Capítulo 11

O Lourenço querer saber o motivo da casa da Bia não ter entrado no clima das festas de fim de ano não era uma pergunta bombástica. A explicação era até relativamente simples, e ela a ofereceu sem hesitar.

Na casa da 'família mais perfeita do Brasil', a decoração de Natal não podia ser nada menos que impecável, para servir de pano de fundo para as incontáveis fotos e entrevistas do Diego, que pareciam dobrar de volume no final de ano. Por isso, era a assistente dele que sempre cuidava de tudo, inclusive de agendar a firma de decoração que transformava a sala da Bia num cenário digno de sair em qualquer capa de revista. Não tinha sido diferente naquele ano, mas, claro, a decoradora tinha ido espalhar a mágica dela no apartamento novo do Diego e não na casa da ex-mulher que não apareceria nem em blog de quinta categoria.

Ao se dar conta daquilo, a Bia ligou para a tal firma e descobriu que eles estavam com a agenda de Natal lotada desde julho — sério, quem começa a planejar o Natal em julho?! — E ela teria que entrar na lista de espera. Pelo adiantado de dezembro, era seguro pensar que a lista só chegaria no seu nome, com muita sorte, no Natal do ano seguinte. Razão pela qual a única árvore de Natal na sala da Bia era a da foto antiga, dela com o Fred e os pais, num porta-retratos na mesinha de centro.

O Lourenço escutou a longa justificativa com paciência e quando ela terminou, ficou alguns segundos calado e se inclinou para a frente, dizendo com a mesma paciência:

— Bia, você sabe que a maioria de nós, meros mortais, cuidamos nós mesmos das nossas árvores de Natal, não sabe?

A Bia revirou os olhos.

Não era o caso de se considerar melhor que os outros, como ele estava insinuando. Além do mais, ela era filha da dona Heloísa, famosa na família pelo entusiasmo, na maioria das vezes extrapolando o excessivo, em decorar a casa nas datas festivas. Se tinha uma coisa que a Bia tinha de sobra, era experiência em ajudar a mãe a dar asas à criatividade em aniversários, páscoas, festas juninas, dia das bruxas e, o feriado preferido dela, o Natal.

Ou na pior das hipóteses, a Bia poderia ter ligado para uma das outras várias firmas de decoração que deviam existir no Rio de Janeiro.

Mas era aí que entrava a parte não tão relativamente simples da questão.

Não que a Bia fosse admitir em voz alta, mas, talvez, ela estivesse um pouquinho só em modo negação. Ou, como ela preferia pensar, autopreservação.

Todo mundo dizia que ficava mais fácil com o passar do tempo, mas o coração da Bia discordava, se apertando cada vez que ela lembrava que aquele seria seu segundo Natal sem os pais. Não ter a casa cheia de Papais Noéis, bonecos de neve, velas, laços, casinhas, etc, etc, etc, permitia que ela se esquecesse, na maior parte do tempo, que aquela era a época suprema de celebração da união das famílias. Seu plano era limitar o sofrimento à ceia e à troca de presentes no dia 24 e ao almoço do dia 25, quando seria inevitável encarar a festividade, e acordar como se nada tivesse acontecido, no dia 26.

— É você mesmo que monta a sua árvore de Natal? — Foi como a Bia respondeu ao Lourenço, se esquivando de admitir a verdade.

— Não, eu não costumo montar árvore de Natal — ele admitiu, mas antes que a Bia pudesse acusá-lo de hipocrisia, ele deu o golpe fatal. — Mas na minha casa não tem criança.

A Bia levou a mão ao peito, respirando fundo. Ela podia lidar com ser considerada esnobe. Ela era até capaz de aceitar sua covardia e negação para enfrentar o sofrimento — quem não ficava cansada de tentar ser forte o tempo todo? — Mas ter que encarar que estava sendo egoísta com as duas pessoas que eram o mundo para ela, era brutal. E muito vergonhoso.

As lembranças dos seus natais de infância eram coloridas, cheias de risadas e alegria e amor. Como ela podia estar privando suas próprias filhas de colecionar memórias como aquelas?

