Capitulo 3

Voltei rapidinho e com um capítulo maior. Espero que gostem, não se esqueçam de votar e comentar o que estão achando 💛💛


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A parte mais difícil de chegar na Coréia ainda não tinha passado. Jungwon e Jake estavam a caminho de Busan, cada um visitaria seus parentes mais próximos e caso sobrasse algum tempo, fariam uma breve visita aos pais um do outro.

Antes de viajar, Jungwon tinha escolhido deixar tudo para trás durante os meses que moraria em Nova Iorque. Focar no seu trabalho era a coisa mais importante, já que por um longo tempo, ele não tinha se importado com a vida pessoal.

Entretanto, as coisas tinham mudado. Por incentivo de Sunoo, Jungwon procurou ajuda profissional e estava começando a dar segundas chances para si mesmo. Ficar aberto à novas oportunidades sem ter medo do desconhecido ajudou a enriquecer seu currículo profissional. Ele tinha deixado a Coréia como back-up dancer de um grupo recém formado, e estava voltando quase um ano depois como coreógrafo de seis empresas diferentes. Além de outros muitos trabalhos que ele teve que repassar e indicar Jake ou outros amigos da área por não dar conta de fazer tudo sozinho.

Sunoo costumava dizer que aquela era a vida que Jungwon sempre esteve destinado a viver, e que nem precisava dizer o quê (ou quem) estava mantendo-o estagnado no mesmo lugar.

Ali, sentado na mesa do jantar com os pais e o irmão mais novo, ele desejou que os pais focassem apenas no seu crescimento e deixasse todo o resto para trás, assim como ele estava tentando fazer.

— Seu pai e eu ficamos bem preocupados. Você parecia abatido nos primeiros meses — disse a mãe —  Ver o meu bebê sendo tão aclamado só me enche de orgulho. Estou aliviada por termos criado vocês da maneira certa.

Ela começara a chorar copiosamente, o quê não preocupou nenhum deles, já que dava para ver em seu rosto o quanto estava feliz e orgulhosa dos dois filhos, ela era sempre assim. E as vezes, Jungwon tinha certeza que ela fazia de forma exagerada para fazer com que eles nunca desistissem do que queriam.

— E o casamento, meu amor? Eu e o seu irmão estamos tendo problemas, não sei onde é que vamos arrumar ternos iguais. Não faço questão de ir vestido como um jovem de vinte e poucos anos. Seu noivo é exigente demais, além de ficar adiando a data a cada semana que passa! – Dessa vez foi o pai quem começou a resmungar.

— Ele é sem noção, isso sim! — disse Jihyun, olhando sério para o Jungwon como quem sabia algo que ele ainda não estava ciente.

Estava na hora, então.

Jungwon colocou a colher da sobremesa de volta no prato, e recebeu um olhar de preocupação da mãe. É claro que ela já sabia que algo estava errado. Jungwon nunca deixaria um prato cheio de torta de morango com chocolate, sua sobremesa, favorita caso não tivesse um motivo sério. Assim como também não ficaria um mês sem ligar para os pais. E assim como deveria estar com o noivo ali.

A mãe não precisaria ter visto tudo aquilo acontecer diante dos seus olhos para saber que algo estava errado.

— Se algo realmente estiver acontecendo, e eu sei que está, ele vai nos contar na hora certa. Jungwon é assim e nós não podemos forçá-lo a abrir a boca, isso só vai afastá-lo da gente. E nós não queremos isso depois de passar tantos meses sem vê-lo. Nós já conversamos sobre isso — disse a mãe ao marido e ao filho mais novo.

— Você achava que estavam maltratando ele nos Estados Unidos, o papai disse que não. — Jihyun disse — A gente queria ligar e pedir para ele voltar. Voltar pra casa.

Ambos entenderam o que ele quis dizer. E por mais triste que aquilo parecesse, Jungwon também entendeu o que aquilo significava.

— Ele não mora mais aqui, querido. A gente sente saudades o tempo inteiro, mas ele está noivo e têm a própria vida agora.

— Ele está noivo desde os dezoito anos. Aquele cara está enrolando ele.

— Isso não é da nossa conta.

