Capítulo 2
oii, trouxe mais um capítulo e espero que vocês gostem, boa leitura.❤️
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A viagem de volta para Seul teria sido muito mais estressante para Jungwon se Jake não tivesse viajado com ele.
Mudar era complicado. Jungwon não gostava de mudanças drásticas. É claro que ele gostava do seu país natal, amava morar em Seul e estava feliz por voltar para o lugar em que ele não precisaria se esforçar para se encaixar, porque sabia que pertencia a um grupo. Contudo, ele tinha lembranças ruins dos últimos três anos na Coréia e precisava se preparar para encarar sua nova vida ali.
Seguir em frente não era o bastante. Não quando ele ainda sofria as consequências do seu passado não tão distante. Já tinha se passado quase um ano do término do noivado e ele ainda se lembrava claramente do motivo de ter escolhido ir para tão longe.
Covardia? Era o que o outro dizia a ele por mensagens sempre que seu pedido para reatar o relacionamento era negado. Jungwon não queria voltar com ele. Nunca mais citaria o nome dele, seus amigos estavam proibidos também.
— Ele não conseguiria dizer uma única coisa positiva para você nem que a vida dele dependesse disso — Jaeyun disse certa vez — Espero que ele se foda muito na vida, e que tudo dê errado para ele e ainda não será o suficiente para pagar por todo trauma que ele te causou.
— Já tem duas semanas que ele não me manda mensagens, tenho medo do que ele pode estar fazendo na encolha.
— Se ele for esperto, não está fazendo nada.
Jungwon não perguntou e Jake jamais diria o que aquilo significava, mesmo que ele perguntasse. Bom, ele não podia dizer que conseguiu o número do ex-namorado do amigo e simplesmente tirou uma madrugada para avisar que estava voltando para a Coréia, e que se soubesse que ele tinha voltado a tentar se comunicar com Jungwon, ele cuidaria daquilo do jeito dele. Jake já tinha vencido uma briga física com o ex de Jungwon uma vez, e para ele, seria gratificante poder encher a cara dele de porrada de uma vez por todas. E Jaeyun sequer era fã de resolver as coisas na base da violência..
Tinha funcionado. Ele não entrou em contato com Jungwon e Jake já conseguia ver o resultado, Jungwon estava melhor e menos retraído.
— Me fala mais sobre o cara do cachecol.
Apesar do sorriso, a resposta não foi exatamente a que Jake esperava.
— Não tenho muito o que falar. Ele era lindo, acho que era o homem mais bonito do mundo.
— Vocês deviam ter trocado números, ou pelo menos anotado o instagram um do outro, pelo que você me contou, ele parecia interessado.
— É, eu acho que ele estava interessado. Mas eu não estou.
— Não estou dizendo que você devia beijá-lo, Wonnnie. Sei que uma certa pessoa dizia que você não podia ter amigos, só que isso não é verdade. Esse Jongseong pareceu interessado em qualquer coisa que você fizesse, não entendo o motivo para vocês não terem mantido o contato.
O tempo que Jungwon e Jongseong passaram juntos se encaixaria perfeitamente no que as pessoas diziam sobre "Tempo de Qualidade" e isso fez com que os dois esquecessem completamente de toda e qualquer ferramenta tecnológica.
— Acima de qualquer coisa, tenho que focar na minha volta para Seul. Aquele cara é perfeito demais, bonito demais, inteligente demais. Não é o tipo de cara que...
— Não é o tipo de cara que se interessaria por você? — Jaeyun perguntou, cortando a fala de Jungwon, ele não podia deixar o amigo completar uma mentira daquelas — Qual é, Jungwon? Você é um homem maravilhoso. Bonito, inteligente, tem um coração de ouro e se dá bem com todo mundo. Não é justo você continuar nutrindo esse pensamento que nunca foi seu.
Jungwon não respondeu. No fundo, ele sabia que Jake estava certo.
— Já parou para pensar que esse encontro com esse Jongseong foi coincidência demais? O que teria acontecido se você tivesse chegado no café cinco minutos antes? Ou se não tivesse começado a nevar tanto? Ele pode ser a chance que você tanto esperava.
– Eu não quero saber de romance. Se ele quisesse teria me encontrado. E além do mais, você viu de perto o tanto que o amor me destruiu. Não quero ter que passar por isso de novo.
Jake fez um gesto negativo com a cabeça e Jungwon já sabia que teria que ouvir um sermão.
– Você mesmo disse, aquilo te destruiu. Qualquer sentimento que te destrua está longe de fazer parte de um ciclo amoroso. Você merece conhecer o que é o amor de verdade, Wonnie. Mas para isso, vai ter que parar de tentar ignorar todas essas coincidências. São sinais e eu acho que vão voltar a aparecer.
