Capítulo 8


Volteiiii, desculpem a demora. Espero que vocês gostem desse capítulo, ele é bem longo e cheio de diálogos mas é muito necessário para o crescimento do casal.

Se tiver algum erro eu venho editar depois, prometo.

Boa leitura e até o próximo 💜💜

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Depois de um dia tranquilo, Jake se divertia jogando cartas com Sunghoon no sofá de Jay, as risadas leves preenchendo o ambiente. Ele já estava acostumado a passar tempo ali, nos últimos meses, tornara-se quase uma rotina estar na casa de Jay pelo menos três vezes por semana. Quando Jay chegou, Jake percebeu a surpresa em seu olhar, mas não demonstrava nenhum desconforto. Pelo contrário, a presença dele parecia natural, como se aquela cena já fizesse parte do dia a dia dos três.

— E então? — Sunghoon perguntou, quebrando o silêncio.

Jake observou enquanto Jay entrava, visivelmente cansado. Ele tinha acabado de voltar da tal reunião que Jungwon disse que ele teria durante a semana e pelo seu semblante, não tinha sido nada fácil. A editora provavelmente estava cobrando algo que ele não conseguia entregar no momento, apesar do contrato que havia assinado.

— Boa tarde, Jake — Jay disse, tentando parecer tranquilo, mas Jake percebeu o esforço em sua voz.

— Boa tarde — respondeu com um sorriso leve.

— Não vai me dar boa tarde também? — Sunghoon provocou.

— Nada de boa tarde para você. — Jay retrucou no mesmo tom brincalhão — A opinião deles é a mesma que a sua, odiaram o trabalho. E eu nem posso culpá-los, também odiei. Detesto quando você tem razão.

Jake trocou um olhar rápido com Sunghoon enquanto observavam Jay tirar os sapatos e deixá-los em um canto qualquer. Ele parecia exausto, e qualquer coisa mínima parecia capaz de irritá-lo naquele dia. Jake já tinha notado isso antes, mas o que mais chamou sua atenção foi a forma como Jay olhou para Yooki, que continuava aconchegado no colo dele sem se mover para cumprimentar o dono. Era sutil, mas Jake tinha a impressão de que ele tinha sentido uma pontinha de ciúmes.

Ele entendia, ficaria devastado se Layla o ignorasse.

— Eu vou tomar um banho e pensar um pouco no que fazer agora. Fique à vontade, Jake.

Jake apenas assentiu, observando Jay desaparecer pelo corredor. Ele já conhecia aquele tom de voz, o amigo estava tentando manter a compostura, mas algo o estava afetando mais do que ele queria admitir.

Quando Jake ouviu o chuveiro sendo ligado, ele teve certeza que podia falar com Sunghoon.

— Quando foi a última vez que os dois se viram?

Sunghoon parou para buscar na memória.

— Sexta-feira passada.

— Hoje já é sábado. Fui na casa do Wonnie ontem e ele está do mesmo jeito, se estressando por qualquer coisinha pequena. Você viu o que aconteceu aqui agora?

— Não reparei.

— Ele ficou esperando o cachorro ir até ele, ficou meio decepcionado quando viu que ele não ia levantar.

Jake não ficou nem um pouco surpreso quando viu Sunghoon rir. Ele já esperava aquela reação, mas, ainda assim, achava engraçado como o amigo não parecia nem um pouco arrependido. Sunghoon contado a ele mais cedo sobre Jay ter brigado com ele no dia anterior pelo motivo mais absurdo possível: tudo porque ele pisou, sem querer, em um brinquedo do cachorro. E, claro, Jay levou aquilo como uma ofensa pessoal.

— Heeseung disse que Jungwon está muito mimado e mal acostumado e levou bronca quando disse que se ele precisava de alguém para extravasar toda a raiva, era melhor chamar o Jongseong para sugar tudo isso dele.

Sunghoon riu alto dessa vez.

— Mas é a verdade, Jay está deixando o Jungwon mimado demais. E por falar nele, acabei de lembrar que ele tinha me mandado mensagem perguntando onde eu estou e acabei esquecendo de responder.

— Eu já respondi que você está aqui e ele não gostou nada. Recebi três figurinhas batendo numa mesa e ela explodindo.

— Ele está chateado porque não tem tempo para ver o Jongseong. Entrar em turnê vai ser difícil para ele.

— Se serve de consolo, Jongseong está no ápice do estresse com a cobrança da editora, o que eu acho completamente desnecessário, já que ele tem o melhor trabalho da carreira engavetado em algum lugar desse apartamento e não quer entregar para eles.

— Ele não sente confiança nesse trabalho?

