24

— Vocês duas se conhecem? Que maravilha. — Disse Taeyeon em tom animado.

Minjeong sentiu uma ansiedade crescente. Estava nítido quem aquela garota era pela forma como encarava Jimin. A prima de Sunghoon era Kim Chaewon, a ex namorada dela.

Jimin se recostou na cadeira com um sorriso tranquilo, parecendo casual e perfeitamente à vontade — além de linda de morrer com aquele terno preto.

— Faz bastante tempo.

Chaewon soltou uma risada e passou a mão no braço dela.

— É mesmo.

A morena não demonstrou nenhuma reação ao toque, e Minjeong sentiu um nó na garganta e teve que lembrar a si mesma de que Jimin cortara relações com Chaewon. Não fora a ela que proporcionara momentos gloriosos nas últimas semanas.

— Com quem você veio? — Os olhos de Chaewon percorreram a mesa antes de se voltar para Jimin.

— Comigo. — Minjeong se inclinou para mais perto e pôs a mão sobre a dela. Esperava que Jimin virasse a palma para cima e entrelaçasse os dedos com os dela, como sempre fazia. Mas ela permaneceu imóvel. O estômago dela se revirou. O que aquilo significava?

Chaewon ficou em silêncio por alguns instantes e observou Minjeong atentamente.

— Que casal bonito. Sua filha é linda, Sra. Kim. Dá para entender por que Sunghoon gosta tanto dela. Pena que não está solteira.

Taeyeon sorriu, mas Minjeong percebeu pelas marcas em volta dos olhos que estava preocupada.

— Obrigada, Chaewon. Elas parecem bem felizes. Não é motivo de pena.

Minjeong apertou a mão de Jimin com mais força enquanto a garota a observava de perfil. Até então, elas estavam felizes. Qual era o problema? Jimin permanecia impassível, sempre de olho em Chaewon. Minjeong a tocava, mas a sentia incrivelmente distante.

— Então é sério? — Chaewon olhou para os pais de Minjeong antes de dar uma risadinha e lançar um olhar divertido para Jimin. — Agora conhece pais e tudo, Jimin? Teria conhecido os meus se eu tivesse insistido um pouco mais?

— Do que você está falando? — Sunghoon estreitou os olhos, encarando sua prima e depois Jimin.

Chaewon deu de ombros e abriu um sorriso sugestivo.

— A gente... costumava manter um relacionamento.

— Só pode ser brincadeira. — Sunghoon olhou para Jimin com o desgosto estampado nos olhos. — Você namorou com a minha prima?

— Eu não sabia desse detalhe — Jimin respondeu com um sorriso tenso.

Chaewon deu uma risadinha.

— Realmente, não havia muito tempo para conversa, se me lembro bem.

— Pelo amor de Deus. Preciso de uma bebida. — O pai de Minjeong levantou da mesa.

— Espero não estar causando nenhum inconveniente, Sr. Kim — disse Chaewon em tom gentil.

— Essa situação já causou o suficiente. — Baekhyun se afastou na direção do bar, que ficava no fundo do salão.

A risada de Chaewon reverberou pela mesa.

— Que interessante.

Minjeong estava sentada bem perto de Jimin, e viu quando as unhas de Chaewon roçaram na coxa dela. Jimin não se moveu. Só encarou a garota enquanto a mão dela ia subindo, chegando cada vez mais perto da braguilha da calça. Por que não fazia nada para impedir? Por acaso queria aquilo?

Jimin ficou de pé abruptamente e falou:

— Preciso tomar um ar. Com licença.

Antes que Chaewon pudesse segui-la, Minjeong pulou da cadeira e saiu atrás dela. O ar do lado de fora tinha cheiro de noite, grama cortada e cloro. O frio provocou arrepios em seus ombros e braços descobertos.

— Jimin — ela gritou.

A morena parou, iluminada pelo brilho azul da piscina.