Quando a Bia tinha colocado a culpa na demora em ter uma árvore de Natal na decoradora feia, boba e chata que não queria vir na casa delas, as meninas tinham aceitado a desculpa esfarrapada com tanta... resignação.

A migalha de orgulho que ela tinha acabado de sentir ao ser chamada de incrível pelo Lourenço, evaporou pelo ar. Ela não era um bom exemplo. Ela não era nem um exemplo passável, pelo contrário, ela era a pior mãe do mundo. Uma que ensinava as filhas a serem conformistas e apáticas. E enquanto existiam circunstâncias na vida que só podiam ser recebidas com aceitação — a morte, o melhor exemplo — não ter uma árvore de Natal não fazia parte daquela lista.

— Você tá certo. — A Bia encarou o Lourenço, com coragem. — Completamente certo.

Uma troca rápida de mensagens com o irmão tinha lhe rendido uma notícia boa: claro que ela podia usar os enfeites da mãe que estavam guardados na casa dele. E outra não tão boa: a árvore de Natal que era da mãe estava enfeitando o saguão de entrada da clínica.

Por isso, a Bia, as meninas e o Lourenço estavam desbravando o shopping numa versão moderna daqueles filmes em que a família se aventura pela neve para ir cortar sua própria árvore de Natal. Não que eles fossem uma família propriamente dita, mas os corredores lotados tinham quase tantos perigos quanto uma floresta cheia de lobos uivantes. Esperta tinha sido a Mariana, que inventou um compromisso, pegou o carro alugado do Lourenço, e escapou do programa de índio.

Mas tinha valido a pena. As meninas tinham recebido a notícia da compra da árvore com pulinhos e gritinhos de felicidade. E ainda estava valendo a pena.

— Onde a árvore vai ficar, mamãe? — a Amanda gritou para ser ouvida por sobre o burburinho em volta delas, saltitando agarrada à sua mão direita.

— Perto da janela, onde sempre fica.

— E eu posso ajudar a colocar os enfeites? — a Alícia perguntou, agarrada à sua mão esquerda. — Igual eu fazia com a vovó Helô?

— Eu também, mamãe! Eu também posso? — A Amanda praticamente vibrou de entusiasmo, arrancando uma risadinha da Bia.

— Todo mundo vai ajudar.

A Alícia se inclinou para falar com a irmã pela frente da Bia.

— A nossa árvore vai ficar mais bonita que a do papai.

O último comentário fez o Lourenço, que andava na frente, abrindo caminho, olhar por cima do ombro. Não devia ser fácil escutar a filha chamando outro homem de pai, e a Bia esperou que ele levantasse os olhos até o seu rosto para sorrir e balbuciar um 'obrigada'.

Ele sorriu de volta e deu de ombros, não se achando merecedor de agradecimentos, mas o puxão de orelhas sensato que ele tinha lhe dado era a razão de eles estarem ali.

Ao verem a vitrine da loja que parecia ter sido transportada direto do Polo Norte, com direito a neve artificial e tudo, as meninas ameaçaram se soltar e correr na frente, mas a Bia segurou firme e parou num cantinho, se curvando para ficar com o rosto da altura delas.

— Vocês duas. — Ela esperou receber a atenção completa das filhas antes de continuar. — A gente veio comprar uma árvore de Natal, e mais nada. Entendido?

As duas balançaram as cabecinhas ao mesmo tempo, acostumadas com a rotina da Bia antes de entrar em qualquer lugar onde dinheiro podia ser trocado por mais inutilidades que elas morreriam se não levassem para casa.

— E depois a gente pode ir no parquinho de Natal? — a Alícia pediu.

— Pode — a Bia concordou já prevendo a longa espera na fila quilométrica, mas preguiça, junto com covardia e comodidade, estava banida da sua lista de motivos para negar experiências para as filhas.

— E depois a gente pode ir ver os cachorrinhos? — A pergunta da Amanda não era surpresa. Não havia uma visita ao shopping que não terminasse com uma passadinha no pet shop onde as duas — tudo bem, a Bia também — não gastassem seus estoques de aaawwws e ooowwws se derretendo pelos filhotinhos na vitrine.

