi acompanhado pelo aperto nas suas mãos, que fez a implicância que ele também tinha na ponta da língua para o Fred morrer, porque, puta que pariu! Onde aquela mulher tinha arrumado tanta força? Mas ele era inteligente, e guardou o comentário para si mesmo.

— Pode apertar a minha mão, amor. Eu aguento.

— Pau mandado — o Fred murmurou, abrindo e fechando as mãos.

— Papai, se prepara, seu filho tá quase aqui — a doutora Sarah disse com a voz abafada pela máscara cirúrgica, mas pelos olhos dela, o Lourenço sabia que ela estava sorrindo. — Mais um empurrão, Bia. Vamos! Mais um!

Espremendo os olhos fechados, a Bia pegou fôlego e fez força.

— Aaaaaaaahhhhhhh!

O grito pareceu durar uma eternidade, até o corpo dela desmoronar na maca. Dois segundos depois, um choro forte cortou o silêncio da sala de parto. E o Lourenço foi tomado por uma emoção diferente de tudo o que já tinha sentido, como se tudo o que ele tivesse vivido fosse para chegar até aquele momento, se todas as suas experiências tivessem se somado para que ele pudesse estar presente na primeira vez que o seu filho respirava e chorava. E vivia.

— Um menino! — a doutora Sarah confirmou o que eles já sabiam.

Ele teve que limpar as lágrimas dos olhos para conseguir enxergar o bebê sujo de sangue e esbranquiçado se retorcendo e reclamando a plenos pulmões por ter sido tirado do conforto da barriga da mamãe, que a doutora levantou nos braços. Um engasgo do seu lado, puxou sua atenção de volta para a Bia, que tinha arranjado forças para levantar a cabeça e também estava chorando, ao ver o filho pela primeira vez.

— Ele é lindo. — O Lourenço deu outro beijo na testa da sua esposa, que só conseguiu assentir.

— O papai vai cortar o cordão umbilical? — a doutora perguntou.

— Vou.

A Bia o soltou e ele foi até a uma moça sorridente, que lhe entregou uma tesoura comprida.

— Bem aqui. — Ela apontou o pequeno espaço entre uma pinça e uma presilha de plástico.

Numa situação normal, já teria sido difícil encaixar a abertura da tesoura no menos de um centímetro que ela apontou, como ela esperava que ele fosse conseguir com a visão borrada e as mãos tremendo?

— Posso ajudar? — a voz do Fred veio do seu lado.

Ele se preparou para receber a implicância do cunhado, mas uma olhada rápida para ele, mostrou que a emoção dele não era diferente da sua, e se a mão esticada na sua direção esperando pela sua resposta, estava firme, era só porque segurar tesouras como aquela e cortar partes do corpo humano eram parte da rotina do doutor Fred.

— Por favor? — o Lourenço aceitou.

Com a mão do cunhado segurando a sua, eles separaram mãe e filho. A moça, que o Lourenço assumiu ser a pediatra, levou o seu filho, ainda chorando, para o fundo da sala, com o Fred atrás, fiscalizando tudo o que ela fazia. Seu primeiro impulso, foi ir junto, mas ele se obrigou a voltar para o lado da Bia, afinal eles estavam só na metade do caminho.

— Pronta pra continuar, Bia? — a doutora Sarah perguntou.

— Não... — a Bia choramingou. — A gente não pode deixar o outro pra amanhã, no mesmo horário?

— Vai ser mais rápido — a doutora incentivou, rindo. — Eu já tô vendo a cabecinha dele. Vamos lá?

— Força, amor. Você tá indo tão bem! — O Lourenço entregou suas mãos para o sacrifício.

— Aproveita, que é a última vez que eu faço isso! — A Bia agarrou as mãos dele com um olhar assassino.

— Foi você que disse que queria mais dois filhos.

— Não precisava ser ao mesmo tempo. Você e seu esperma atômico! — ela murmurou entredentes, antes de gritar. — Aaaahhhhh!

Ele riu — só por dentro, porque ele não era besta — da piada que a Bia tinha começado a fazer depois da consulta que revelou dois coraçõezinhos batendo dentro da barriga dela. O Lourenço tinha aprendido, de tanto ler sobre o assunto, que as causas de um óvulo se dividir depois da fecundação e gerar gêmeos idênticos, ainda eram um mistério para a medicina, mas se a sua esposa queria achar que era culpa dele e que seu esperma era atômico, quem era ele para contestar?

