17

Minjeong não conseguiu esconder sua felicidade quando Jimin marcou de encontrá-la naquela tarde. O trajeto era rápido, e em pouco tempo ela estava no interior do café perto da faculdade. Jimin a esperava em uma mesa perto da janela, parecendo linda com calça preta, camisa listrada e jaqueta de motoqueiro com caimento perfeito.

Com os olhos brilhando, a morena sorriu enquanto ela caminhava até a mesa. Quando Minjeong chegou lá, levantou e lhe deu um abraço apertado, beijando seu pescoço de leve e passando os dedos nas mechas soltas de seus cabelos.

— Esse cabelo... Você está maravilhosa como sempre.

Minjeong respirou fundo e se aninhou junto a ela.

— Eu realmente gosto de usar ele assim, mas agora que você falou isso acho que vou gostar ainda mais.

Os ombros dela se sacudiram enquanto ria.

Uma garçonete se aproximou e, com relutância, elas desfizeram o abraço para se sentar.

— Você pode mudar de visual, se quiser. Tenho certeza que vai ficar linda de qualquer forma — Jimin falou, com um sorriso provocador.

— Você sabe que não gosto muito de mudanças, então melhor não.

Sabiamente, Jimin não fez nenhum comentário a respeito.

— Eu não atrapalhei mesmo os seus planos? — Perguntou Minjeong, lembrando que ela havia dito ter saído para passear.

— De forma alguma. Eu só estava com a tarde livre, então resolvi dar uma volta pela ponte Bampo.

Então ela se deu conta de que estendia a mão por cima da mesa na direção dela. Recolheu as mãos e sentou sobre elas.

— Além disso, vir me encontrar com você foi o ponto alto da minha tarde. — Jimin apoiou a mão espalmada sobre a mesa e inclinou a cabeça para o lado, à espera. Minjeong percebeu que era de sua mão.

Ela tirou uma mão de baixo das pernas e colocou sobre a dela. Jimin fechou os dedos sobre os dela e acariciou o dorso de sua mão com o polegar.

— Você falou sério sobre irmos comprar o meu vestido?

Jimin assentiu.

— Claro. Se me lembro bem, você pediu para que eu te ajudasse. Então vamos fazer algumas compras assim que sairmos daqui.

A garçonete chegou. Jimin perguntou a Minjeong:

— Quer que eu faça o pedido?

A ruiva assentiu, e ela falou os cafés que queria sem nem olhar para o cardápio.

— Você tem planos para o próximo fim de semana? — Ela quis saber depois.

— Bom, não tenho nada em mente.

Jimin sorriu e beliscou a ponta do nariz dela.

— Ótimo. Minha mãe faz questão que você vá jantar na casa dela outra vez.

— Ah — Foi tudo o que ela conseguiu dizer.

A morena deu risada.

— Não se preocupe. Minha família realmente gostou de você. Nesse ritmo vou até começar a sentir ciúmes.

— Eu não acho que exista necessidade para isso... Sempre foi assim? Quero dizer, quando você leva alguma garota para casa. — Minjeong tentou manter um tom desinteressado, mas na verdade estava extremamente curiosa.

— Eu nunca fiz isso antes... — respondeu Jimin.

— Nem mesmo com sua ex-namorada? — Quando as palavras saíram de sua boca, ela percebeu que não devia ter feito aquela pergunta. Jimin já havia deixado claro que não gostava que ela sentisse ciúmes das suas ex. Será que ficaria com raiva? Ela deveria pedir desculpas?

Os lábios de Jimin se contorceram para formar algo entre um sorriso e uma careta.

— É algo meio complicado.

— Por que vocês terminaram? Esquece, não precisa me responder se não quiser — Minjeong acrescentou rapidamente.

Os olhos de Jimin pareceram sombrios por um segundo, então ela só deu de ombros e se ajeitou na cadeira.

— Eu nunca permiti que ninguém se aproximasse de fato, nem mesmo Chaewon. E depois de... Bom, com o tempo percebemos que não valia a pena ir em frente com aquele relacionamento e decidimos terminar.

Minjeong percebia que ela estava omitindo alguns detalhes, mas não podia insistir naquele assunto, porque lembrava do que havia acontecido quando fizera isso em relação ao pai dela.

— Entendo — disse ela em tom baixo.

