Liz [Final]

- Ah, oi, ruiva! – uma garota alta e desinibida me cumprimentou, interrompendo meu beijo com Mateus sem demonstrar o menor sinal de constrangimento – e aí, Cara de Cabelo Castanho Claro? – completou olhando para meu par.

Que porra é essa?

A garota franziu a sobrancelha e logo vi Raquel atrás, rindo.

- Ah, que indelicadeza a minha! – a garota-cara-de-pau se repreendeu – Eu sou a Polly, muito prazer!

- Ela chama Isabel – Raquel corrigiu instantaneamente – Essa coisa de Polly é puro complexo de dupla personalidade.

Liberei o riso enterrado em minha garganta, ainda capaz de entender a situação em que me encontrava.

- Você tá bêbada?

- Não, ela é assim sóbria – Raquel interviu de novo.

- Eita – foi o único comentário do Mateus, cuja mão permanecia envolvendo minha cintura.

Era engraçado.

A simples existência de seu braço ao redor do meu corpo trazia a sensação de paz, conforto e segurança. Era como se eu estivesse ao mesmo tempo em um campo florido e bucólico, deitada na minha cama quentinha e usando uma super armadura a prova de qualquer ameaça.

Tudo isso só porque ele estava lá.

- Enfim, Liz, sério, super sério, a gente precisa ir embora – minha melhor amiga declarou, ainda olhando meio desconfiada para meu acompanhante – Prometi para minha mãe que chegariamos em casa às quatro, e agora são quatro, e eu não estou em casa.

Ri, mas assenti rapidamente e segurei a mão de Mateus (perder seu toque significava abandonar minha redoma de zelo e eu não queria que isso acontecesse de jeito nenhum) enquanto seguia Raquel.

No meio do caminho, ela virou para trás e disse:

- A gente só precisa achar o Toby. A Polly ficou encarregada dessa parte e identificou três primos em potencial. Já vi que não era um deles (baixinho!).

- Ok...

- A Raquel foi ótima em explicar quem ele era, né? Disse ele que era parecido com ela e estava com uma pseudo-Pocahontas. Achei um beijando uma garota de pele e cabelo escuros; e outro que tinha uma pegada genial, dava para perceber só de olhar de longe, então obviamente ele tem o mesmo sangue que a Raquel, só que ele estava com uma loira. – Polly metralhou.

Do que ela está falando?

Raquel correu os olhos pela varandam identificou o primo e bufou, irritada.

- Afffffff, que frenético – ela reclamou – é a segunda menina que eu vejo ele beijando essa noite.

Ops.

A mão de Mateus estava quente em contato com a minha.

Este é o segundo menino que eu beijo hoje. 

Desviei o olhar no instante em que identifiquei o garoto ao qual Raquel se referia. O que ele estava fazendo não deveria ser feito em público. Com o corpo inteiramente debruçado por cima do da menina loira e mãos por todos os lados, o casal se atracava em um beijo intenso demais para ser socialmente aceitável.

Cheguei a ver um relance de língua em certa hora, para meu profundo desconforto.

Arranjem um quarto, pessoal.

- Toby? – minha amiga chamou, aproximando-se dele sem constrangimento.

Ele de um pulo com o susto que levou, mas conseguiu se recompor rapidamente.

- Raquel.

- Vamos?

- Quem é essa?! – a loira quis saber, apontando Raquel para esclarecer a quem se referia (como se houvesse qualquer dúvida de que a pergunta estava direcionada à ela).

- Minha prima.

- Sei, sei. Prima! É sua "prima", sim. Tá bom, tá bom.

- É sério – Raquel interviu.

- Vai se ferrar, cara! – ela exclamou, empurrando Toby para trás antes de ir embora pisando com força, com o salto agredindo o chão e fazendo um "téc, téc, téc" quase cômico.

- Vamos embora. – Theo concordou, dando os ombros.

Seus lábios estavam vermelhos e inchados, e eu consegui identificar – de longe – dois chupões (um no pescoço, e um na altura da gola da camiseta).

Eu, hein.

Quero que alguém um dia me beije com toda essa paixão.

Mas... em um lugar privado. Ninguém merece presenciar uma cena dessas.

- Raquel – Isabel interviu – como eu te acho?

- Como assim?

- Me dá seu telefone.

A menina revirou os olhos sorrindo, mas seguiu seu pedido.

- Vou salvar meu contato. – passou alguns instantes digitando e logo devolveu o aparelho - Aqui.

Minha amiga encarou o visor e gargalhou.

- Isabel Poliana, é sério?

Polly assentiu, enquanto erguia os ombros e encarava o chão, como quem pede desculpas sem falar.

- Viu como eu não menti para você tanto assim?

Raquel sorriu e entrelaçou seus dedos nos da garota.

- Sei, sei, não duvido nada que seu nome na verdade seja Fátima e você ainda está me enrolando.

- Me liga amanhã que eu te conto. – e piscou.

Minha melhor amiga deu os ombros.

- Vou ver se rola. – respondeu no ato, rindo com os olhos.

- E a gente, hein, dona Elisa? – Mateus perguntou, enquanto abraçava meu corpo por trás e beijava meu pescoço com suavidade.

- E eu sei?

- Até segunda? – ele arriscou.

Abri o maior sorriso do mundo.

- Até segunda – confirmei, antes de ficar na ponta dos pés e beijar seus lábios.

- Vamos, Theo, pelo amor de Deus! – Raquel apressou.

- Você é muito brava, meu deus – Polly protestou enquanto passavamos pela porta.

Olhei para trás uma última vez e a menina-cara-de-pau piscou para mim, divertida.

Passamos pela porta de saída, que rapidamente se fechou.

Fim



Ai, gente, acabou! 

Queria agradecer um milhão de vezes a todo mundo que leu, comentou, curtiu... Juro, vocês fazem meu dia!

Reescrever este conto foi super divertido, porque como comentei no começo, ele foi escrito em 2011 (acho) e eu achava que era uma história óóóótima. Aí fui reler e BAAAAM, não era de jeito nenhum. Só pra começar, eu reproduzia um mundo de machismos e disseminava a competição entre meninas (duas coisas que hoje em dia não suporto nem pensar!!! Socorro). 

Espero que vocês tenham gostado da história, acho que ela sempre será especial para mim <3 

Então, muito, muito, muito obrigada!

Pretendo postar a capa e a sinopse do livro novo ainda esta semana (que vai atééé sábado, então eu tenho tempo para pensar em um fucking título. A princípio será Entre Esquinas, mas não sei se acho bom. Vocês acham bom? hahahaha, to perdida. Nem se apeguem ao nome porque ainda pretendo mudar de ideia umas dezoito vezes hahahaha)

Beijos mil, lindonas, vocês são incríveis!!


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