AMÁLIA

Eu estava emocionada e ansiosa, tanto que até sentia meu estômago revirar de nervosismo. Contudo, a felicidade tomava conta de mim. 

Enquanto Kiara e Elisa me ajudavam com o vestido e o véu, eu só conseguia pensar em uma coisa… Meu casamento...

Alguns meses após o pedido de namoro, Alex e eu fomos ao Brasil visitar sua família. No início, eu não queria ir, pois nunca tinha viajado de avião, mas depois, havia ficado animada com a ideia. Após dias conhecendo o Rio de Janeiro, fomos ao Pão de Açúcar, à praia, que a propósito era maravilhosa, e ao Cristo Redentor, onde finalizamos o nosso último dia de viagem e onde Alex me  surpreendeu com um pedido de casamento.

Ele havia se ajoelhado à minha frente e, enquanto abria uma caixinha preta, onde continha um anel de ouro, Alex dizia:

— Amália Anthony, nós nos conhecemos há pouco tempo, mas o que eu sinto por você é imenso, tanto que eu falo várias vezes que gosto muito de você, o que é verdade. Aliás, gostar é pouco, eu amo você, Amália. — Arregalei meus olhos, enquanto sorria e meu coração explodia de felicidade. Estava surpresa, pois Alex nunca havia falado que me amava, e feliz, pois também sentia o mesmo por ele. — Então, sem mais enrolações… Amália, você aceita se casar comigo? —  Um enorme sorriso cresceu em nossos lábios. 

— Eu também amo você, Alex. E, com certeza, aceito me casar com você. — Não aguentando mais de felicidade, corri até ele e pulei em cima dele, abraçando-o pelo pescoço.

Esse dia ficará guardado para sempre em minha memória. Agora, mal podia acreditar que ia realmente me casar em poucas horas. 

Quando Kiara terminou de colocar o véu em minha cabeça, ela se afastou e sorriu, com os olhos marejados.

— Você está tão linda. — Ela começou a abanar o rosto com as mãos a fim de se livrar das lágrimas. — O meu filho é tão sortudo. 

— Obrigada. — Minha sogra segurou minhas mãos e me olhou com ternura. 

— Obrigada por fazer o meu filho sorrir. 

— Vê-lo feliz é tudo o que eu mais quero. 

Após, Anna entrou no quarto, com um lindo vestido branco quase igual ao meu. Ela estava deslumbrante como dama de honra.

— Como estou? — Ela perguntou, rodando o vestido.

— Linda! — Falei e ela sorriu, animada. 

Logo depois, Elisa entrou e sorriu ao me ver. Ela estava com um lindo vestido azul-marinho e saltos da mesma cor, além de seu cabelo preso. 

— Está na hora de irmos. — Então, olhei-me no espelho mais uma vez e respirei fundo, ficando ainda mais nervosa. 

Meu cabelo estava preso em um lindo penteado, enquanto era acompanhado de um véu, e no meu rosto, havia uma leve maquiagem, muito linda. Já meu vestido era perfeito e digno de realeza: solto da cintura para baixo com rendas e com mangas longas e também rendadas. Naquele momento, estava me sentindo como uma princesa. Eu estava flutuando de tanta alegria, que mal me aguentava em pé. 

— Estou tão feliz por você. — Elisa falou, ao meu lado. 

— Obrigada por estar comigo. — Ela sorriu, emocionada.

— Nunca vou esquecer o dia em que nos conhecemos. Nossa amizade foi algo tão rápido, mas tão natural. Você me ajudou tanto e eu serei eternamente grata a Deus por ter colocado você em minha vida, Amália, e acredito que Alex pense igual. — Ela riu. — Desejo toda a felicidade do mundo para vocês dois. — Meus olhos marejaram. — Não, não, não, não chora. Vai borrar a maquiagem, Amália. — Então, ela começou a me abanar, enquanto eu respirava fundo e espantava as lágrimas.

— Eu te amo muito, Lis.

— Eu também, amiga.

[...]

Quando o carro parou em frente à igreja, Nicolas abriu a porta e me ajudou a descer. Após, posicionei-me ao lado de meu sogro e Anna, à nossa frente. Então, ouvimos a marcha nupcial e as portas se abriram. Assim que pus o pé dentro da igreja, senti como se alguém tivesse me apertado, fazendo eu soltar as lágrimas que tanto segurava.

Conforme andava, olhava para os convidados. Tias Estela, Raquel e Janette, junto com as crianças; Greta, Otávio, Andrew, Charlotte, Taylor e Baily também se encontravam. Depois, olhei para a frente e meus olhos se prenderam no meu noivo, que estava mais lindo que o normal e que sorria como nunca. 

Assim que cheguei ao altar, Alex segurou minhas mãos e deixou um selar em minha testa. Em seguida, ele passou o polegar em minhas bochechas, limpando as lágrimas que desciam sem cerimônia. 

— Eu te amo. — Ele sussurrou, fazendo-me sorrir em meio às lágrimas. 