As brigas de família sempre começavam pelo mesmo motivo, o noivo de Jungwon. Mas entre si, eles tinham um combinado de jamais destratá-lo, jamais constranger o filho, Jungwon fingia que não, mas sabia exatamente o quanto toda a sua família detestava aquele homem.

Os pais o apoiaram em tudo e não foi diferente quando ele decidiu que se casaria. Ele esperava que dessa vez, quando ele contasse a nova notícia, não fosse diferente.

— Eu acho que está na hora de vocês saberem que eu não vou me casar com ele.

Por baixo da mesa, a mãe segurou a perna de Jihyun para que ele não dissesse uma palavra e não ousasse comemorar, Jungwon quase riu ao vê-lo se esforçando.

— Na verdade, estou morando com Jake há quase um ano. Juntando toda a viagem, é claro.

Os pais se sentiram aliviados, dava para ver no rosto deles. Eles eram amigos dos Shim e sabiam que Jaeyum era boa influência para o filho.

— Se você não quiser falar nada, nós entendemos e não tocaremos mais no nome dele. — Jihyun disse.

— Você sabe de alguma coisa, não é? — Jungwon perguntou — Está me olhando com pena desde que eu cheguei e parece ansioso pra me contar alguma coisa.

O que quer que Jihyun dissesse não ia mudar nada. Jungwon nunca mais voltaria para aquele verme.

— Eu fui passear em Seul uma vez e encontrei vocês dois no mercado, na verdade, eu e a Yeji passamos no mercado porque íamos fazer uma surpresa para vocês, era a nossa primeira vez em Seul desde que viemos morar aqui e fazia tempo que eu não te via. Você não me viu, mas eu ouvi as coisas que ele disse para você. Acontece que ele me viu antes de eu sair correndo para vomitar do lado de fora do mercado. Depois disso, ele me ligou e prometeu que seria um bom marido para você quando se casassem, ele chorou e parecia arrependido. Até dizia coisas bonitas para você nas redes sociais e como você nunca nos disse nada, eu achei que ele tinha mudado de verdade.

Jungwon sinalizou para o irmão parar de falar porquê viu o rosto do pai ficar vermelho de raiva. Viu a mãe começar a chorar. Era isso que ele vinha tentando evitar durante todo o tempo que escondeu essas informações.

— Eu estava acreditando nisso, hyung. Você parecia tão feliz seguindo sua carreira e para ser sincero, eu não queria que você voltasse. Os primeiros meses foram estranhos, mas todo mundo consegue ver o quanto você parece melhor agora. Então, sim. Eu já sabia que vocês não estavam juntos.

— Como? — Jungwon perguntou. Seus olhos estavam marejados e o pai segurava em sua mão, como se Jungwon a qualquer momento fosse sair correndo do seu teto de proteção.

— Ele me ligou, cerca de três meses depois da sua ida. Estava muito bêbado e eu não conseguiria contar com quantos homens estava nem se eu quisesse, e também, já não era mais da sua conta, muito menos da nossa. Ele ficou repetindo que devia ter te traído, igual você fazia quando dormia na casa do Jake. E que devia ter te traído na sua própria cama, porque é o que as "vagabundas como você" merecem. Te chamou de várias coisas, entre elas, covarde, por não ter sido capaz de escolher ele ao invés da sua carreira.

Jungwon chorava e queria rir ao mesmo tempo.

— Eu nunca traí aquele maldito. Nunca. E se fosse fazer isso, jamais usaria o Jake como boneco de vingança — ele respirou fundo — Ele me chamava de vagabunda, assim mesmo, no feminino. Por incrível que pareça, nunca teve a coragem de dizer nada disso na minha frente.

Após dizer isso, Jungwon sentiu que estava pronto para contar sobre tudo o que tinha acontecido durante todos os anos de relacionamento. A cada acontecimento contado, ele se sentia mais leve e grato por ter a família o apoiando. Por último, Jungwon tinha acabado de se lembrar do motivo que foi o que fez ele dar um basta e sair de casa.

— Ele mexeu no meu celular. Ele sabia a senha porque eu não tinha nada a esconder e fui idiota em dizer.

— Você não foi idiota coisa nenhuma. Nunca foi. Ele gostava de bancar o espertinho mas nunca me enganou — Jihyun falou.

