Christmas Special
Bem cedo na manhã de Natal, Jimin estava sentada na cama de pijama, indecisa quanto a se deveria ou não acordar Minjeong. Poderia ter voltado à sala de estar do seu apartamento, onde apenas uma hora antes havia bancado o Papai Noel. Mas preferia estar perto dela, mesmo no escuro.
Não conseguia parar de agradecer ao destino por ter permitido que o caminho de ambas se cruzassem. Era verdade que as duas haviam passado por momentos difíceis, onde ela própria precisou superar o seu passado para ter a chance de criar um futuro ao lado da ruiva. Mas Jimin faria tudo uma vez mais se isso significasse poder compartilhar o resto da vida ao lado dela.
Então, com um sorriso no rosto, Jimin observava sua alma gêmea dormir na manhã de Natal.
Como se conseguisse ouvir seus pensamentos, Minjeong se mexeu, uma ansiedade inominável pairando sobre ela. No instante seguinte, virou-se para a morena, os dedos roçando o tecido que lhe cobria a cintura.
Jimin permaneceu imóvel, retribuindo o seu olhar, em silêncio. Minjeong levou alguns instantes para reconhecê-la.
– O que você está fazendo?
– Nada.
Ela franziu o rosto, intrigada.
– Mas você está sentada no escuro.
Jimin lhe abriu um sorriso singelo.
– Estou esperando você acordar.
– Por quê?
– Para abrirmos os presentes. Mas está cedo. Volte a dormir.
Minjeong se arrastou mais para perto dela, buscando sua mão. Ela beijou-a e a puxou para junto do seu coração.
Jimin sorriu e a espalmou sobre o peito dela para sentir seu coração bater. O rosto dela ficou sério.
– Eu te amo. – Ela pigarreou. – Espero que nunca mais duvide disso.
O sorriso dela desapareceu.
– Eu sei.
Jimin moveu a mão para acariciar suas sobrancelhas.
– Eu desejo você, é óbvio. É difícil para mim não tocá-la, não estar com você daquela forma. – A mão dela pairou sobre o rosto de Minjeong, hesitante. – Mas eu te amo e só quero fazê-la feliz.
– Eu confio em você. Você poderia ter me pressionado tantas vezes, como na noite em que você me levou para casa... e dormimos juntas pela primeira vez. Mas você foi paciente. E quando finalmente aconteceu foi maravilhoso. Tenho sorte de ter você comigo.
Ela a encarou com um olhar relutante.
– Podemos seguir nossa rotina matinal e só depois abrir os presentes?
Jimin assentiu com a cabeça, sorrindo.
– Claro, meu amor.
Quando Minjeong entrou na cozinha alguns minutos depois, foi presenteada com um maravilhoso café da manhã. Ansiosa, Jimin implicou com ela até que Minjeong concordasse em acompanhá-la à sala de estar. A morena praticamente saltitava de empolgação.
Elas tinham montado uma árvore de Natal no meio da sala. Havia vários embrulhos debaixo dela. Sobre o sofá estavam duas grandes meias vermelhas, com os nomes “Minjeong” e “Jimin” bordados.
– Feliz Natal. – Jimin beijou a testa dela, sentindo-se muito orgulhosa.
– Nunca tive uma meia de Natal.
A morena a levou até o sofá e pôs a meia no colo de Minjeong. Ela estava cheia de doces.
– Por que você nunca teve uma meia?
– Meus pais nunca se importaram muito com isso já que sempre participam de algum evento nessa data. – Ela deu de ombros.
Jimin assentiu com a cabeça. Sua família pelo contrário era do tipo que adorava essas coisas.
Minjeong apontou para os dois presentes embrulhados em papel xadrez verde e vermelho sobre a mesa de centro.
– Por que não abre seus presentes antes?
Jimin ficou radiante e se sentou no chão diante da árvore, de pernas cruzadas.
Pegou uma caixa pequena e rasgou o papel.
Minjeong riu ao ver aquela pintora tão descolada sentada de pijama enquanto atacava seus presentes como uma menina de 4 anos.