– É, quem sabe? Ainda não sei se estou preparado.
— Só vai saber se tentar.
— Prometo que vou tentar. Algum dia. Por enquanto, só consigo pensar na pilha de louça que a gente deixou ontem e na preguiça que eu estou sentindo agora.
— Você também só vai saber se está com preguiça de verdade se tentar lavar a louça.
Jungwon jogou o travesseiro no rosto de Jake antes de rir até ficar vermelho.
— Tudo bem, eu lavo hoje.
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Park Sunghoon estava sentado no sofá com as pernas apoiadas na mesa de centro quando foi interrompido por Jongseong, que tropeçou nas pernas do melhor amigo, deixando um punhado de folhas amareladas caírem e se espalharem no chão.
— Quer tirar esse pé sujo de cima da minha mesa?
— Você devia estar mais preocupado com esse monte de papéis velhos caídos no chão.
— Não são velhos. É o meu manuscrito, vou mandar para a editora na próxima semana.
Jongseong empurrou Sunghoon para o lado.
– Posso dar uma olhada?
— Está fora de ordem agora que caiu, mas eu estava trazendo até aqui para você me dar sua opinião — Ele juntou os papéis e colocou nas mãos do amigo — Quero sua opinião sincera.
— Alguma vez eu menti?
— Não. E quero que continue assim.
— Ótimo. São poemas, certo? — Sunghoon perguntou, estranhando o fato do amigo ter trocado o genero de escrita para uma que, no passado, ele se recusava a escrever.
— Uhum. Você consegue ler em meia hora.
Jay observou enquanto Sunghoon organizava os papéis por ordem numérica e se sentava confortavelmente antes de começar a ler.
— Por quê você não dá uma voltinha com o Yooki enquanto eu começo a leitura?
— É uma ótima ideia. O meu café acabou, acho que vou passar no mercado. Você quer alguma coisa?
Sunghoon não tirou o olho do manuscrito e dispensou Jongseong com um gesto usando a mão.
Ele demorou cerca de uma hora, achou uma boa ideia comprar mais roupas de inverno, o clima estava tão frio e seco quanto em Nova Iorque e Jongseong precisava de um cachecol novo.
No momento em que escolhia um, pensou em Yang Jungwon.
Ele já teria se desfeito do cachecol?
Será que já estava em Seul?
Será que tinha odiado conhecer Jongseong?
Perguntas que jamais seriam respondidas, afinal, era muito improvável que eles se encontrassem outra vez.
— Às vezes você consegue ser tão burrinho — Ele disse para o seu reflexo no espelho enquanto experimentava o cachecol idêntico ao que deixara com Jungwon.
Pagou o cachecol e passou em um restaurante para pedir o jantar. Sunghoon ficaria feliz por não ter que cozinhar naquela noite.
Quando chegou em casa, encontrou suas folhas em cima da mesa de centro, todas organizadas em uma única pilha. E para o desespero de Jongseong, Sunghoon não estava com uma cara nada boa.
— Sente aqui, amor. Vamos conversar.
— Odeio quando você me chama assim, sinto que lá vem bomba. Parece que está me fazendo carinho para me bater depois.
— Quer que eu seja mais direto?
— Por favor!
Como foi pedido, Jongseong se sentou.
— Não sei como te dizer a verdade sem te magoar, mas o que eu acabei de ler foi simplesmente seu pior trabalho.
Jongseong não ficou nem um pouco magoado. Na verdade, já estava esperando por isso. Ele só precisava de alguém que lhe encorajasse a pedir mais tempo para a editora à fim de entregar um trabalho melhor.
— Você entregou uma obra de arte ao mundo no seu último lançamento. Eu seria um péssimo amigo se te deixasse entregar isso sem te dizer que sua reputação como autor iria por água abaixo.
Ele ficou em silêncio. O amigo estava certo.
— Desculpa, Jay. Fui muito rude?
— Você disse o que eu já estava pensando. Na verdade, eu pensei coisas piores.
Sunghoon pareceu estranho por alguns minutos, mas ele era inquieto e não sabia esconder quando estava ansioso para dizer algo.
— Por outro lado — Ele pegou três folhas que estavam escondidas embaixo da pilha. Jongseong já sabia do que se tratava. — Isso aqui foi a melhor coisa que você já escreveu.
O escritor queria protestar, mas Sunghoon não esperou para começar a se defender.
— Em minha defesa, eu não mexi nas suas coisas. A casa está bagunçada e eu não podia deixar nenhum documento desse tipo aqui, em cima da mesa suja de gordura.
— Filho da puta enxerido. — Jongseong disse rindo.
— Estou falando sério, Jay. Fui guardar o manuscrito no seu escritório porque a campainha tocou e eu não queria que a vizinha bisbilhotasse seu manuscrito.
