3.Lábios macios como seda
Shanks estava extremamente satisfeito. Havia resolvido uma pendência importante com um potencial parceiro de negócios, e agora um certo alguém estava sendo vigiado, exatamente como ele planejava. O capitão do bando do Ruivo não esperava que a exigência de pagamento fosse algo tão trivial além dos recursos que ofereceu, e agora, com mais um passo de seu plano concluído, ele estava pronto para comemorar.
Com a cidade de Tortuga fervilhando ao seu redor, Shanks sabia que ficar no navio seria um desperdício. Benn e Yasopp tinham ficado para vigiar o barco, enquanto o restante da tripulação se dispersava pela cidade. Alguns já estavam a caminho do famoso bordel, outros envolvidos em competições de comida, e alguns, como sempre, estavam arrumando confusão e caindo na porrada apenas pela diversão. Shanks, no entanto, não estava interessado em nada disso. Ele queria encontrar algo mais... intrigante.
Sentado em um ponto estratégico, com uma visão clara do centro da cidade, ele permitiu que seus olhos vagassem pelas ruas movimentadas e agitadas. E foi então que ele a viu. No meio da praça, entre uma roda de mulheres que se apresentavam com danças sensuais e ritmadas, estava ela. A mulher que nublara sua mente desde o primeiro encontro.
Ela dançava com uma graça inebriante, os pés leves sobre o chão de pedras, as longas madeixas verde-água balançando ao ritmo da música como se fossem feitas de marés. O vestido que usava, em um tom glacial azulado, fluía ao seu redor como as águas do mar noturno, agarrando-se ao corpo esguio e revelando, a cada giro, uma parte do mistério que envolvia sua beleza. O tecido parecia cintilar à luz das tochas, dando a impressão de que ela era uma parte do oceano que se movia em harmonia com as estrelas.
Shanks a observava com um desejo incontrolável, seus olhos fixos nos movimentos precisos e encantadores que ela fazia. Cada volta, cada gesto com os braços, hipnotizava-o mais. Ele estava cativo, e pela primeira vez em muito tempo, o capitão se sentia... vulnerável. Seu coração acelerava conforme ela deslizava pelo círculo de mulheres, o som das pulseiras tilintando em sincronia com a música exótica.
Seus olhos se perderam nos detalhes: o vestido colado ao corpo em momentos de rotação, a luz refletindo no tecido, e o leve brilho de suor na pele dela, fazendo-a parecer ainda mais sobrenatural. A audiência ao redor aplaudia, mas Shanks mal notava. Para ele, só havia aquela mulher, a sereia que ele não conseguia esquecer.
Quando a dança chegou ao fim, o público explodiu em aplausos e gritos, mas ela não parecia buscar atenção. Sem hesitar, virou-se discretamente e saiu da roda de dançarinas, desaparecendo entre as construções à margem da praça. Shanks se levantou quase por instinto, com a necessidade de segui-la. Ele se moveu rápido, sem perder a calma, mas com os olhos fixos na figura esguia que agora se esgueirava pelas sombras.
Atravessando as ruelas tortuosas de Tortuga, ele a viu dobrar um beco estreito entre dois edifícios antigos, cujas paredes eram cobertas de musgo. O ruivo não hesitou em segui-la, até que finalmente ela parou, aparentemente ciente de sua presença. Quando se virou, seu olhar encontrou o dele, e um sorriso irônico despontou em seus lábios.
— Agora, pirata pervertido, você virou o meu perseguidor? — Ela ironizou, cruzando os braços e olhando para ele com um brilho divertido nos olhos.
Shanks soltou uma gargalhada baixa, aproximando-se lentamente esfregando a parte detrás da cabeça com seu único braço.
— Olha, eu não esperava encontrar uma mulher tão irritadinha. — Ele respondeu com um sorriso zombeteiro, enquanto seus olhos a acompanhavam entrando ainda mais fundo no beco, as sombras envolvendo sua silhueta.
— Talvez você esteja subestimando a minha paciência. — Ela replicou, mas mesmo com o tom provocador, havia algo mais profundo em seu olhar. Algo que o atraía como um farol no meio da escuridão.
O jogo entre os dois estava apenas começando, e Shanks sabia que, daquela vez, ele estava diante de algo mais complexo e cativante do quê um simples tesouro.
Shanks continuava a segui-la, encantado pela maneira como ela cantarolava uma melodia suave e aparentemente casual, mas cheia de mistério. O beco, apesar das paredes cobertas de musgo, era limpo, o que surpreendia o ruivo, conhecendo bem a fama caótica e suja de Tortuga. Um lugar onde piratas, em sua maioria, só se preocupavam em comer, beber, brigar e... bem, foder.
O silêncio foi rompido pela voz doce dela, que ecoou no estreito beco.
— O que espera conseguir de mim, pirata? — Ela perguntou, girando levemente para encará-lo, deixando que seus olhos capturassem a beleza de seu rosto antes de voltar a caminhar. — Se está pensando que sou algum tipo de prostituta, vou ter que lembrá-lo do tapa de ontem?
Shanks riu baixo, alisando o queixo como se ainda sentisse o impacto do tapa do dia anterior. Seus olhos brilharam com um toque de provocação, mas também de admiração.
— Pelo menos, se for me bater, me deixe dar um motivo. — Ele respondeu, com um sorriso maroto, observando cada movimento dela.
Quando finalmente ela parou diante de uma porta discreta, o cheiro suave de rosas invadiu o ambiente ao redor. O aroma contrastava com a crueza do beco, dando um toque inesperado de delicadeza e mistério. Ela abriu a porta atrás de si e parou, olhando-o intensamente. O ar parecia mais denso ali, e o silêncio entre eles era elétrico, cheio de significados não ditos. Como poderia meros desconhecidos estarem tão... envolvidos?
