Poder revelado
Aulas...Como ainda era possível ter aula depois da ocorrência de um assassinato na reserva? Reserva essa que rodeava Beacon Hills Institute! Pelo visto, as autoridades achavam mais importante preservar a educação de seus filhos que a segurança dos mesmos. Stiles tinha questionado a contradição desses fatos naquela manhã para o seu pai e Xerife de Beacon Hills, mas obteve como resposta algo sobre não devemos causar pânico desnecessário e ainda ressaltou que segundo o perfil de ação dos assassinos, eles não iriam atacar uma escola repleta de seres sobrenaturais em plena luz do dia. Além disso, John Stilinski garantiu que haveria um aumento de policiamento do Institute. Bem, isso Stiles conseguia ver...
– Quando meu pai disse que haveria um reforço na segurança do campus, esperava policias treinados e experientes e não...isso. – Stiles falou apontando para a figura de um rapaz moreno musculoso que exibia um nefasto sorriso com dentes serrilhados.
– Para o seu bem, irei interpretar o pronome demonstrativo que você utilizou como um elogio. – Falou Marcus Skarker cruzando os braços diante do seu peitoral. Stiles não sabia se a roupa de um cadete da polícia deveria ser daquele jeito...De que jeito? Ora, grudada no corpo ressaltando os músculos, fazendo com que muitas garotas no corredor do institute babassem abobadas. Fato era que Marcus mais parecia ser um dançarino de stripper pronto a iniciar seu número do que um representante da lei.
– Interprete como quiser, Shark-boy. – Stiles deu os ombros.
– Você tem mesmo que ficar desfilando pelos corredores assim? – Questionou Ethan com uma voz mais aguda que o normal. Aliás, o timbre da sua voz estava causando efeitos nos tímpanos de seus amigos. Era como uma pressão e vibração irritante recaísse sobre seus tímpanos. Scott e Isaac eram o que mais sofriam, com suas sensíveis audições lupinas.
– Assim como? – Marcus arqueou uma sobrancelha.
– Como...Como... – Ethan olhou para os lados, como se o ambiente a sua volta fosse lhe dar as palavras necessárias para se explicar.
– Como um gogo boy. – Frisou Abraham – Não tinham uniformes do seu tamanho?
– Esse é do meu tamanho. – Garantiu o tritão mais velho.
– Não acho que meu pai permita que seus subordinados andem por aí comentando crimes de atentado ao pudor! – Afirmou Stiles.
Marcus rosnou, antes que argumentasse em sua defesa umas garotas, provavelmente ninfas, se aproximaram, todas risonhas. Seus grandes olhos expressivos, corpos magros e esguios (tal qual modelos de capa de revista de moda), faziam as destacar nos corredores da escola sobrenatural.
– Oi... – Disse uma delas com uma voz melodiosa.
– Você, por acaso, poderia nos adicionar em seus contatos? – Disse outra menos tímida, arrancando risadinhas divertidas das outras garotas.
Um grito. Talvez esse não fosse a melhor definição do som emitido por Ethan. Era algo que misturava bichano que teve o seu rabo pisado e alguém com unhas grandes e finas arranhando um quadro negro. Scott e Isaac caíram no chão, quase espumando pela a boca. Aquele som agudo e irritante parecia ser demais para lobisomens aguentarem. Na verdade, observando como vários estudantes no corredor levaram as mãos aos ouvidos, além do fato de algumas janelas trincarem...Isso poderia ser um indicativo que outros também sentiram os efeitos negativos do "canto" de Ethan.
– Oh! Por Zeus! – Exclamou uma das ninfas – Não precisava ser tão territorialista!
– Não sabíamos que ele já tinha dono. – Provou outra.
– Pois é...Podem vazar! O feromônio de vocês só traz vibes negativas! Todo a energia do ambiente está sendo sugado! Desiquilibra meus chakras! Não precisamos cheirar seus afrodisíacos por aqui! Ok? Então, vazem! – Disse o Tritão adolescente fazendo um sinal de "xô, xô" com a mão, como se as ninfas fossem moscas irritantes.
