07

Na sexta-feira a tarde, Minjeong se encontrava ansiosa. Não conseguia parar de batucar os dedos na mesa da soverteria enquanto esperava Jimin. Depois de assistirem ao filme há alguns dias, a morena havia combinado de fazerem algo diferente na próxima aula e sugerira um encontro ali.

Minjeong gostaria de saber o que ela fazia durante o dia, mas Jimin não falava muito sobre si. Era pessoal demais. Principalmente considerando que não queria que a ruiva se apegasse a ela.

Aquela era uma das maiores fraquezas de Minjeong, e uma das características definidoras de sua condição. Não sabia se interessar um pouco pelo que quer que fosse. Ou era indiferente ou... obcecada. E suas manias não eram passageiras. Elas a consumiam, se tornavam parte dela. Minjeong as nutria, as incorporava à sua vida. Como fazia com a faculdade.

Ela precisava tomar cuidado na aproximação com Jimin. Tudo nela a agradava. Não só o visual, mas a paciência e a gentileza também. Ao contrário do que diziam, ela era boazinha.

Era uma mania esperando para começar.

Sua esperança era conseguir manter a cabeça fria pelas semanas que viriam. Talvez fosse melhor mesmo que tivessem apenas encontros aleatórios. Quando terminassem, Minjeong poderia se concentrar em alguém que pudesse ser sua de fato.

— Ah, oi. Imaginei que fosse você.

Ela olhou por cima do ombro, e sua visão foi inundada pela presença nada bem-vinda de Park Sunghoon parado ao lado de sua mesa. Seus negros cabelos curtos enfatizavam o queixo bem desenhado, e ele usava uma jaqueta jeans. Parecia um cara seguro, sofisticado e inteligente, do tipo exato que seus pais queriam para ela. E tinha acabado de pegá-la sozinha na sorveteria.

O rosto de Minjeong ficou vermelho, e ela ajeitou alguns fios de cabelo atrás da orelha.

— O que você está fazendo aqui?

Assim que as palavras saíram de sua boca, Minjeong fez uma careta.

Sunghoon abriu o sorriso mais cafajeste possível, mas a irritação que causou foi amenizada por seus dentes brancos impressionantes.

— Uma colega de turma me chamou para sair.

Minjeong ficou impressionada, ainda que não quisesse.

— Por que esperou que ela te chamasse para sair? Por que não tomou a
iniciativa? — Ela achava que os homens gostavam disso. Estaria errada?

Com um gesto impaciente, Sunghoon passou as mãos nos cabelos.

— Ela acabou de entrar na minha turma. Eu não queria ser acusado de aliciar novatas. Além disso, gosto de garotas que sabem o que querem... principalmente na cama. — Ele a olhou dos pés à cabeça, como se pudesse ver por baixo de suas roupas, o que a deixou toda tensa e envergonhada. — Me diga uma coisa, Minjeong... você é virgem?

Ela desviou o olhar para o cardápio sobre a mesa, mas os nomes ali se recusavam a fazer sentido.

— Não que seja da sua conta, mas não.

Ele deu um passo a frente, apoiou o quadril na mesa e a encarou com uma expressão cética. Minjeong tirou alguns fios de cabelo do rosto, apesar de não ser necessário.

— Então nossa grande pintora já mandou ver... Quantas vezes? Três?

Ela nunca assumiria que o palpite dele estava certo.

— Para com isso, Sunghoon.

— Aposto que você fica deitada na cama repassando estilos de arte enquanto o cara faz tudo sozinho. Estou certo?

Minjeong de fato faria aquilo se pudesse inserir dezenas de gigabytes de informações no cérebro, mas jamais admitiria ter pensado nisso.

— Um conselho de um cara que já deu suas voltinhas por aí: pratique mais. Com a experiência, você começa a gostar mais da coisa, e aí os caras passam a gostar mais de você.

— Ela não precisa dos seus conselhos. — Disse uma voz feminina atrás de Minjeong.

A ruiva ergueu o olhar e observou uma Jimin visivelmente irritada se aproximando. Ela ignorou completamente a presença de Sunghoon e se inclinou na sua direção.

— Oi, MJ — sussurrou, beijando sua bochecha com carinho. — Você está bem?

Ela a havia chamado de MJ. Só Ningning a chamava assim. Mas diferente do que imaginava, Minjeong não se sentiu incomodada com isso.

— Ah, sim — respondeu ela.