— Pode, mas só olhar — a Bia enfatizou.

O motivo pelo qual ela nunca pôde atender ao desejo das filhas de ter um cachorrinho em casa, a alergia do Diego, não existia mais, mas uma coisa era comprar uma árvore de Natal, outra, era ter mais um ser vivo sob sua responsabilidade. Quem sabe depois que sua vida voltasse ao normal?

Elas se juntaram ao Lourenço esperando por elas na entrada da loja. As meninas tentaram se soltar de novo, e a Bia as deixou ir. Não seria difícil manter contato visual com elas entre os poucos clientes que ainda compravam decoração de Natal a menos de uma semana do grande dia. As duas correram direto para a parede do fundo, onde vários pinheiros artificiais, em ordem decrescente de tamanho, estavam expostos e, claro, foram direto no maior.

— Essa aqui, mamãe. — A Amanda acariciou um dos galhos com um olhar sonhador.

— Nem um pouco ambiciosa essa sua filha, Biatriz com 'i' — o Lourenço brincou, inclinando o pescoço para trás para olhar o topo da árvore.

Antes que a Bia replicasse, a vendedora se aproximou.

— Boa tarde. Posso ajudar vocês?

Apesar de o oferecimento ter sido feito no plural, o olhar, a passada de língua pelos lábios sorridentes e a jogada dos cabelos loiros por cima do ombro da moça foram todos para o Lourenço.

— Boa tarde. Nós estamos precisando de uma árvore de Natal, mas... — Ele apontou para a Bia. — Quem manda aqui é ela.

Com o que pareceu ser um grande esforço, a vendedora mudou o foco de atenção para a Bia, que recebeu um olhar carregado de o-que-você-tem-que-eu-não-tenho?.

Não se passava anos e anos casada com um ator famoso sem se tornar imune a esse tipo de julgamento salpicado de desprezo e a Bia o recebeu com a impermeabilidade costumeira. Além do mais, naquele caso, a jovem de saltos altíssimos, saia cinza indo até acima dos joelhos moldando as curvas generosas e a blusa vermelha a um botão de distância de ser considerada inapropriadamente aberta, estava coberta de razão. Ela tinha tudo o que faltava na Bia.

— Nós estamos precisando de uma árvore de Natal. — E ainda por cima, a Bia era uma idiota. Não foi o que o Lourenço tinha acabado de dizer? Respirando fundo, ela esticou o braço na direção da árvore que as meninas tinham escolhido. — Eu acho que essa?

— É pra casa da senhora?

A moça falou senhora como se a Bia fosse no mínimo uns vinte anos mais velha que ela, e não os prováveis cinco. No máximo.

— Pra minha casa — ela confirmou.

— Esses dois tamanhos maiores são indicados pra ambientes com o pé direito acima do padrão. — A vendedora fez um gesto do chão ao teto parecido com os da moça do tempo da televisão. — A não ser que o ambiente da senhora tenha um design diferenciado, saindo dos normais três metros, o maior tamanho que eu recomendo é esse aqui. — Ela indicou a terceira maior árvore. — Pode colocar uma decoração no topo sem medo de ficar esbarrando no teto.

— Vocês escutaram a moça, meninas. Tem que ser essa aqui. Tudo bem?

Sem protestos, as meninas pularam para a frente de árvore que a Bia apontou.

— Tudo — elas concordaram, juntas.

— Nós vamos levar essa, então, por favor — ela pediu.

— Eu vou checar o estoque e já volto — a vendedora se prontificou, com um sorriso.

Ela se afastou, rebolando tanto que a Bia temeu pela segurança das prateleiras que ladeavam o pequeno corredor por onde ela passava. Sério, mais um pouquinho e o quadril dela começaria a quicar e derrubar as mercadorias pelo chão.

Não querendo ser mal interpretada ao ser pega checando o rebolado da outra mulher, a Bia desviou sua atenção e encontrou o Lourenço — surpresa, surpresa — fazendo exatamente aquilo.

— Vocês não ficam com dores nas costas? — Ele passou a mão pelo queixo, com um sorriso de lado. — Eu aposto que no mínimo um desvio de coluna ela deve ter.