As garotas soltaram palavras em outra língua, talvez grego, latim. Difícil dizer, mas pelo visto podem ter mando Ethan para aquele lugar, mas o garoto não ligou e esperou que as ninfas fossem embora e assim elas fizeram.
– Cara... Isso foi muito maneiro. – Parabenizou Stiles dando um leve tapa no ombro do tritão. Ainda sentia um zumbido no ouvido, mas não pode negar que presenciar "Ariel" agindo daquela forma era algo raro de se ver, afinal, o sereiano parecia preferir lançar pensamentos positivos do que participar das batalhas.
– Hum... Espero que elas não tenham lançado pragas em mim. Isso não seria nada cool! Talvez eu devesse tomar um banho de sal grosso só para garantir... – Sussurrou Ethan, todo a sua pinta de peixão bravo tinha se esvaído como espuma de ondas lançadas ao vento.
– Talvez eu esteja chamando uma atenção desnecessária. – Marcus analisou coçando o seu queixo.
– Você acha? – Abraham inqueriu
O tubarão-sereiano o ignorou.
– Mas eu trouxe uma muda de roupa... Está no vestiário do Instituto.
– E o que você está esperando para pega-la? – Opa, o peixe bravo tinha retornado – Um mandado emitido por algum juiz?
– Quiçá alguém que me indique o caminho mais fácil para o vestiário?
– Por Netuno! Você sendo o policial deveria saber dessas coisas!
– Esqueceu? Ainda estou treinando para ser um policial...Logo, estou susceptível a erros.
– Que seja! Mares! Isso está desestabilizando a minha áurea! – Resmungou Ethan puxando consigo um risonho Marcus pelo corredor.
– Hum...Pode ser impressão minha, mas tenho uma leve suposição que Marcus tenha planejado tudo isso para que o Ethan sentisse ciúmes. – Comentou Danny, que tentava desentupir os ouvidos que ainda sofriam o efeito do canto do tritão.
– E o shark-boy ainda fez Ethan guia-lo para um lugar afastado para fazerem...Sei lá... Chaca chaca na butchaca? Céus! Pelo garfo do Aquaman! Marcus é mesmo um predador perigoso!
– Não é garfo...O Aquaman possui um tridente. – Corrigiu Scott massageando as orelhas.
– Você quer um biscoito, Scott? É isso? – Perguntou Stiles para o melhor amigo – Vai criticar minhas falas? Eu falo garfo se quiser falar! Só por que é chique e tem poderes, não significa que não possa ser usado para comer uma macarronada gigante...Ou seja, ainda é um garfo!
– Será que devemos impedi-los? – Isaac questionou interrompendo a explosão dramática de Stilinski.
– Não. – Interpôs Aby olhando para o horário pela a tela do seu celular – Iremos nos atrasar para as Aulas Especiais. E se todos nós faltarmos essa aula precisamente, seria por demais suspeito.
O Van Helsing estava correto, ainda mais quando passou do lado do grupo mais um cadete da polícia de Beacon Hills, o que significava que não só Beacon Hills Institute estava sendo protegida como vigiada.
– Certo, vamos para as aulas...Ethan deve saber lidar com o namorado tubarão. – Decidiu Stiles ajeitando a bolsa nas costas. Além disso, a verdade era que não queria faltar as Aulas Especiais, não só por que era uma oportunidade de ver Derek no horário escolar, mas também pois seria a oportunidade de falar com Alan...O Emissário da Alcateia Hale e também um dos professores responsáveis pelas aulas. Professor esse que tinha previsto que Stiles tinha a tal faísca.
"Quero saber o que diabo aconteceu comigo..." Passara o resto do fim de semana matutando sobre o assunto. Tentara até "ativar" o seu poder novamente, mas sem sucesso. Usou até palavras de efeito como: Mostre seus verdadeiros poderes sobre nós, e ofereça à esse valente Stiles que aceitou esta missão! Liberte-se!! Shazam! Eu escolho você! Stilesmon digivolve para...! Invoco Stiles no modo de defesa...Enfim, usou seu vasto repertório de palavras especiais e nada.
