Raquel [Parte I]
Ok, "boas amigas conhecem suas histórias, melhores amigas viveram elas com você".
Já entendi.
E também tem toda aquela palhaçada de que irmãs de alma estão lá para o que der e viver e etc.
Mas, pelo amor de deus, que tipo de reação a Liz esperava quando veio me dizer que planejava invadir uma balada para maiores de idade só para beijar aquele grotesco paquidérmico que é o Lucas?
Claro que eu fui super contra. Falei que não, nunca! Ela não podia desistir de ter o primeiro beijo com alguém que ela amasse.
Ela disse "eu amo o Lucas", com aquela vozinha fina e babaca. E eu tive que intervir.
...E depois que apoiar.
Porque, afinal, se eu não apoisse, ela chamaria a Débora e todo mundo sabe que eu odeio a Débora. Aquela... vice-melhor-amiga. Me poupe.
Então estamos nessa droga de balada, quando nós duas preferiríamos estar em casa lendo, dançando como se estivéssemos bêbadas.
Só que nós não estamos bêbadas!
E ela está vestida como... Não vou nem pensar porque é feio. Mas deixo registrado que é algo que ela jamais usaria e certamente nunca mais vestirá de novo. Ela parece uma daquelas meninas da escola que a gente tanto julga. E só julgamos porque, no fundo, invejamos um pouquinho tanto empoderamento e autoconfiança.
Meu deus, como dói assumir recalque!
Para ser sincera, é um pouco legal poder usar fantasia assim, só por uma noite. Estávamos atraentes mesmo, e disfarçadas de baladeiras-auto-confiantes-sedutoras-poderosas.
Quem me dera ser assim todo dia.
Não baladeira. Auto-confiante-sedutora-poderosa, eu digo.
De qualquer forma, não é este o foco. O que importa é que a Liz poderia ter qualquer menino hoje, mas ela está interessada no único que não olha para ela.
Nossa, como eu ODEIO o imbecil do Lucas!
Ele é metido e prepotente e egoísta e arrogante e babaca e.. e muito bonito.
Um maconheiro de merda, sem dúvidas. Mas lindo.
Não sei o que a Liz viu nele. Só sei que não adianta insistir que ele não presta, então é melhor acabar logo com isso.
Tem uma caixa de sorvete de chocolate com pedacinhos de chocolate no freezer de casa, muitos filmes de amorzinho e caixas de lenço de papel em casa. Tudo esperando por nós quando chegarmos.
É meu Kit de Consolo para quando ela disser chorando que "foi a quinta menina que o Lucas pegou na balada".
Ou a sétima, né? Nunca se sabe.
Ela supera.
Liz jogou o cabelo para trás, e eu imediatamente respondi esticando os braços, e fazendo um dos passos da aula de street dance.
Ela imediatamente se virou, para olhar o menino.
- Esse salto tá me matando! – ela reclamou, me fazendo rir.
Quem mandou se vestir como uma... moça de programa de luxo? Só quem tem prática consegue se virar com isso, Liz. Estou surpresa em ver que você consegue dançar em cima dessas agulhas.
- Saltos matam mesmo! – gritei em resposta, para que ela pudesse ouvir.
- Eu juro que queria estar em casa lendo... – murmurou, e eu li seus lábios.
Eu também preferia estar em casa lendo, amiga.
- Você vai mudar de ideia quando ele te beijar, Liz. – disse com uma voz amiga para que ela não desistisse de seu sonho.
E continuamos a dançar, até que um menino moreno de olhos escuros começou a se aproximar dela.
Mordi os lábios e comecei a balançar a cabeça no ritmo da música.
Ele passou os braços pela cintura de minha amiga, e ela piscou para mim, querendo saber se era ou não o Lucas.
Neguei, simplesmente, e ela enfiou o cotovelo no estômago do menino.
Eu deveria ter avisado que não é muito gentil fazer isso, mas...
O menino me olhou, magoado, e eu senti pena por alguns instantes.
Logo depois o reconheci como o melhor amigo do imbecil-paquidérmico-do-Lucas e revirei os olhos, dando os ombros.
Se eles dois eram igualmente bonitos, com certeza seriam igualmente insuportáveis.
Bem, ou não.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top