— Deve se sentir, já que terminou de escrever tudo — Sunghoon abriu uma lata de refrigerante e tomou um longo gole — De qualquer forma, ele está gastando mais tempo em outra obra que nunca vai publicar.

Jake quis entrar naquele banheiro e chacoalhar Jongseong até que ele recuperasse o senso.

— Escritores são tão esquisitos, hyung.

— Jongseong está apaixonado e tem dificuldade em admitir, o que é bem estranho, já que se você perguntar, ele também não vai negar.

Jaeyun pensou ter entendido algo mas estava completamente errado. Seria possível que Jungwon estivesse atrapalhando Jongseong?

— Não consigo entender como o Jungwon se encaixa nessa história.

— Sua interpretação é péssima, sabia? — Jake jogou sua lata vazia na cabeça de Sunghoon pela ofensa proferida — Você devia fazer como o Jungwon e começar a ler um poucomais.

— Você não sabe explicar as coisas.

— Vou simplificar, o Jay não quer que o mundo tenha acesso aos contos que ele escreve porque a inspiração é o Jungwon.

Jake negou com a cabeça, incrédulo. Se Jongseong soubesse o quanto Jungwon gostaria de saber daquilo, ele publicaria o livro naquele exato momento.

— Para ser sincero, não entendo nada e não gosto de ler. Pensei ter entendido que o Wonnie está atrapalhando o hyung.

— Claro que não. Ele está ajudando de forma indireta. O Jongseong está muito mais feliz e muito mais suportável depois que eles começaram ter sabe-se lá o que estão tendo.

Os dois escutaram a porta do banheiro se abrir e tentaram fingir naturalidade quando Park saiu por ela.

— Vocês são péssimos, espero que saibam disso — Jay falou sorrindo.

Jake fez cara de desentendido e Jay foi até a mesa e pegou a carta errada que Jake tinha colocado às pressas e retirou do monte, tomando a certa de sua mão e colocando no lugar dela.

— Você não tem chances, de qualquer forma, o seu hyung querido vai te engolir nesse jogo.

— Vai sair para algum lugar? — Sunghoon perguntou ao ver que el procurava por algo que provavelmente era a chave do carro.

— Vou. Estava pensando em levar o Yooki mas acho melhor deixá-lo, duvido que ele vá querer sair do colo do Jake.

— Não seja tão ciumento, hyung, eu já tenho a minha Layla.

Park Jongseong revirou os olhos.

— Não sou. Vocês podem ficar à vontade, não sei que horas volto porque tenho muito para fazer. Só não esqueçam de dar um petisco às oito caso eu não tenha voltado ou esse cachorro vai destruir minha casa.

Jay pegou uma bolsa de laptop e atravessou a alça no ombro. Ao olhar em volta, percebeu que Sunghoon estava encarando-o.

— O quê foi?

— Nada. Achei que ia sair para se distrair ou algo do tipo. Foi por isso que não me ofereci pra ir com você, pensei que queria um momento de paz sozinho.

Ele respirou fundo antes de colocar a chave no bolso e disse:

— Não tenho muito tempo para me distrair agora. Vou ter que transformar meu livro de contos em uma história única se eu quiser continuar com meu contrato.

— E é isso que você quer?

— Pensei melhor enquanto estava no banho e percebi que desde o início eu já sabia que ele seria publicado em algum momento, escrevi contando com isso, então, sim, é o que eu quero. Só preciso ter a certeza que o Jungwon não vai ficar com raiva por eu ter escrito coisas sobre ele.

Jake se apressou em dizer algo para aliviar o amigo.

— Ele gosta dessas coisas, hyung. Ele vive dizendo que o maior sonho dele é ser a inspiração de alguém, apesar de já ser a inspiração de muita gente mesmo sem ter ideia disso.

Jake ficou feliz quando percebeu que Jongseong parecia um pouco menos tenso agora. Ele esperava que Jay confiava na palavra dele, já que ele tinha certeza de que o escritor receberia uma resposta positiva de Jungwon.

— Vou trabalhar um pouco mais. Volto mais tarde e te aviso onde vou estar quando eu decidir em qual lugar calmo ficarei.

Ele se despediu dos dois e saiu pela porta.

••••••••••••

Heeseung estava sentado no sofá de Jungwon, fazendo o papel de Jake.

Normalmente, Jungwon não o chamava para coisas do tipo e era até estranho, ele não fazia a menor ideia de como dizer o que estava pensando sobre o assunto sem jogar a verdade na cara do amigo ou magoá-lo.

— Tira o pé da minha mesa — Jungwon estava estressado e não fazia questão de esconder.

