01. Praia do flamengo

CAPÍTULO 1
( praia do flamengo )
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O sol brilhava forte do lado de fora, mas o calor abafado dentro do ônibus 433 parecia ainda mais intenso e insuportável. 

Mônica e Ana Carolina, sua melhor amiga desde a infância, tiveram o azar de pegar o ônibus lotado naquele segundo dia do ano de 2018. Era de se esperar, já que boa parte dos trabalhadores e estudantes do Rio de Janeiro finalmente estavam de férias, e nada era melhor do que pegar uma praia.

Ou, no caso delas, sofrer um leve cozimento humano dentro de um transporte público. 

Ana Carolina tentou abrir uma das janelas que estava fechada, na esperança de aproveitar a brisa do lado de fora, mas sem muito sucesso. O ar quente do verão carioca invadia a cada parada, e a cada uma delas, entrava mais gente. O som dos passageiros se espremendo e pedindo para ir para o fundo do ônibus, mesmo sem ter espaço, tornava o ambiente ainda mais infernal. 

“Gente, não tem mais espaço! Se a gente se espremer mais, a gente vai parar no quinto dos infernos!” Mônica resmungou, tentando se equilibrar enquanto era empurrada por um senhor de mochila gigante. 

“Minha querida, não importa! Não é todo mundo que é que nem vocês que estão de férias não, eu preciso entrar nesse ônibus pra ir trabalhar!” Uma mulher exclamou alto de longe, enquanto estava apoiada na catraca do ônibus, onde uma galera falava para ela que não dava pra ela passar.

O barulho irritante do motor a cada freada do motorista parecia não ter fim. Era como se o ônibus inteiro estivesse implorando para se aposentar e fosse forçado a continuar na ativa. Mônica odiava, mas sabia que não podia fazer muito a respeito, ela era pobre. 

Ela segurava-se na barra do ônibus, tentando ignorar o suor escorrendo por suas costas. Seu cabelo castanho claro e ondulado já começava a grudar um pouco no pescoço, e suas marquinhas de sol avermelhadas ganhavam um tom ainda mais vivo com o calor. Seu short jeans e o cropped branco pareciam uma escolha perfeita na teoria, mas agora ela só conseguia pensar que deveria ter saído de casa de biquíni, do menor tamanho que tinha.

Para distrair a mente do sofrimento, decidiu checar seus e-mails no celular, encontrando outro sofrimento. Mais uma notificação. Mais uma vez, de Márcia Azevedo. 

“Ah, não…” Mônica resmungou baixinho. 

As férias mal tinham começado, mas uma das professoras do curso de Turismo já mandava dezenas de e-mails para seus alunos, como se o mundo estivesse prestes a acabar. Avisos, regras, listas de leitura, pedidos para que ninguém a decepcionasse no próximo semestre. Coisas que a mulher poderia muito bem alertar quando as aulas estivessem próximas.

Se Mônica não amasse tanto o que fazia, já teria trancado aquele curso sem pensar duas vezes. 

A garota era apaixonada por tudo o que o turismo podia lhe proporcionar. Desde pequena, se sentia animada com a ideia de conhecer novos lugares, seja para descansar, aprender algo novo ou simplesmente curtir o momento. Viajar para ela sempre foi uma forma de escapar da rotina e se sentir mais viva. Sua mãe, Helena, professora de História, foi quem mais incentivou esse lado dela, levando-a para explorar novos lugares sempre que podiam. 

“Você precisa sair dessa rotina de ficar olhando para esses e-mails, Mônica.”   Ana Carolina, ao seu lado, observava a amiga xingar baixo enquanto guardava o celular na bolsa. 

“Impossível fazer isso enquanto essa mulher tá desde o dia 23 de dezembro enchendo a porra do saco.” Mônica suspirou irritada. 

“Mas gente…” Ana murmurou, começando a se abanar freneticamente com a mão dentro do ônibus, como se aquilo fosse resolver alguma coisa. 