— Não que eu esteja aceitando a sua aposta... Ei, sem colocar a mão! — a Bia avisou as filhas que tinham se afastado e olhavam a mesa enorme com uma cidade em miniatura sendo cortada por um trenzinho elétrico, e voltou a encarar o Lourenço. — Mas se eu estivesse aceitando a sua aposta, como é que você acha que a gente ia descobrir quem ganhou? Você convidava ela pra jantar e, entre o prato principal e a sobremesa, chegava pra ela e perguntava, 'Gata, escoliose ou lordose?'.

O Lourenço jogou a cabeça para trás numa gargalhada que atraiu os olhares das poucas pessoas em volta.

— Ahh, Bia... — Ele balançou a cabeça algumas vezes. — Um jantar inteiro pra conseguir uma informaçãozinha dessas? Você não devia duvidar assim da minha capacidade de persuasão.

Antes que ela pudesse dizer que ela não duvidava de nada, porque ele era capaz, e muito, de conseguir tudo que ele quisesse, a vendedora voltou com o mesmo andar rebolativo.

— Vocês estão com sorte, vão levar a última árvore. — Novamente, apesar do vocês, a atenção dela era toda para o Lourenço. — Mais alguma coisa? A nossa seleção de enfeites é bem variada.

O Lourenço levantou as sobrancelhas para a Bia, esperando que ela respondesse.

— Não, obrigada. É só a árvore.

— É só ir no caixa, então. O rapaz do estoque vai estar levando lá pra vocês.

— Muito obrigado... — O Lourenço se inclinou na direção da moça. — Como é o seu nome?

Vocês já viram alguém brilhar de satisfação? Pois, naquele momento, a vendedora competia com a iluminação de todas as árvores juntas no mostruário atrás deles.

— Letícia.

— Obrigado pela ajuda, Letícia. — Ele umedeceu os lábios, e a Letícia entreabriu os dela, soltando um leve suspiro, enquanto a Bia observava tudo como se estivesse hipnotizada. — Eu queria te fazer uma pergunta meio pessoal? Você não precisa responder, se não quiser, claro.

— Pois não. — Ela deu um passo à frente, encurtando a distância entre ela e o Lourenço.

— A minha esposa é médica. — Ele passou o braço pela cintura da Bia e a puxou para o lado dele. O olhar dela procurou pelas filhas, que estavam distraídas em frente a uma prateleira, sem prestar a menor atenção à conversa, e a Bia não estava nem aí se elas quebrassem a loja inteira, porque o Lourenço a tinha chamado de 'esposa' e estava com a mão apoiada no seu quadril e mesmo que fosse tudo uma brincadeira para mostrar do que ele era capaz, o corpo da Bia se esquentou dos pés à cabeça. E a moça só não percebeu sua surpresa e desconfiou da palhaçada toda, porque ainda estava babando, fascinada, pelo homem na frente dela. Ele continuou, calmamente. — Ela notou, pela sua maneira de andar, que você tem dores nas costas. É verdade?

— Nossa! — A moça arregalou os olhos para a Bia, colocando a mão na parte de baixo da coluna. — Eu tenho muita dor nas costas. Eu tô fazendo fisioterapia há seis meses, mas não tá adiantando. A senhora tem algum tratamento melhor pra me indicar? Eu tô aceitando qualquer ajuda.

A Bia forçou o sorriso para oferecer um conselho genérico, já que ortopedia não era a sua especialidade.

— Uma boa fisioterapia, é só o que eu posso te recomendar. E talvez, não usar saltos tão altos?

— É o meu vício. — A Letícia levantou uma perna e rodou o pé, fazendo a panturrilha se contrair e se expandir com o movimento. — Eu me sinto nua sem eles.

O Lourenço era bom de paquera, não se podia negar, mas a vendedora levava a medalha de ouro. A Bia não tinha a menor dúvida de que, naquele exato momento, ele estava imaginando a Letícia sem roupas. Não fosse o fato de ele ter acabado de anunciar que eles eram 'casados', a Bia poderia ter parabenizado a assanhada pela competência e habilidade em dar mole.

— Eu tô indo pagar — a Bia avisou ao Lourenço, se soltando do meio abraço com um movimento brusco.

