capítulo cinquenta
enfim, o último capítulo.
antes de começar me digam: o que vcs esperam desse capítulo?
•
Casados.
Eu mal podia acreditar.
Finalmente, eu podia olhar para aquele anel prateado em meu dedo e pensar "Eu sou a senhora Tarasova". Eu tinha um marido. Eu estava casada com o amor da minha vida. E eu mal podia esperar para passar o resto da minha vida com ele.
Assim que a festa encerrou, restando apenas nós e nossa família, eu fui para o camarim trocar de roupa. Afinal, estávamos indo direto para nossa lua de mel, eu simplesmente não poderia aparecer no avião com aquele vestidão de noiva. Então, troquei para algo mais simples, um vestido longo, liso e branco que escorria pelo meu corpo, bem justo nas áreas que acentuavam minhas belas curvas.
A parte difícil foi me despedir da família, claro — apesar da nossa lua de mel durar apenas quinze dias. Nossa família. Porque agora eu era oficialmente parente dos Tarasova. Ou melhor, eu era uma Tarasova. Elaine Tarasova. Eu sorria de orelha a orelha só de pensar.
Nos despedimos da minha mãe, de Amara, dos gêmeos, Henry e Kessie, de Dimitri e, por fim, Naira — que estivera melhor desde aquele momento estranho antes da cerimônia, então nem quis tocar no assunto. Assim, entramos na limousine branca que dizia "recém-casados" na parte de trás, acenando para todos e gritando despedidas. Quando o veículo deu partida, observei aquelas pessoas que eu tanto amava desaparecerem em minha vista, animada para começar esse novo capítulo sendo parte da família.
Nikolai não tinha permissão para usar os jatinhos particulares de Amara, então nossa viagem seria feita em aviões comuns — mas na primeira classe. No momento em que nos sentamos nas poltronas, uma aeromoça gentil perguntaram se queríamos algo. Falei à Nikolai que pedisse duas taças de champanhe para brindarmos, e ele foi isso que ele fez. Quando a aeromoça nos deixou, finalmente pude me concentrar totalmente no meu marido, apenas nós dois a sós. E eu não poderia estar mais feliz.
— Como está se sentindo, senhora Tarasova? — indagou Nikolai, num tom divertindo, erguendo sua mão para se entrelaçar com a minha. Nossas poltronas eram viradas de frente uma para outra, com uma mesinha entre nós.
— Mais feliz do que nunca, senhor Tarasova. — respondi, e meu marido se inclinou para depositar um beijo em minhas mãos.
— Eu sou o homem mais feliz do mundo. — disse ele. — De verdade, não há ninguém nesse mundo que seja mais feliz do que eu.
— Eu duvido muito. Acho que eu estou mais feliz do que você.
Nikolai balançou a cabeça em negação.
— Impossível. Eu tenho o privilégio de ser casado com essa mulher mais maravilhosa do mundo diante de mim. Não tem como ser mais feliz que isso. É impossível.
Antes que eu pudesse responder, a aeromoça trouxe nossas bebidas.
— Um brinde a nós. — falei, erguendo a minha taça. Nikolai sorria de orelha a orelha quando encostou a sua na minha, produzindo um tilintar.
— E ao futuro maravilhoso que nos espera.
Assenti, ambos tomamos goles das nossas bebidas.
— Para aonde vamos mesmo? — questionei, virando o rosto para ver as nuvens que passavam pela janela do avião.
— Vamos viajar Europa toda. Espero fazer amor com você em todos aqueles belos países.
Não pude conter a risadinha que escapou meus lábios. Então, gradualmente, eu estava tão cansada que acabei pegando no sono sem perceber.
.
— Senhor e Senhora Tarasova?
Acordei com aquela mesma aeromoça que servira nossas bebidas nos acordando de supetão. Nikolai, ao que parece, tinha pegado no sono também.
— Está tudo bem? — perguntou meu marido, esfregando os olhos e com a voz rouca e sonolenta. A aeromoça balançou a cabeça em negação.