— Ele deve ter cadastrado a própria digital em algum momento e bom, alguns dias antes da viagem, todo o dinheiro que eu estava juntando para o nosso casamento tinha sumido.

— Como assim sumido?

— Ele disse que eu tinha levado um golpe. Que a culpa era minha por entrar em sites de pirataria para assistir One Piece com o Jake, e que eu tinha sido hackeado. Ele chegou a dizer algo do tipo "Se quer saber minha opinião, o Jake te indicou o site de propósito" — Jungwon imitou a voz do outro — Acusou meu Jaeyunie de ter me roubado. Então, eu liguei para o banco e eles falaram que a transação tinha sido feita de forma legal pelo aplicativo. Fui a fundo para saber quem tinha recebido todo o meu dinheiro e acabei descobrindo que ele transferiu para um colega dele da época da faculdade. E bom, eu não posso fazer nada. Para o banco, pela lógica fui "eu" que transferi.

Nesse momento, o pai levantou com tudo.

— Aonde você vai? — Jihyun perguntou.

— Cadê a chave do meu carro? Eu vou atrás desse desgraçado. Ele vai pagar caro por tudo isso. Eu juro que vai.

— Pai, senta, eu não quero esse dinheiro.

— Por Deus, Jungwon. Você acha que eu estou falando do dinheiro? — Ele se sentou apenas porque Junwgon pediu — Não há dinheiro que cubra o dano que ele causou aqui e aqui.

Jungwon sentiu o dedo do pai tocar sua cabeça, e logo em seguida, seu coração.

— Eu já estou melhor — Jungwon falou. Ele diria qualquer coisa para fazer o pai ficar onde estava e não procurar confusão. Qualquer coisa.

A primeira coisa que lhe veio à cabeça foi Park Jongseong. Por algum motivo estranho.

— Já estou conhecendo uma pessoa que me trata muito bem.

Cale a boca enquanto ainda dá tempo, Yang Jungwon. Seu cérebro gritava. Mas ele não conseguia parar de falar, visto que aquilo estava interessando seu pai o suficiente para fazê-lo esquecer que a família do ex-noivo do filho morava a apenas dois quarteirões dali.

— Oh! Ah, meu amor. Por quê não nos disse logo? Como vocês se conheceram? —  A mãe parecia ainda mais interessada.

Qualquer homem que tratasse Jungwon como o príncipe que ele era, seria muito bem-vindo à família Yang.

— Bom... Nós nos conhecemos há alguns dias. Eu estava em Nova Iorque e fiquei preso naquela tempestade de neve. Tive que parar em um café e me sentar na única mesa vazia, que por coincidência, tinha um homem muito bonito e elegante. Quando eu perguntei se podia me sentar, ele se levantou e puxou a cadeira para mim. Tão educado que na hora tive minhas dúvidas e estava certo, ele não era americano. É de Seul.

— Os caras de Seul são gente boa — Jihyun disse, tentando ajudar de alguma forma.

— Ele foi tão gentil. Se preocupou comigo quando eu saí do café, tirou o próprio cachecol e me entregou para que eu não sentisse tanto frio. Comprou biscoitos e café quentinho para eu me aquecer na viagem de volta para a academia de dança. Eu sei que isso é o mínimo, mas ninguém tinha feito isso por mim antes.

Era loucura iludir os pais daquela forma, mas tinha sido a maneira mais eficaz de fazer com que seu pai ficasse em casa e não fosse parar na cadeia por dirigir embriagado e agredir um maldito golpista.

— E quando nós vamos conhecê-lo? — Perguntou a mãe, encantada.

Nunca? Já além da gentileza, eu não sei nada sobre esse cara.

— Ainda é muito cedo para dizer. Agora estou focado no meu tempo perdido, recuperá-lo e fazer valer à pena cada oportunidade que ganhei voltando para cá.

Aos poucos, os pais foram se esquecendo de Park Jongseong e perguntando sobre a única coisa que Jungwon gostava de responder no momento, sua carreira. Ficaram até tarde jogando muita conversa fora, Jungwon se sentia leve e renovado.

Na manhã seguinte, Jaeyun e os pais apareceram na casa dos Yang para começarem a preparar o almoço das duas famílias, como faziam uma vez por mês. E logo depois, eles tiveram que voltar para Seul para um evento importante de Sunoo.