– O que é isso em sua mão? – Stiles só teve tempo para abaixar o seu rosto para então notar um ramo verde rodeando o seu pulso. Tinha certeza quando vestira o seu moletom vermelho naquela manhã que não tinha optado por usar aquele tipo de acessório. Antes mesmo que pudesse emitir qualquer opinião sobre o assunto, se sentiu sendo puxado para a a sala ao lado. Puxado? Mas como? Pelo o misterioso ramo!
Conforme era arrasto percebeu que o referido ramo engrossou se tornando um cipó e logo depois um galho grosso. Sua mente alertava que aquilo podia não ser um bom sinal. Seus companheiros o seguiam de perto. Quem quer que fosse, tinha conseguido captura-lo de forma sutil do corredor principal, afinal de inicio era apenas um delicado pedúnculo, só começando a se mostrar assustador nos corredores vazios do instituto.
Por fim, Stiles sentiu seu pulso se libertado quando adentrou um dos laboratórios de biologia, mais precisamente, o laboratório de botânica e este não estava vazio.
– Bom dia, meus queridos amigos – Com sua voz robótica da moça do google tradutor, Flora Rosmarinus se pronunciou. Sentada sobre a bancada de mármore do laboratório, balançando as suas pernas, até parecia estar relaxando, mesmo que todas plantas nos potes dispostos em diversos pontos do laboratório e ainda tinha uma mini estufa conectada a sala, estavam floridas e perigosamente crescidas. É como se todos os vegetais tivessem tomando anabolizantes! E essas plantas se moviam, ondulavam, pelas as paredes e chão.
– Oi...Flora! Lindo dia, não é? – Disse Stiles tentando controlar o nervosismo em sua voz – Você parece mais verde...Está mais clorofilada? A cor verde fica bem em você.
Flora não respondeu, ao invés disse observou o resto do grupo adentrar no laboratório só para que suas "amigas" vegetais se alastrarem pela a única saída da sala os encurralando.
– Flora... – Scott rosnou – O que significa isso?
– Oh! Agora vocês notaram a minha existência? – Disse ela em seu tom monótono – Cansaram de ficar mantendo segredinhos entre vocês?
– Ohh...Entendi...Você está chateada. – Concluiu Stilinski.
A resposta a isso foi uma rara demonstração de irritação por parte da dríade. Sim, Stiles quase viu um vislumbre de uma careta na eterna expressão austera. Isso foi acompanhado por chocalhar das plantas, liberando suas folhas e galhos secos que atingiram os garotos. É, talvez, ela tivesse sim chateada.
– E não é só e-ela... – Uma menina loira saiu por trás de uma das gigantes tulipas que cresceram em um dos cantos do laboratório. Seus olhos de íris avermelhadas tornava impossível não reconhecer a vampira do grupo.
– Elizabeth? – Abraham arqueou as sobrancelhas.
A vampirinha assentiu e logo se pós ao lado de sua companheira dríade.
– Pois é...Eu meio que disse que deveríamos ter incluído outros membros de nosso grupo em nossa investigação. As garotas, principalmente. – Comentou Danny – Alison e Lydia já mostraram suas opiniões sobre nossa exclusão seletiva...
– Não foi nossa intenção ser sexista! – Choramingou Stiles – Tipo, apenas aconteceu!
– E também não pretendíamos ampliar a quantidade de membros nessa investigação, tendo em vista que é perigosa. – Incluiu Scott.
– Você parece disco riscado. – Reclamou Aby – Vai usar o mesmo argumento que utilizou para a Alison? Funcionou bastante, não?
– Não é isso! Só que...Não podemos dizer que o que estamos fazendo é apenas uma brincadeira! Que iremos fazer propaganda e abrir tipo inscrições para participar do evento!