— Você me chamou aqui para brigar comigo?

— Não estou brigando com ninguém.

— Ok, então não desconte seu ciúme em mim.

Jungwon cruzou os braços na altura do peito e olhou para ele com descrença.

— Você é um pé no saco, sabia? — Heeseung revirou os olhos. Aquele era o xingamento mais leve que já tinham proferido um ao outro — É por isso que eu gosto mais do Jake do que de você.

— Não é isso que você diz quando bebe.

Heeseung se preparou para fazer uma boa imitação do amigo.

Hyungie você é tão legal que eu me casaria com você se o Jake não tivesse chegado primeiro.

Jungwon se defendeu.

— Eu não falo assim!

— Ah, e como fala!

— Você é ridículo.

Você é tão bonito, hyung, eu te amo tanto, quero que fique saudável para sempre e se case com o Jaeyunie.

Ele viu o rosto de Jungwon corar. O amigo com certeza se lembrava exatamente da ocasião em questão.

— Perceba como em nenhum momento eu disse que gostava mais de você do que dele, viu como até bêbado eu sei das coisas?

Heeseung riu da provocação e colocou o pé em cima da mesa de centro outra vez.

— Você gosta mais dele porque ele fala o que você quer ouvir e eu falo exatamente o que eu quero falar. São duas coisas diferentes — Heeseung falou, mesmo sabendo que Jungwon não tinha tanto favoritismo pelo Jake como ele gostava de fingir.

Jungwon se sentou ao lado dele e se mostrou interessado.

— Então, senhor sabe-tudo, o que você tem para me dizer?

— Bom, você está estressado porque quer transar com o Jongseong de novo e não sabe como pedir. E eu posso apostar um valor alto que o Jake não te disse isso, apesar de ser exatamente o que ele pensa.

Ele escondeu o rosto vermelho entre as duas mãos.

— Ah, corta essa, Jungwon. Foi você quem me pediu para falar.

— Eu sei — A voz dele saiu abafada.

Como Jungwon não negou e não pediu para ele calar a boca, Heeseung entendeu que podia continuar falando e aceitou o convite.

— Sei que você está com essa raiva toda porque acha que ele chamou o Jake para a casa dele e esqueceu de você. Só que não foi isso, o Jake está lá para jogar com o Sunghoon.

Agora ele parecia envergonhado.

— Não quero encontrar com ele só para transar. E definitivamente não estou com raiva.

— Está sim. Está com raiva do Jake por não ter te avisado e com ciúmes por ele passar mais tempo com o Jay do que você.

Ele pensou na melhor maneira de falar a verdade para o amigo sem que ele pedisse para ele fechar a boca, mas infelizmente ele mesmo tinha pedido por aquilo e com certeza ficaria bravo porque sabia que não era mentira. Tudo indicava que Jungwon esperou Jongseong mandar mensagens marcando algo a semana inteira e não recebeu uma única dica sobre quando iriam se ver outra vez. Mas teria sempre que partir de Jongseong?

Por bem ou por mal, Jungwon precisava acordar para a vida antes que fosse tarde demais.

— Se quer saber minha opinião verdadeira, você é um idiota. Tudo bem que ele é paciente e tudo mais, mas você já viu aquele homem? — Heeseung esperou uma resposta que não veio — Jungwon, acorda, ele só está solteiro porque você quer, mas sinto te informar, as pessoas cansam de esperar. Você deu sorte por ele ser compreensivo, já estão assim há meses e ele não meteu o pé ainda por um milagre.

Junhwon ficou pensativo por um minuto e logo depois, enterrou o rosto no ombro do amigo para tentar esconder as lágrimas. Era óbvio que ele queria Jongseong na vida dele, Heessung se lembrava perfeitamente bem das do sentimento bom que Jungwon disse que sentiu no dia seguinte ao seu aniversário, quando eram só os dois, um cuidando do outro. Ele disse aos amigos que queria que fosse daquele jeito para sempre e que estava disposto a tentar.

— Pensar era muito mais fácil do que falar e fazer.

— Ei, eu não falei nada por mal. Minha intenção não era te fazer chorar e eu não te acho um idiota de verdade.

Heeseung começou a se desesperar. Não estava acostumado a consolar Jungwon porque esse papel sempre ficava com Jake, que sempre dizia exatamente o que ele gostaria de ouvir.

— Não estou chorando por causa do que você disse, hyung. Eu sei que é verdade.

— Então qual é o motivo? Você está molhando minha camiseta toda por nada?

Ele não sabia se ria ou chorava, estava fazendo os dois ao mesmo tempo.