— É melhor você voltar para lá, MJ.

Ela caminhou para junto dela. A distância entre as duas a deixava em pânico. Como faria com que a proximidade voltasse? Minjeong segurou a mão dela, colocou em torno de sua cintura e chegou mais perto.

— Não quero ficar sem você.

A expressão nos olhos dela se suavizou, e Jimin a abraçou. Minjeong suspirou e apoiou o queixo no peito dela, respirando fundo para sentir bem o cheiro. Se ela ainda podia abraçá-la daquele jeito, não havia problema.

— Estava tudo indo bem para você antes que meu passado fosse colocado na mesa.— Ela acariciou as costas dela.

— Eu preferiria estar em casa com você. — Minjeong se aproximou um pouco mais e beijou o pescoço dela. — Por que deixou que ela passasse a mão em você daquele jeito? Me deixou maluca.

Jimin era dela.

— Ah, deixou? — Ela passou os lábios pelo queixo dela, dando beijos de leve na pele sensível.

— Sim.

— Sempre procuro evitar problemas com ex. Elas podem perder o controle na hora, mas depois caem na real. Vou fazer de tudo para ser igualmente cortês com você no futuro.

No futuro. Depois que elas se separassem.

— Não quero isso.

Jimin era parte da vida dela, e uma das melhores. Não podia ir embora.

— Bom, isso facilita as coisas para mim— ela disse.

— Não, não é disso que estou falando.

— O que você quer, Minjeong?

— Eu quero... — Ela umedeceu os lábios e respirou fundo. Poderia dizer que era a morena o que mais queria? Que estava apaixonada? Ela passou as mãos no peito e nos ombros dela e a observou com toda a atenção. Gostaria de ser melhor com as palavras. Bem que seu corpo poderia falar por ela. Sabia se comunicar perfeitamente com o dela. Mesmo naquele momento, Minjeong notava sua reação à proximidade de Jimin. Ela tentava se manter mais perto, sentia as duas se encaixarem perfeitamente.

Jimin engoliu em seco, então se afastou.

— Acho que a gente precisa acabar com essa farsa. Porque não tenho mais nada a oferecer a você.

— Claro que tem. Você me escuta, fala comigo e...

— Nunca vou conseguir ser uma namorada exemplar para a felicidade daquele babaca lá de dentro.

— Não é verdade. Você tem sido perfeita durante todo o tempo que estivemos juntas.

— Sou uma zero à esquerda. Não cheguei a lugar nenhum. Tenho problemas demais com os quis lidar e... — Ela a encarou com um olhar firme e sério. — Você não merece ficar ao lado de alguém tão complicada assim. Então vou agir de forma egoísta, porque sou igualzinha ao meu pai.

A ruiva balançou a cabeça. Do que estava falando? Jimin não tinha semelhança alguma com ele.

Minjeong não tinha dúvidas quanto a isso.

— Você queria saber por que odeio meu pai. Vou dizer por quê. — Jimin fez uma pausa por um segundo carregado de tensão antes de continuar. — Ele é tão bom em enganar os outros que nem sequer sente remorso por isso.

— Eu não...

— Ele era dono de uma empresa de softwares. Sempre saía em "viagens de negócios". Minha mãe sabia que estava sendo traída, mas ele sempre voltava. Até que ficou fora por meses enquanto "expandia os negócios" para os Estados Unidos. No fim, a gente descobriu que meu pai estava falido e planejava recomeçar no exterior. O problema é que antes de ir embora pela última vez, ele limpou todas as contas bancárias e fez uns empréstimos enormes no nome da minha mãe. Joohyun precisou trabalhar redobrado para pagar tudo, mas foi uma época difícil.

Ela virou de costas e começou a desatar o nó na gravata com gestos bruscos.