– E pretendiam continuar mentindo, é isso? – Interrompeu Flora – Pois saibam que mesmo sabendo do perigo eu teria me voluntariado em ajuda-los.
– E eu t-também. – Elizabeth falou, mexendo nervosamente as mãos e evitando encarar os referidos amigos – Eu...Estou meio que acostumada a ser excluída e esquecida. Na minha infância e parte da minha adolescência eu era aquela garota que era meio que serviçal das outras, daquelas que se diziam ser minhas amigas. Carregava suas bolsas, pagavam seus lanches, fazia os seus deveres de casas, dava cola nas provas... Tipo, foi por uma tentativa idiota de me enturmar, de mostrar que eu era alguém além de um "personagem secundário" que teve como consequência a minha transformação em vampiro. Isso só mostra a quão perdedora eu sou. Aqui...Em Beacon Hills Institute, pensei que podia recomeçar, pois literalmente eu tinha renascido. Prometi a mim mesmo que desta vez seria diferente...Que...Que teria amigos de verdade...E... Parece que sendo vampira ou humana eu sempre serei uma mosca morta, não é mesmo?
– Ei... – Isaac se pronunciou – Isso não é verdade, Elizabeth. Você é nossa amiga e...Eu sei bem o que é ser uma mosca morta. Digo, o fato de me tornar um lobisomem não foi um upgrade nem nada...Se eu não tivesse encontrado o Scott e o Stiles, enfim...Todos vocês... Eu sei lá...Não sei se teria motivos reais para continuar a viv...Enfim, só quero dizer que você é sim importante para nós.
– Mas, a Elizabeth e Flora têm razão. Nós pisamos na bola. Não devíamos estar adiando tanto em revelar para nossos amigos mais próximos o que estava acontecendo. – Admitiu Abraham se aproximando de Elizabeth que nesse momento já estava corada que nem um tomate, afinal, foi uma das poucas vezes que falara tanto, principalmente na frente de seus amigos – Me desculpe, Beth.
– Ah...Ah... – A garota agora tinha perdido a fala, somente abria e fechava a boca e assentia.
– Vocês irão mesmo querer participar de nossa investigação? Digo, iremos enfrentar muito mais que um Kanima...Quem o controla é um assassino. Vocês não devem se sentir obrigados em participar como uma prova de valorizar nossa amizade. – Enfatizou McCall.
As plantas começaram a diminuir de tamanho, assumindo suas proporções normais. Flora saltou da bancada aonde estava sentada.
– Nós dríades já estamos acostumadas com o perigo. Viver no mundo humano a qual dá mais importância ao crescimento desenfreado de suas cidades, fabricas e fazendas do que a preservação da natureza...Meu povo sempre está em constante risco. Cedo ou tarde teremos nossas árvores cortadas e seremos mortos pelo progresso. A única opção para lutarmos e sobrevivermos é ficarmos juntos. Uma floresta tem mais força do que arvores solitárias em meio a um descampado...E é isso que irei fazer. Ficarei junto aos meus amigos e lutarei ao lado deles.
– Cara... – Stiles estava fungando – Eu nunca fiquei tão emocionado com um discurso feito pela mulher do google tradutor.
– O que você quer dizer... – Flora foi interrompida ao ser puxada pelo choroso humano para um abraço.
– Momento abraço coletivo! – Proclamou Stilinski.
– Ele só pode estar brincando... – Resmungou Abraham, mas logo se viu empurrado por Scott e Isaac para um abraço. Elizabeth também foi meio que levada pela onda de abraços, sem ter muita opção de fuga. Danny que não queria ficar de fora também se incluiu no amontado de braços. Ao fim, todos fizeram uma espécie de bola de abraços feliz.
– Eu juro que irei trucidar todos vocês... – Foi ouvido uma voz no meio da referida bola, mas esse alguém deveria ser por demais baixinho para ser visto.
O com isso O Fantástico Grupo do Stiles decreta sua total participação, de todos os seus membros, na investigação e luta contra o Kanima e seus mestres.
