Capítulo 13

ALEX

Não é possível que aquele livro tenha ficado intacto. Todos os outros estavam queimados, menos aquele. Arfei, saindo do quartinho e me esbarrando com Otávio com cara de sono. Ele olha para o local e arregala os olhos, indo até lá. Eu também fiquei preocupado quando vi tudo em chamas, pois temi que ela pudesse estar lá dentro. Tudo isso poderia ter acontecido enquanto ela dormia. Por um momento, me senti arrependido de tê-la feito dormir aqui. 

— Está tudo bem, Otávio. —  Ouço sua voz. Então, olho para trás, vendo eles caminhando em minha direção, abraçados.

—  Você tem certeza? 

—  Uhum. —  Eles param em minha frente. Amália carregava em suas mãos aquele livro, a Bíblia.

—  E agora, Senhor? —  Otávio me olha. Eu suspiro, olhando para ela.

—  Leve-a para um dos quartos de hóspedes. Por hoje, você pode pegar uma das roupas da minha irmã para que ela possa passar a noite. Sempre tem alguma coisa da minha irmã aqui. — Olho para Amália. — Você é magrinha, alguma coisa dela deve servir. — Volto-me para Otávio. — Amanhã, darei parte do seu pagamento para que possa comprar roupas novas. — Dito isso, apenas dou as costas e saio, voltando para meu quarto.

Passo a mão pelos meus cabelos, sentando-me na ponta da cama. Ela não pareceu ter ficado abalada, muito menos se lamentou por ter perdido suas coisas. Me jogo na cama de costas e fecho os olhos.

—  Por que você tem que ser assim, Amália? —  Murmuro para mim mesmo e logo me entrego ao sono.

[...]

A luz entra pela janela, fazendo-me despertar. Lentamente, abro meus olhos, ainda me acostumando com a claridade. Quem diabos abriu as cortinas? Ergo meu corpo levemente para olhar a pessoa que despertou minha ira logo cedo de manhã.

—  Ah! Bom dia, Senhor. — Respiro fundo, fuzilando-a com os olhos.

—  Greta! —  Falo, entredentes —  O que faz aqui? 

—  Ué, Senhor, eu vim limpar o quarto. —  Então, pego o celular na mesinha ao lado para conferir o horário. 5:30 da manhã. Domingo. Portanto, respiro fundo.

—  Dê o fora! 

—  Mas Senhor...

—  Agora! —  Ela afirma e sai. Por fim, jogo minha cabeça na cama, voltando a dormir. 

Por volta das 9 horas, desperto-me novamente e tomo meu café. Depois, vou até o escritório. No mesmo momento, meu celular toca. Bufo, irritado, vendo o nome do meu pai aparecer na tela. Nem aos domingos tenho sossego.

— Alex?

— Oi, pai. —  Ouço ele suspirar.

—  Finalmente você atendeu! Desde bem cedo, tenho ligado para você, mas só dava caixa postal.

—  Eu estava dormindo! Não sei se você sabe, mas hoje é meu dia de folga. — Ele suspira novamente.

—  Por que recusou a proposta de Jonathas em relação à parceria asiática, filho? 

Nesse momento, ouço a voz de Amália atrás da porta. Em seguida, ela entra, pedindo licença e trazendo equipamentos de limpeza em um carrinho. Nossos olhos se encontram por um nano segundo e foi como se uma corrente elétrica passasse por todo o meu corpo. Que diabos é isso? Ela logo desvia, começando a limpar uns quadros que estavam na parede.

—  Você sabe, Alex, que isso seria muito importante para nossas empresas.

—  Eu não vou voltar atrás, pai!

—  E por que não, Alex? Tudo isso por causa dela? Não acha que já está na hora de pôr um ponto final nisso tudo? — Aperto os olhos. Minha cabeça começa a latejar ao voltar nesse assunto. —  Filho, já faz quinze anos. —  Percebo Amália sair do escritório.

—  Não vou voltar atrás com minha palavra! —  Desligo e jogo o celular na poltrona. 

Levei minha mão até meu pescoço e segurei, entre meus dedos, um pequeno pingente em formato de pulmão. A correntinha dourada o sustentava em meu pescoço por quinze anos, junto a dor que habitava em meu peito. Apoiei meus cotovelos sobre a mesa e tampei meu rosto com as mãos, sentindo minha cabeça doer e meu peito comprimir. Lembrar dela sempre me destruía. Lembrar do seu sorriso me deixava angustiado. Ela deveria estar aqui. Comigo. Quem sabe assim eu não seria feliz? 

—  Sr. Backer? —  Tirei as mãos do meu rosto, vendo Amália em minha frente. Ela estendia um copo com água junto a uma cartela de comprimidos.

—  O que é isso? —  Ela sorri de forma mínima.

—  Remédio para dor de cabeça, Senhor. —  Olho para a cartela em sua mão e, depois, para seu rosto, enquanto piscava algumas vezes, atordoado. Como ela sabia que eu estava com dor de cabeça? 

—  Não pedi. —  Falo, indiferente, e seu pequeno sorriso morre. Não, Amália, não deixe esse sorriso morrer.

—  É apenas um favor.

—  Não preciso de favores. —  Rebato, ainda indiferente.

—  Oras, o Senhor deveria ser menos carrancudo e pegar logo esse remédio. Não vai matá-lo se o Senhor aceitar um favor sem indiferença. — Ela coloca a cartela junto com o copo sobre a mesa e volta a limpar os quadros nas paredes.






Desculpem pelos erros >_<

Obrigada por está comigo em mais um capítulo 💓

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