Ser esposa de mentirinha dele não lhe dava o direito de ficar irritada, o problema era o atrevimento descarado. Mas também, se nem a sua prima, e melhor amiga, tinha respeitado o seu casamento de verdade, o que a Bia podia esperar de uma mulher que ela nunca tinha visto na vida? Não que houvesse comparação entre o seu ex-namorado e seu ex-marido. Apesar de toda a brincadeira, o Lourenço era livre e desimpedido e podia paquerar quem ele quisesse. A Bia só não era obrigada a assistir ao show de camarote.

Ela deu as costas, deixando o casalzinho livre para continuar a se comer com os olhos e foi chamar as meninas.

— Alícia! Amanda! Vamos?

As meninas vieram correndo, cada uma com uma caixa de bolinhas de Natal na mão, as da Alícia enfeitadas com a joaninha francesa do desenho que ela tanto gostava, e as da Amanda, com as princesas da Disney.

— Olha que lindo, mamãe?

— Compra?

— Lindo! Agora, põe de volta. Eu disse que a gente não ia comprar mais nada! — a Bia explodiu.

— Mas você não vai nem olhar o preço? — a Amanda perguntou com um beicinho.

A Bia fechou os olhos, respirou fundo e contou até três. Lá ia ela, outra vez, descontando a sua frustração em quem não tinha culpa de nada.

— Escuta. — Ela se agachou na frente das filhas. — A gente vai usar os enfeites da vovó Helô, e a gente já tem muito, mas muito mesmo.

— Mas, mamãe, a vovó Helô dizia que dava sorte colocar um enfeite novo na árvore — a Alícia argumentou.

— Você lembra disso? — A Bia se surpreendeu. Era verdade que a mãe tinha inventado essa 'superstição' como desculpa para comprar mais um monte de enfeites que ela não precisava. E com uma justificativa daquelas, como a Bia ia se negar? — Tudo bem, mas só isso e chega.

Elas chegaram ao caixa junto com o Lourenço e, sem olhar para ele, a Bia entregou as duas caixas de enfeites das meninas para a moça atrás da registradora. Felizmente, a Letícia-Barbie tinha desaparecido.

— E uma árvore que alguém ia trazer? — ela acrescentou.

Um rapaz deu a volta no balcão com uma caixa comprida, um pouco mais larga que uma caixa de sapatos.

— Prontinho. — Ele a encostou na parede ao lado deles.

— Tem alguma coisa errada. — A Bia impediu o rapaz de se afastar. — A gente pediu a terceira maior árvore?

— É isso mesmo. — Ele riu. — Parece meio impossível, mas tá tudo aqui dentro. E nunca mais vai caber de volta, depois que a senhora tirar.

— Tá certo, então. Obrigada.

A Bia pegou a carteira da bolsa e se virou para pagar, mas o Lourenço já estava recebendo o recibo e o cartão dele, de volta.

— Não, não. — Ela tomou a notinha da mão dele e tentou devolver para a caixa junto com o seu cartão. — Tem como cancelar e fazer de novo?

— Não precisa. — Ele segurou a mão da Bia e sorriu para a moça. — É meu presente de Natal pra vocês.

— Mas, Lourenço...

— Sério, Bia — ele a interrompeu. — Eu estava quebrando a cabeça com o que eu ia comprar, e assim, eu sei que eu tô dando um presente que vocês querem e vão usar muitas vezes. Aceita, por favor? É de coração.

— Obrigada — a Bia aceitou o oferecimento sincero com graciosidade. — Você não precisava, mas obrigada.

— Obrigada, tio Lôro! — A Amanda abraçou forte uma das pernas do Lourenço, enquanto a Alícia fazia o mesmo com a cintura.

Ele arregalou os olhos para a Bia, entre surpreso e emocionado, e engoliu em seco algumas vezes antes de conseguir falar.

— De nada, minhas lindas.

A Bia podia, ou não, estar incluída naquele 'minhas lindas', quem sabe? Mas a verdade era que, a simples possibilidade, fez sua irritação derreter como flocos de neve no calor do Rio de Janeiro.

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