— E se eu estiver atrapalhando a vida dele? Se existir alguém que mereça ele mais do que eu?

— Acho que você não precisa agir na defensiva com ele. O Park não é o inominável. Você só precisa entender que tudo o que você fizer na vida vai ter uma mínima chance de dar muito errado, assim como pode dar muito certo. Mas se no meio do caminho você perceber que os dois não estão destinados, você pode pedir desculpas pro seu coração e começar de novo.

— Eu nem sei porque eu tô chorando, hyung.

— Você nunca chorou por gostar muito de alguém antes?

— Não. E eu não sabia que gostava muito dele — Jungwon riu — Eu devia ter desconfiado, não deve ser normal acordar querendo ter mensagem de bom dia dele, ou ficar triste por não vê-lo todos os dias. Ou achar que eu merecia morar no maxilar bem definido que ele tem.

Heeseung riu da última fala.

— Isso é perfeitamente normal quando você gosta de alguém, Wonnie. O que não é normal é você estar se relacionando com uma pessoa e ficar muito feliz e aliviado quando ela não pergunta sobre o seu dia, ou só parecer bem e saudável com ela longe de você.

Ele não precisou citá-lo novamente para Jungwon saber exatamente de quem ele estava falando.

— Não se preocupe com as pequenas possibilidades de dar errado. Eu passei por isso três vezes até perceber que nunca amei ninguém como eu amo o Jake.

Jungwon levantou o rosto e o encarou. Ele entendia a surpresa, era primeira vez que o amigo o via falando algo parecido e provavelmente seria a última.

— Se você contar pra ele eu raspo sua cabeça — Ele fez Jungwon rir tanto a ponto de se engasgar.

— Eu já consigo imaginar os olhinhos dele brilhando quando você falar isso pessoalmente.

Minutos após ter contado, Heeseung se arrependeu. O foco da conversa tinha mudado e agora Jungwon fazia muitas piadas e perguntas sobre o assunto.

— Você está tentando me desviar do que eu queria te falar.

— Poxa, eu estava achando tão interessante saber que você tem um coração de verdade dentro de si e não uma pedra.

— Você é insuportável, Yang Jungwon, por isso o Jake prefere o Sunghoon agora.

Ele fingiu que estava ofendido e assustou Heeseung, fingindo que ia começar a chorar outra vez.

— Estou brincando, hyung. Pode continuar.

— Não é nada demais. Eu só queria te lembrar que, do mesmo jeito que você espera acordar com um bom dia e fica triste por não vê-lo todos os dias, ele pode estar sentindo o mesmo. Na verdade, eu sei disso porque o Jake e o Sunghoon são fofoqueiros.

— E não me contam nada!

— A gente tinha esperanças de você descobrir sozinho, o problema é que você nunca teve alguém como Jay, então, a gente decidiu que íamos dar um empurrãozinho. Nós que estamos de fora conseguimos perceber o quanto ele tá se esforçando para te conquistar, mas parece que quando você está prestes a se abrir, você se fecha do nada.

— Não faço de propósito, juro. Queria que ele entendesse isso.

— Eu sei que não. Acho que ele também sabe. Experimenta se esforçar um pouquinho mais, ligar para jogar conversa fora, quem sabe até dizer que gosta de vê-lo todos os dias, as pessoas gostam de saber essas coisas. Você precisa demonstrar que quer ele também, não apenas quando estão saindo ou se pegando.

Heeseung ficou em silêncio e levantou de repente, buscou o celular que tinha deixado em cima da estante e voltou.

— O quê foi isso?

— Eu tenho uma pasta de memes, prometo te mandar todos eles se você prometer não me perguntar como eu consegui.

Heeseung demorou um pouco mas conseguiu encaminhar cerca de trinta imagens. Em nenhum momento ele achou que fosse preciso preciso questionar, assim como todo o grupo, ele já sabia que todos aqueles absurdos eram da pasta de memes de Jake.

— Agora manda um "Oi, como você está?" para ele e use o meme do professor Xavier quando ele perguntar de volta.

Jungwon gargalhava enquanto olhava para o meme. O professor Xavier dos X-men estava com a mão na cabeça e os olhos fechados. Uma mensagem em caixa alta estava escrita na careca dele enquanto ele fingia passar uma mensagem telepática que dizia:

"Tentando não pensar em você sem roupa."

Era patético, eles sabiam, mas era engraçado justamente porque ninguém poderia imaginar que Jungwon mandaria algo parecido para Jongseong.

— Me dá o seu celular — Heeseung tomou da mão dele e começou a digitar algo — Relaxa, só mandei uma coisa, sem meme.