Jimin abriu a caixa e ficou muito surpresa com o que encontrou. Aninhado em meio à seda de cor creme, havia um conjunto de pincéis. Mas não eram pincéis comuns. Eram artigos considerados de luxo. Ela os observou, intrigada.
– Gostou?
– Adorei, MJ. Estou apenas surpresa. Como você...
– Enquanto você estava em uma das suas reuniões, fui até Apgujeong e os comprei. Achei que você iria gostar de usar eles em alguma tela. – Ela olhou para o chão. – Eu sei que você já disse várias vezes que eu não preciso exagerar nessa questão, mas dessa vez não consegui evitar.
Jimin sabia do quanto o simples ato de presentear era importante para Minjeong. Ela foi de joelhos até a ruiva e a beijou, agradecida.
– Está tudo bem. Eu adoro receber presentes seus. E os pincéis são perfeitos. Obrigada.
Minjeong sorriu ao vê-la ali, ajoelhada.
– Tenho outro presente para você.
Jimin sorriu quando encontrou um segundo embrulho grande e fino. Debaixo do papel de presente, havia uma aquarela emoldurada, retratando Cheonggyecheon em uma noite de outono.
Jimin ficou sem palavras. Seus olhos, intrigados, cruzaram com os dela.
– Quando você pintou essa tela?
Minjeong deu de ombros e se afundou no sofá, batucando nos joelhos pensativa.
– Logo depois que nos separamos. Eu queria ocupar minha mente com a arte, mas acabei pintando esse ponto de Seul por que me lembrava você.
Jimin se juntou a ela no sofá e a beijou com sofreguidão.
– Obrigada. Este quadro é lindo, mas você é muito mais. – Ela sorriu. – E acho que tivemos a mesma fonte de inspiração para presentes aqui. Logo você vai entender.
Ela sorriu antes de se inclinar para a frente e beijá-la, sugando seu lábio inferior.
– Você é o melhor dos presentes – murmurou Jimin.
Ela sentiu os lábios dela formarem um sorriso debaixo da sua boca e a puxou de volta para lhe entregar um dos presentes que estavam debaixo da árvore.
Minjeong a recompensou com olhos brilhantes e ávidos. Quando abriu a pequena caixa, encontrou dois ingressos que Jimin havia comprado para ela.
– São para aquela exposição da qual você vem falando semanas – explicou ela.
Minjeong arqueou uma sobrancelha, intrigada.
– Mas você disse que estavam esgotados, o que me deixou bem chateada para falar a verdade.
Jimin sorriu, levando a mão a nuca.
– Desculpe por isso, mas eu não queria estragar a surpresa...
Ela a encarou com um olhar ainda intrigado, mas então sua expressão relaxou.
– Obrigada. Vou te perdoar por isso, porque este é o melhor presente que você poderia ter me dado.
Jimin suspirou aliviada e se inclinou para dar um beijo na testa dela.
– Você merece – declarou ela, os olhos em chamas.
A ruiva abriu um sorriso tímido e olhou em volta dela, para o embrulho grande que continuava debaixo da árvore de Natal.
– Ainda falta um presente. É para mim?
Jimin assentiu.
– Posso abrir?
– Não quer tentar adivinhar o que é?
Ela fez cara feia.
– Por quê? Isso é alguma espécie de brincadeira natalina?
– Não exatamente.
Jimin correu os dedos pelos cabelos dela, abrindo um meio sorriso.
– Mas acredito que você já sabe o que tem ali.
Ela olhou para o embrulho com curiosidade.
– A julgar pelo tamanho, não é um gatinho.
– Não, não é. Mas, se quiser um animal de estimação, posso comprar um para você. – A morena foi até a árvore e pegou o presente, colocando-o em suas mãos – Pode abrir.
Minjeong não demorou em rasgar o papel e deixar exposta uma reluzente pintura em tons quentes, nela retratada a Ponte Bampo através de um por do sol.
– Jimin, isso é... – disse ela, surpresa. – Foi por isso que você falou que tivemos a mesma fonte de inspiração para presentes?