Poucos minutos e gritos depois, outro choro ecoou pela sala.

— Outro menino! — a doutora repetiu, só porque devia ser o costume dela. Ninguém esperava nada diferente.

Ele apoiou a cabeça da Bia, exausta, para ela poder ver o segundo filho se esperneando nos braços da médica.

— Descansa, amor. Acabou. — Ele afastou algumas mechas de cabelo da testa suada, antes de beijá-la.

— Falta a placenta — ela murmurou.

— A placenta já saiu — a doutora informou, fazendo a Bia desabar na cama, soltando um suspiro aliviado. — Papai, o cordão?

Ele teve que se virar sem o Fred, que ainda estava vigiando o sobrinho no fundo da sala, e depois da terceira tentativa, conseguiu cortar o cordão umbilical. Ele voltou para o lado da Bia, que entreabriu os olhos ao sentir sua presença.

— Tá tudo bem com eles?

— Eles são lindos. Perfeitos — ele a tranquilizou.

— Eu fiquei com tanto medo de você não chegar.

— Eu também fiquei com medo de não chegar. Desculpa...

— Não pede desculpas — ela o interrompeu, levantando a mão e acariciando o rosto dele. — Você chegou, isso que importa. E não é culpa sua que eles resolveram se adiantar.

— Mesmo assim...

Ele foi interrompido outra vez, pelo Fred, se aproximando com um embrulho azul, nos braços:

— Presente pra você, maninha. Esse é o apressadinho que nasceu primeiro.

A Bia estendeu os braços ansiosos para o filho, o cansaço, esquecido, e passou o dedo pela bochechinha do rosto contorcido pelo choro quando o pegou.

— Ei, não chora não, meu amor — ela murmurou, baixinho, uma nova leva de lágrimas descendo pelo rosto. Como mágica, o neném no colo dela se calou ao ouvir a voz da mãe. Ela soltou uma gargalhada, estrangulada pelo choro. — Ele parece comigo!

O Lourenço estudou as feições delicadas, o nariz fino e curvado para cima, a boquinha avermelhada, o lábio superior mais fino que o inferior, e precisou concordar com ela.

— Estava na hora de um dos seus filhos parecer com você. — Ele acariciou a cabecinha coberta pelo cobertor azul. Ele era tão pequenininho!

— Você quer dizer dois, né? — o Fred contribuiu. — Boa sorte pra diferenciar um do outro.

Ele fez um sinal de cabeça, e o Lourenço chegou para o lado, deixando o enfermeiro que o ajudou quando ele chegou, colocar o outro bebê, idêntico ao irmão, nos braços da Bia. Ele também parou de chorar, imediatamente, ao ouvir a voz dela. Por mais vontade que o Lourenço estivesse de segurar um deles, ele também tinha lido sobre como era importante o contato com a mãe, logo depois do parto. E ele ia ter muitas e muitas outras oportunidades.

— Eu vou lá fora avisar que foi tudo tranquilo. — O Fred deu um passo para trás e tirou o celular do bolso. — Mas antes, a primeira foto do álbum.

— Só deles, por favor, Fred. Eu tô horrível — a Bia reclamou.

— Você nunca tá horrível. — O Lourenço arrumou os cabelos dela, falando com sinceridade. Na verdade, ele nunca tinha visto a Bia tão linda como naquele momento, o rosto vermelho, cansado e suado, com os seus filhos nos braços. — E as meninas vão gostar de ver você.

Ela entendeu, só pelo seu olhar, como as meninas estavam ansiosas esperando por notícias, e sorriu e deixou o Fred tirar todas as fotos que ele quis.

Depois que o cunhado se afastou, o Lourenço passou o braço por baixo dos da Bia, abraçando a ela e aos filhos como pôde, aproveitando os minutinhos antes que a enfermeira viesse enxotá-lo também.

— Edson. — A Bia beijou a testa do mais velho. — E... — Ela olhou séria para o Lourenço. — Tem certeza? Ainda dá tempo.

— Eu tenho certeza. — Ele mesmo se inclinou e beijou a testa do outro filho. — Enzo.