O celular notificou um minuto depois e Heeseung correu para longe de Jungwon com o celular na mão. Em seguida, voltou dando risada a ponto de ficar com falta de ar.

— Eu nem vou me preocupar com isso, Lee Heeseung. Esse seu meme está fora de contexto e ele vai saber que não fui eu.

— Relaxa, não mandei aquele.

O celular notificou outra vez e Heeseung riu ainda mais alto.

— Eu odeio você. Me dá isso aqui.

Jungwon quase gritou de vergonha quando leu as mensagens. Mas não podia negar que era engraçado até demais.

Jungwon:

Oi, como você está?

Jungwon:

[imagem]

Jongseong 😬:

Jungwon 😳😳😳😳

Jongseong 😬:

Eu também gostaria de estar em cima de você agora, mas acho que a gente precisa conversar antes.

Jungwon se assustou com o tom da mensagem e Heeseung se apressou para confortá-lo.

— Se tiver algo a ver com a gracinha que eu fiz, eu assumo a culpa, me avise antes.

— Você achou mesmo que era uma boa ideia mandar os pinguins de Madagascar com "Se você estiver pra baixo me avisa que eu te coloco pra cima...de mim"?

Ouvir Jungwon falando a frase do meme em voz alta parecia ainda mais absurdo, mas ainda não deixava de ser muito engraçado.

— Pelo menos ele está vindo.

— É, está vindo para terminar o que a gente ainda não tem.

— Dramático e exagerado, se eu fosse ele também terminava com você — Heeseung brincou — Bom, por mais que eu adoraria ficar aqui para ver vocês um em cima do outro, tenho muito o que fazer antes do Jake voltar. Qualquer coisa estou aqui do lado, mas prefiro que vocês não precisem de mim.

Heeseung não podia negar que amava o jeitinho dramático e impaciente do amigo. E para falar a verdade, entendia muito bem como ele e Jake tinham virado melhores amigos, os dois juntos eram um teste à paciência de qualquer um.

No fim das contas, era ótimo saber que eles tinham um ao outro. Heeseung ficaria muito preocupado se qualquer um dos dois tivesse feito a viagem de trabalho sozinho.

— Se for pedir comida, peça para mim também, eu venho pegar depois. Te amo, tchau.

— Você o quê, Heeseung Lee?

— Eu disse tchau.

Heeseung bateu a porta e fugiu de qualquer comentário.

Minutos depois, recebeu uma mensagem de Jungwon dizendo que o amava também.

••••••••••

Quando chegou ao prédio de Jungwon, Jay pensou em dar meia volta e ir para casa.

Ele não conseguia imaginar o tamanho da dor que seria se Jungwon não gostasse do trabalho que ele tinha feito usando-o como inspiração.

E se ele o achasse um pervertido pelas cenas quentes e quisesse terminar?

Além de todos os possíveis problemas com a escrita dos livros, o dia seguinte seria aniversário de cem dias e nenhum deles tinham dito absolutamente nada sobre o assunto. Era uma data muito importante para ser deixada de lado e ele sequer sabia se poderia comemorá-la da forma correta, mas de qualquer forma, tinha comprado um par de anéis de casal, porque se Jungwon não o chutasse no dia cento e um, aquilo definitivamente ia significar um passo gigante na relação dos dois.

O porteiro autorizou a entrada dele e à partir daquele momento, o tempo pareceu correr contra a ansiedade e insegurança dele. O elevador já estava parado e vazio, parecia que estava à sua espera, e para deixá-lo ainda mais nervoso, o elevador não parou uma única vez em qualquer outro andar.

A porta já estava entreaberta, Jungwon estava saindo com uma vassoura na mão quando Jongseong chegou.

— Oi, eu vim varrer o tapete, juro que n-

Jay não conseguiu conter o impulso de agarrá-lo pela cintura e beijá-lo antes de dizer qualquer outra coisa.

Ao ouvir o baque da vassoura caindo no chão e ecoar pelo corredor vazio, Heeseung abriu a porta do apartamento de Jake e deu de cara com o casal.

— Que nojo! Achei que tinha acontecido alguma coisa. O quarto fica tão perto, era só entrar.

Jungwon pegou a vassoura do chão e ameaçou quebrar o cabo na cabeça de Heeseung caso ele não parasse de constrangê-los.

— Desculpa pelo barulho, prometo ser mais silencioso quando entrar para o quarto — Jay brincou fazendo Heeseung rolar os olhos e voltar para o apartamento.

Jongseong ficou descalço e entrou logo atrás de Jungwon.

— Você não devia cair nas provocações dele. O hyung sabe ser insuportavelmente infantil quando quer.