— Infelizmente, o avião teve alguns problemas e tivemos que fazer um pouso forçado em Miami.
Eu e Nikolai nos entreolhamos, preocupados. Eu não era parte da máfia, e ele estava banido, então não tinha problemas se estivéssemos ali. Contudo, ainda assim, era... perto demais do meu pai. E tudo aquilo de problemas no avião... parecia suspeito, nenhum de nós podia negar.
— Podemos oferecer uma estadia de graça no hotel próximo do aeroporto para passarem a noite. — sugeriu a aeromoça, me fazendo olhar para a janela. Estava, de fato, anoitecendo. — E garanto que terão os melhores assentos no primeiro voo de amanhã.
— Agradecemos pelo hotel, mas vamos aceitar apenas o voo. — disse Nikolai, e eu entendi o motivo. Meu marido tinha uma mansão fortificada em Miami; estaríamos muito mais seguros lá do que num hotel desconhecido.
— Está bem, então. — a aeromoça assentiu. — Sinto muito pelo incômodo mais uma vez.
— Sem problemas. — ofereci-lhe um sorriso.
Dessa forma, segurando firme em minha mão e fazendo questão de não soltá-la nunca, Nikolai nos encaminhou para fora do avião. Nossos seguranças pegaram nossas malas — enquanto eu levei a caixa de transporte onde estava com novo cãozinho, Salvador —, nós chamamos um dos seus motoristas do local para nos buscar no aeroporto e nos levar até aquela mansão.
Fiquei encolhida, abraçada em Nikolai durante todo o trajeto. Não era segredo que eu estava com medo. Estávamos no território do meu pai, do Comerciante de Almas. Eu mal sabia se ia conseguir dormir naquela noite.
— Não se preocupe, Elaine. — murmurou meu marido, depositando um beijo em minha testa. — Vou garantir que estaremos seguros em casa. Estaremos voando para a Europa antes que perceba.
— É, tem razão... — disse eu, tentando pensar positivo.
— Seria bom ligar para nossa família, mantê-los avisados. — ponderou ele. Apenas assenti com a cabeça. Eu estava exausta. A dor de cabeça da ressaca estava voltando, e ter passado o dia inteiro de saltos... Sem contar que eu não dormira na noite passada.
— Pode avisá-los por nós? — pedi, minha voz saindo como um sopro.
— Claro que sim. — ele sorriu para mim e pegou seu celular.
Finalmente, chegamos à mansão de Nikolai em Miami. O fato dela ser extremamente protegida, com uma mata densa ao redor, me tranquilizava um pouco. Além disso, era discreta, no meio do nada, toda feita na cor preta. Eu torcia para que fosse realmente difícil nos encontrar ali. Isso se meu pai estivesse procurando. Eu podia muito bem estar apenas paranoica, e tudo isso não passava de um verdadeiro acidente no avião. Todavia... nenhum de nós dois estava disposto a arriscar.
Adentramos no lugar, subimos as escadas, larguei minhas malas no nosso quarto e coloquei gentilmente Salvador em sua caixa no chão. Nikolai não me acompanhara, porém. E a escuridão do lugar estava realmente começando a me assustar.
— Nikolai? — o chamei.
— Aqui! — ele respondeu do escritório, o que me fez suspirar aliviada. Me dirigi para aquele cômodo então, que era todo decorado em preto como o resto da casa, e o abracei por trás enquanto ele tirava um cigarro de uma caixa da sua mesa e o acendia. Seu olhar estava fixo numa pintura dele que ficava na parede acima da lareira.
— Eu já falei que você fica muito lindo em pinturas? — indaguei, beijando um ponto em suas costas. Ele riu.
— Deveríamos fazer uma pintura sua. O que acha?
— Só promete para mim que eu estarei completamente vestida. Não quero que seus funcionários cheguem para uma reunião e me vejam nua.
Meu marido gargalhou ainda mais.
— Claro que não. — ele se virou, fazendo questão de colocar uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. — Sabe, só porque tivemos esse pequeno atraso, não significa que não podemos aproveitar.
— Você tem toda razão.