~**~
– Vocês estão atrasados. – Nada passa despercebido por Derek Hale ao ver seu namorado e amigos tentarem entrar sorrateiros no auditório aonde ocorria as Aulas Especiais.
– Shhh! Não seja dedo-duro! – Sussurrou Stiles. Podia ver que a turma fora dividida em três grandes grupos. Estavam dividindo os seres sobrenaturais nas respectivas categorias que Peter Hale tinha anunciado na aula inaugural do curso: seres que mudam de forma ou que tem uma forma bestial, seres que possuem necessidades restritivas alimentares, como consumo de sangue, para sobreviverem e os humanos com poderes especiais.
– Vocês devem ir para seus respectivos grupos. – Explicou Derek entregando a folha de chamada para os garotos – Scott e Isaac devem vir comigo. Elizabeth e Flora vocês devem ir para o grupo aonde está Pietro, ele pode ajudar vocês entrarem sem serem percebidos por Michel, ele costuma ser muito rígido quanto a pontualidade.
– E-eu sei...Ele meio que...Está me treinando... – Sussurrou Elizabeth.
– Ele está? – Indagou Aby, arqueando as sobrancelhas – Pensei que Pietro era que fosse te treinar...
– Pois é, ele disse que o senhor Michel seria um melhor mentor. – Falou dando um tímido sorriso para Abraham que parecia preocupado– Ele é legal.
– Se você diz... – Resmungou o Van Helsing.
– E quanto a nós, humanos comuns? – Inqueriu Stiles.
– Comuns? Acho que eu sou o mais comum deste grupo... – Comentou Danny.
– Irão para o grupo do Alan – Instruiu Derek – As suas amigas já se encontram lá. Pelo menos elas não se atrasaram.
Stiles rolou os olhos e puxou a gola da camisa do seu lobisomem, roubando um beijo de seus lábios. Isso foi o suficiente para relaxar um pouco a expressão ranzinza do Hale e também permitiu Stiles restaurar suas energias "amorosas". Sim, sua bateria de "amor" estava quase no fim, precisa ser recarregava com mimos. Aquilo poderia ser muito fresco, mas era a pura verdade.
– Stiles... – Rosnou Derek em tom claro que iria dar um sermão, mas Stiles o beijou novamente e aproveitando o momento de estupor do lobisomem (que tinha fechado os olhos e feito biquinho, algo tão fofo até mesmo para o Derek Hale), conseguiu escapar rumo ao seu grupo.
~**~
Stiles, você tem um momento? – Professor Deaton disse, tocando com leveza o ombro do adolescente enquanto este estava concentrado desenhando um pentagrama a qual a professora e bruxa Ashia Azikiwe tinha desenhado no quadro, para explicar os elementos básicos da magia e sua associação com os humanos sobrenaturais.
– S-sim, claro. – Nervoso, Stiles seguiu o Emissário e Druida para fora da classe, seguindo para uma porta lateral até uma sala próxima. Outro laboratório de ciências, desta vez, de química. E ele estava já ocupado.
– O que vocês acham...Devo ensinar os garotos uma falsa poção do amor que na verdade causa a quem beber um leve caso de diarreia ou uma falsa poção da inteligência que provoca gases, de modo que a pessoa passa a arrotar e peitar ao mesmo tempo. – Questionou Petrus mostrando béquer contendo as referidas poções. Uma de coloração rosa borbulhante e outra verde e de aspecto viscoso.
– Er... – Stiles olhou para Alan, meio perdido.
– E por que você vai ensinar aos seus estudantes poções falsas? – Quis saber Deaton soltando um longo suspiro, pelo visto, atitudes assim de Petrus Brand não pareciam ser novidades para o Druida.
– Para eles aprenderem que nem todos os problemas que eles têm na vida se resolvem com o uso de seus poderes. –Disse Petrus com um ar confidente.
– Não acho que seria prudente você permitir que seus pupilos consumam poções que tenha como consequências a geração de gases e fluidos corporais ...Digamos...