Jimin suspirou, apoiando a cabeça na parede. Seu pescoço se moveu quando engoliu em seco, e a ruiva teve um pouco de vontade de mordiscá-lo, só para ver o que Jimin faria. Mas, considerando o ambiente em que estavam e o clima da conversa, percebeu que não era o momento adequado para fazer algo assim.

— Bom, vamos deixar esse assunto de lado — disse Jimin, levando a mão dela à boca para beijá-la. — Podemos conversar sobre coisas mais interessantes.

— Eu iria adorar.

Ela deu uma gargalhada.

— Acho que vai mesmo.

Os pedidos delas chegaram, e a conversa — uma conversa de verdade — continuou enquanto bebiam seus cafés, aquecendo-se antes de sair para aquele clima frio. Ela perguntou a Jimin quais eram suas técnicas de arte favoritas e ficou sabendo que a morena tinha feito um curso preparatório antes de ingressar na faculdade. Ela perguntou quando foi que Minjeong descobrira seu amor pela arte — no ensino médio — e quando arrumou o primeiro "namorado" — nunca. Jimin tinha uma namoradinha no quarto ano, com quem passava a maior parte do tempo no ônibus escolar. Minjeong se perdeu na conversa mais do que o esperado. Queria prolongar aquele momento.

Quando chegou a conta, ela quis pagar, mas Jimin entregou o cartão de crédito a garçonete com a maior tranquilidade. Minjeong estreitou os olhos.

Não era a primeira vez que ela fazia questão de pagar quando estavam juntas, o que a deixava bem incomodada. Minjeong ganhava mais dinheiro do que gastava, e a morena claramente bancava todas as suas despesas financeiras. Por que não deixar que se encarregasse das contas? Como podia contornar aquela situação? Ela não sabia como tocar no assunto sem ofendê-la.

Na saída do café, Jimin falou:

— Enquanto vinha para cá, passei por uma loja e vi algo que acredito que vai ficar ótimo em você.

— Isso significa que você já tem um modelo de vestido em mente?

— Sim, mas sua opinião é a que realmente importa. Então não hesite em me falar se preferir outra coisa, ok?

— Bom, eu confio na sua escolha para vestuário.

— Como assim?

— Eu gostei bastante das compras que fizemos da última vez.

Jimin passou os dedos em seu rosto e seus cabelos.

— É bom saber disso. Vamos lá, então. É bem perto daqui.

Jimin poderia ter dito que “bem perto” significava “na rua ao lado”. Elas nem precisaram chamar um táxi.

Segurando sua mão, ela a acompanhou pela rua movimentada enquanto a noite começava a cair.

— Você vai comprar o seu traje também? — Perguntou Minjeong. Ela se lembrou da última vez em que saíram para fazer compras, e Jimin não escolhera nada para ela.

Para sua surpresa a morena assentiu.

— Vou ver alguns trajes formais, como você deve imaginar o meu guarda-roupa é praticamente nulo desse tipo de vestuário.

— Eu realmente nunca vi você usando nada do gênero.

Ela deu um sorrisinho.

— Eu não gosto muito desse tipo de roupa, mas prometo que irei me vestir a altura para o evento beneficente da sua família.

Minjeong quis dizer que ela se destacaria usando qualquer coisa, mas resolveu ficar em silêncio.

As duas caminharam de mãos dadas por uma calçada movimentada de Apgujeong-dong, e parecia que todas as pessoas que passavam cumprimentavam elas. Um velhinho de boina até deu uma piscadela para ela.

Ele pensava que eram um casal.

Minjeong teria dado risada da situação se não sentisse que de alguma forma era alvo de uma pegadinha maliciosa. Um grupinho de meninas de vestidos curtos passou, lançando olhares para Jimin, dando risadinhas e cochichando. Encararam Minjeong com uma inveja palpável de que ela até gostou, apesar de saber que não merecia. Com aquela jaqueta de motoqueiro, Jimin estava especialmente tentadora naquela noite.

— É aqui. — Ela soltou sua mão e abriu a porta para que entrassem em uma ostensiva loja de roupas. — Você pode dar uma olhada se quiser.

Minjeong não conseguia nem pensar de tão admirada que estava com o lugar. E ficou ainda mais surpresa quando Jimin tirou um cabide de um gancho na parede, revelando um vestido branco e curto, de tecido macio.

— Era desse vestido que você falava?

— Tive que chutar as medidas, então talvez precisemos ver outro número. Pode experimentar para mim?