— Por que não liga o rádio? — perguntou ele, apontando para um aparelho sobre uma outra mesa do escritório, que não era a principal, e sim uma decorativa. — Creio que eu tenha deixado um CD de músicas clássicas aí. Eu quero dançar com a minha esposa.
— Nossa, CD? — exclamei, boquiaberta, num tom de brincadeira. — Não precisa jogar na cara que somos tão velhos.
Assim, praticamente deslizando de felicidade, eu fui até o rádio e o liguei.
Mas qualquer expressão — e cor — sumiu da minha face quando percebi que música tocava.
Once Upon A December.
Me virei para Nikolai, nervosa.
— Nick, essa não é...? — engoli seco, sem conseguir continuar. A música que tocava na noite em que o pai dos Tarasova e Aaron foram mortos....
Mas Nikolai não respondeu. Ele apenas encarou um ponto fixo na parede, impassível. Franzi as sobrancelhas, ainda mais confusa.
— Eu não me sinto confortável dançando essa música. — falei, desligando o aparelho e abraçando meu próprio corpo. Foi quando Nikolai me encarou, seus olhos frios como a morte.
— Ligue o rádio, Elaine.
Um arrepio percorreu minha espinha.
— O que...?
Ele deu um passo a frente.
— Eu disse ligue o rádio, Elaine.
Nikolai estava estranho, mas foi seu tom... foi seu tom de voz que me surpreendeu. Nenhum pingo de emoção, apenas uma ordem cantarolada, quase como se ele se divertisse escutando aquela música. O que não fazia nenhum sentido.
— Não.
A cabeça de Nikolai se inclinou levemente para o lado.
— Ah, não?
Entretido... Ele estava entretido com a minha confusão.
— Se isso é alguma brincadeira de mau gosto, pare, por favor.
Um passo a frente. Depois outro e mais outro. Não ousei me mover, mas estava quase que... assustada. O jeito que Nikolai estava agindo... Era anormal. Eu nunca vira aquilo antes.
Sem quebrar o nosso contato visual, o mais velho dos Tarasova ligou o rádio.
A música amaldiçoada preencheu o cômodo tão rápido quanto as batidas do meu coração naquele momento. Onde estava... onde estava meu marido amoroso? Eu precisava dele, estava assustada por estar em Miami... Por que ele estava fazendo aquilo?
— Quer ouvir uma história, Elaine?
— Algo me diz que você contará mesmo se eu disser não.
Um sorriso diabólico surgiu nos lábios daquele homem. Ele se afastou um pouco de mim, caminhando pela sala, enquanto eu continuei estática. Eu nem o reconhecia mais...
— Havia um menininho... que tinha tudo. Uma casa grande, pais que o amavam, era o melhor aluno da escola... Até o dia em que alguém veio tomar seu lugar. Ele nem falava, e todos já o adoravam. — sua voz estava carregada de tanta amargura... — "Olhe que bebê lindo! Ele tem os olhos da mãe!" E essa mesma mãe decidiu dar toda sua atenção para esse ladrãozinho. O problema é que não parou por aí, não... — uma risada assustadora deixou seus lábios. — Um incêndio queimou parte daquela grande casa, e a mãe do menininho queimou junto. Ele teve pesadelos sobre isso para o resto da vida dele.
Engoli seco. Eu sabia muito bem de quem Nikolai estava falando. Ele era o menininho, Dimitri era o "ladrão" e a mulher morta no incêndio... Lalila.
— Nick...
— Não me interrompa, Elaine. — ele me lançou um olhar tão ameaçador que não tive outra escolha a não ser me calar, aterrorizada com aquilo. — Depois daquilo, o pai achou que seria uma boa ideia tornar o ladrãozinho seu favorito, e desprezar o outro. E ainda vieram os belos gêmeos depois. Que família adorável, um estranho diria. Mas por trás... Eu cresci escutando o quanto meu pai queria que eu tivesse morrido com Lalila no incêndio, e nunca descobri o motivo...
— Por que está me contando isso? — ousei dar um passo à frente. — Por está agindo assim?
