Capítulo 44

Jasmine Lestrange.

Flashback

Sentada no barquinho que atravessava o grande Lago Negro de Hogwarts, o observava com um enorme sorriso no rosto. Com meu corpo inclinado levemente para trás para visualizar melhor o movimento sutil da água escura, estico minha mão para tocá-la, ignorando todos os avisos dados pela minha família sobre os terrores que se habitam nela, e, rapidamente sinto da temperatura gelada da mesma.

- Não faz isso! - exclama uma voz infantil e masculina ao meu lado, fazendo com que eu tirasse a mão na hora pelo susto - Minha mãe disse que tem monstros aí dentro que podem te puxar - ele sussurra como se fosse um segredo.

Viro levemente minha cabeça para o lado encontrando um garoto de cabelos negros até o ombro e na mesma posição que estava. Ele só não estava com as mãos no lago, mas estava debruçado sobre o barquinho também olhando os movimentos das águas. Os olhos eram tão escuros quanto seus cabelos, quase se comparando a cor da água a nossa frente.

- Não resisti - afirmo baixinho, voltando minha mão para barquinho.

Volto meu olhar para a água e sinto ele fazer o mesmo, ambos na mesma posição para observar o Lago a nossa frente. Estávamos quietos, nenhum dizia nenhuma palavra, não queríamos acabar com o clima de felicidade interna que sentíamos por estarmos indo para Hogwarts.

Alguns minutos depois, começo a notar luzes refletindo na água, fazendo com que abrisse um sorriso na hora ao notar o Castelo se aproximando, e como o garoto ao meu lado lesse meus pensamentos, ele se virou para me encarar e ao mesmo tempo, viramos nosso corpo para frente vendo que Hogwarts estava cada vez maior.

- Qual seu nome? - pergunto ansiosa para meu primeiro amigo nessa escola.

- Severus Snape - fala baixinho seu sobrenome e estende a mão timidamente.

- Sou Jasmine Lestrange - me apresento vendo o mesmo arregalar levemente os olhos enquanto apertava minha mão em um cumprimento.

- Lestrange? - indaga e afirmo com a cabeça - Minha mãe já estudou com um Lestrange também e eles eram super amigos - fala alegre e inocentemente.

Em um movimento rápido e impulsivo, agarro Severus pelos ombros em um abraço apertado e desajeitado, fazendo o mesmo arregalar os olhos pelo contato repentino.

- Isso é demais - exclamo eufórica - Sabe o que quer dizer? - indago quando me separo dele vendo sua feição de confuso, negando com a cabeça - É um sinal de que seremos melhores amigos - o abraço novamente fazendo-o soltar um riso e retribuir o gesto.

- Você é pirada - Severus afirma depois de nos separar do abraço me fazendo dar de ombros.

Entrelaço nossos braços e olhamos para frente, vendo que nosso barquinho já estava em terra firme e que os primeiranistas já estavam desembarcando. Nos separamos brevemente apenas para sairmos e entrelaçamos nossos braços novamente. Agora caminhávamos pelos enormes corredores de Hogwarts observando todo o ambiente.

Severus era um garoto tímido e na dele, quase não falava a não ser quando se era perguntado algo. Observava mais do que abria a boca enquanto eu, não parava de despejar perguntas para cima dele. Ele mantinha um brilho no olhar e um pequeno sorriso nos lábios.

Adentramos juntos e com os braços ainda entrelaçados o Salão Principal, vendo velas flutuando por todo o ambiente, o teto estrelado dando um ar a mais de magia, as mesas milimetricamente enfileiradas, as vozes animadas dos alunos mais antigos, os professores sentados sem suas cadeiras. Tudo era incrivelmente encantador.

- Sabia que o teto é encantado para parecer o céu lá fora? - Severus pergunta baixinho enquanto caminhávamos pelo pequeno corredor até onde um senhor de idade e barbudo se encontrava, ao lado de um banquinho com um chapéu velho em cima.

Nego com a cabeça com os olhos brilhando.