A conversa sobre chamar um dos meninos de Vidal, tinha acontecido mais de uma vez, mas ele não era hipócrita. Para que colocar um nome no filho que só iria lembrá-lo do relacionamento horrível que teve com seu próprio pai?

A emoção que enchia seu peito naquele momento, olhando os dois filhos nos braços da Bia, devia ser igual à que seu pai sentiu quando ele nasceu, os olhos dele também devem ter brilhado de emoção e planos para o futuro, sem imaginar que iria morrer, decepcionado, por causa daquele mesmo filho. Aquilo podia acontecer com ele. Quem saberia prever se aquelas duas coisinhas inofensivas, que tinham acabado de começar a respirar, não iriam se tornar adolescentes rebeldes e lhe dar o mesmo trabalho? Seria uma ótima maneira da vida fazê-lo pagar por todo o sofrimento que ele fez a mãe passar.

— Isso não vai acontecer — a Bia falou, o tirando do desvio escuro que seus pensamentos tinham tomado.

Claro que ela sabia o que ele estava pensando. Aquela também tinha sido uma conversa que eles tiveram várias vezes, se ele tinha as qualidades que um bom pai precisava ter. Sua única certeza, era que ele seria, ao menos, diferente do que seu próprio pai foi com ele. Impor regras e disciplina não significava ser opressor, não significava falta de diálogo e entendimento, e mais que qualquer outra coisa, não significava que demonstrar sentimentos era uma fraqueza.

— Eu sei — ele beijou os lábios da mulher da sua vida e, em seguida, a testa dos filhos. — Eu amo vocês.

Ele nunca tinha ouvido aquelas palavras saindo dos lábios do pai. Nem para ele, nem para as irmãs, nem para a mãe. E era por isso que ele não se segurava quando tinha vontade de dizê-las. Nunca perdia uma chance de repeti-las, para a Biatriz, para a Alícia e a Amanda, e agora, para o Edson e o Enzo.

E uma lição, os filhos iam aprender com ele: que família discutia e brigava, mas, no fim, o amor que unia a todos eles, era um laço que vencia qualquer problema.

— Nós também te amamos — a Bia sussurrou de volta.

Seu coração se encheu tanto, que parecia que ia explodir. Escutar a Bia dizer que o amava, era outra coisa que nunca ia deixar de provocar aquela sensação extraordinária de pertencer, de ser querido, de estar vivendo, e não apenas sobrevivendo.

Um dia, ele chegou a pensar que as merdas que ele fez, tinham lhe tirado a melhor chance que a vida tinha lhe dado de ser feliz, e se jogou numa rotina de trabalho rígida e relacionamentos fúteis que nunca chegaram nem perto de preencher o vazio dentro do seu peito. Felizmente, o que ele acreditou ser o fim da história, tinha sido só o fim de um capítulo, e eles estavam tendo a chance de continuar a escrever outros e outros e muitos outros capítulos, que não eram perfeitos, mas que eram perfeitos para eles.

E quem disse que o cara comum não podia ser o herói da história?

FIM

***

Chegamos a outro fim, e eu não posso deixar de agradecer a todas vocês que me apoiaram, deram sugestões, me fizeram rir e, muitas vezes chorar, com os comentários que me deixaram.

Foi um prazer escrever esse livro pra vocês que não se conformaram com o final não-feliz da Bia e o Lourenço. Espero que tenha sido tudo o que vocês desejaram.

E não deixem que as dificuldades da vida desanimem vocês na busca dos seus próprios finais felizes. Sejam suas próprias incentivadoras, se deem quantos empurrõezinhos forem necessários, um dia, vocês encontram o Lourenço (ou a Bia) de vocês. Se é que já não encontraram.

Obrigada por terem dedicado seu tempo, e várias unhas roídas, para ler a minha história. Não tenho palavras para descrever como é bom saber que o meu trabalho não é feito em vão. 

Beijos, Luciana.

Mas, peraí?

Tá faltando uma coisa, não tá?

E o Fred e a Mariana?

Claro que eu não vou deixar vocês sem saber tudo que rolou com o casal mais shipado de Bem te Quero. Como da outra vez, só preciso de um tempo pra me organizar, ainda tenho que pensar num título (aceitando sugestões) e na capa, mas muito em breve, a história deles vem aí.

Só pra deixar vocês com água na boca, segue um trechinho que já rascunhei.

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