— Estávamos correndo o risco de perder a casa. Minha irmã ia ter que sair da faculdade, porque era impossível de pagar. E aquilo não era justo já que ela estava se formando naquele ano. Então a faculdade dos meus sonhos, que tinha me custado anos de dedicação, foi colocada em segundo plano e eu optei por trancar o meu curso. Quando a situação enfim estava começando a se estabilizar e eu pensei que poderia retomar minha vida, descobri que estava doente e...

Ela se calou e desabotoou os primeiros botões da camisa, como se a estivesse sufocando. Em seguida cobriu os olhos com a mão espalmada, com a respiração ofegante.

Minjeong deu um passo hesitante na direção de Jimin. Ela pôs a mão no rosto dela e descobriu lágrimas quentes. O nó em sua garganta era grande demais para permitir que falasse, então ela enlaçou seu pescoço e a abraçou com toda a força. Jimin enterrou o rosto em seus cabelos e retribuiu o abraço.

— Não é culpa sua se seu pai fez essas coisas. Você não tem nada a ver com ele — murmurou Minjeong. Como Jimin poderia acreditar naquilo?

— Se eu tivesse percebido antes, poderia ter agido e feito alguma coisa para impedir.

— Shhh. — Ela passou os dedos pelos cabelos dela. — Mesmo que você tivesse percebido, teria descoberto tarde demais. Pelo que você me falou ele enganou dezenas de pessoas. É especialista nisso.

Jimin a apertou com mais força por uma fração de segundo e beijou seu rosto. Quando voltou a falar, foi com um tom de voz mais áspero e íntimo, totalmente sincero.

— O mais louco é que, mesmo depois de tanto tempo, mesmo com todos os problemas que causou, ele ainda tenta entrar em contato comigo. É meu pai, mas eu o odeio e quero manter distância — Minjeong não sabia o que dizer, então continuou a abraçá-la. O que poderia falar a alguém com uma mágoa daquele tamanho? O máximo
que dava para fazer era colar seu coração ao dela e sofrer junto.

Depois de um momento que pareceu uma eternidade, Jimin se afastou. Limpando as lágrimas nos olhos, ela falou:

— Aceitei sua proposta porque queria te ajudar, mas seus problemas claramente já foram superados. Você já está pronta para um relacionamento de verdade. Se alguma desgraçada te rejeitar por ser autista, não te merece. Ouviu bem? Você não tem nada do que se envergonhar.

O rosto dela ficou pálido, e seu coração parou de bater por um instante.

— Você sabia?

Jimin abriu um leve sorriso.

— Percebi depois daquela noite na casa do Jackson.

Jimin sabia o tempo todo? Aquilo era bom ou ruim? Ela não conseguia decidir.

— Você quer ir embora? — Minjeong se pegou perguntando.

— Chegou a hora de seguir em frente, Minjeong. Não estamos proporcionando uma a outra tudo o que precisamos.

Minjeong entendeu aquilo como um recado de que ela não era suficiente para Jimin. Por causa de quem e do que era, suas limitações e suas excentricidades, seu estigma.

Uma desesperança sombria a arrasou. Tinha sido muita ingenuidade esperar que conseguiria conquistá-la. Seu queixo tremeu, e ela mordeu o lábio para impedir.

— Entendi.

Jimin passou a mão no rosto dela, prendendo uma mecha de cabelos atrás de sua orelha.

— Você precisa estar com alguém por completo, e eu não tenho como oferecer isso no momento.

Minjeong olhou para o chão. Talvez para ela isso não tivesse acontecido, mas, para a ruiva, por mais patético que pudesse ser, parecia amor.

Jimin passou as mãos quentes nos braços frios dela e apertou suas mãos.

— Obrigada pelos últimos meses. Foram muito especiais para mim.

Mas não o suficiente.

— Obrigada, Jimin. Por me ajudar com meus problemas de ansiedade.

— Promete que você não vai mais pedir ajuda a nenhuma garota depois disso.

— Prometo. — Só havia uma garota que ela queria.

