Capítulo 21

AMÁLIA

Quando Otávio me falou que a família Backer queria me conhecer, eu fiquei imaginando mil coisas. Pensei que não teriam gostado da comida ou que haviam encontrado algo dentro. Porém, havia ficado nervosa à toa. 

A família do Alex era simplesmente encantadora. Todos eram alegres e simpáticos, o que era extremamente confuso, porque eles eram o oposto do filho mais velho. Não entendia como Alex podia ser tão diferente.

— Oi. — Olhei para trás e vi a irmã dele atrás do balcão.

Ela era loirinha e, assim como Alex, tinha os olhos azuis. Além disso, ela era maior do que a idade pedia, pois chegava quase a minha altura. Acredito que ela tenha herdado isso do pai. O Senhor Nicolas, pai de Alex, era muito alto e, mesmo com um pouco mais de idade, estava em forma com um corpo musculoso. Ele também era loiro e, pelo que observei, Alex e Anna pegaram seus genes, já que a Senhora Kiara era um pouco mais baixa, porém mais alta que eu, e ela era morena, com seus olhos de um tom castanho escuro.

— Oi. —  Respondi a menina à minha frente e ela sorriu.

— Você é tão bonita, Amália. — Soltou de repente. 

—  Não mais que você. — Ela sorriu. —  Você quer comer cookie? —  Vejo seus olhos brilharem.

—  Sim! Eu amo cookie!

—  Que bom, porque eu fiz vários. —  Então, coloquei a bandeja em cima da bancada onde ela estava. Após, Anna pegou um cookie, levando-o à boca. 

—  Nossa, Amália, está uma delícia! —  Sorri. —  O Alex ama cookie também. —  Arqueei uma sobrancelha.

—  Ah, é? 

—  Uhum. Ele até fazia para mim quando eu era menor. —  Alex fazendo cookie? Sorri, ao imaginar a cena. —  Você gosta de trabalhar para meu irmão? —  Anna perguntou, sorridente.

 A pergunta me pegou de surpresa. Então, demorei um pouco para  responder. Como sempre costumava dizer, Alex tinha um gênio difícil, ele era  bastante temperamental.

—  Gosto sim, Anna. 

Depois, ficamos conversando sobre tudo um pouco. Anna era uma menina extraordinária, que falava pelos cotovelos. Era impossível não sorrir enquanto ela falava. Em pouco tempo, ela havia me cativado e uma grande amizade havia surgido entre nós.

— Anna, não fique perturbando a Amália. — Desviei minha atenção para a Backer mais velha. 

—  Ela não está me perturbando, Sra. Kiara, pelo contrário, Anna está se saindo uma boa companhia. —  Anna sorriu para mim.

—  Viu, mamãe? Eu e a Amália somos amigas agora. — Ela me olhou. — Não é, Amália?

—  Somos sim! 

—  Hum… Tudo bem, então. — Kiara falou, enquanto se aproximava. —  Você dorme aqui, Amália? 

—  Sim, em um quarto de hóspedes. Teve um probleminha no quartinho dos fundos. —  Decidi não contar o ocorrido.

—  Aquele quarto é o problema. Você estava dormindo lá? 

—  Não cheguei a dormir nele.

— Mas o meu filho a colocou para dormir lá? 

—  Sim, mas...

—  Onde ele estava com a cabeça? —  Me interrompeu, incrédula.

—  Está tudo bem, dona Kiara. 

—  Você viu o estado daquele lugar? Para começar, ele não deveria nem te obrigar a dormir aqui. O que seus pais acham disso? 

—  Ahn… Eu... Eu realmente agradeço a ele por ter me dado a chance de dormir aqui, Senhora. Eu não tinha para onde ir mesmo. —  Ela me olhou, surpresa e confusa.

—  Não? E seus pais? 

— Sou órfã.

—  Eu sinto muito.

—  Não se preocupe, está tudo bem. —  Sorri para ela.

—  Mas eu ainda irei ter uma conversa séria com o Alex. —  Engoli em seco. Eu e minha boca grande, agora ele realmente vai me demitir. E para completar minha tensão,  Alex apareceu na cozinha, coisa que ele raramente fazia. 

—  Amália, pegue um copo com água para mim. —  Assenti e fui à geladeira, ouvindo sua mãe falar:

— Que bom, que apareceu, Alex. Eu precisava ter uma conversa com você. — Apertei meus olhos com força, mas respirei fundo e despejei o líquido da garrafa no copo de vidro para ele.

— Hum... E sobre o que é? —  Ele perguntou. Após beber todo o líquido do copo, levei o utensílio até a pia. Naquele momento, Anna já havia saído da cozinha e ido até o jardim para brincar.

— Soube que você colocou essa pobre moça naquele quarto imundo! — Alex me olhou com incredulidade e, depois, soltou um riso de lado. —  O que você tem na cabeça, Alex? Da última vez que tinha visto aquele quarto, ele estava caindo aos pedaços, não tinha nem luz.

—  Eu não sabia que você era do tipo que corria para se queixar para a mãe do seu patrão, Amália. —  Ele falou de forma fria.

— Ela não estava se queixando, Alex. Eu apenas perguntei e ela, sem intenção, me falou. — Alex revirou os olhos.

—  Ok, ok! Ela agora está em um quarto de hóspedes, tá legal? Eu realmente não deveria tê-la colocado lá. Foi muita irresponsabilidade minha, poderia ter acontecido algo com ela lá dentro. —  Ao terminar de falar, seus olhos caíram sobre mim, dessa vez de um jeito diferente. Ele parecia realmente arrependido. 

—  Tudo bem. —  Ela respirou fundo.  — Vou ver o que meu marido está aprontando. Até mais, Amália. —  Então, ela saiu, deixando-nos sozinhos.

Estávamos um de frente para o outro, apenas nos encarando em silêncio. Alex estava estranho, inquieto demais, enquanto me fitava com uma expressão diferente. Antes, ele me olhava com soberania, com nojo. Agora, seu olhar era de súplica, era como se ele estivesse fugindo de algo. 

Eu queria saber o que se passava em sua cabeça, entendê-lo e ajudá-lo, mas quando eu ia questioná-lo, Anna apareceu, me chamando para brincar no quintal. Eu neguei, pois certamente Alex não me permitiria. Contudo, para minha surpresa, o meu patrão não só me deu permissão, como quis ir junto. Bem que Greta havia me falado que perto da irmã, Alex se tornava outra pessoa. 

Espero que tenham gostado✅❤️

Um beijo e até o próximo capítulo ❤️🌻

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