Elas trocaram um olhar demorado antes que Minjeong abrisse um sorriso social.

— Jimin, esse é Park Sunghoon. Ele é um colega de departamento na KArts.

— Ah, é? — Disse ela, arqueando uma sobrancelha.

Os dois se encararam, Jimin visivelmente irritada e Sunghoon com uma confusão evidente.

— Bom, foi bom ver você Minjeong — disse Sunghoon, desviando o olhar. — A gente se vê por aí.

Ele se afastou da mesa e tomou a direção da porta, parecendo incomodado.

Assim que ele saiu, Minjeong voltou sua atenção para Jimin. Ela estava usando uma jaqueta xadrez vermelho e preto de caimento impecável sobre uma camisa lisa branca. A gola baixa chamava a atenção para o desenho do seu pescoço. Jimin estava especialmente linda naquele dia.

Minjeong olhou para ela, maravilhada.

— Não leve a mal, mas não fui com a cara desse seu colega de departamento.

Ela abriu um sorriso singelo.

— Eu entendo. Sunghoon não é uma companhia muito agradável.

Jimin respirou fundo e sua expressão se suavizou.

— Bom, vamos deixar isso de lado e fazer nossos pedidos. — Ela esperou a ruiva se levantar e a acompanhou até o balcão antes de perguntar: — Qual é seu sorvete favorito?

Minjeong não conseguia nem pensar com a mão dela pousada na base de suas costas. Jimin sabia o que estava fazendo? Minjeong já tinha visto pessoas fazendo aquilo com a namorada. Mas ela não era namorada dela.

— Menta com gotas de chocolate — respondeu ela.

— Sério? É o meu também. Vou pedir algo diferente então, pra gente dividir. — Jimin acariciava distraidamente a cintura dela enquanto avaliava os sabores, fazendo seu corpo todo esquentar.

— Espera, como assim?

Um sorriso malicioso surgiu nos lábios dela.

— Não quer dividir?

A garota com jeito de universitária atrás do balcão olhou para Minjeong como se ela tivesse acabado de dar um pontapé num filhote de cachorro.

— Não, não é isso. — Não exatamente. Depois de tantos beijos, ela sabia que era bobagem se preocupar com a troca de germes. Ela fizera uma análise detalhada dos sabores de sorvete e escolhera o melhor. — É que já sei do que gosto.

— Isso a gente vai ver. — Jimin deu um tapinha no vidro do balcão. — Menta com chocolate para ela e chá verde para mim.

Minjeong queria pagar, mas a morena tirou as notas da carteira antes que ela conseguisse sacar o cartão de crédito. Quando elas voltaram para a mesa perto da janela, Jimin enfiou a colher no sorvete, saboreou e abriu um sorriso lento e largo enquanto tirava a colher da boca e pegava mais um pouco.

— Que coisa ridícula — comentou Minjeong. — Parece que você está fazendo um teste para um comercial. Ninguém sorri desse jeito depois de tomar sorvete.

Jimin achou graça.

— É bom mesmo. — O sorriso voltou com toda força, acompanhado de uma covinha.

— Agora eu preciso experimentar. — Ela levou a colher ao pote dela.

— Ahá! — Em vez de deixar que ela pegasse uma colherada, Jimin levou a
própria colher à boca dela. Os olhos dela se arregalaram, e pensamentos conflitantes surgiram em sua cabeça.

Minjeong não deveria fazer aquilo. Era intimidade demais. Estaria cruzando um limite. Pareceria coisa de casal — o que elas não eram.

Era só sorvete. Só uma colher. Jimin poderia encarar como uma rejeição caso ela não aceitasse, e ela não queria de jeito nenhum magoá-la, nem mesmo de leve.

Então abriu a boca e deixou que ela lhe desse o sorvete. Seu coração batia acelerado e seu peito parecia uma máquina de pinball enquanto o sorvete de chá verde derretia na sua língua. Jimin a observava com expectativa, ignorando o efeito que exercia sobre ela.

— Está bem, é gostoso. — Ela tentou parecer casual. Aquilo não significava nada. Não era um encontro romântico. Minjeong era só a garota que Jimin estava ajudado. Mantenha a cabeça fria. Ela enfiou a colher em seu próprio sorvete.

— Eu falei.

— Ainda gosto mais do meu. — Minjeong levou uma colherada de menta com chocolate à boca. A complexa combinação explodiu no céu de sua boca. Seus dentes trituraram os pedaços de chocolate. Perfeição pura.