— Boa menina. — Ela deu um beijo em seus cabelos. — Agora vou indo. Quero tirar minhas coisas da sua casa, e é melhor fazer isso quando você não estiver lá. Se cuida, tá?

— Tá.

Ela entregou seu celular com as outras coisas dela que levava no bolso.

— Entro em contato para resolver como fica a questão do nosso projeto da faculdade. Tchau, MJ.

— Tchau, Jimin.

Imóvel e sem sentir o próprio corpo, ela observou a saída dela. Em seguida, deu meia-volta e entrou. Queria ir para casa, mas tinha que deixar que Jimin tirasse suas coisas de lá em paz. Todas as outras estratégias de fuga foram descartadas. A ideia de passar por ela no estacionamento ou na rua fez seus olhos se encherem de lágrimas.

Era melhor voltar ao jantar. O último lugar onde gostaria de estar naquele momento.

Depois de passar no banheiro e retocar a maquiagem como podia, ela voltou a sentar à mesa.

— Onde está a Jimin, querida? — sua mãe perguntou baixinho.

— Foi embora. Acabamos de terminar.

Sunghoon abriu um sorrisinho.

Chaewon lançou um olhar de pena para Minjeong e pôs a mão em seu ombro.

— Garotas como ela precisam ser livres.

Minjeong afastou a mão dela sem dizer nada.

Baekhyun estreitou os olhos, incomodado. Minjeong sabia que ele não gostava de sua grosseria.

— Às vezes essas coisas acontecem para nosso próprio bem.

Pelo menos uma vez na vida, Taeyeon não tinha o que dizer. Apenas observou a filha com olhos preocupados.

— Você pode arrumar coisa muito melhor — Sunghoon acrescentou. O olhar direto que lançou indicava que estava falando de si próprio.

Minjeong cravou os dedos no joelho com tanta força que suas juntas ficaram brancas. Seus sentimentos borbulhavam, gritando por libertação, mas ela os sufocou.

— Eu não sei bem o que pensar — Baekhyun falou. — Não vi muito naquela garota.

Um incômodo agudo se instalou em suas entranhas, e ela perdeu o controle.

— Então não olhou direito. Não é que ela não esteja fazendo nada. Jimin não é preguiçosa. Mas às vezes existem coisas mais importantes do que perseguir paixões e ambições. Ela deixou a carreira de lado por conta de problemas pessoais, incluindo a saúde dela. É o tipo de pessoa que abriria mão de tudo pelas pessoas que ama, tudo mesmo. Só tem coisas boas nela.

Mas Jimin não a queria.

A expressão de seu pai ficou mais séria.

— Então por que ela não disse isso?

— Por que entraria num assunto tão pessoal quando estava sendo
menosprezada?

— Eu não estava...

— Já chega, Baekhyun — esbravejou Taeyeon. — O seu verdadeiro interesse ficou muito claro. Você quer alguém determinado e focado na carreira ao lado de Minjeong, alguém que possa cuidar dela. Não parece perceber que ela tem determinação de sobra sozinha e não precisa da ajuda financeira de ninguém. Vamos sair daqui, querida. Esse barulho todo está me incomodando.

Taeyeon estendeu a mão e Minjeong a pegou, deixando-se conduzir para fora do salão.

Um buquê enorme de lírios e galhos de salgueiro dominava a mesa baixa.

Minjeong traçou com o dedo o contorno de uma das flores antes de sentar e fechar os olhos. Estava bem mais silencioso ali fora, e uma parte da tensão se aliviou. Mas a dor em seu coração persistia, se espalhando pelo corpo e se intensificando, massacrando-a com uma sensação de desesperança e derrota. O peso suave da mão da mãe em sua perna a fez abrir os olhos.

Ela a abraçou, puxando-a para perto do colar e do perfume. Minjeong ainda não gostava daquele cheiro forte, mas naquele momento a familiaridade a confortou. Ela relaxou e deixou sua mãe a abraçar como quando era criança. Só percebeu que estava chorando quando começou a ser consolada e balançada de leve, de um lado para o outro.