— Eu aguento.

Ele puxou Jungwon pelo queixo e depositou um beijinho rápido antes de analisar o rosto dele por um bom tempo.

— Seu rosto está diferente. Tem dormido bem?

— Uhum.

— Você andou chorando antes de eu chegar?

Ele percebeu que Jungwon desviou os olhos e o olhar dele parou exatamente a sacola dourada na mão esquerda de Jay.

— Você foi no meu lugar favorito.

A mudança de assunto foi brusca e ele não precisou de mais nenhuma dica, Jungwon não estava à fim de falar sobre o motivo de estar chorando.

— Estou com o péssimo hábito de passar lá todos os dias e comer muito doce. Trouxe os donuts que você gosta.

Jungwon abriu a sacola com os olhos brilhando. Por frequentar o local pelo menos uma vez por semana, ele sabia exatamente que o que tinha naquela sacola era um daqueles pedidos especiais, para datas especiais.

— Muito obrigado, Jay — Ele abriu a embalagem por completo e não fez questão de esperar para provar um dos donuts.

E então, ele parou e olhou para Jay, provavelmente se perguntando se aquela era uma data especial.

— A gente está comemorando alguma coisa? Me desculpe se eu não conseguir me lembrar, eu sei que esses pedidos são sempre para datas comemorativas mas não consigo me lembrar.

Jay ficou surpreso. Ele não tinha comprado naquela intenção, aquele pedido era como se fosse um pedido qualquer, exceto pela embalagem que era decorada demais.

— Oh, não! Eu trouxe porque sei que você gosta.

Jungwon pareceu um pouco confuso, e de repente, colocou os donuts de lado.

— Você não está me agradando só porque está prestes a me chutar, não é?

Os dois tiveram a mesma reação para a fala de Jungwon. Era óbvio que ele tinha pensado alto demais.

— O quê? — Jongseong quase se sentiu ofendido — Eu não tenho nenhuma intenção de te chutar, achei que já tivesse deixado isso bem claro, meu bem.

— Foi a primeira coisa que eu pensei quando vi aquela mensagem.

— Têm razão. Deixei aberto a conclusões precipitadas, o erro foi meu. Mas pelo jeito que te beijei no corredor, imaginei que você fosse entender que estava desesperado para te ver de novo.

— Eu gostei.

— Você gostou de me ver desesperado para te beijar?

— Seria mais honesto da minha parte se eu confessasse que sim?

Jongseong riu.

Era difícil entender onde as coisas estavam se perdendo quando o assunto era esse. Ele não sabia mais o que fazer para deixar claro que não tinha nenhuma intenção de descartá-lo. As dúvidas dele com certeza tinham sido plantadas por causa do tom da mensagem que ele mandara mais cedo. Entretanto, ele gostaria que Jungwon enxergasse que eles não era tão diferentes.

— Você ficou tão sério, eu estava brincando, Jungwon.

Jungwon não tinha percebido o que estava fazendo, só percebeu que tinha fechado a cara quando se esforçou para sorrir sem deixar o clima esquisito.

Jongseong agora estava esperando o pior daquela conversa também, já que não tinha a menor ideia das coisas que Jungwon pensava e queria.

— Sei que você veio aqui para falar algo sério e eu prometo que vou te escutar com muita calma, mas eu tenho algumas coisas para dizer e queria que você me escutasse. Tudo bem se a gente sentar para conversar direito?

Apesar do receio, Jongseong assentiu e seguiu Jungwon até a sala.

Os dois se sentaram com pouca distância, Jungwon segurou as duas mãos dele e olhou diretamente em seus olho, queria continuar assim independente do que saísse daquela conversa.

— Não precisa ficar tão tenso, prometo que não tenho nada ruim para dizer a você.

— Agora estou mais tranquilo. Pode começar quando quiser.

Para não perder tempo, Jungwon logo começou a falar.

— Eu sei que para você deve ser muito difícil ficar esperando por mim esse tempo todo. E que é muita pressão começar a se relacionar com alguém que foi muito rejeitado em um relacionamento de mais de dez anos, por isso, eu achei que você estivesse cansado e imaginei que você estivesse aqui para terminar o que quer que a gente tenha.

— Eu já disse, Jungwon, não tenho a menor intenção de te dar um pé na bunda.

— Bom — Jungwon sorriu — Isso acaba com a maioria dos medos que tive com aquela mensagem. Eu realmente achei que você estava cansado de esperar por mim, mas independente do que você vai me dizer depois, acho que precisava colocar alguns sentimentos para fora.

