Capítulo 39
AMÁLIA
Avaliei o quarto mais uma vez. Não tinha nada que me fizesse lembrar, como fotos por exemplo. Por que eu não tinha fotos dos meus pais? Porém, um pequeno flash passou em minha mente: era o rosto de um homem sorridente. Seria meu pai?
Estava sozinha no quarto, depois de ter ficado por horas na companhia de Greta, Anna e sua mãe. Eu gostei delas, eram simpáticas.
Quando deu o horário do almoço, foi Greta quem me trouxe a refeição. Portanto, senti-me um peso, afinal eu também trabalhava naquela mansão e não era certo estar sendo servida.
Durante a tarde, Anna me fez companhia e me contou histórias de quando estava no Brasil. Ela também me contou outras coisas que, segundo ela, eu já sabia, mas estava apenas reforçando.
Às 4 da tarde, estava lendo a Bíblia, quando me deu vontade de ir ao banheiro. Então, com dificuldades pelo gesso em minha perna, fiquei de pé com a ajuda de uma muleta. Quando tentei dar um passo, senti uma dormência na parte superior da minha cabeça. Então, em seguida, chuvas de lembranças se lançaram sobre mim, fazendo-me cair no chão. Lembrei-me da morte do meu pai, do nosso acidente, do orfanato, da mansão Backer, de Elisa, do Taylor. De tudo. Finalmente, minhas memórias haviam voltado.
— Amália?
Olhei para a porta e Alex estava lá, olhando-me de forma preocupada. Em seguida, veio até mim e me ajudou a levantar.
— Eu me lembrei de tudo, Senhor Backer. Eu me lembrei! — Falei, sorrindo.
— Isso é bom. — Sentei-me na cama novamente. — Por que estava no chão?
— Estava indo ao banheiro e, no momento que fui andar, comecei a me lembrar. Então, desequilibrei-me e caí.
— Vou chamar a Greta para ajudá-la.
— Não precisa, Senhor Backer. Eu consigo ir, pois minha perna não dói, apenas o gesso que me incomoda, mas isso não me impede de andar. Na verdade, eu acho que até já posso voltar ao trabalho.
— Você saiu hoje do hospital. Não pode fazer esforço.
— Não me sinto bem ficando aqui sem trabalhar, Senhor. É estranho.
— Voltará ao trabalho quando sua perna estiver 100% curada.
— Mas...
— É uma ordem, Amália! — Suspirei, frustrada, mas assenti.
À noite, Greta me trouxe o jantar. Além disso, ela me contou que Alex havia contratado alguém para me substituir. Depois que ela foi embora, eu orei e dormi.
[...]
No dia seguinte, permaneci no quarto até às três da tarde. Após isso, quis descer. Mesmo sem saber se podia e que talvez recebesse advertência do Alex por perambular por sua casa, era muito pior continuar deitada numa cama se aproveitando das pessoas.
Então, peguei a muleta e a pus embaixo do braço. Depois, abri a porta e passei por ela. Não foi uma tarefa muito fácil, mas cheguei à cozinha. Talvez, eu realmente não pudesse voltar ao trabalho ainda.
Na cozinha, estava um homem, devia ser o cozinheiro substituto. Ele era alto, com a pele bronzeada e cabelos pretos que formavam cachos discretos.
— Oi. — Ele me olhou e, depois, para a minha perna.
— Oi. Você é a tal Amália?
— Sim e você é o meu substituto. — Ele riu.
— Me chamo William.
Suspirei, sentindo minha perna cansada por estar apoiando o meu peso nela. Talvez, eu devesse ter ficado no quarto mesmo. William percebeu meu desconforto e me ajudou a sentar. Então, deixei a muleta de lado e apoiei minhas mãos sobre o balcão.
— Tudo bem se eu ficar assistindo você trabalhar? — Ele negou, sorrindo.
— Não sei se será tão divertido. — Rimos e, então, ele continuou seu trabalho.
Por minha vez, fiquei ali, apenas o observando. De vez ou outra, ele me pedia para provar algo. Não era necessário, pois já havia provado de sua comida e, então, notado que ele era muito bom na cozinha. Portanto, não deixei de me preocupar um pouco, pois certamente Alex também havia gostado. E se ele decidisse me demitir para deixar o William em meu lugar?
— Gostei desse molho, de que é?
— Gravy. É usado para bifes, almôndegas e outras coisas. Ele é preparado com suco e gordura de carne. É um molho bastante popular, achei que conhecesse.
— Acho que não conheço muitas receitas. — Ele riu.
— O que você está fazendo aqui? — Olhamos para trás e Alex estava lá, olhando-nos, claramente irritado.
— E… Eu… Apenas quis sair um pouco...
— Volte para lá! — Olhei para William e respirei fundo.
— Sim, Senhor.
Então, depois, passei o resto do dia no quarto. Seria tedioso se não fosse por Anna, que veio e trouxe com ela seu notebook, onde assistimos a alguns filmes.
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