Capítulo 32
♛
Hogwarts.
Severus Snape.
Saio da biblioteca ajeitando minha gravata nervosamente. Estava suando frio e desconfiado, olhava para todos os lados enquanto andava.
Sigo para meu dormitório, o encontrando vazio e suspiro em alívio.
O que Régulos queria dizer com aquilo?
Se eu ainda me via como Comensal?
Já tem um longo tempo que não pensava mais nisso, na verdade, tinha até me esquecido da marca em meu braço. Ela já não doía a um tempo. Já não torturava alguém a um tempo.
Desde que Jasmine e Mattheo começaram a sair, para ser mais exato.
Riddle esqueceu completamente de suas obrigações e não posso o culpar. Com Marissol em minha vida, também esqueci de coisas, que antigamente, eram importantes para mim e que hoje eu vejo que nunca foram.
Eu ainda me via como comensal?
A marca em meu braço diz que sim.
O meu coração e subconsciente dizem que não.
Levanto a manga do meu braço, pronuncio um feitiço e ela aparece. Automaticamente meu estômago se embrulha e sinto vontade de vomitar.
Antes eu me orgulhava. Hoje, sinto nojo de mim mesmo por ter isso em meu corpo.
Encaro aquele desenho de caveira com cobra e solto um suspiro.
Deito em minha cama extremamente confuso.
Os irmãos Black são pessoas complicadas que vieram de uma família mais complicada ainda, mas uma coisa eu tenho que dar o braço a torcer. Eles não eram como sua família.
Sirius é completamente o oposto de seus pais. Um Black na Grifinória já diz o suficiente. Ele renega todos os ensinamentos e crenças que foram dadas em sua criação.
Agora Régulos, apesar dele ser um Sonserino, também não é nada parecido com os pais, bom, talvez quando era menor, já que o mesmo queria a aprovação dos pais... e quem não quer? Sei que ele mudou, as suas atitudes e pensamentos dizem que sim. E agora ele vem com esse papo do nada?
Sei que ele ainda não é um comensal marcado o que será questão de tempo para isso mudar.
Será que ele encontrou uma maneira de sair dessa situação? E se encontrou, porque ele me chamaria? Nunca fomos próximos, mas vejo as mudanças nele. Será que ele também viu alguma coisa em mim?
E se isso for um teste?
Solto um suspiro em agonia com tantos pensamentos.
Eu nunca contei essa parte da minha vida para Marissol, sempre tive medo de sua reação. Se ela terminar comigo? Bom, uma coisa é certa, eu tenho que contar para ela, ainda mais esse ano que será o nosso último.
E por causa desses pensamentos, aqui estava eu, caminhando calmamente com as mãos nos bolsos em direção a estufa. Sei que Marissol vai estar ensinando alguns primeiranista em dúvida com Herbologia.
E voilà, lá estava ela toda linda com um enorme sorriso em seu rosto, com um coque mal feito e com suas bochechas, luvas e avental sujos de terra. Fico a encarando da porta, com um singelo sorriso em meu rosto. Ela estava linda.
Marissol rapidamente me olha e abre um enorme sorriso que aquece meu coração na hora.
- Por hoje é só, queridos - ela pronuncia para os cinco alunos a sua volta
Abro um sorriso quando os vejo triste e reclamarem. Também fico assim quando tenho que me separar dela.
Marissol aparece em minha frente, toda arrumada e me dá um selinho rápido. Escutamos umas reclamações de nojo logo atrás me fazendo gargalhar
- Quando forem mais velhos não irão sentir nojo - falo debochadamente e sinto um tapa em meu braço
- Não diz isso, são crianças - Marissol fala levemente vermelha
Abro um sorriso e confirmo, pego em sua mão entrelaçando nossos dedos, para sair da estufa.
- Amor, podemos passar em meu dormitório rapidinho? - ela pergunta - Preciso de um banho - ela termina e afirmo com a cabeça.
Já em seu quarto, Marissol rapidamente pega uma muda de roupa e uma toalha, indo para seu banheiro em seguida.
Fico deitado em sua cama de barriga para cima e os braços cruzados na cabeça, apenas a esperando.
Olho em volta e vejo que não tem ninguém, talvez seja um sinal para eu conversar com ela. Não posso mais adiar isso, se não for agora, não falarei nunca mais e isso sim, poderá afetar meu relacionamento no futuro.
Pronuncio rapidamente o abaffiato.
Alguns minutos depois, apenas pensamento de que forma falarei com ela, sinto um maravilhoso cheiro de lavanda no quarto e automaticamente meus olhos vão para a porta do banheiro.