— Porque eu o matei, Elaine. — disse ele, simplesmente, como se fosse óbvio.
Engoli seco.
— Quem você matou?
— Matei o Comerciante de Almas.
Quase caí para trás, espantada. Meu pai... Nikolai tinha matado meu pai? Quando? Como...? Meus olhos arregalados deviam ter revelado as perguntas que se passavam em minha mente, pois ele logo acrescentou:
— Não seu pai, Elaine. Matei o primeiro Comerciante de Almas. Ele nem era chamado dessa forma na época. Era apenas um pequeno mafioso de Miami. Assim que meu pai disse que não teria orgulho de mim nem se eu roubasse as sete maravilhas do mundo, ele me mandou para a faculdade aqui. Então, eu procurei por esse mafioso local e o matei.
— Isso não faz nenhum sentido, meu pai...
— Seu pai não é porra nenhuma! — exclamou Nikolai. — Ele era um homem desesperado procurando por dinheiro e caiu nas mãos erradas. Nas minhas mãos.
Meus olhos estavam já cheios de lágrimas. Eu não entendia o que estava acontecendo, minha cabeça martelava perguntas sem respostas e meu coração, antes tão alegre, agora estava pesado com dúvidas e medo.
— Eu não estou entendo...
— Pare de choramingar e eu explico. — rosnou ele. Prendi o choro no mesmo instante. Mas ele esperou alguns segundos antes de continuar. — Você já ouviu dizer que os olhos são as janelas da alma?
Balancei a cabeça em afirmação.
— Pois bem. Na minha luta com o mafioso local de Miami, eu acabei arrancando seus olhos. Os seus capangas, agora meus, começaram a dizer que eu tinha roubado sua alma. E como todas as minhas vítimas futuras morriam com pavor em seus olhos... O apelido ficou.
A compreensão do que aquilo significava quase me fez vomitar no chão. Como se alguém tivesse arrancado meu coração do meu peito com as próprias mãos, eu ousei sussurrar em voz baixa, uma lágrima escorrendo pela minha face:
— Você... Você é o Comerciante de Almas.
— Diga mais alto, Elaine.
— Você é o Comerciante de Almas! — gritei, já desabando em lágrimas.
Nikolai sorriu.
— Sim, eu sou. Depois de conquistar a máfia de Miami, eu não parei por aí. Comecei a minha expansão e me tornei o maior mafioso dos Estados Unidos, como você bem sabe. Mas eu queria mais. Eu queria a máfia Tarasova. Foi quando seu pai entrou no jogo. Ele estava desesperado por emprego, e eu precisava de um palerma que fosse até São Francisco mandar um recado ao meu pai. Como acha que seu paizinho querido conseguiu pagar aquela viagem de verão para os Hotéis e Resorts Tarasova? Porque eu paguei.
Aquilo... fazia sentido. Eu sempre me perguntei como meu pai tinha pagado por aquelas férias. Só não esperava... Não esperava que fosse assim.
Mas eu realmente podia acreditar nele?
— Está mentindo!
— Ah, Elaine... — ele tentou se aproximar para tocar em meu rosto mas eu dei um passo para trás, empurrando-o.
— Não me toque!
— Eu e meus capangas somos os únicos que sabem a verdade, Elaine. Bem, meu pai não sabia que eu era o Comerciante de Almas, mas quando seu pai foi falar com ele por mim, ele recusou meu pedido para trabalhar juntos mesmo assim. Então, eu não tive outra escolha a não ser atacá-lo. — ele soltou uma risada que me deixou mais enjoada. — Eu tive que ir lá, fingir que era o irmão traidor e arrependido. Nenhum deles nunca desconfiou.
"Então, a guerra começou. E eu teria ganhado, se seu pai não tivesse descoberto o que, de fato, acontecia nos meus clubes. Ele ficou revoltado, me delatou para a polícia. Parte dela era corrupta, mas a outra parte conseguiu o caso e montaram uma força tarefa para me atacar. Todos os meus negócios em Miami, com exceção do Porto, foram destruído. E minha amada... Tatiana, foi morta naquela noite."