— Me deixa experimentar.

Ela estendeu o pote para a morena, mas Jimin não usou sua colher para provar. Passou os dedos em seu queixo e empurrou sua cabeça para trás para beijá-la. A língua dela entrou em sua boca, e seu gosto salgado se misturou com o do sorvete. Minjeong não sabia se ficava perplexa, chocada, excitada ou as três coisas.

Com uma longa lambida no lábio inferior, Jimin se afastou e sorriu, abrindo seus olhos acinzentados, intensos e misteriosos.

— Não acredito que você fez isso. — Sem saber o que fazer, ela tentou pegar mais sorvete. A colher de plástico caiu sobre a mesa.

Minjeong a apanhou, mas a mão de Jimin pousou sobre a sua. Então ela a beijou de novo — um beijo doce, de lábios fechados, mas que ainda assim pareceu escandaloso. E delicioso demais para resistir. A sorveteria desapareceu, assim como as outras pessoas. Naquele momento, havia apenas as duas, o gosto do sorvete e dos lábios delas, que pouco a pouco iam esquentando.

Jimin queria puxá-la em seus braços, aprofundar o beijo e enfiar as mãos por baixo do sueter para poder tocar a pele dela de novo. Mas, da última vez que o fizera, ela se retraira completamente.

Seria melhor ela parar com aquilo. Estava virando sua cabeça de ponta-cabeça.

Quando Jimin se afastou, Minjeong levou os dedos aos lábios. Mas antes que fizesse algum comentário, o celular da morena tocou com a chegada de uma mensagem e ela o pegou. Dava para perceber que sua mente estava preocupada com outra coisa, e que ela estava ficando agitada.

— Você vai à festa do Jackson hoje? — Perguntou Minjeong.

Ela se empertigou.

— Como você sabe que eu vou para lá?

— Ouço todo mundo falando sobre as festas dele na faculdade.

— Bom, minha prima está falando nisso desde o início da semana. Eu só preciso... — Ela passou os dedos pelo cabelo e olhou para Minjeong. — Você podia vir comigo hoje.

— O quê?

— Ainda está cedo e eu não queria que nossa noite terminasse assim. Então podíamos estender ela um pouco mais.

— Acho que isso não é uma boa ideia.

— Por favor, prometo que não vamos demorar por lá.

Ela pousou a mão no seu antebraço, então seu olhar se fixou nos dedos dela. Minjeong sentiu um aperto ainda maior no peito... seu coração acelerou... Yu Jimin estava a convidando para uma festa para a qual ela não havia sido convidada — e nunca seria.

Minjeong não sabia como dizer não para ela.

Respirando fundo, a ruiva assentiu.

— Tudo bem. Vamos.

\[...]

Minjeong olhou para a casa de Jackson. Ele vinha de uma família rica. E os muitos hectares de terra eram prova disso. À esquerda ficava o jardim e, à direita, a piscina. Jackson sempre tentara impressionar as garotas contando para elas sobre todos os bens da sua família. O que ele fazia de melhor era se gabar do que possuía — era profissional nisso.

— É me-melhor você ir sem mim — disse Minjeong a Jimin, sentindo a
garganta apertar enquanto seu nervosismo aumentava.

— O quê? De jeito nenhum — retrucou ela, puxando-a pelo braço. — Só entre comigo. A gente pode se divertir por alguns minutos e, então, vamos embora. Vou ficar do seu lado.

Minjeong se perguntou o que Jimin pensaria se ela contasse como era difícil para ela fazer coisas como sair para uma festa? Deveria ser divertido. Para a ruiva, era uma imposição — uma imposição trabalhosa. Era capaz de interagir com outras pessoas se quisesse, mas havia um custo. Às vezes maior, às vezes menor.

Minjeong mordeu a parte interna da bochecha e respirou fundo.

— Tudo bem.

No instante em que elas entraram, a ruiva cerrou os punhos e se preparou para o que vinha. Um número razoável de pessoas circulava pelos cômodos e o ruído das conversas, misturado com a batida da música, preencheu seus ouvidos. Por sorte, nada muito alto. Ela ainda conseguia pensar.

Jimin cumprimentou alguns amigos e, como da última vez, não pareceu nenhum pouco incomodada em estar na sua companhia. Ela segurou sua mão e a conduziu até um sofá vazio do outro lado da sala, sentou e apoiou o braço no assento atrás dela. Minjeong gostou daquilo. E muito. Parecia que ela estava tomando posse dela em público.

