Capítulo 18

ALEX

Entrei no carro, sentindo minha cabeça girar, pois havia assinado uma pilha de papéis. E, por isso também, estava bastante tarde. Parei o carro no sinal e ouvi meu celular tocar. Então, o peguei e vi o nome da minha mãe brilhar na tela.

— Alex, filho, como você está?

— Bem. — Digo e ouço ela suspirar.

— Que barulho é esse? Ainda na estrada?

—  Estou voltando para casa.

— Estava na empresa?

— Sim.

—  Filho, não fique tanto assim naquela empresa. Você, assim como seu pai, só pensa em trabalhar. —  Crispei os lábios e revirei os olhos, pois era sempre o mesmo discurso que ouvia da minha mãe. —  Não há nenhum problema em você se afastar para pensar um pouco em você, meu amor. — Ela concluiu.

— Não há o que pensar, mamãe. Tudo o que eu tenho é o trabalho. Eu não posso deixar de ir, aquele lugar é do papai. —  Repreendi-me mentalmente por tê-los chamado da forma que eu os chamava quando era criança. 

— Eu sei, mas...

—  Mãe, por favor! Minha cabeça está doendo. Eu só quero chegar em casa. — Ela suspira novamente.

— Tudo bem, eu só liguei para dizer que amanhã estaremos viajando para o Canadá. — Engoli em seco. — Tudo bem, Alex?

—  Sim, mãe. Estarei esperando vocês. —  Então, desliguei a chamada.

[...]

Assim que cheguei à mansão, fui direto ao banheiro a fim de relaxar meu corpo com a água morna do chuveiro, mas a voz da minha mãe começou a ecoar em minha mente. 

Eles estão vindo. Estão vindo me ver. Depois de tanto tempo. 

Eu sinto saudades, não vou mentir. Minha mãe sempre foi minha amiga desde quando eu era criança, mas com o tempo nos afastamos. Na verdade, eu quem me afastei para ser mais exato, mas sempre pude contar com ela. Já o meu pai, é meu orgulho. Ele sempre foi meu parceiro, entretanto nossa história é complicada e, ao mesmo tempo, surreal. Houve muitos acontecimentos, mas um em especial me marcou e foi exatamente esse que me fez tornar o que sou hoje.

Não me orgulho do homem que me tornei, porém é uma forma de me proteger. Proteger meu coração ou o que resta dele. 

Após me vestir com um moletom casual, desço para a cozinha para beber água, pois como já era tarde, eu já havia feito minha refeição em um restaurante. No entanto, chegando à cozinha, me deparo com Amália. 

Ela estava de costas para mim tentando pegar um copo que, por sinal, nem estava tão alto, mas por ela ser absurdamente pequena, tornava o alcance difícil. Observei ela ficar na ponta dos pés e soltei um riso soprado, enquanto cruzava meus braços. Então, fiz barulho com a garganta na tentativa de chamar sua atenção, o que deu certo, já que ela se virou rapidamente, com os olhos arregalados. Por certo, eu a assustei.

—  O Senhor me assustou! —  Ela falou baixinho.

—  Estava fazendo algo de errado para se assustar? — Ela negou com a cabeça. — Então… ?

—  Está tarde e o Senhor chega assim. É claro que eu iria me assustar, mesmo não fazendo nada demais. — Ela cruzou os braços. 

Fitei-a de cima a baixo, avaliando-a. Amália usava um conjunto de pijama rosa com corujinhas. Umedeci meus lábios, enquanto subia meu olhar até seu rosto, e percebi que suas bochechas estavam rubras. Ela era fofa, eu tinha que admitir. Mas o que está pensando, Alex?! 

—  Pare de me olhar assim! —  Falou, envergonhada.

Então, sorri de lado, aproximando-me dela. Quando fui chegando perto, ela descruzou os braços e engoliu em seco. 

Deixei nossos corpos a centímetros de distância e fitei seu rosto de perto. Em seus olhos, vi pureza. Era quase impossível olhá-la maliciosamente, por mais que minha mente já tenha levado por esse lado. Já seu rosto, transmitia uma aura angelical. 

Olhei de perto sua cicatriz e me perguntei o que poderia ter acontecido. Curioso, ergui minha mão para tocá-la, porém parei no meio do caminho. O que eu estou fazendo? Onde estou com a cabeça? Então, por quebra de expectativa, levantei meu braço e alcancei o copo que ela tanto queria. Então, o entreguei a ela e me afastei em seguida. Durante esse processo, Amália permaneceu me olhando, enquanto piscava totalmente atordoada. Por fim, murmurou:

— Obrigada! —  Em seguida, olhou para baixo, envergonhada. 

Sorri involuntariamente. Não! O quê? O que estava acontecendo comigo? Balancei minha cabeça para os lados, enquanto a via beber água. Assim que terminou, ela colocou o copo na pia e me olhou.

—  Então… O Senhor está com fome? Quer que eu prepare algo?

—  Não, obrigado. — Ela me observou com os olhos levemente arregalados, demonstrando sua surpresa ao me ouvir agradecer. Então, soltei um riso soprado. —  O que foi? Eu também sei ser educado. — Ela sorriu sem mostrar os dentes.

—  Desculpe. — Olhou para os lados, pensativa. — O Senhor aceita um pedaço de bolo? 

—  Não estou com fome. 

— Ah, não faça essa desfeita! —  Ela atravessou a cozinha, indo até a geladeira. —  Está uma delícia, eu fiz essa manhã. —  Amália colocou uma bandeja com um lindo bolo de morango em minha frente, a aparência estava perfeita. 

Então, ela partiu e colocou o pedaço em um prato à minha frente. Olhei para a fatia e, depois, para ela, que sorria de leve para mim. Não pude deixar de lhe lançar um meio sorriso. Meu Deus, Alex! Controle-se! 

—  O Senhor costuma ficar até tão tarde assim trabalhando? — Ela se senta à minha frente, no outro lado do balcão.

—  Sim. —  Respondo simples e ela assente levemente com a cabeça. Ficamos em silêncio por um tempo, até ela cortar o bolo novamente.

—  Por que trabalha tanto? —  Soprei uma risada e olhei para ela. —  O Senhor já é tão rico. —  Ela deu de ombros.

—  Realmente, sou muito rico. — Falei, convencido. —  Porém é preciso manter o ritmo. —  Ela respirou fundo, descansando a cabeça em uma de suas mãos.

— Não acha que você já tem o suficiente?

—  Para mim, nada é o suficiente. —  Ela franziu o cenho, erguendo novamente sua cabeça e mantendo sua postura ereta. 

—  Não vejo o sentido de tanto trabalho, ainda mais você, que já tem de tudo. Vive trabalhando sem descanso, ganhando milhões de dinheiro, para depois voltar para casa que, apesar de grande, é solitária para você, e ainda, no final, não saber o valor da felicidade. — Encaramo-nos assim que ela concluiu seu discurso desnecessário. 

— O que seria essa felicidade, Amália? —  Perguntei. —  Me explica! Como eu posso descobrir o valor da felicidade?! Vamos! Me diga! Eu quero ter um pouco dessa felicidade também. — Digo, sarcástico. Porém, ela permaneceu em silêncio, enquanto seus olhos passeavam por meu rosto. Então, após um longo suspiro, ela soltou:

—  O amor. —  Falou suavemente, olhando nos meus olhos. Ela fez novamente choques elétricos passarem por meu corpo, fazendo algo despertar dentro de mim. —  O amor é a chave, Sr. Backer.

Hey amigos...

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Um beijo e até o próximo capítulo ❤️✅

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