"Eu jurei vingança ao seu pai, mas precisava me reconstruir primeiro. Sequestrei a família do prefeito da época para ele encobrir o caso e me dar passe livre pela cidade. Depois, eu o matei e coloquei meu próprio prefeito, elegido com o meu dinheiro, no comando. E tem seu pai. Ele foi acusado por todos os meus crimes, e mandando para a prisão. Acontece que sua mãe estava certa no final, ele era inocente. Ou quase".
"Mas aquilo não era suficiente para mim. Eu queria que ele sofresse como ninguém mais sofreu. Ele tirara minha Tatiana de mim, então eu tiraria dele seu bem mais precioso: sua filha. E tudo ficou mais fácil quando você resolveu fugir de casa e ir para bem longe. Então, tudo que eu precisei fazer foi mandar uma das minhas capangas espionar você e esperar o momento certo."
"E isso foi dois anos atrás, quando eu finalmente fiquei pronto para mais uma guerra. E, dessa vez, eu irei vencê-la. Então, eu me mudei para São Francisco e comecei a seduzi-la. Claro, eu precisava você completamente dependente de mim, então mandei roubarem a galeria de artes que você trabalhava e a culpa caiu em você. Mas seu chefe, Michael, ele estava suspeitando demais para o meu gosto... Usei um dos venenos de Amara que eu tinha guardado para provocar o ataque cardíaco, o que não foi suficiente, então tive que matá-lo com minhas próprias mãos."
"Depois, tivemos mais um suspeitando. Um casal, na verdade. Senhor e senhora Shopperau, você lembra? Aproveitei a oportunidade para parecer a vítima, arquitetei todo o ataque à festa de noivado e ainda pedi que atirassem em meu ombro. Mais tarde, tive que me segurar para não rir quando lhe contei a falsa verdade."
"Mas, quando você foi embora e não contou para ninguém para onde ia, nem mesmo para minha capanga, eu fiquei aflito que seu passado com Dimitri influenciasse meu plano. Então, quando você contou para minha capanga que estava voltando para São Francisco de Miami, eu aproveitei a oportunidade para atacar o jatinho. Foi tudo planejado, eu não ia machucar vocês de verdade, não seria tão divertido. Assim, eu pude aparecer como o salvador e você voltou correndo para os meus braços."
"Meu plano agora finalmente está completo. Você, Elaine Tarasova, está na mansão mais protegida de Miami. E você é a minha esposa. A partir de hoje, eu vou tornar sua vida um inferno. E se fizer alguma gracinha ou tentar fugir... Seu pai morre. Eu controlo a cadeia onde ele está, afinal. Uma pena que sua mãe escapou, eu adoraria tê-la como refém também."
Não, não, não, não... Era tudo que eu conseguia pensar. Não podia ser. Nikolai, o homem que eu estava apaixonado, meu marido... Era tudo parte de um plano. Parte de uma vingança. E eu caí como uma tola.
Eu nunca tinha me sentido tão traída antes.
— Não... — consegui falar, um nó entalado em minha garganta enquanto as lágrimas arruinavam minha maquiagem. — Não é possível.
Chamas e sombras dançavam no olhar maquiavélico de Nikolai.
— Por que acha que eu montei uma filial da minha boate tão perto daquela galeria onde você trabalhava? Por que acha que eu ignorei seu passado com Dimitri? Por que acha que Grey lhe disse aquelas coisas que a fizeram suspeitar do próprio pai? Por que acha que eu exigi que ninguém a machucasse? Por que acha que eu batizei sua bebida no avião? Tudo para chegar nesse momento.
Quase senti a comida retornando do meu estômago para fora. Me sentia enojada.
— Cretino! — berrei, empurrando-o e correndo para fora. Eu mal conseguia ver ou pensar com as lágrimas que caíam tão intensamente pelo meu rosto.
Corri pelo corredor, já conseguindo ver as escadas e as luzes do andar inferior. Eu estava quase lá, quase lá... Então, fui barrada. Alguém se posicionou na minha frente, impedindo a minha passagem. Ergui meu olhar, e me deparei com a última pessoa que eu esperava.