— Você vem sempre a essas festas? — Com uma hesitação mínima, ela observou o ambiente a sua volta.

Procurando seus olhos, Jimin abriu um sorriso lento e bonito.

— Não tanto quanto meus amigos gostariam.

— Você é mesmo uma garota popular. Todo mundo te adora.

Ela franziu a testa e balançou a cabeça.

— Como as pessoas podem me adorar se nem me conhecem?

Minjeong não sabia o que responder, então só ficou ali, olhando para ela. Foi então que viu em seus olhos o mesmo tipo de solidão que ela sentia todos os dias. Como uma pessoa tão linda quanto Jimin poderia se sentir sozinha?

— Sei que você deve olhar para mim e achar que tudo é fácil na minha vida, mas não é. Tem um monte de coisas a meu respeito que as pessoas não sabem.

— Sinto muito, eu não queria...

— Tudo bem, Minjeong. Não precisa se desculpar.

— Vejam só quem resolveu aparecer — disse uma desconhecida que surgiu do nada. Minjeong observou, perplexa, quando ela se acomodou ao lado de Jimin. Usava uma jaqueta preta e tinha longos cabelos escuros. Ela não queria correr o risco de parecer mal-educada e ficar olhando para as tatuagens que despontavam em seu antebraço por baixo da manga da jaqueta, mas era difícil.

Jimin se inclinou para o lado.

— Aeri...

A desconhecida a encarou.

— Não, eu entendo. Você deve ter perdido o celular ou coisa do tipo. — Voltando a atenção para Minjeong, ela se apresentou: — Sou Uchinaga Aeri, prima favorita e melhor amiga da Jimin.

Prima. Melhor amiga. Ela estava toda tensa quando estendeu a mão.

— Kim Minjeong. Prazer.

Aeri ficou olhando para a mão dela com uma expressão de divertimento antes de apertá-la e se esparramar de novo no sofá.

— Então Jimin tem mesmo uma namorada. Me deixa adivinhar: vocês se conheceram em uma dessas festas.

Quando Minjeong abriu a boca para corrigi-la duplamente, Jimin a abraçou e a puxou para mais perto.

— Minjeong estuda artes.

A ruiva a encarou com uma expressão confusa, até que se deu conta de que Jimin estava com medo de que ela revelasse a prima que ela estava apenas a ajudando. Minjeong revirou os olhos mentalmente. Seu traquejo social não era dos melhores, mas não era tão ruim quanto Jimin pensava.

Aeri a surpreendeu, inclinando-se em sua direção com um olhar curioso.

— Isso significa que vocês estão no mesmo departamento, certo?

— Sim.

— Ela já viu os trabalhos que você tem em casa? — Perguntou ela para Jimin.

Jimin, porém, pareceu não ouvir a pergunta. Sua atenção estava voltada para uma garota do outro lado do cômodo. Quando ela sorriu para Jimin, esta soltou um palavrão abafado e ficou de pé.

— Já volto.

O corpo de Minjeong ficou congelado enquanto a observava caminhar até lá. Jimin parou ao lado da garota, e ela passou a mão em seu braço. Elas começaram a conversar, mas não dava para ouvir o que diziam, por causa da música e da quantidade cada vez maior de gente no lugar.

Quando foi que tinha chegado tanta gente? Havia o dobro de pessoas do que quando tinham entrado. Um fluxo contínuo de universitários chegando para a festa.

— Essas festas costumam ser tão cheias? — Perguntou Minjeong.

— Sempre. — Aeri coçou o queixo e olhou para um lado e depois para o outro. — Jackson não é conhecido pelas melhores festas a troco de nada.

Como se esperasse uma deixa, uma explosão eletrônica irrompeu dos alto-falantes embutidos no teto, e o coração de Minjeong disparou de tal forma que seu peito até doeu.

O ambiente se tingiu de vermelho quando luzes começaram a dançar pelas paredes. A multidão gritou de empolgação, enquanto Minjeong lutava para conseguir respirar. O volume do murmurinho baixou, e sons orquestrais efêmeros se espalharam pelo cômodo. Antes que ela pudesse pensar em relaxar, uma batida voltou a pulsar ao fundo, ganhando velocidade pouco a pouco.

— Não precisa ficar assustada — gritou Aeri. — São só luzes e projetores de LED.

Mas isso era praticamente impossível para Minjeong. O coração dela batia a mil por hora, e o pânico ameaçava dominá-la. Barulho demais. Frenesi demais. A música acelerava, mas o tempo se arrastava.