Ana Carolina, ou mais conhecida como Carol, tinha a pele negra, de um tom escuro. Seus cabelos eram crespos, volumosos e soltos, caindo em cachos bem definidos ao redor do rosto. Os olhos, grandes e expressivos, tinham um tom castanho claro, como avelã. Seu corpo esguio destacava ainda mais sua cintura fina, realçada pelo vestido de amarração estampado que usava. 

Diferente da amiga, Carol fazia enfermagem na UNIRIO, seguindo os passos de sua tia, Marlene, que já trabalhava na área há mais de 30 anos. Ela vivia reclamando do curso, mas Mônica sabia que, no fundo, Carol levava aquilo mais a sério do que demonstrava. 

Finalmente, as duas desceram do ônibus e caminharam em direção à orla da praia. O vento salgado e úmido bateu em seus rostos, dando a falsa sensação de frescor. Só que, mesmo com o alívio, algo chamou a atenção de Mônica. 

A praia estava lotada. 

“Eu não tô acreditando.” 

Se fosse qualquer outra praia, ela até entenderia. Mas a Praia do Flamengo? Para banho? Isso era o cúmulo do absurdo. 

Desde pequena, ela ouvia os mais velhos falando que a água dali era suja, por causa da Baía de Guanabara. Mesmo com as recentes melhorias e a instalação de uma elevatória de esgoto na Praça do Índio, Mônica ainda não conseguia confiar, mesmo a água estando cristalina. 

“Você não vai entrar de novo, Mônica? Sério, cara?” Carol questionou, já tirando o vestido e ficando apenas com o biquíni rosa no corpo. 

“Não tô afim.” 

“Se fosse na praia da Barra, você não estaria fazendo essa graça.” 

“A praia da Barra nunca foi considerada imprópria para banho!” Mônica argumentou, fazendo Carol revirar os olhos. 

Um pouco mais longe, dava para ver a famosa roda de vôlei de praia, aquela panelinha de amigos que vivia jogando ali e dando em cima de quase todas as mulheres que passavam perto da orla. Era esse um dos motivos que Carol tinha arrastado Mônica para a praia numa terça-feira às quatro da tarde, em plena férias de verão.

“Eu tô ficando com aquele ali, ó.” 

Carol apontou discretamente para um garoto branquelo, de cabelo loiro claríssimo e olhos castanhos. Ele estava sentado na areia, bebendo água de uma garrafa enquanto ria com outros meninos do grupo. 

“Esse daí?” 

“É, ele é amigo do Santana. É de São Paulo.” 

Mônica imediatamente virou a cabeça para encarar Carol com uma expressão de puro julgamento. 

“Tu tá ficando logo com um paulista? Isso não vai durar muito, amiga. Ele vai ter que voltar para Sampa. Sei lá, eu não teria coragem de me envolver com alguém sabendo que ela não vai poder ficar.” 

“Ah, Mô, pelo amor de Deus… É só uma ficada de verão.” 

Mônica murmurou alguma coisa, ainda desconfiada, antes de desviar o olhar para um ponto muito mais interessante. 

O quiosque do Jorge. 

Ah, aquele quiosque… Se havia uma coisa que ela amava mais naquela terrível praia do Flamengo era beber e comer lá.

Carol percebeu que Mônica havia desviado a atenção do assunto e seguiu seu olhar até o quiosque.

“Tá com fome, né, sua esfomeada?”

Mônica nem disfarçou. “Sempre, amiga.”

O Quiosque do Jorge era um clássico da orla. Ele existia desde que Mônica se entendia por gente, com aquele letreiro meio apagado, as mesinhas de plástico que rangiam quando alguém se mexia demais, e a cerveja sempre trincando de gelada. Mas o que realmente fazia o lugar ser lendário eram as porções de batata frita e os pasteis recheados de maneira quase criminosa.

“Se eu tiver que morrer de indigestão um dia, que seja aqui.” Mônica decretou enquanto já puxava a carteira da bolsa.