– Nojentos? – Completou Stiles.
– Isso. – Assentiu Alan – Lembre-se, estamos querendo ensinar e não traumatizar.
– Pena. Seria uma aula divertida. – Petrus fez biquinho.
Alan negou com a cabeça, mas um sorriso teimou a se formar em seus lábios.
– Bem, fico feliz que esteja aqui Petrus, pois temos algo sério a conversar com o jovem Stilinski.
– Temos? – Stiles agora estava suando frio. O que o druida tinha descoberto? Será que era sobre o Kanima? De alguma forma, Alan usou dos seus poderes místicos para descobrir alguns dos segredos que Stiles estaria escondendo?
– Derek me falou que você despertou seus poderes. Isso é verdade?
O adolescente sentiu um certo alivio.
– S-sim. Meio que sim e não.
Alan ergueu as sobrancelhas, coçando o seu cavanhaque.
– Como assim?
– Bem, a coisa esquisita que ocorreu comigo, só ocorreu uma vez. Então, eu não despertei de verdade...Acho que essa coisa que eu tenho pode estar ainda dormindo. Sendo meio preguiçosa, sabe? Se fazendo de difícil. Afinal, eu mesmo demoro para acordar de manhã, então...Meio que entendo. Já que essa coisa. Poder. Está dentro de mim, deve ter herdado minhas características, sabe? Parte delas, pois se ela tivesse TDAH...Acho que eu teria um problema sério para lidar.
Alan ficou encarando Stiles por alguns segundo tentando decifrar o seu relato.
– Olha, querido. – Petrus interveio auxiliando o seu mestre – Nem sempre os poderes agem de forma constante, sabe? Principalmente quando eles primeiro aparecem. Eu recordo que quando meus poderes de alquimia apareceram, eu consegui transformar o meu xixi em suco de laranja. Eu achava muito fantástico, sabe? Como se eu fosse um mágico. Em segredo, eu dei o "suco" para o meu pai. Só que depois descobri que nem tudo que eu transformava durava muito tempo... Ainda mais quando meus poderes ainda não estavam controlados.
– Oh! – Foi a reação de Stiles ao relato, tentando não imaginar a reação do papai Brand ao suco dado pelo seu adorável filho.
– Petrus está correto. – Assentiu Alan – Além disso, dependendo de sua habilidade, tais poderes podem agir seguindo determinadas condições e pré-requisitos. Derek não foi muito preciso em descrever o que aconteceu e como foi esse seu despertar. Seria interessante você nos contar como tudo ocorreu.
– Er... – Bem, aí seria um problema, não podia revelar muito do seu treinamento secreto com um ex-caçador de lobisomens, não é mesmo? – Digamos que estava sob uma situação de perigo. Não real, sabe? Mas eu pensei que fosse real, mesmo que não fosse. Aí...Bum! Eu fui teletransportado para...Sei lá aonde...
– Situação de perigo? Bem... Isso seria plausível. Nossos poderes podem agir como uma forma de autopreservação.
– Pois é, mas eu não consigo fazer com que a coisa ocorra de novo. – Lamentou Stiles.
– Ei! Stilinski! Pense rápido! – O adolescente se viu aparando ao que parecia uma bola de papel, o que poderia ser algo trivial, se não fosse a fumaça negra que era emetida pelo objeto. Além do calor. Bolas de papel deveriam tremer?
– Petrus? O que é isso? – Exigiu saber, Alan.
– Uma bomba!
O alquimista nem terminou de pronunciar a palavra quando a dita "bomba" estourou nas mãos de Stiles. Subitamente tudo ficou cinzento. Se aquela bomba era real ou não, Stiles não poderia saber pois o efeito não foi sentido por seu corpo, pois, novamente tinha se transportado para aquele outro mundo.
– Bacana... – Disse ao olhar para seu corpo que novamente assumia uma natureza brilhante. Olhou para a sua volta e notou que ainda estava no laboratório de química, mas nem Alan e Petrus estavam lá.