Marissol estava com seu uniforme limpo e cabelos molhados, com um enorme sorriso no rosto, no qual não consigo não sorrir.
Ela começa a se ajeitar para a próxima aula. Solto um suspiro.
- Sol - começo timidamente me sentando em sua cama, fazendo a mesma me olhar - Precisamos conversar - aviso e vejo seu sorriso murchar
Ela afirma com a cabeça se sentando ao meu lado, enquanto eu me levantava para andar de um lado para o outro, nervoso.
Escuto um suspiro
- Vai terminar comigo, não vai? - ela pergunta com seus olhos cheios de lágrimas
Me ajoelho em sua frente e pego seu rosto com as minhas duas mãos.
- Eu nunca terminaria com você, meu Sol - respondo e vejo um pequeno sorriso crescer em seus lábios - Porém o que tenho para te falar é algo sério, e vou entender se no final dessa conversa, você terminar comigo - completo com a voz baixa e ela me olha confusa
- O que houve de tão grave para estar assim, meu bem? - ela pergunta pegando meu rosto e dando um leve selinho em meus lábios
Sento em sua cama novamente, de forma que meu corpo ficasse todo para frente dela e cruzo minhas pernas, Marissol se ajeita, ficando na mesma posição que eu. Agora de frente um para o outro, pego em suas mãos, as acariciando e beijo cada uma delas.
Fecho os olhos e respiro fundo para tomar coragem.
- Você sabe que antes de te conhecer, eu era uma pessoa amargurada e sem uma expectativa boa de futuro, não sabe? - começo e ela afirma tristemente - Sabe também que um dos meus colega de quarto é o Mattheo, certo? - pergunto novamente, como se estivesse falando com uma criança, e ela novamente afirma - Você sabe quem é o pai dele, certo? - pergunto e ela me olha zangada
- Claro que sei, Severus. Você não está falando com uma criança, anda logo e fala de uma vez, não fica enrolando - ela fala nervosamente e respiro fundo mais um vez
- Só estava tentando te explicar - falo baixinho e abaixo meu olhar, com algumas lágrimas em meus olhos - Eu sou um comensal - solto de uma vez em alto e bom som, olhando diretamente em seus olhos, que agora me encaravam com uma certo mágoa e tristeza
Ela se levanta e começa a andar de um lado para o outro, com as mãos na cabeça
- Por que? - ela pergunta chorosa
- Foi como eu te disse - começo me levantando para ficar em sua frente - Eu era uma pessoa amargurada e triste, tinha uma paixonite não correspondida que vivia me humilhando, junto com seus grupos de amigos. Era mente fraca e cheio de raiva, não foi nada difícil para me juntar à eles - solto um suspiro triste e escuto o choro de Marissol - Eu não quero mais isso, Sol - volto a falar pegando em seu rosto e olhando em seus olhos - Você me mudou, mudou meus pensamentos e expectativas de vida. Agora eu quero estar ao seu lado sempre, quero uma família ao seu lado, quero um lar estável e cheio de amor - pronuncio sentindo as lágrimas caírem livremente
- Porque não me contou antes? - ela pergunta com a voz embargada de choro
- Tive medo da sua reação - respondo
Marissol se desvencilha de mim e começa a chorar enquanto andava de um lado para o outro
- Precisamos pensar em alguma solução - ela fala e solto um suspiro
- Não sei se tem alguma solução - murmuro
Marissol começa a negar com a cabeça
- E se falarmos com o Mattheo? Ele pode falar com o pai dele e quem sabe ele não te liberta? - ela soltava desesperada me fazendo abrir um sorriso triste
Eles nunca entenderiam e muito menos me dariam a liberdade
- É, posso tentar - respondo triste sabendo que isso seria impossível
- Sim, você vai conseguir. Eles vão entender o quanto a gente se ama e que não fazemos mais parte disso - ela fala com tanta vontade que parecia que ela acreditava no que falava, mas vejo em seus olhos que ela sabia que isso era impossível
Um escape da realidade, talvez.
Ela vem até mim com um sorriso, triste, que ela tentava deixar o mais encorajador possível e me abraça, me dando um selinho em seguida.
- Nós vamos conseguir - ela afirma
- Sim, nós vamos - afirmo em seguida, mesmo sabendo que é uma mentira
[...]
Passei a próxima semana apenas com isso na cabeça, se devia ou não falar com Régulos. Confesso que passei o ignorando, queria ver até onde isso ia. Queria ter a certeza que não era um teste e por fim, vejo que não.