As duas foram até o quiosque e pegaram um lugar vazio, coisa rara naquele horário. Jorge, o próprio, estava no caixa como sempre, com sua camisa regata do Flamengo e um boné de aba reta. Ele olhou para elas e sorriu.

“Ah lá as duas de sempre. Qual vai ser hoje?”

“Um pastel de camarão pra mim e um de queijo com orégano pra Carol, e 3 latão Itaipava. Ah, e batata frita.”

“Com ou sem muito sal?”

Mônica e Carol responderam ao mesmo tempo:

“Muito.”

Jorge riu e foi preparar o pedido. Enquanto isso, Carol não parava de olhar para a roda de vôlei.

“Eu não sei porque você faz esse suspense todo pra não entrar no mar. A água tá mó bonita.”

“Bonita até alguém sair da praia brilhando no escuro.”

Carol riu e roubou um gole da cerveja que Milena, a filha mais nova de seu Jorge, tinha acabado de trazer. “Cê sabe que já tá mil vezes melhor do que antes, né?”

“Melhor não significa boa. Você comeria uma comida que ‘melhorou’ depois de estar estragada?”

Carol estreitou os olhos. “Se fosse daqui do quiosque do Jorge, talvez.”

Mônica não conseguiu segurar a risada. “Tocou num ponto fraco.”

Minutos depois, o papo foi interrompido quando o pedido chegou. As batatas estavam tão quentes que quase queimaram as mãos de Carol, mas isso não impediu as duas de começarem a comer como se não houvesse amanhã.

Enquanto devorava o pastel, Mônica percebeu um movimento diferente na roda de vôlei. Alguém novo tinha entrado no jogo. Um cara ruivo, de pele bronzeada e um porte atlético que não combinava em nada com os paulistas, e muito menos com os cariocas dali.

Ela deu uma mordida no pastel, pensativa.

“Hm.”

Carol, que já conhecia Mônica bem demais, ergueu uma sobrancelha.

“Hm o quê?”

Mônica mastigou lentamente, ainda observando o jogo.

“Quem é aquele ali?”

Carol olhou na mesma direção. Quando viu de quem Mônica estava falando, soltou uma risada.

“Ah… É o intercambista japonês que tá treinando vôlei de praia aqui. Ele é bonzinho, viu? Anda jogando direitinho.”

Mônica franziu a testa. “Japonês? Esse cara aí?”

“Sim, amiga, esqueci o nome dele, tem alguma coisa haver com molho. Mas todo mundo só chama ele de ‘Jackie Chan’.”

Mônica voltou a olhar para ele. Algo na forma como ele se movimentava na areia, leve e ágil. Ela terminou de mastigar e fez uma careta.

“Ué, caralho, mas Jackie Chan é chinês, Carolina.” Mônica disse na inocência o que fez Carol cair numa risada alta, o que claramente chamou a atenção de uma galera da rodinha, especificamente o ficante branquelo de Ana Carolina.

O garoto quando notou sua namoradinha de verão ali abriu um sorriso de ponta a ponta, tão radiante e fofo que Mônica achou que a fosse cegar.

A estudante de enfermagem, abriu um sorrisinho e tentou disfarçar a empolgação. Mexeu nos seus fios crespos, tentando evitar olhar o garoto que saia da areia todo animado na direção da mesa que as meninas estavam.

“Nossa amiga, ele é fortinho, né?” Mônica disse olhando o loiro que vinha sem camisa.

“Dotado também”

Mônica quase se engasgou com a cerveja com o comentário totalmente inesperado de sua amiga. Ela tentou segurar a risada, já que o loiro já estava presente.

O loiro parou ao lado da mesa, ofegante e com um sorriso preguiçoso, daquele tipo que parecia colar no rosto. O cabelo desgrenhado e a pele corada do sol, o garoto parecia um camarão de tão queimado.