Jaeyun dormiu a viagem inteira, mesmo quando Jungwon berrava suas músicas favoritas. E ele se sentiu péssimo por ter que acordar o amigo quando chegaram.

— Que horas são? — Jake perguntou.

— Três e cinquenta. Temos uma hora para fazer tudo ou o Sunoo vai matar a gente.

— Ele vai matar você, que é quem demora no banho.

— Você é quem fica na frente do espelho arrumando o cabelo por meia hora, pra no fim, decidir que vai colocar um boné para trás.

— Eu nunca fiz isso — Jaeyun disse rindo. Ele sabia que fazia isso todos os dias.

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Sábado a tarde sempre fora tedioso para Park Jongseong. Era seu momento de reflexão, momento para sentar e organizar seus pensamentos, definir seus objetivos da semana a respeito da escrita.

Naquele dia, tudo era diferente e lá estava ele, na fila de uma galeria de arte, esperando para entrar.

— Detesto não saber sobre o artista antes de visitar as obras dele — Jay protestou.

— Você detesta tudo que não seja seu cachorro e seus fãs te elogiando na internet. Pare de reclamar e vamos entrar.

Sunghoon passou o código QR no leitor duas vezes e liberou a entrada para os dois.

Jongseong se esqueceu completamente das reclamações que estava fazendo enquanto esperavam na fila. Agora, ele olhava atentamente e apreciava cada quadro exposto. Fotografava e lia cada descrição dos quadros, ele estava encantado com a delicadeza do artista. Parou ao lado de um quadro gigante com traços amarelos, havia uma fita de "Não ultrapasse" quando se deu conta de uma coisa.

— Estamos na exposição de quem?

– Shh... ele está vindo — Um segundo depois, um rapaz muito animado começou a aplaudir um homem que aparentava ser bem jovem.

Todos o acompanharam nas palmas e o rapaz sorria.

— Boa tarde. Muito obrigado pela presença de todos, sejam muito bem vindos à exposição. Sou Kim Sunoo, criador de todas essas obras e estou aqui para contar um pouco mais sobre cada uma delas — O homem era bonito. Seu cabelo era mais escuro do que o comum e os olhos eram claros de uma forma natural, algo que não era comum. Ele tinha as feições delicadas, falava calmamente e com muita classe.

E como um clique, Jongseong estava começando a perceber quais eram as intenções de Sunghoon.

Kim Sunoo. Ele se lembrava desse nome agora. Era amigo artista de Yang Jungwon.

Ele olhou para o amigo com um olhar reprovador mas sequer foi notado. Sunghoon estava muito ocupado olhando para o artista enquanto fingia prestar atenção em cada descrição que ele dava.

— Ali atrás, temos "O Apanhador de Sonhos" — Kim Sunoo disse, fazendo com que todos virassem e olhassem em direção à Jongseong — Temos um conceito diferente sobre o que é um apanhador de sonhos. A obra representa o inverso, afinal, o que seria de nós se tivéssemos um objeto que nos tira apenas os sonhos bons?

Jongseong se sentiu desconfortável com tanta gente olhando em sua direção, afinal, havia um motivo pelo qual ele escolhera viver sob um pseudônimo e não ser o centro das atenções.

Ele continuava olhando para a obra, enquanto assentia e fingia que estava entendendo o que o artista dizia.

Quando ele voltou a olhar para o artista, por um segundo, pensou ter visto Yang Jungwon.

Na verdade, ele tinha a certeza absoluta de que Yang Jungwon estava olhando para ele.

E então, desviou o olhar enquanto refletia sobre toda a situação estranha.

Sunghoon tinha feito aquilo de propósito. Era óbvio que Yang Jungwon estaria ali, já que Sunoo era um de seus melhores amigos e ele apreciava a arte dos amigos, como ele mesmo tinha dito.

Ele não sabia onde enfiar a cabeça naquele momento. Agradecia a intenção de Sunghoon mas agora ele tinha um problema muito maior.

Será que Jungwon acreditaria que ele não era um perseguidor?

— Fiquem à vontade — Ele ouviu Sunoo dizer, e logo em seguida as pessoas começarem a se mover pelo salão.

Jay e Jungwon ficaram imóveis, olhando um para o outro.