Tentei entrar em sua mente algumas vezes e descobri que ele é um excelente oclumente. O que me fez ficar bastante irritado.
Irritado por isso não ter dado certo e saber que teria que falar pessoalmente com ele. Por isso, tomo coragem e vou até ele para saber o porquê da sua pergunta.
Estava a uns 15 minutos sentado em sua cama, esperando o mesmo, já com o abaffiato jogado em cada metro quadrado daquele cômodo.
Enfim vejo a porta ser aberta e um Régulos entrando no quarto todo atrapalhado com livros cobrindo até seu rosto. Ele coloca em sua mesa de estudos e se vira, me olhando em surpresa.
- Precisamos conversar - pronuncio sem dar nenhuma brecha para ele, fazendo o mesmo levantar as sobrancelhas
Black cruza os braços em seu peito
- O que faz aqui? - ele pergunta e solto um riso em deboche
- Você sabe o que eu faço aqui, Black, não se faça de desentendido - respondo um pouco sem paciência
- Então pensou no que eu disse? - ele pergunta e afirmo com a cabeça - E qual é a sua resposta? - pergunta novamente e nego
- Quero saber primeiro o porquê de me ter feito aquela pergunta - respondo e ele me encara
Ficamos uns 10 minutos nos encarando, vendo quem sedia primeiro.
Régulos solta um suspiro
- Como saber se posso confiar em você? - ele pergunta e dou de ombros
- Não sabe - respondo - Você vai ter que confiar assim como vou ter que confiar em você - termino de falar e ele solta um suspiro em derrota
Régulos puxa sua cadeira da mesa de estudos e senta de braços cruzados, ainda me encarando.
- Talvez tenha uma chance dele ser derrotado - ele solta do nada me fazendo arregalar os olhos
- O que? - pergunto totalmente surpreso
- Isso mesmo que ouviu - ele fala - Sabendo disso, que ele tem uma chance ser derrotado, você se arriscaria para tal feito? - ele pergunta e nada faço
Ainda estava muito chocado para processar essas palavras
- Como você sabe? - pergunto levemente desconfiado
- Talvez eu possa ter escutado uma conversa e nela, foi mencionado uma coisa, e, que deveria ser guardado e protegido, tão protegido que qualquer pessoa poderia morrer tentando pegar - ele fala
- E como você sabe que essa coisa poderia matá-lo? - pergunto com a cabeça queimando em tantas possibilidades
- Por que essa coisa está muito bem protegida e guardada - ele faz uma pausa - Pense bem Severus, se você tem algo que poderia te machucar ou até mesmo te matar, você deixaria para qualquer um ver e pegar? Não, você esconderia como se sua vida dependesse disso... e depende, de certa forma, você o guardaria a sete chaves, não concorda? - ele pergunta e afirmo com a cabeça
- Realmente, se algo pudesse me matar eu esconderia - murmuro ainda pensativo- E suponho que saiba que coisa seja essa - afirmo olhando em seus olhos, que balança a cabeça positivamente
Abaixo a cabeça pensando em mil coisas ao mesmo tempo. Talvez essa seja a minha chance.
- Por que? - pergunto depois de um tempo e ele me encara confuso - Por que fazer isso? Você e sua família sairiam ganhando com a vitória dele - termino e vejo Régulos encolher seu ombro
- Eu não sou como meus pais, eu não faço parte daquela família e fora que, não quero viver do mesmo jeito que eles - ele faz uma pausa para respirar fundo - Quero ser livre para fazer minhas próprias escolhas - ele termina com mágoa em sua voz
Afirmo com a cabeça
- Por onde começamos? - pergunto depois de alguns minutos pensando em todas as possibilidades possíveis.
E é bem provável que morremos, mas pelo menos saberei que tentei.
Régulos me olha sem nenhuma expressão
- Porque fazer isso? - ele pergunta e abro um meio sorriso
- Do mesmo jeito que você quer ser livre, eu também quero. Quero uma vida estável ao lado de Marissol - respondo e ele abre um pequeno sorriso enquanto afirmava com a cabeça
Ele entedia meus motivos, até porque, eram os mesmos que o dele.
- Primeiro de tudo, precisamos saber o que é uma Horcrux - ele fala enquanto pegava dois livros e me entrega um, enquanto folheava o outro, me fazendo o olhar confuso.
⸻⸻⸻⸻⸻⸻⸻⸻⸻⸻⸻⸻⸻
♛
Oi amores, por hoje é só. Gostaram dessa mini maratona de 5 capítulos?
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top