Jay tirou o cabelo de Jungwon do rosto e entrelaçou os dedos com os dele.

— Sei que falo muito pouco sobre nós, mas gosto de estar com você. Gosto de dormir e acordar com você, achei que seria algo que teríamos e um de nós dois ia seguir em frente e esquecer do outro, mas agora que passamos alguns dias separados, só tive a confirmação do que eu já vinha sentindo há algum tempo. E apesar de gostar muito do jeito que você me beija quando está com saudades, não gosto de sentir saudades, e também detesto ter dia certo para te beijar porque queria que esse dia fosse todos os dias.

De primeira, Jay pensou ter entendido tudo errado. Sendo escritor, a mente dele viajava e inventava histórias absurdas, ele achou que aquele poderia ser mais um truque de sua mente. Porém, Jungwon continuou falando e trazendo-o de volta para a realidade.

— Então, se você ainda me quiser, eu estou preparado para dar mais um passo. Não quero mais me sentir um idiota por quase te chamado de amor quando você deita no meu colo e me deixa mexer no seu cabelo. Eu também gosto de ver você usando as minhas roupas quando dorme aqui. E além do mais, prefiro te dar bom dia pessoalmente, você fica lindo com o rostinho de quem acabou de acordar. Enfim, eu gostaria de poder demonstrar o meu lado mais carinhoso e romântico, sem ter que ficar provando que meus atos são genuínos.

Jongseong o beijou porque não sabia exatamente como responder a tanta informação. O coração dele estava acelerado e ele sentiu uma vontade absurda de colocar para fora toda a felicidade que estava sentindo.

— Eu sempre vou te querer, meu bem. Sempre. Eu te quis no momento que te vi, nada mudou.

Jay não conseguia parar de beijá-lo, em algum ponto, Jungwon teve que sair do colo dele e colocar os pensamentos em ordem antes de começar o outro assunto.

Quando finalmente conseguiram se acalmar, Jay se lembrou do verdadeiro motivo de estar ali. Inspirou fundo, organizando os pensamentos antes de começar a falar. Jungwon o ouviu em silêncio, atento a cada palavra. De vez em quando, balançava a cabeça em concordância, mas sem interrompê-lo. Jay sentiu o coração acelerar a cada pausa, temendo a reação de Jungwon. Porém, quando terminou de contar tudo, em vez da resposta apreensiva que ele tanto tinha medo, Jungwon surpreendeu-o com um sorriso radiante. As duas covinhas adoráveis que marcavam suas bochechas se aprofundaram, iluminando seu rosto de um jeito que Jay jamais tinha esperado.

— Nunca imaginei que eu seria interessante o suficiente para alguém escrever algo sobre mim que não seja sobre a minha dança. Eu preciso ler esse livro.

— Eu tenho um impresso na minha bolsa.

— Vou começar a ler depois do jantar — Jungwon sorriu — Ou será que eu devo esperar e só ler quando estiver publicado?

— Ainda não tenho certeza se vou publicar.

Jungwon voltou para o colo dele.

— Se é um bom livro você tem que publicar, independente do que eu achar — Ele beijou a testa de Jay, que sorriu com o gesto — Apesar de eu já saber que vou amar, você tem que publicar. As melhores obras da literatura têm sempre uma história como essa por trás.

— Que fique claro, eu não sou um pervertido que escreve cenas de sexo pensando em você, ok?

Os olhos de Jungwon se fecharam completamente conforme ele gargalhava e jogava a cabeça para trás.

— Você é a inspiração das características físicas e da personalidade do meu personagem, o resto é tudo fruto da minha imaginação, prometo.

— Me sinto lisonjeado, Jay, e não consigo acreditar que você pensou que eu ia ficar bravo.

— Nunca se sabe, você não se abre tanto e eu ainda estou aprendendo sobre as coisas que te deixam bravo.

— E o que você sabe até agora? — Jungwon arqueou uma sobrancelha com interesse.

— Você não gosta de atrasos, odeia que peçam seus livros emprestados, não gosta do lado direito da cama e não gosta de muito açúcar nas bebidas — Ele riu ao mencionar a última — Quando fiz seu café da manhã no dia seguinte do ao seu aniversário, você fez careta por estar doce demais.

Jay não entendeu quando ele começou a rir alto, como se alguém tivesse contado uma piada que só ele tinha entendido.

— No dia da minha festa surpresa eu passei o dia inteiro desejando ficar sozinho com você. Minha primeira reação foi ficar apavorado quando abri a porta e vi tanta gente aqui.