“E aí, Carol.” ele disse, com aquele sotaque de quem claramente não era do Rio, mas se esforçava. “Não sabia que você tava por aqui.”

Carol deu um sorrisinho, ainda tentando manter a pose. “Pois é, vim com a Mônica dar uma olhada nesse vôlei aí… Nada demais.” Ela jogou a última parte no ar, como se não tivesse sido pega no flagra minutos antes.

O loiro virou o olhar para Mônica, ainda sorrindo. “Oi, sou o Lucas.”

“Mônica.” ela respondeu, tentando manter a compostura e não rir da situação. Mas a frase da Carol ainda ecoava na cabeça dela.

Dotado também.

Lucas puxou uma cadeira e sentou ao lado de Carol, sem cerimônia. Ele pegou uma das batatas fritas da porção delas como se fosse a coisa mais natural do mundo.

“Vocês deviam jogar também. Tá divertido.”

Carol riu, balançando a cabeça. “Prefiro só assistir.”

Mônica, por outro lado, lançou um olhar disfarçado para a roda de vôlei de novo. Seus olhos encontraram o japonês ruivo, como Carol tinha dito. Ele estava rindo de alguma coisa, limpando o suor da testa com o braço, sem nem perceber que ela o observava.

Interessante mesmo.

Antes que pudesse se perder nos próprios pensamentos, Lucas soltou:

“Ah, o japa é bom, né? O moleque não para quieto. Parece até que tem mola no pé.”

Mônica ergueu uma sobrancelha. “É, Carol me falou.”

“Tá fazendo intercâmbio, sei lá. Treinando aqui. O cara é uma máquina, mas gente boa. Sempre termina o treino e fica por aí conversando.”

Lucas continuava jogando conversa fora, mas a atenção dele estava toda em Carol. Cada vez que ela falava alguma coisa, ele inclinava o corpo um pouco mais para perto dela, como se o mundo ao redor tivesse sumido. E Carol, mesmo fingindo estar tranquila, já estava com aquele sorrisinho de quem gostava da atenção.

“Mas aí.” ele disse, pegando mais uma batata da porção delas, “Você nunca jogou? Nem um pouquinho?”

Carol fez uma careta, cruzando os braços. “Lucas, eu sou toda desengonçada. Vou passar vergonha na frente de todo mundo.”

Ele riu, aquele riso leve que fazia os olhos dele brilharem. “Relaxa, eu te ensino. Vai ser divertido.”

“Ah, não sei, hein...” Carol ainda tentou resistir, mas Lucas já estava de pé, estendendo a mão pra ela.

“Vem, vai. Confia em mim.”

Mônica observava a cena com a sobrancelha arqueada, segurando a risada. Carol lançou um olhar para ela, como se pedisse socorro, mas o sorriso dela entregava tudo: ela queria ir.

“Amiga…” Carol murmurou, meio rindo, meio culpada.

Mônica levantou a cerveja num brinde imaginário. “Vai lá, se joga.”

Carol riu alto e, antes que pudesse mudar de ideia, pegou a mão de Lucas. Ele a puxou com facilidade, fazendo ela tropeçar na própria cadeira antes de recuperar o equilíbrio.

“Se eu cair de cara na areia, a culpa é sua!” ela disse, enquanto os dois se afastavam em direção à areia onde a rede estava estendida

“Eu te seguro” Ele respondeu, piscando para ela.

Mônica os observou se afastando, sacudindo a cabeça e rindo sozinha. Sinceramente, era divertido ver a amiga toda nervosa por causa de um garoto.

Agora sozinha na mesa, Mônica deixou o olhar vagar pela praia. O sol já estava começando a descer no horizonte, pintando o céu com tons alaranjados. A brisa do mar bagunçava os fios soltos do seu cabelo, e o som das ondas se misturava com as risadas e gritos da galera jogando vôlei.

Ela pegou a cerveja, levando-a aos lábios. Mas logo pegou seu celular, que vibrava em cima da mesa, notando uma mensagem no WhatsApp.