Depois, entreguei o buquê à minha sogra e retornei para o altar, enquanto respirava fundo.

Assim que a cerimônia foi finalizada, diante de amigos, familiares e, o mais importante, de Deus, Alex e eu nos tornamos marido e mulher. Então, depois, saímos da igreja com a tradicional chuva de arroz. 

[...]

Na festa, meu atual marido se afastou de mim com muita relutância, para falar com os amigos e colegas. Enquanto isso, decidi pegar um docinho no buffet.

— Sra. Backer? — Taylor apareceu ao meu lado.

— Não começa, Taylor. — Ele riu, pegando um docinho também. 

— Como se sente?

— Feliz! — Ele riu.

— Imaginei. 

— Onde está a Elisa? — Ele apontou com o queixo e eu olhei na direção indicada. 

Então, um sorriso cresceu em meus lábios ao ver Elisa conversando com Andrew, que riam animados. Depois, Baily passou por nós e Taylor a seguiu com os olhos.

— Com licença, Senhorita Backer. — Falou, antes de ir atrás dela. 

No final da festa, despedi-me de cada um com abraços. Depois, Alex segurou minha mão e sorriu para mim. Retribuindo o sorriso, ele me guiou até seu carro.

Então, fizemos um caminho diferente e eu já sabia para onde ele pretendia ir. Após Alex parar o carro, nós descemos. Como eu ainda estava com meu vestido, ele me ajudou. 

Com nossos dedos entrelaçados, começamos a andar pela margem da praia. De vez ou outra, a água batia em nossos pés, que já estavam descalços. Meu vestido já se encontrava molhado embaixo e cheio de areia. Além disso, eu tinha um sorriso nos lábios, tamanha era minha felicidade.

Quem diria que do meu emprego sairia casada com meu chefe? Soa até clichê. 

— Quantas coisas passamos para chegarmos até aqui... — Alex falou, enquanto nossas mãos eram jogadas para frente e para trás assim que andávamos.

— Tudo fez parte... — Parei e olhei para o sol, que já estava se pondo. Então, Alex ficou de frente para mim e sorriu. — Talvez, não teríamos acabado aqui se algo tivesse ocorrido de forma diferente.

— Tem razão. — Sorri, colocando meus braços em volta de seu pescoço, enquanto ele abraçava minha cintura. 

Muita coisa havia mudado e ao mesmo tempo, não. Todos evoluímos de certa forma.

Alex ainda não havia aceitado totalmente a perda de Ana, mas se sentia melhor em relação à sua morte e buscava sempre focar nas boas memórias. Ele também não tinha se convertido completamente, apesar de estar mais próximo de Deus. 

Elisa ainda tinha acompanhamento psicológico. Apesar de não ter tido mais nenhuma crise, ela ainda precisava superar a perda de sua mãe e tudo o que tinha passado sozinha. 

Otávio ainda tinha que ficar distante de seu irmão, apesar de agora poder visitá-lo quando quiser. 

Taylor estava tentando conquistar Baily, mas a garota era difícil, o que o deixava frustrado.

Tia Estela, com a ajuda de meu marido, haviam matriculado todas as crianças, e agora, elas iam à escola em vez de estudarem no próprio orfanato, como faziam antes. Como eu tinha feito. 

Kiara, Nicolas e Anna viviam como sempre viveram: felizes e unidos. 

Greta havia sido promovida a minha governanta quatro dias após o pedido de casamento. Não que eu precisasse de uma, mas além de ser melhor para ela, era bom tê-la sempre ao meu lado.

Andrew lançava olhares intensos a minha amiga e ela não fazia diferente.

E eu? Bom, eu estava feliz. Estudando Medicina há mais ou menos um ano, e agora, casada com o homem que amo. Eu me sentia realizada. 

Então, fitei meu marido. Aqueles lindos olhos azuis, que antes eram tão escuros, nos quais ele carregava mágoa e tristeza, agora brilhavam intensamente, refletindo alívio. Então, ele sorriu, retribuindo meu olhar.

— No início, eu me perguntava o porquê de Deus ter colocado você em meu caminho, justo você, alguém que tratava as pessoas tão mal. Com o tempo, eu fui entendendo que você precisava, precisava de alguém que o fizesse abrir os olhos. 

— Acha que eu ainda continuaria o mesmo babaca se não tivesse conhecido você?

— Eu acredito que se não fosse eu, Deus teria colocado outra pessoa em sua vida, porque é isso que Ele faz, Deus nos ajuda através de pessoas. 

— Que bom que foi você. — Alex havia mudado muito desde a primeira vez que nos vimos. Não que agora ele estivesse perfeito, pois ninguém é, a não ser Deus, porém ele estava bem melhor. 

Ele ainda precisava muito da presença de Deus, mas sua mente e seu coração não estavam totalmente abertos ainda. Porém, ele estava buscando isso diariamente e eu havia prometido que o ajudaria até o fim. 

Enfim… Nem tudo tinha acabado 100% bem, mas… Quem disse que acabou? 

O melhor final, Deus ainda está escrevendo...