— Lamento muito, querida. Sempre quis que você encontrasse um artista, uma pessoa sensível que colocasse você em primeiro lugar.

Minjeong soltou um suspiro longo e trêmulo.

— Essa pessoa era a Jimin.

— O amor não pode ser uma coisa forçada, Minjeong. Mas eu sei o que vi e não consigo entender o que possa ter acontecido para as coisas terem terminado dessa forma.

Minjeong não disse nada. Ela estava em um dilema, sem saber qual o próximo passo. Para ela, Jimin era como sorvete de menta com gotas de chocolate. Até podia experimentar outros sabores, mas ela sempre seria sua favorita.

Aquele era o jeito dela. Minjeong se sentia mais solitária do que nunca quando estava cercada de gente. Em geral, aquilo não a incomodava. Não precisava de companhia. Ficava contente se tinha espaço e tempo para se dedicar àquilo que a interessava. Mas Jimin a interessava, e a ruiva não se sentia solitária com ela. Nem um pouco. Saber que o sentimento era unilateral doía.

— Mãe, que tal deixar essa conversa de lado por um tempo? Quero deixar você feliz, mas agora estou exausta demais para isso.

Taeyeon a apertou mais forte.

— Claro, esquece essa conversa. Só quero que você seja feliz.

Minjeong suspirou e fechou os olhos. Não queria saber de ser feliz.

Naquele momento, só queria não sentir nada.

\[...]

O silêncio na casa de Minjeong era absoluto. Era curioso que Jimin nunca tivesse notado aquilo antes. Em geral estava ocupada conversando com ela, ouvindo suas observações sobre arte, preparando algo para comer naquela cozinha enorme, beijando-a, fazendo amor com ela...

Sentiria falta daquela casa. E sentiria saudade de Minjeong. Muita. Já estava sentindo. Desmoronava com sua ausência. Mas pôr um fim ao acordo era a coisa certa a fazer. Ela não precisava mais de sua ajuda e merecia alguém melhor. Alguém mais inteligente, que não fosse filha de um criminoso. Alguém que impressionasse os pais dela e não encontrasse antigas namoradas em um evento social.

Então ela se deu conta de que precisaria voltar a vê-la se quisesse finalizar o projeto da faculdade. Isso não a animava nem um pouco. Duvidava que fosse conseguir seguir em frente com aquilo. Ficar perto dela sem poder sentir seu cheiro, o gosto da sua pele. Seu corpo estava sintonizado com o dela. Ele desenvolvera um novo hábito, que envolvia uma garota tímida que passava o dia pensando em conceitos artísticos.

Jimin sentou na cama e escondeu o rosto entre as mãos. Era a última vez que estaria ali. Outra garota estaria dormindo naquela cama em breve. Sentimentos desagradáveis vieram à tona. Só ela deveria poder beijar, tocar e amar Minjeong. Sua vontade era arrancar as cobertas e deixar a cama em pedaços. Se não pudesse mais usá-la, ninguém poderia. Minjeong que comprasse uma nova. Cerrando os punhos, ela se obrigou a ir até o closet antes que acabasse destruindo o quarto. Enfiou as camisetas e as calças jeans na mochila antes de passar para a gaveta de peças íntimas.

Antes de sair do quarto, ela respirou fundo e olhou uma última vez para o cômodo. Agradeceu mentalmente por Yizhuo não estar em casa e presenciar aquela cena. Fazer aquilo estava sendo doloroso.

Mas talvez aquela situação pudesse ter sido evitada. Talvez as coisas fossem diferentes se tivesse sido sincera sobre o que sentia.

Ela atravessou a casa vazia, apagou as luzes e saiu. Depois de trancar a porta da frente, pôs sua chave sob o capacho da entrada, se despediu silenciosamente e foi embora.

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