– O que você tem para me contar? – A voz de Pietro fez com que Stiles desse um pulinho assustado. Só agora tinha percebido que a versão adolescente do vampiro se encontrava junto a porta de entrada do laboratório...E ao seu lado estava a versão jovem e sexy de Derek. Sim, Derek conseguia ser lindão tanto no passado quanto no presente! Isso era por demais injusto.
– Me sinto como tivesse traindo o meu próprio namorado achando a sua versão jovem atraente. – Comentou em voz alta, colocou a mão sobre a boca, mas como na outra vez, parecia que os dois adolescentes não tinham noção da presença de Stiles.
– É um segredo.
– Dã... – Respondeu Pietro – O fato de você ter me arrastado até aqui já indica que é um segredo. Ou você está interessado em química?
Derek o ignorou com um rolar de olhos.
– Você promete não contar a ninguém?
– Lógico que sim.
– Acho que estou namorando alguém. – Sussurrou o jovem Hale.
– Er...Espera...Você acha?
Stiles fez cara feia, não devia sentir ciúmes, não mesmo? Se aquilo for mesmo uma visão do passado, significa que já ocorreu! Lógico que Derek deveria ter tido outros namorados ou namoradas.
– Bem, ela é mais velha, sabe?
– Mais velha? Oh! Derek, você está saindo com uma das nossas professoras? Isso seria muito estranho, cara...A maior parte de nossas professoras tem mais de 60 anos!
– Não tão velha assim! – Rosnou Derek.
– Oh! Entendi...Acho que entendi. Ela é mais velha e mais madura. É isso?
Derek não respondeu e só deus os ombros, o que podia ser interpretado como um sim.
– Mas isso deve ser um segredo, por que?
Derek abriu a boca para responder, mas Stiles sentiu tudo desaparecer ou melhor adquirir cor. As imagens de Derek e Pietro desvaneceram, dando lugar a um Alan e Petrus bastante preocupados.
– Mein Got! Você está bem? Não pensei que você iria mesmo usar seus poderes, sabe? – Disse Petrus em tom desesperado.
– Está tudo bem... – Admitiu Stiles se sentindo ligeiramente tonto. Pelo menos conseguiu fazer seu poder aparecer de novo...Realmente tinha poderes! Caramba! Aquilo era demais! Mesmo sem saber muito bem que tipo de poder era aquele...
– Stiles. – Alan segurou o ombro do garoto, seus olhos exibiam admiração e também preocupação – Eu sei que tipo de habilidade você apresenta.
– Sabe, é? O que seria? Você pode me ensinar a controlar?
– Bem... – O Druida parecia analisar bem as palavras que iria proferir – Você é um caminhante temporal. Um viajante do tempo.
– Tipo uma espécie de doutor who? Na verdade, eu seria a versão humana da TARDIS?
– Er... Mais ou menos. A questão é que essa habilidade é muito rara e não tenho condições em termo de conhecimento para te treinar.
– Oh... – Stiles parecia decepcionado.
– Mas...Conheço alguém que poderá te ajudar. Só que até que ela venha aqui, para se tornar sua mestra, você deve prometer em não usar sua habilidade.
Stiles assentiu com relutância. Falar era fácil, afinal, nem entendia como podia ativar aquele poder em particular. Contudo, a curiosidade sobre o passado de Derek o fazia relutar em se comprometer com Alan diante da possibilidade de não usar seu poder.
Seu instinto dizia que o passado estava querendo lhe contar alguma coisa. Mas o que seria? E o que teria relacionado com o Derek?
~~**palavras da autora**~~
Primeiro! Feliz carnaval (esse é meu presente)!
E depois, fazendo uma propaganda. Se querem ver as fichas dos personagens e fazer perguntas a eles...Entrem na minha história "Beacon Hills Files" (busquem no meu perfil). Recomendo vocês derem uma lida nas fichas dos seus personagens preferidos!
Pronto!
Espero que tenham gostado!!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top