Capítulo 59
AMÁLIA
Respirei fundo ao sentir o sol bater em meu rosto. Devia ter esquecido as cortinas abertas ontem à noite, quando fiquei até tarde olhando o céu que estava bastante estrelado. Então, um sorriso cresceu em meu rosto ao me lembrar da noite anterior.
Após falar com Deus, escovei meus dentes e prendi meu cabelo, assim que desci as escadas. Não havia colocado meu uniforme, pois ele tinha sido confiscado pelo Alex. Quando entrei na cozinha, deparei-me com uma mulher atrás do balcão.
— Bom dia. A Senhorita deve ser a Amália. O Sr. Backer me falou sobre a Senhorita. Sou Charlotte, a nova cozinheira. — Arqueei as sobrancelhas, surpresa. Não imaginei que Alex iria levar a sério isso de contratar uma outra pessoa para pôr no meu lugar.
Então, sorri para a mulher à minha frente. Ela era morena, um pouco mais alta que eu e, a julgar por sua aparência, daria uns 30 anos. Ela era bonita.
— Seja bem-vinda, Charlotte. Posso ajudá-la? — Ela me olhou, espantada.
— Ah, não precisa, Senhorita.
— Por favor, me chame de Amália, não gosto dessa formalidade. Além disso, não há motivo para que me trate assim.
— Como não? A Senhorita é namorada do Sr. Backer, não é?
— Sim, mas isso não me faz superior a ninguém. — Ela sorriu, afirmando.
— A Senhorita é uma pessoa muito boa.
— Retire o termo Senhorita, Charlotte.
— Desculpe.
— O que está fazendo? — No momento em que ela ia me responder, meu celular, que estava no meu bolso, começou a tocar. Então, olhei a tela e sorri ao ver sobre quem se tratava.
— Bom dia, amor.
— Bom dia. Você saiu cedo hoje.
— Infelizmente, porém, hoje, voltarei mais cedo. Já conheceu a Charlotte?
— Está aqui agora ao meu lado. — Falei e a mulher olhou para mim. — Boa escolha, Alex, gostei muito dela. — A morena sorriu sem jeito.
— Que bom, amor… — Ouvi alguém chamando meu namorado no outro lado da linha. — Amália, tenho reunião agora. Preciso desligar.
— Tudo bem.
— Gosto muito de você.
— Eu também, se cuide. — Ele desligou e eu continuei olhando para o celular, sentido as famosas borboletas revirarem por todo o meu estômago.
Quando ia guardar o celular no bolso, novamente ele tocou. Era Elisa dessa vez.
— Oi, Elisa.
— Amália, faz o favor de falar para o segurança do seu patrão que você me conhece. — Juntei as sobrancelhas, confusa. — A mochila está pesada. — Ainda sem entender nada, fui até a porta de entrada e a abri. Então, arregalei os olhos ao ver Elisa, ao longe, atrás do portão. Quando me viu, ela acenou para mim. — Pede para eles abrirem, Amália. — Portanto, fui até o portão, com a alegria transbordando em meu peito.
Não podia acreditar que Elisa estava de volta. Só quando me aproximei que eu percebi como estava diferente. Seus cabelos estavam ainda mais curtos e os fios que antes eram de coloração rosada, agora estavam na cor castanha escuro. Fiquei surpresa com o quanto ela estava ainda mais linda.
— Pode abrir, Xavier, ela é minha amiga. — Pedi ao segurança e ele assentiu, mantendo sua postura séria e logo abrindo o portão. Após, Elisa olhou para o homem de preto, empinando o nariz ao passar por ele.
— Amália! — Então, Elisa soltou a mala, correu e me abraçou. Não pude deixar de ficar surpresa com tal ação, mas também fiquei feliz. — Estava com tanta saudades.
— Eu também, Elisa. Você está muito linda. — Ela separou o nosso abraço.
— Você gostou? Eu quis mudar, já estava enjoada daquela cor.
— Você está bem, digo, com a volta?
— Quando entrei no avião de volta, fiquei incerta se realmente deveria voltar, mas aí, eu me lembrei de você e do Taylor. Minha vida ainda está aqui, Amália, e disso eu não posso fugir. Mas eu estou bem.
— Fico feliz. Eu estava me corroendo de tanta saudades sua. — Ela riu. — Vem, vamos entrar. — Elisa pegou sua mala e, juntas, entramos na casa. Ela se sentou no sofá e eu, ao seu lado.
— Seu patrão está?
— Ele está na empresa e tem uma coisa que eu preciso te contar...
Decidi contar para Elisa sobre tudo o que tinha acontecido nas últimas semanas, pois ainda não havia contado devido a ela estar ocupada, tanto é que estávamos nos falando com menos frequência. Elisa ficou chocada quando disse que eu e Alex estávamos em um relacionamento.
— Então, você está namorando?
— Acho que sim, não é?
— Mas vocês pretendem se casar?
— Acredito que sim. Nós gostamos muito um do outro. — Ela me olhou, ainda sem acreditar, e eu soltei uma risada. — Caso aconteça, você gostaria de ser a minha madrinha de casamento? — Ela arregalou os olhos.
— É claro, Amália.
— Obrigada. Você já tem um lugar para ficar?
— Sobre isso… Não tem como você pedir ao seu futuro noivo para que eu fique aqui? A dona Camélia alugou meu antigo quarto para outra pessoa.
— Eu vou falar com ele.
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