— Você pode pensar que escondeu bem, mas todo mundo percebeu. Inclusive, você estava ficando tão frustrado que eu quase te levei para a minha casa. Era uma ideia péssima, levar o aniversariante embora e eu ainda tinha que causar uma boa impressão para o meu futuro cunhado.

— Não precisa, ele gosta de você.

— Quando suas amigas te chamaram para conversar no quarto, eu e ele conversamos um pouco.

— Não me diga que ele foi fazer o clichê do irmão que fala que vai acabar com você se me magoar.

— Nada disso. Ele disse que você fez propaganda de mim para os seus pais e que agora eles estão desesperados para me conhecer.

Jungwon levou a mão à testa.

— Tinha me esquecido completamente. Vou para Busan quarta-feira, marquei de visitá-los antes de entrar em turnê. Você não precisa ir comigo se não se sentir confortável. Meus pais são muito tranquilos, principalmente o meu pai, vocês vão se dar bem — Jungwon ficou pensativo por alguns instantes — Eu não consigo me lembrar se disse que estava namorando com você na época que fui lá, então, talvez você tenha que aguentar minha mãe falando sobre casamento. E cachorros! Ela ama cachorros. Ela me tirou da tela de bloqueio e substituiu por um poodle brincando na lama.

Jongseong ria fácil de qualquer coisa que ele dizia. Tentou imaginar o tipo de lar que Jungwon tinha sido criado e não pensou em nada menos do que um lar amoroso, ele conseguiu ter uma noção quando viu a relação de Jungwon e Jihyun na festa.

Por outro lado, seria péssimo ter que fingir logo no primeiro encontro dele com a família. Se eles eram pessoas boas, Jay não queria fingir logo de cara e começar tudo com uma mentira, ele queria estar namorando Jungwon de verdade.

— Agora que vamos fazer tudo como deveria ser, acho que eu deveria te lembrar que amanhã nós fazemos cem dias juntos e bom, é uma data importante.

Deu pra perceber que Jungwon se sentiu envergonhado por não se lembrar.

— Amanhã faz exatamente um ano que eu terminei meu noivado. Eu não estava pensando nisso como alguém que está sentindo falta de nada do meu passado. A data vai ficar guardada para sempre, foi nesse dia que descobri que viajaria e foi no mesmo dia que minha vida virou um inferno. Eu confesso que não lembrei de mais nada, me desculpe.

— Não tem problema nenhum. Todos nós temos datas ruins que vão ficar na memória para sempre.

— Mas agora me sinto num impasse. Não quero essa data ruim relacionada a coisas boas, mas precisamos comemorar nossos cem dias. É a minha primeira vez comemorando e quero fazer direito.

— Nós podemos comemorar noventa e nove dias nesse exato momento. O que vale é a intenção e o sentimento por trás do ato.

Ele acariciou o rosto de Jay enquanto dizia:

— Ah, você fica tão lindo dizendo essas coisas poéticas que eu sou capaz de aceitar qualquer coisa que você propor agora.

— Espero que você aceite ser meu namorado quando eu tirar o anel de dentro da minha bolsa.

Ele esperou Jongseong dizer que estava brincando, o que não aconteceu.

— Você estava planejando fazer isso amanhã?

— Se tivesse um sinal positivo hoje, sim.

— Eu particularmente detesto pedidos públicos e mirabolantes. Jantares especiais para pedidos de namoro eu também acho brega.

— E qual é o momento ideal?

— Quando estivermos sozinhos e você tiver a certeza de que eu não estava esperando por isso.

Jay riu enquanto mexia na bolsa com dificuldade para achar a caixa dos anéis e quando achou, abriu para mostrá-la ao outro.

Jungwon gostava de extravagância nas vestes, porém, os acessórios eram sempre discretos, tinham sua elegância sem perder a beleza. O anel que lhe mostrava no momento, era exatamente o que ele gostava. Bonito, fino e delicado, o detalhe de uma pequena pedra no centro o diferenciaria de suas joias regulares.

O coração dele disparou como nunca antes quando ouviu a própria voz grave fazendo a pergunta e acelerou ainda mais quando ouviu Jungwon dizer um "sim" determinado e sem pensar duas vezes. Eles se acariciavam e beijavam tantas vezes que ambos sentiam que o coração ia explodir de felicidade.

O anel encaixou perfeitamente em ambos os dedos. Era visualmente bonito vê-los trocando carinhos,

— Percebi uma coisa sobre você agora.

— E o que é? — Jungwon beijou-o algumas vezes enquanto ele sorria.

— Você não sabe jogar indiretas.

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Muito obrigada por lerem e comentarem, o próximo capítulo provavelmente vai ser o penúltimo, vejo vocês lá 💜💜💜

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