Jungwon estava acompanhado de um rapaz de sua altura, e um moreno um pouco mais alto do que os dois.

Esse deve ser Jake, o melhor amigo e que faz piada com a altura de Jungwon.

Jake olhava em direção à Jongseong, e ele podia jurar que tinha visto os lábios de Jungwon sibilarem algo como "é ele".

Aquilo estava esquisito demais.

Jongseong tinha que tomar alguma atitude antes que Jungwon pensasse o pior dele.

Sem perceber, já estava caminhando em direção ao dançarino, que a primeira coisa que disse ao vê-lo foi:

— Você veio.

Jay fez que sim com a cabeça, sem entender o que Jungwon estava dizendo.

— Muito prazer, eu sou Shim Jaeyun — Os dois apertaram as mãos.

— Lee Heeseung. Também sou de Seul.

Jay quase perguntou como ele sabia, mas a resposta já era bem óbvia. Ele não deixou de ficar contente por saber que Jungwon tinha falado dele para os amigos.

— O Sunoo prometeu que ia expor uma obra com o meu rosto — Jake falou para quebrar o silêncio — Com certeza está por ali.

Ele apontou para a direção oposta.

— Ele prometeu para mim também — Lee Heeseung respondeu — Acho que a gente vai ter que procurar, não é?

— Sim. A gente já volta, Wonnie.

Os dois saíram e Jay e Jungwon se esforçaram para conter o riso.

— O hyung não prometeu nada a eles.

— Eu imaginei, eles não estão sendo discretos.

O silêncio esquisito entre os dois começou a incomodar Jongseong. Ele achou que devia uma explicação para ter aparecido ali.

— Olha, não quero que pense que sou um perseguidor ou algo do tipo.

— E por que eu pensaria isso? — Jungwon perguntou.

— Porque esse nosso encontro não é coincidência. Foi armado, mas não por mim. 

Jungwon tentou disfarçar, mas Jay percebeu que eles estava completamente decepcionado. Jongseong se arrependeu de não ter demonstrado o quanto estava feliz em vê-lo.

— Eu meio que esperava você estar aqui por ele. Você me disse que procuraria saber do trabalho dele depois que voltasse para cá. Mas você parece surpreso em me ver.

— Ah, sim, eu disse. Hoje o Sunghoon me trouxe de surpresa – Jungwon quase murchou ao ouvi-lo. Mas rapidamente retomou a postura — Que bom que ele me trouxe de surpresa, eu já estava pensando nas loucuras que teria que cometer para te ver outra vez.

Jungwon estava tímido e escondeu o rosto. E Jay se pegou pensando no que diria depois disso, não queria estragar o momento do amigo de Jungwon, e também não queria deixar o outro sem graça perto dele.

Ele seguiu o coração e resolveu puxar assunto.

— Você deve entender bem o trabalho do seu amigo.

— Sim, e já posei para uma pintura, você quer ver? — Jungwon respondeu sorrindo.

O coração de Jongseong quase parou quando a covinha apareceu na bochecha de Jungwon.

— Não perderia por nada.

— Vem comigo.

Jungwon guiou Jongseong até o outro lado da galeria onde estavam os trabalhos mais antigos de Kim Sunoo e outros artistas. E ele prestou atenção em cada explicação que Jungwon dava a ele.

— É meu trabalho favorito dele. Não por ser eu na pintura, mas pelas coisas que ele me fez perceber depois que me homenageou.

A pintura retratava um Jungwon de costas nuas com tatuagens desde a nuca à parte de baixo, onde estava coberta por um pano amarelo. Ele estava com as duas mãos apoiadas ao lado do corpo e olhava para frente, observando as estrelas. A pintura era simples e rica ao mesmo tempo. Um trabalho muito bonito.

— É lindo. Não quero parecer puxa-saco, mas essa acabou de virar a minha favorita.

— Está parecendo puxa-saco — Jungwon riu, fazendo Jongseong rir também.

— A culpa é do seu amigo por ser tão talentoso. E além disso, ele teve um modelo perfeito.

Jungwon riu e o coração de Jay descompassou outra vez.

Será que isso ia acontecer todas as vezes que ele sorrisse?

— Estou falando sério, Jungwon. Esse quadro é simples e é brilhante, você ser o modelo só deixa ele mais especial.