— A vizinha?
— É, ela veio deixar um pedaço de torta para você. Estava deliciosa, por sinal. Eu pedi para ela entrar e ficamos conversando por um tempo. É claro que ela foi embora depois de perceber que você demoraria mais de vinte minutos para voltar.
Jay revirou os olhos. A vizinha era insistente e não tinha um pingo de vergonha na cara.
— Ela é casada, já te contei isso? Tive o desprazer de ficar preso com ela no elevador e entrei em choque quando descobri que o marido dela é trinta anos mais velho.
— Você sempre atraindo as pessoas erradas. Não me admira que esteja escrevendo tão mal ultimamente.
— Cínico. Uma vez, você disse que leria até minha lista de compras, agora está julgando minha escrita. Acha que é fácil escrever nesse lugar quando minha única inspiração é uma mulher de trinta anos que dá em cima de mim quando o marido não está em casa?
— Mentiroso. Você anda muito bem inspirado — Ele levantou as três folhas grampeadas, Jongseong corou na hora.
— É só um conto, meu amigo, nada demais.
— Só um conto? Park Jongseong, você não tem ideia do que esse conto pode causar em um leitor.
Jongseong ficou em silêncio. Ele também sabia que aquele conto era um dos melhores que ele já tinha escrito em toda a sua vida.
— Ok. Como sou seu melhor amigo, tenho que dizer algo que você talvez não queira ouvir.
— O quê?
— Você está apaixonado, meu amigo. E Yang Jungwon vai saber disso no momento que você publicar esse conto. Você o descreveu tão bem que eu já consigo imaginar como esse cara deve se parecer. E outra, você precisou de um paragrafo inteiro para descrever as covinhas dele, não acho que tenha muitos Yang Jungwons com covinhas morando em Seul nesse momento.
— Ele não vai saber, porque eu não vou publicar. Não tenho como continuar essa história, Hoonie. Preciso vê-lo outra vez.
— É tão fácil, vá atrás dele.
Ele queria dizer tudo que o impedia de tomar essa decisão. Encontrar um Yang Jungwon nascido e criado em Seul, não era a coisa mais simples do mundo.
— Do jeito que você fala, parece que é só eu sair na rua que vou esbarrar com ele.
— Você disse que ele tem um amigo, Kim Sunoo, e um outro, começa com "J " mas eu me esqueci..
— Deixa isso pra lá. Acho que o Jungwon teria me encontrado se quisesse.
Sunghoon riu.
— Com base no que você disse a ele? Duvido muito.
Jongseong parou para pensar e no fim das contas, o amigo estava certo. Ele não tinha dito nada pessoal, além do nome e a idade. Jungwon, por outro lado, se sentiu confortável para dizer coisas que ajudaria Jay a encontrá-lo se tentasse.
— Eu priorizei escutá-lo e foi a melhor escolha que eu fiz. Ele estava tão feliz, mesmo com toda aquela neve atrapalhando os planos dele. E eu queria saber sobre ele, acho que falar de mim não era tão importante naquele momento.
— Sorte sua que você é o amigo criativo e eu sou o amigo inteligente.
— Como assim?
— Você precisa de mais inspirações, então, enquanto você estava fora, fiz uma reserva para sábado à tarde. Acho que ficar preso aqui, escrevendo sobre um homem que você só viu uma vez na vida vai te deixar doente. — Sunghoon olhou a hora no relógio preso na parede — Tenho que ir, vejo você no sábado. Não adianta dizer que não vai, porque eu vou passar aqui duas horas antes. Te amo, se cuida.
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Enquanto descia as escadas, Sunghoon pensou no futuro brilhante que estava reservado para o amigo. E acabou agradecendo por ele ter escolhido o anonimato. Park desconfiava que Jongseong não saberia lidar com a fama e com todo o assédio que vinha com ela já que o amigo era uma pessoa muito mais reservada do que aparentava ser. É claro que ele estava levando em conta todas as circunstâncias, o amigo era a pessoa mais bonita que ele já conhecera, e todos os que sabiam da identidade de "Jace" tinham certeza que Jongseong venderia cerca de três vezes mais se soubessem a beleza do homem por trás da máscara, principalmente para os padrões ocidentais.
Quando finalmente chegou em casa, Sunghoon lembrou de algo importante e não demorou para pegar o celular e escrever uma mensagem para Jongseong.
"SH: E você nem negou que está apaixonado."
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Muito obrigada à todos que começaram a ler essa história. Eu dividi esse capítulo em dois. Obrigada pelos comentários e pelos votos, isso é muito importante pro crescimento da história. Me desculpem se tiver algum erro ou algum caractere solto aleatoriamente, prometo que edito assim que perceber.
Até o próximo capítulo. ❤️
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