Tiago.

Ela ficou encarando o nome por alguns segundos, como se a mensagem fosse explodir a qualquer momento com seu olhar. Já fazia meses que eles tinham terminado, mas ver o nome dele ali, do nada, fez o estômago dela revirar.

Depois de um suspiro longo e pesado, ela desbloqueou o celular.

“Oi, Nini, tudo bem?”

Ela leu aquela mensagem simples e o apelido que ele sempre usava como se fosse uma facada disfarçada. Nini. Ele sabia o quanto ela odiava aquele apelido depois do fim, mas ainda assim…

Ela mordeu o lábio, sentindo a raiva borbulhar devagar. Depois de tudo o que ele fez, depois de meses fingindo que ela não existia, ele simplesmente aparece com um “Oi, Nini”?

Os flashes vieram de uma vez só — as discussões, as vezes que ela escutou da própria boca dele que “minha mãe só quer o melhor pra mim” quando ela sabia que, na verdade, a família dele nunca engoliu o jeito espontâneo dela. As piadinhas que ele fazia às escondidas para agradar a mãe, como se ela fosse uma vergonha que ele precisava esconder. Quatro anos de namoro jogados fora porque ele nunca teve coragem de defendê-la da sua própria família.

Ela respirou fundo, sentindo o calor subir pelo pescoço, mas antes que pudesse responder, o celular vibrou de novo.

“Tava pensando na gente esses dias… Sinto saudade.”

A cerveja na mão dela quase escorregou. Saudade, é? Agora que a mamãezinha dele deve ter sossegado, ele aparece cheio de saudade?

Ela jogou o celular de volta na mesa, bufando, mas logo o pegou novamente encarando a tela por alguns segundos. A tentação de responder com alguma resposta ácida era grande, mas ela sabia que não valia a pena.

Em vez disso, bloqueou o número.

Deixou o celular de lado, pegou a cerveja e se recostou na cadeira, olhando para o horizonte. O sol estava descendo rápido agora, pintando o céu com tons dourados.

Que saudades nada, Tiago.

Suspirando cansada, sentiu uma sombra cobrir parte da sua mesa. No reflexo do copo de cerveja, ela notou uma silhueta, e antes que pudesse se virar, o cheiro de sal misturado com o frescor da água do mar atingiu suas narinas.

Quando finalmente levantou o olhar, quase engasgou.

O japonês ruivo estava ali, bem ao lado dela, molhado da cabeça aos pés, com o cabelo laranja escuro grudado na testa e pingando água pela pele bronzeada. Ele estava sem camisa, revelando o corpo definido, e usava apenas um short de praia. Mas o que realmente chamou a atenção dela foi o pedaço de pano amassado que ele segurava na mão.

Uma camisa branca do Colégio Municipal, com o brasão meio desbotado no peito.

Ela piscou algumas vezes, tentando entender o que estava acontecendo, enquanto ele fazia o pedido.

“Seu Jorge, uma Coca-Cola, por favor!”

A voz dele tinha um tom animado, quase infantil, como se estivesse sempre de bom humor. Mas Mônica estava completamente distraída com a cena.

Não era possível que aquele garoto, com aquela cara de velho, fosse estudante de intercâmbio, ainda mais do fundamental II.

Ela não se aguentou.

“Você estuda em qual Colégio Municipal, garoto?” começou, franzindo a testa e apontando para a camisa.

Hinata se virou para ela, com aquele sorriso fácil que fazia o estômago dela dar um salto.

“Hã?” Ele olhou para a camisa e riu, balançando a cabeça. “Ah, não, não! Eu não sou estudante!”

Ele deu um sorriso meio envergonhado, passando a mão pelo cabelo molhado.

“Quando cheguei no Rio, um cara me vendeu essa camisa dizendo que era de um time famoso daqui. Paguei cinquenta reais…”

Mônica arregalou os olhos, surpresa, antes de cair na gargalhada. Ela riu tanto que precisou apoiar a cabeça na mão, tentando recuperar o fôlego.