— Certo, o que eu tenho que fazer para você parar de me bajular tanto?

Jongseong não sabia qual seria o momento perfeito, e muito menos sabia quando o veria de novo, então, decidiu arriscar. Afinal, o máximo que ele poderia receber era um não e isso não era o fim do mundo para ele.

Claro que isso era só o seu lado racional falando mais alto, porque de resto, ele estava quase rezando para Jungwon dizer sim e ele sequer seguia uma religião.

— Me deixar te levar à um encontro.

Jungwon pareceu muito surpreso e isso deixou Jay um pouco confuso.

Será que ele não tinha deixado suas intenções óbvias como pensava que estava fazendo?

Ou será que Jungwon estava demorando para responder porque procurava a maneira mais educada de negar?

Ele estava quase perdendo as esperanças quando Jungwon finalmente quebrou o silêncio.

— Eu só estou tentando relembrar de cabeça a minha agenda de ensaios para buscar um dia livre. Calma.

Jongseong se sentiu aliviado.

— Amanhã é um dia bom para você? — Jungwon perguntou.

— É um dia perfeito.

— Certo — Ele tirou o celular da bolsa e desbloqueou antes de entregar para o escritor — Salve o seu contato, a gente deveria ter feito isso lá em Nova Iorque.

Jungwon observou ele pegava o celular e digitava rapidamente.

— Prontinho, me mande uma mensagem mais tarde.

— Claro. Agora vamos, você vai adorar conhecer o Sunoo.

De fato, Jongseong e Sunoo se deram muito bem. Jungwon conheceu Sunghoon e fez questão de ajudá-lo a entender cada obra, mesmo as que não faziam parte da estréia na exposição. Jake e Heeseung passaram a maior parte do tempo sendo fotógrafos para as pessoas que visitavam a galeria e queriam tirar fotos com Sunoo. Todos ficavam surpresos com a trajetória tão curta que ele percorreu, era inspirador para outros jovens artistas que estavam presentes no evento.

— Ele é lindo — Sunghoon disse baixinho sobre o artista, mas Jongseong teve quase certeza que Jungwon também tinha escutado.

Jay checou o relógio e se assustou com o horário. Sem perceber, tinha passado duas horas na galeria e estava quase atrasado para a reunião com a editora.

Ele olhou para os dois lados, e Jungwon, que há pouco estava ali, tinha desaparecido de vista.

— Vou procurá-lo para me despedir. Pode me esperar no carro, se quiser.

Sunghoon assentiu, apesar de odiar a ideia de ficar esperando por Jay. Ele conhecia o amigo que tinha e sabia como ele era capaz de conseguir se atrasar e mantê-lo esperando por horas.

Os dois se esbarraram na porta do banheiro.

— Estava procurando por você. Estou de saída e queria me despedir.

— Tão cedo? — Jungwon pareceu genuinamente desapontado.

— Tenho uma reunião muito importante em uma hora. Gostaria de ficar um pouco mais, mas infelizmente não posso.

— Não se preocupe, a gente vai se ver amanhã — Ele respondeu com um sorriso no rosto.

E aconteceu de novo.

Os dois se despediram apropriadamente e Jongseong apressou o passo para o estacionamento, já sabendo que ouviria o amigo reclamar da demora durante todo o caminho de volta para casa.

No entanto, um pouco antes de pegarem o elevador do prédio, Jay sentiu o celular vibrar no bolso. Sorriu antes mesmo de abrir a mensagem, já imaginava quem podia ser e estava ainda mais animado para respondê-lo.

NÚMERO DESCONHECIDO:

Hoje eu percebi que você sorri assim >😬<  e eu achei fofo a ponto de salvar seu contato com esse emoji.

O celular vibrou outras duas vezes.

NÚMERO DESCONHECIDO:

Eu gosto do emoji, aliás.

NÚMERO DESCONHECIDO:

Espero que não tenha soado ofensivo. Eu acho esse emoji lindo. Ah, por via das dúvidas, sou eu, Yang Jungwon.

Jay sorriu para o celular feito bobo.

Yang Jungwon era simplesmente adorável.

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E ai? Gostaram? Espero que sim, e me perdoem pelos erros, vou arrumar assim que perceber. Até o próximo <3

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