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QUARTA-FEIRA
Anelise Evans
Estávamos sentados na lanchonete, ele comendo batata frita e eu tomando meu habitual suco de beterraba.
Já reclamou diversas vezes comigo sobre como, segundo ele, gosto desse suco horrível.
E eu, em melhores palavras, disse a verdade. Não gostava quando era mais nova mas a partir do momento que li que era bom pra saúde o horror que era beber isso se tornou a coisa mais maravilhosa do mundo.
Então ele disse que não me suporta por mais de meia hora pelo simples fato de eu bater minhas unhas todos segundos na mesa. Que por sinal preciso cortar, sou tão desastrada que todos os dias me arranho. Ontem me arranhei no queixo, anteontem na bunda.
E eu me pergunto como diabos eu consigo fazer isso? eu sou tão cuidadosa.
Enfim, os dedos dele estão oleosos agora. Batata frita é bom mas muito óleo é uma coisa pessima. Eu ofereço um guardanapo e ele limpa a mão.
Mau humorado, mas limpa.
- Você não tem jogo em quinze minutos? - Pergunto de sobrancelha seguida
Greg Harris assente, enquanto digita rápido em seu celular. Mandando mensagem pra ela.
A garota que ele conheceu há menos de quatro semanas e está loucamente apaixonado. Mas como todo homem apaixonado é burro, ele não sabe como agir.
Como demonstrar.
Como mostrar que não é só mais um babacão.
- Eu já a conhecia - ele disse há algumas semanas - Mas nunca tive oportunidade de conversar com ela, até então.
- Quem é ela? - Eu pergunto pela milésima vez. Ela não me fala quem é, não me mostra a foto, como espera que eu o ajude?
Ele joga o guardanapo sujo no lixo e levanta os olhos castanhos brilhantes pra mim
- Já falei que não vou falar
- E como espera que eu o ajude? - Pergunto impaciente
deu de ombros
- Não é tecnicamente uma ajuda. Eu sou fodido de bom com as garotas, sabe disso.
- Pelo amor de deus Greg, é por isso que ela não te da bola ou não percebeu? Quem quer um babacão que já transou com metade da Universidade?
- Não precisa ofender, Anelise.
- Estou falando mais do que a verdade - cruzo os braços, Ele se encosta em seu assento com os olhos nos meus, estreitos
- Tá, talves eu precise de uma ajude.
- Tem como me mostrar quem é ela agora?
- Vamos fazer um acordo - Disse, estendendo a mão esperando que eu aperte - Se você me aconselhar, com base na descrição que eu fazer dela, e dar certo, vocês vão conhecê-la como minha namorada daqui uns dias.
- Ok, Greg - aperto sua mão - Se as dicas que eu der forem erradas?
- Então você vai ser responsável por partir meu coração, não ela.
- Não quero essa responsabilidade em minhas mãos - ergui as mãos para o ar. Deus, não quero mesmo.
Ele sorriu de lado, e continuou comendo suas oleosas batatas. Coitadinho, vai ter muitos problemas com a saúde.
- Dica número um - ele mostra um dedo - Ela é extremamente, difícil.
- Ok. Anotado.
- Dica número dois - mostra dois dedos desta vez - Você a conhece.
- Espera, se eu a conheço e é difícil deve ser a...
- Evans. Harris. - Somos interrompidos, por Connor James, com as mãos no bolso da frente da sua jaqueta e uma perfeita expressão de: "que porra eu estou fazendo aqui?"
- Senta, James. - Eu disse, sentando mais pro lado para ele se acomodar. Ele o fez, desconfiado.
Greg sorriu divertido e então começa
- Pedi para Anelise te chamar aqui para colocar certas coisas na mesa.
- O quê? - Pergunta inexpressivo
- Primeiro, Anelise e eu somos só amigos - diz Greg
- Quase irmãos. - completo. Greg sorriu docemente pra mim antes de continuar
- E eu não sei o que está rolando entre vocês, não é da minha conta, mas ficou claro que a qualquer momento você poderia me dar um soco se estivesse muito tempo na minha presença.
- Então pra evitar qualquer tipo de confusão, estamos aqui colocando as cartas na mesa. Entendeu, Connor? - Eu continuo, séria
Connor se encosta no assento, sério também. Inexpressivo. Misterioso. Que vontade de sentar nesse homem me deu agora.
Evans, foca!
Coço a garganta, fingindo que queria uma resposta saindo por seus lábios logo e não que estava imaginando coisas inadequadas para o momento.
- Ok, Evans. - ele diz
- Ok, Evans?
- Ok. Eu entendi que vocês são importantes um pro outro. - assentiu
- E? Só isso?
- Essa é minha deixa. Depois a gente continua conversando sobre aquilo, Anelise. - Greg levantou, piscou pra mim e saiu.
Connor virou pra mim e disse:
- Sim.
- Droga, Connor. Eu esperava mais palavras.
Ele sorriu devagar, e disse:
- Você também é importante pra mim, então respeito isso.
Eu sorri satisfeita e voltei a beber meu suco, recebendo uma careta de Connor. Revirei os olhos.
Homens.
- Só mais uma pergunta - Eu digo e aponto o queixo para Tom - Por que toda vez que você vem aqui Tom te olha estranho?
Ele deu de ombros
- Por que ele é interessado em você.
- Mas e o que você tem a ver com isso pra ele te olhar desse jeito?
- Provavelmente sabe que também sou.
Eu sorrio
- Quem diria hein, Connor James? - brinco
Ele observa meu rosto por longos segundos daquele jeito focado e intenso dele. Ele levanta, coloca suas mãos novamente no bolso da jaqueta e diz:
- Vou até o bar do Grey, quer ir?
- Não, vou esperar as meninas terminarem o turno delas - Aponto com queixo para Amber e Stacy trabalhando. Ele assente, mas antes que possa se distanciar eu atraio sua atenção pra mim, não acredito que vou perguntar isso até as palavras exatas sair dos meus lábios - Quer ir comigo numa festa daqui alguns dias?
- Que tipo de festa?
- Bom - olhei ele de cima a baixo - uma festa que você terá que usar terno e paciência, pois minha família estará lá.
Ele demora de responder, e por um segundo achei que negaria. É uma ideia estúpida, não sei porque eu pensei nisso e...
- Ok, eu faço isso.
E saiu da lanchonete, me deixando sozinha com meus pensamentos e sentimentos. Pensamentos principalmente em relação a forma que ele faz eu me sentir.
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