“Cinquenta reais?” disse entre risos. “Você levou o maior golpe, cara! Isso é uniforme de escola pública!”

Hinata riu junto, dando de ombros.

“É, percebi depois que todo mundo começou a me olhar estranho na rua.” Ele deu um gole na Coca-Cola que o Seu Jorge colocou no balcão e olhou para ela com curiosidade. “E você? Estuda nesses colégios?”

“Eu?” Mônica riu, balançando a cabeça. “Não, não. Eu já estou na faculdade, eu sou estudante de Turismo, na UFRJ.”

Os olhos de Hinata brilharam de interesse.

“UFRJ? Isso é uma universidade famosa, né?” ele perguntou, inclinando um pouco a cabeça, curioso.

Mônica sorriu, empolgada. Era só alguém perguntar sobre o curso que ela já se animava.

“Sim! A Universidade Federal do Rio de Janeiro. É uma das mais antigas e respeitadas do Brasil.” ela começou, apoiando o cotovelo na mesa, o entusiasmo crescendo.

“O curso de Turismo é incrível! A gente aprende desde a história e cultura dos lugares até gestão de eventos e hospitalidade. Já fiz visitas técnicas a museus, trilhas guiadas… até aula prática em pontos turísticos.”

Hinata ouvia atentamente, os olhos arregalados, e totalmente curioso.

“A universidade fica na Ilha do Fundão.” continuou Mônica, gesticulando enquanto falava. “É tipo uma ilha só pra UFRJ, com várias faculdades, bibliotecas, restaurantes… Tem até um museu de paleontologia lá! Ah, e a vista do campus é linda, dá pra ver a Baía de Guanabara toda.”

Hinata soltou um assobio baixo, impressionado. “Caramba, parece muito legal! Deve ser divertido estudar assim.”

“É demais!” Mônica respondeu, o sorriso se alargando. Depois de uma pausa, ela olhou para ele com um brilho nos olhos. “E, olha… Se quiser, posso ser sua guia particular por aqui. Te mostro os melhores lugares, sem golpes de camisa dessa vez, bem… se você quiser. Mas você deveria querer, né. Sem querer me exibir, mas eu sou ótima quando se trata de turistar por aí!”

Hinata deu uma risada alta, o som leve e contagiante.

“Isso seria incrível!” ele disse, ainda rindo. “Mas só se você prometer que não vai me deixar comprar mais nada estranho.”

Mônica cruzou os dedos no ar, fazendo uma careta brincalhona. “Prometo.”

“Ah! Qual seu nome, ruivinho?” Mônica perguntou, com um sorriso travesso nos lábios, se divertindo com a interação toda.

O garoto se virou para ela, os olhos cor de mel brilhando com aquela energia contagiante.

“Sou Hinata Shoyo! Muito prazer!” disse, com o sotaque carregado, mas de um jeito adorável que fez Mônica morder o lábio para não rir de novo.

“Mônica. Mônica Marinho.” respondeu, cruzando os braços e inclinando a cabeça de leve, analisando o jeito animado dele.

Hinata sorriu ainda mais – se é que isso era possível – e apontou para ela com a lata de Coca na mão.

“Então, conto com você pra ser minha guia, Moniquinha!”

O apelido inesperado fez Mônica soltar uma risada espontânea, daquela que vinha fácil quando alguém conseguia surpreendê-la. Ela balançou a cabeça, ainda rindo.

“Pode deixar comigo, ruivinho.”

✦  · · Avisos

01. Finalmente saiu capítulo de beira-mar! O que acharam?

02. Espero muito que vocês tenham gostado do capítulo. Peço desculpas a demora para atualizar, juro que vou tentar ser mais ativa aqui esse ano ♡.

03. Teorias pra onde Mônica vai levar Hinata pra turistar? 👀

🧭 Até o próximo capítulo!

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