— Naira? — falei, minha voz um sopro, rouca por causa do choro. — Naira, o quê...? Não importa, você tem que me tirar daqui, o Nikolai...
Naira fitava o chão. Rosto impassível.
— Não posso, Elaine.
— Não... — chorei. Não podia ser. Não Naira... Não minha melhor amiga, minha irmã... — Naira, não... — tentei correr para o outro lado, mas o Nikolai me impediu.
— Ah, vejo que encontrou a minha capanga que trabalhou como espiã para mim todo esse tempo.
Eu estava encurralada entre os dois. Trêmula, e uma bagunça de lágrimas.
— Não....
As duas pessoas que eu mais amava e confiava em todo o mundo...
— Como pode? — a encarei, indignada. — Como pode?!
— Eu não tive escolha. — disse ela, num lamento, sem conseguir me encarar.
— Você me traiu e nem consegue me olhar nos olhos! Foi tudo uma mentira... desde o início.
— Ele sequestrou a minha família, Elaine. Eu não tive escolha.
— Mentirosa! — a empurrei, mas estava fraca e Naira mal se moveu. — E você... — me voltei para Nikolai. — Eu me casei com você! Deus, eu fui tão estúpida!
— Era parte do plano, Elaine. — Nikolai deu de ombros, sorrindo de forma diabólica. E eu soube que aquela imagem seria meu novo pesadelo. — Agora a diversão começa.
fim
•
enfim, o fim.
eu sei eu sei, agr vcs me odeiam e querem ir atrás de mim me caçar minha cabeça por esse final
mas calma kkkk que eu vou explicar
não, esse não é o final. esse livro foi planejado pra ser uma trilogia, ou seja, este é apenas o primeiro livro. massss, por mais que tudo que eu mais queira é escrever os próximos dois livros, eu vou ter que esperar um pouquinho (e vcs tbm kk) pq eu to no último ano do colégio, e vcs sabem que não é fácil
me desculpem mesmo por terminar por aqui (pelo menos por enquanto), mas saibam o quanto eu sou grata por cada um que leu essa história, de verdade <3333
mas, não desanimem ainda! também não sou desumana e como não quero matar ninguém de ansiedade, aqui está mais ou menos a sinopse dos próximos livros:
sinopse do livro 2: "Elaine Róson foi enganada. Mentiras e traições a levaram ao momento em que subiu ao altar e disse "sim" para se casar com o inimigo. Agora, enfrentando ameaças e lutando para sobreviver diariamente, Elaine desesperadamente precisa encontrar uma forma de fugir. Nesse meio tempo, novas amizades e redescobrimentos a ajudarão a enfrentar o perigo, retornar para quem ama e acabar com o Comerciante de Almas de uma vez por todas."
sinopse do livro 3: "Chamas destruíram os Tarasova. O líder está morto. E o mau parece ter vencido. Uma batalha entre desistir e persistir é travada no coração de Elaine Róson, e ela decide se afastar para decidir o que fazer. Formando uma união com Khaila e Asher, Elaine parte para a Europa e os três adquirem uma vida de justiceiros, fazendo o que podem para ajudar a população afetada pelas ações do Comerciante de Almas. Porém, uma reviravolta pode mudar o rumo da guerra que parece ter sido vencida, principalmente quando um detalhe sobre o passado de Nikolai é revelado. Será que Elaine usará sua razão para acabar com aquilo de uma vez por todas, mesmo que isso comprometa sua integridade? Ou ela buscará a solução que trará salvação a todos e, acima de tudo, amor?"
tem muita coisa e detalhe que não daria pra explicar tão resumidamente, mas o que eu posso prometer é que Elaine e Dimitri terminam juntos sim.
mas se vcs quiserem saber qualquer coisa, podem me perguntar no privado que eu fico feliz em responder :)
bem, é aqui que nos despedimos. desejo o melhor pra vcs, obrigada por chegarem até aqui.
beijosss e até a próxima!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top