- Como sabe?

- Minha mãe me contou - dá de ombros e volta a olhar ao redor.

- Para qual casa pretende ir? - pergunto a Severus que olhava tudo com os olhos brilhando.

- Mesmo casa da minha mãe, Sonserina - responde simples - E você?

- Sonserina também - respondo com um sorriso no rosto - Espero que a gente fique juntos - falo e ele afirma com a cabeça.

...

Meus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar. Segurava uma foto em minhas mãos enquanto ficava intercalando meu olhar nela e na janela a minha frente, observando os flocos de neve caindo sem dó por todo o terreno da Mansão Riddle.

A foto era simples e com um imenso significado para mim.

Eu e Severus depois de sermos selecionados para a Sonserina. Nos sentamos lado a lado na mesa e rapidamente o apresentei para meus irmãos que estavam felizes pela minha primeira amizade. Rabastan logo tratou de tirar uma foto e mandar para nossa mãe, foto essa que ela guardou até hoje e que agora, estava comigo. Meu primeiro amigo em Hogwarts, meu melhor amigo e companheiro.

Eu e ele, lado a lado, com nossos braços no ombro um do outro, como um abraço e enormes sorrisos no rosto, apesar do de Snape ser mais contido que o meu, mas ainda sim, sorrisos animados e felizes.

Uma lágrima cai de meus olhos e não limpo. Estava com meu coração destroçado, havia perdido meu melhor amigo e era uma dor insuportável.

Depois que Mattheo havia voltado da missão, ele foi passar o relatório para seu pai e agora, por ser quase uma Riddle, participava dessas pequenas reuniões. Fiquei ao seu lado por todos os minutos dessa longa conversa e a minha frente, Celeste se sentava com uma expressão indecifrável. Algumas coisas que saiam da boca dele me deixavam mais assustada do que outras, mas foi quando ouvi que Severus estava morto que meu mundo caiu.

Não consegui esconder minha surpresa. Voldemort não se importou nenhum pouco em me olhar, mas Mattheo e Celeste me olharam com pesar e tristeza.

E foi quando toda aquela tortura acabou que sai o mais rápido possível daquele cômodo sufocante, correndo para o quarto de Mattheo e me jogando na cama em seguida. Sem mais aguentar toda aquela dor que reprimia, começo a chorar desesperadamente encolhida sobre os lençóis de Riddle. Meu corpo dava espasmos pelo soluço ao mesmo tempo que tremia incontrolavelmente pelos sentimentos agonizantes que estava sentindo.

Escuto o barulho de porta se abrindo e me encolho mais ainda, escondendo meu rosto sobre os travesseiros. Sinto o meu lado de trás da cama afundar e braços me rodearem, fazendo meu choro aumentar ainda mais. Me viro e abraço o corpo de Mattheo, molhando toda a sua camisa de lágrimas.

- Amor - sussurra com a voz pesada e nego com a cabeça, me agarrando mais à ele.

Não precisava de consolo agora, precisava chorar e acabar com toda essa dor no meu coração. Foram sete anos ao lado de Severus, ele foi meu melhor amigo, conselheiro, parceiro de estudo e foi quem me apoiou quando terminei com Sirius. Snape foi meu primeiro amigo em Hogwarts e não conseguia acreditar que por uma tentativa de tentar se encaixar em um grupo, havia perdido sua vida.

Não sabia por quanto tempo tinha ficado naquela posição com Mattheo, mas meus olhos ardiam de tanto chorar e não tinha mais nenhuma lágrima para sair. Só soltava altos soluços agarrada a única pessoa que era meu mundo e que conseguia tirar um pouco da dor que sentia.

A janela de seu quarto estava sem a cortina na frente, fazendo com que eu ficasse encarando o lado de fora através dela. Observava os flocos de neve caindo por todo o terreno da residência, deixando tudo ao redor esbranquiçado. O frio, que até agora não havia sentido por causa de um feitiço que Mattheo jogara no quarto, estava sendo bastante bem vindo no momento. Só queria colocar um casaco, me cobrir com grossas cobertas, abrir a janela e ficar abraçada à Mattheo, apenas para sentir meus ossos congelarem, me livrando da dor do coração.