Ela ficou olhando para a peça, admirada. Minjeong se fechou em um dos provadores e tirou a roupa às pressas. Era um tomara que caia, o que a impedia de usar sutiã, mas com forro de seda. Não havia uma única costura exposta para pinicar sua pele.

Estava ansiosíssima para ver como ficaria no corpo.

Segurando o vestido na altura do peito, ela saiu e virou.

— Pode fechar o zíper para mim, por favor?

Jimin roçou os lábios de leve em sua nuca enquanto fechava o zíper das costas, com um barulhinho familiar e uma proximidade que a fez estremecer inteira. O caimento era perfeito. Até melhor que o das roupas que ela tinha passado a adorar. Quando Minjeong se virou, Jimin a avaliou com olhar crítico e os braços sensuais cruzados.

— Posso ver? — ela murmurou.

Um sorriso genuíno se formou nos lábios dela, que apontou com o queixo para a plataforma com espelhos.

Quando subiu, ela sentiu seu coração parar, ser reiniciado e voltar a bater. A peça acompanhava as curvas de seu corpo do peito aos joelhos. O tecido caía de tal forma que dava a impressão de que tinha a cintura fina de uma miss.

Era perfeito. Simples. Discreto, mas ousado. A cara dela.

Minjeong passou as mãos nos quadris, virou e mais uma vez se admirou ao ver o vestido de costas. Ela respirou fundo e ouviu Jimin pigarrear.

A morena subiu na plataforma e passou os dedos nas laterais do corpo dela.

— Gostei do caimento. Minhas mãos conhecem bem seu corpo.

— Adorei. Obrigada, Jimin.

— Ótimo. Vai ser um presente. Por todos os aniversários que passaram antes que a gente se conhecesse. Quando é seu aniversário, aliás?

O interior do corpo dela borbulhava como uma taça de champanhe. Um presente. De Jimin. Que ela havia escolhido pessoalmente. Cada costura, cada linha, cada pedaço de tecido — tudo escolhido para ela.

— Dia primeiro de janeiro. E o seu?

— Onze de abril! Mas sou dois anos mais velha que você.

— Te incomoda eu ser mais nova? — Ela nunca tinha pensado a respeito disso.

Jimin sorriu.

— De jeito nenhum. Sempre tive uma queda por garotas mais novas.

— Mesmo? — Uma sensação desagradável tomou conta de Minjeong.

— Já até imagino o que você está pensando, mas não precisa se preocupar com isso — ela disse, passando as pontas dos dedos em seus braços. — Eu não sou uma idiota igual aquele tal de Sunghoon.

— Sunghoon?

— Eu ainda não esqueci do que ele te disse e o quanto isso te afetou.

— Está tudo bem agora.

Jimin ficou em silêncio por um momento antes de bufar e responder:

— Espero que ele não crie mais nenhum problema. Tenho certeza que você não vai querer que eu dê uma surra naquele desgraçado. — Ela ficou tensa com a linguagem violenta, então Jimin abriu um sorriso suave.

Minjeong prendeu a respiração, sem saber o que dizer. Não estava preocupada com Sunghoon, e sim com Jimin. Se ela soubesse das mais recentes atitudes dele com certeza iria procurá-lo e as consequências poderiam ser terríveis.

— Que bom que gostou do vestido — Jimin falou com uma expressão mais branda. — Quero ver você com ele no dia do evento.

Ela assentiu.

— Tudo bem. Mas você também precisa escolher algo para vestir.

— Hoje você vai ter a oportunidade de me auxiliar com isso — disse Jimin com um sorriso.

Depois de passar a hora seguinte opinando e admirando Jimin provando uma leva de ternos de caimento impecável, Minjeong voltou para casa. Queria um momento as sós para refletir sobre aquele dia.

Ningning estava na sala e fez um aceno quando ela passou, mas Minjeong apenas a cumprimentou brevemente. Entrou no seu quarto, colocou seu mais recente presente no guarda-roupa — ao lado das peças de roupa que Jimin escolhera para si própria — e se deitou na sua cama.

O fato dela ter lhe dado um presente significava que ela era importante para a morena. Não era uma regra absoluta, claro. Ninguém gostava de ser totalmente previsível. Mas havia uma tendência perceptível. Apostando com base naquilo que conhecia, a probabilidade de ganhar era maior que a de perder.

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