— Então, o que você vai fazer, capitão? — Ela provocou, com um olhar desafiador, a mão ainda na porta. O ruivo sentiu o desejo crescer mais uma vez, irresistível e indomável, enquanto o aroma das rosas parecia intoxicá-lo.
"Ela só pode ser uma maldita sereia!" Pensou antes de agir por impulso, algo que não fazia parte de si, quando viu já havia envolvido a cintura dela com seu único braço e a trazia mais para si.
Ela arfou suavemente ao sentir o braço forte de Shanks envolver sua cintura, erguendo-a do chão com uma facilidade impressionante. O toque inesperado a pegou de surpresa, mas ao invés de reagir com raiva ou resistência, algo dentro dela hesitou. Os olhos dele, intensos e cheios de um desejo ardente, a mantinham presa, como se uma corrente invisível a puxasse para mais perto.
No fundo, ela sabia que gostava das provocações, de cada momento carregado de tensão durante os dois dias em que ele frequentou a taberna. Aquele joguinho entre eles a fazia sentir viva de uma maneira que não experimentava há muito tempo.
Ao ouvir as palavras dele, uma nova onda de calor subiu por seu corpo, e seus olhos instintivamente desceram para os lábios do ruivo, que esboçavam um sorriso malicioso, como se ele já soubesse o efeito que tinha sobre ela.
— E então, sereia, vai me bater novamente? — A voz dele soou rouca, cheia de provocação.
Ela engoliu em seco, sentindo o coração bater mais rápido. Por mais que sua mente gritasse para recuar, seu corpo traía suas intenções. Com a respiração pesada, ela percebeu o quanto aquela proximidade a afetava.
— Parece que temos o mesmo interesse, não? — Shanks murmurou, os olhos fixos nos dela, mas ocasionalmente descendo para sua boca, como se já imaginasse o gosto de seus lábios.
Ela podia sentir a pressão crescente entre eles, um campo magnético inegável que os puxava cada vez mais perto. A tensão era palpável, o ar ao redor deles parecia carregado de eletricidade. Ainda que houvesse a hesitação de ceder, sabia que estava à beira de cruzar uma linha.
— Talvez... — Ela finalmente murmurou, a voz baixa, quase inaudível, mas os olhos não desviavam dos dele. — Ou talvez você esteja esperando algo que eu não vou dar tão facilmente.
Mas suas palavras não conseguiam mascarar a verdade que seu corpo transmitia. Onde os lábios praticamente já se roçavam sendo possível sentir as respirações compartilhadas, as mãos dela aos poucos se perdiam nas madeixas vermelhas, a boca bem desenhada e carnuda sendo pressionada na dele calmamente sentindo o gosto de rum recente. Shanks simplesmente buscou por ela, a reivindicando plenamente, a língua dando a ela o exato sabor alcoólico que exalava enquanto leves suspiros escapavam entre os arfares, daquele beijo intenso.
O encaixe era perfeito, o toque na medida certa aquecendo cada célula de seu ser e o ruivo ainda estava mantendo o controle, pelo menos queria crer nisso. As carícias dela desceram pela nuca arranhando de leve e se agarrando no pescoço largo aquela altura os corpos grudados se reconheciam plenamente pelo leve atrito gostoso que ocorria, a ar foi puxado entre as brechas de ambas as bocas que pareciam não querer se desgrudar e quando ocorreu o olhar penetrante de Shanks parecia queimar a pele dela completamente.
— Quanto mais difícil, mais gosto de te conquistar, sereia. — Ele murmurou, mordendo seu lábio inferior com intensidade, o que arrancou um suspiro audível dela antes de invadir os lábios em um beijo sem qualquer resquício de pudor, como se quisesse se gravar na alma.
Era um beijo selvagem, sem amarras, carregado de desejo reprimido. Cada toque de suas línguas, cada pressão de seus corpos, parecia uma dança descompassada e ao mesmo tempo perfeitamente sincronizada. Ele não queria apenas o corpo dela; queria deixá-la marcada, gravada em sua memória e na sua pele.
Ela sentiu os joelhos fraquejarem por um instante, mas agarrou-se mais forte ao pescoço dele, incapaz de resistir à intensidade do momento. As respirações ofegantes se misturavam, e por um segundo, tudo ao redor desapareceu. Não havia mais a taberna, o beco ou a cidade de Tortuga. Havia apenas eles dois, presos em um laço perigoso, mas irresistível onde os lábios da sereia chegavam a estar vermelhos ao receber o que considerou o melhor beijo de toda a sua vida.
Os lábios da sereia, agora vermelhos e inchados, testemunhavam a intensidade daquele momento. Ela ofegava levemente, sentindo o calor irradiar pelo corpo, enquanto Shanks a olhava com uma mistura de desejo e satisfação.
A mente dela girava, tentando processar como um beijo poderia ser tão avassalador, tão definitivo. Era como se todas as barreiras que havia construído para se proteger tivessem sido desfeitas em um único instante.
Shanks a observava com um sorriso satisfeito, o olhar fixo em seus lábios vermelhos, claramente orgulhoso do efeito que tinha causado. Seus dedos deslizaram pela cintura dela, acariciando levemente, enquanto ele a puxava mais uma vez para perto, sem pressa, como se quisesse prolongar o momento indefinidamente.
— Acho que gostou, não foi? — ele provocou, com aquela voz rouca e carregada de malícia.
Ela respirou fundo, ainda sem fôlego, sem saber se devia responder ou ceder à tentação de beijá-lo novamente. Era impossível negar: ele tinha deixado uma marca, algo que ela não esqueceria tão cedo.
E assim simplesmente o beijou novamente. Deixaria para se preocupar com o restante daquela sensação depois.
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