A morena assentiu com a cabeça.
– Sim. Inclusive... Eu também criei essa tela quando no separamos. Assim como você, eu queria mergulhar na arte e esquecer todo o resto, mas quando percebi estava pintando algo que me remetia a você.
Minjeong sentiu os olhos arderem diante da percepção de que as duas tinham passado por algo semelhante. A morena tirou alguns fios de cabelo do seu rosto antes de dizer:
– Espero que você tenha gostado.
A ruiva sorriu, ainda observando a pintura a sua frente.
– Eu adorei, Jimin.
Ela beijou seus lábios antes de lançar um olhar desconfiado para a caixa aberta que estava diante da porta.
– Aquele é o presente que você recebeu da Ningning?
Minjeong deu de ombros, fingindo não saber que aquela pergunta estava por vir.
– Uma garrafa de vinho e um brinquedo.
– Brinquedo? Que tipo de brinquedo?
Ela pareceu indignada.
– Um ursinho, é claro.
– Ela não lhe deu um coelho de pelúcia alguns meses atrás?
– Jimin, você me deu um ursinho no meio da faculdade.
– Mas era um ursinho caretaca. Que por sinal está do seu lado cama – disse ela em tom provocativo.
– Você não tem jeito. – Minjeong não pôde deixar de rir, sentindo seu rosto corar. – Obrigada pelos presentes. E obrigada por passar o Natal comigo, que foi o melhor presente de todos.
– Não tem de quê. – Jimin aninhou o rosto dela nas mãos e vasculhou seus olhos por alguns instantes antes de beijar sua boca.
O que começou como um beijo tímido, de boca fechada, logo foi ganhando intensidade até elas estarem se puxando e se agarrando com mãos febris e sôfregas. Minjeong ficou nas pontas dos pés, apoiada no ombro dela. Jimin gemeu de frustração e a afastou com cuidado. Então respirou fundo e esfregou os olhos.
– Preferiria continuar o que estamos fazendo, mas minha mãe quer nossa presença no almoço de família.
– Está bem.
Ela lhe deu um beijinho no rosto e foi para o quarto escolher suas roupas. Jimin a seguiu até lá e se deixou cair na cama, observando-a remexer os cabides no guarda-roupa.
– Tudo bem mesmo ir almoçar com a minha família? – Perguntou ela. – Não prefere se juntar aos seus pais?
Minjeong parou o que estava fazendo e a encarou.
– Na verdade, não. Minha mãe vai participar de mais um evento beneficente esse ano e eu enfim tenho um motivo plausível para não ir.
– Então eu posso me considerar a sua salvadora?
Ela olhou para as próprias mãos.
– Acredito que sim... Afinal foi através de você que eu consegui me libertar de muitas das minhas amarras pessoais.
Jimin sorriu com ternura. Então ela ficou simplesmente sentada ali, olhando para a linda ruiva à sua frente. Era em momentos como esse que ela se lembrava de por que, a princípio, achara que ela era um anjo. Ela possuía uma personalidade rara. Pelo menos a julgar pela experiência de Jimin.
– Eu te amo, sabia?
– Sim. – Ela lhe abriu um sorriso tímido. – E eu também amo você.
Jimin lhe deu um beijo casto e, quando Minjeong a deixou sozinha para tomar banho, ela ficou pensando, maravilhada, na despretensiosa sagacidade da ruiva. Minjeong era muito mais inteligente do que ela, pois seu intelecto era marcado por uma originalidade criativa genuína que ela só poderia sonhar em ter. Apesar de tudo o que lhe havia acontecido, ela não perdera a sua integridade e esperança.
Ela não é igual a mim, e sim melhor. Ela é a minha maior inspiração.
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Bom, galera, estava devendo um especial para essa história, mas consegui postar a tempo. Quero desejar um Feliz Natal para cada um de vocês e um feliz ano novo adiantado. Se cuidem e aproveitem bastante.
Também queria avisar que vou me ausentar da plataforma durante esse período, mas espero que possamos no encontrar por aqui no próximo ano. ^^
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