Precisava sair dali. Ela pediu licença a Aeri e abriu caminho na multidão, empurrando corpos em convulsão. A música continuava forte. As luzes piscavam em altíssima velocidade. O cheiro predominante era de suor, perfume e álcool. A sensação era de estar em meio a músculos rígidos e articulações afiadas.

Jimin ainda estaria conversando com aquela garota?

Um incômodo surgiu dentro do seu peito enquanto ela abria uma porta e o ar frio da noite atingia seu rosto.

A porta se fechou com um clique, abafando a música. As luzes piscantes desapareceram. Ela cobriu os olhos e sentou nos degraus de entrada da casa. Suas pernas trêmulas se recusavam a carregar seu peso.

— Ei, você está bem? — Uma voz feminina perguntou enquanto se
aproximava dela.

Minjeong estremeceu por dentro quando reconheceu a quem ela pertencia.

— Ningning — ela conseguiu dizer.

A chinesa a encarou com um misto de perplexidade e preocupação.

— Tudo bem com você?

— Estou passando mal. — Ela cravou as unhas no chão enquanto tentava controlar a respiração.

— Calma, calma. Respira devagar. — Ningning moveu a mão como se fosse tocá-la, fazendo com que se encolhesse toda. — Senta direito. Assim. Respira pelo nariz. Solta pela boca.

— Eu vou ficar bem. — Ela se apoiou e virou para o batente da porta. A frieza da superfície era agradável em seu corpo febril, o que servia de distração para os pensamentos relacionados a Jimin e aquela garota.

— O que você faz em um lugar como esse, Minjeong? — Perguntou Ningning.

— Jimin me convidou e eu não consegui recusar... — sussurrou ela.

Ningning estreitou os olhos. Quase dava para ver as conexões sendo feitas, o questionamento se formando.
Minjeong prendeu a respiração e torceu para que ela não dissesse nada.

— Jimin não sabe sobre o aspectro autista, né? Ou jamais teria trazido você aqui. Se você quer ir em frente com isso é melhor contar para ela.

Ela só conseguiu balançar negativamente a cabeça. Sempre que as pessoas descobriam a verdade, começavam a pisar em ovos em sua companhia. Aquilo só tornava as coisas tensas, e no fim elas davam um jeito de se afastar. Era o motivo pelo qual Minjeong evitava contar. Mas as pessoas podiam descobrir sozinhas.

— Você também veio para a festa, não é? Pode avisar a ela que eu fui para casa?

— Jimin deve estar procurando você.

Minjeong duvidava muito. Ela estava ocupada. Enquanto ficava de pé, se surpreendeu com a falta de conexão entre seu corpo e seu estado mental. Como seus membros ainda a obedeciam enquanto em sua cabeça se sentia tão cansada e exaurida?

A porta se abriu, e uma batida tecno acelerada escapou lá de dentro.

— Ah, você está aqui. — A porta se fechou atrás de Jimin, silenciando a música. Seu olhar se alternou entre ela e Ningning. — O que aconteceu? Está tudo bem?

— Eu precisava tomar um ar.

Ningning franziu a testa como se fosse dizer alguma coisa. Minjeong prendeu a respiração.

Não conta pra ela. Não conta pra ela.

Jimin mudaria. Tudo mudaria. E ela ainda não queria que aquilo acontecesse.

— Ela já estava indo embora. Acho que já deu dessa festa por hoje — contou Ningning.

O estômago de Minjeong parecia não saber se relaxava ou se comprimia com ainda mais força diante daquelas palavras. Ningning a fizera parecer emotiva. Ela gostaria que aquilo não fosse verdade.

— Você ia embora? Assim do nada? —Perguntou Jimin, com incredulidade na voz.

Ela olhou para o chão.

— Pensei que você e aquela garota... que vocês...

— Não. Com você logo ali ao lado? Que tal confiar um pouquinho em mim? Minha nossa, Minjeong.

Jimin a segurou pela cintura e a puxou para junto de si. Aquele cheiro, aqueles braços em torno dela, aquela presença sólida. Um paraíso. Minjeong fechou os olhos e se deixou cair sobre ela.

— Você ainda quer entrar? — Perguntou ela.

— Não. — A adrenalina disparou pelo corpo dela, enrijecendo cada músculo que o abraço relaxara. Em seguida, Minjeong acrescentou: — Por favor.

— Vamos para casa então.

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