O clima deixava tudo mais triste ainda.

Escuto um grito de dor vindo do andar de baixo e algo se chocando contra a parede, fazendo dar um pequeno pulo de susto. Reconhecia aquele grito de longe.

Era Walburga Black.

E como um estalo em minha cabeça, lembrei de que Severus não havia sido o único a morrer no ataque, Régulus também estava lá e também havia perdido sua vida.

Minha cabeça dá uma longa e dolorida latejada e solto mais um soluço, sentindo as lágrimas caírem novamente pelo meu rosto. Como havia esquecido de Régulus?

Não era tão próxima à ele quanto era com Severus, mas por longos meses, ele havia passado a ser meu irmão mais novo. E eu havia gostado muito de ser uma irmã mais velha. Os sentimentos de tristeza e dor voltam a tona rapidamente.

E pela primeira vez em meses, estava pensando em Sirius novamente, fazendo meu coração doer de tristeza. Régulus era seu irmão e estava morto. E ele ainda não sabia, alguém tinha que contar para ele. Sirius não pode viver achando que seu irmão está vivo e sendo um Comensal por escolha.

- Tenho que falar com Sirius - afirmo pulando da cama e pegando minha varinha, secando minhas lágrimas em seguida.

Mattheo se levanta na mesma hora, tirando minha varinha de minhas mãos e jogando em qualquer canto. O olho indignada e com a boca levemente aberta.

- Não vai não - ele afirma em um tom sério.

- Eu preciso falar que o seu irmão está morto - disse o óbvio, vendo ele cruzar os braços no peito e arquear as sobrancelhas, negando com a cabeça.

- Isso não é mais um problema seu - fala calmamente - Deixe que Walburga mande o recado.

Cansada demais para discutir, apenas reviro os olhos e os fecho em seguida, colocando a mão na testa. A dor estava insuportável. Sento na ponta da cama e solto um suspiro seguido de soluço, meu olhos estavam baixos e tristes. Junto minhas mãos e começo a brincar com meus dedos.

Escuto um suspiro de Mattheo e passos dele pelo quarto. Ele pega sua varinha que estava jogada fazendo um movimento leve murmurando "abaffiato" , em seguida, e chega perto de mim rapidamente, me abraçando com toda a vontade que tinha e limpando minhas lágrimas, que caíam novamente pelo meu rosto.

- Amor - coloca suas mãos em meu ombros, me forçando a olhar para ele - Respira fundo e fique calma - ele pede fazendo lágrimas dos meus olhos caírem automaticamente e nego com a cabeça rapidamente, tentando sair de seu aperto.

- Não consigo - afirmo com a voz embargada - Ele era meu melhor amigo e ainda tem o Régulus - meu choro aumenta - Ele era só uma criança - murmuro me sentindo derrotada por não tê-lo protegido.

- Hey - Mattheo me chama novamente, erguendo minha cabeça com seu dedo, me forçando a olhá-lo, ele acaricia minha bochecha com seu dedão - Me escuta com atenção ok? - pede e suspiro cansada, assentindo - Tem que prometer para mim que não falará para ninguém, nem para seus irmãos ou mãe, para ninguém mesmo - fala e fico confusa - Me promete?

Afirmo com a cabeça e ele me encara novamente, levantando suas sobrancelhas.

- Eu prometo - afirmo com um fio de voz fazendo Mattheo abrir um sorriso.

- Eles não estão mortos.

- O que? - pergunto assustada e me levanto rapidamente, ficando a sua frente.

Mattheo apenas abre um sorriso pequeno e afirma com a cabeça.

✦ Oi seguimores, estão bem? Espero que sim.

✦ O que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado.

Beijinhos no coração e não esqueçam de comentar e votar.


Hey babys, desculpa o sumiço, a vida de adulto é um saco.

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