Karma
– Que tal uma tatuagem de graça? – Sugeriu o dragão com nervosismo. Estava observando, com apreensão os inspeção criteriosa que Derek Hale fazia em seu carro. Sim, Erorhion sabia que devia estar mais preocupado com o inquérito policial a qual seria alvo, além da listagem de coisas que porventura tenha danificado devido ao seu ligeiro acesso de raiva e desespero. Mesmo assim, a sua verdadeira preocupação se concentrava na reação de seu amigo lobisomem. Afinal, já o conhecia a bastante tempo para saber como Derek guardava rancor...
– Eu gostaria de uma tatuagem de graça! – Levantou a mão Laura Hale, toda alegre.
Um rosnado e um olhar mortal, isso foi tudo que Derek disse e foi compreendido por sua irmã mais velha.
– Pela Lua, Der-Bear! Isso é só um carro...
Opa, aquilo foi uma resposta errada, a própria Laura notou isso quando os olhos do seu querido irmão mais novo se iluminaram com o tom dourado.
– Só um carro? Eu construí esse carro. Restaurei a fuselagem. Troquei o motor. Até o couro dos assentos eu mesmo confeccionei. Montei tudo na oficina com o tio Tony. Demorei meses para encontrar todas as peças. Trata-se do primeiro carro que montei, praticamente sozinho... E você acha que só um carro?
Laura e Erorhion rapidamente negaram com a cabeça, concordando que não se tratava de só um carro.
– Então... – Pigarreou o dragão – Se ele é tão importante, posso muito bem tentar restaurá-lo usando ...
– Nada de magia. – Cortou Derek que tocara levemente no capô amassado do camaro, com tamanha delicadeza que até Stiles (que observava tudo da plateia de curiosos) sentiu um ligeiro ciúme, mas tratava-se de um ciúme passageiro, afinal, se sua Baby sofresse um arranhão sequer sabia que iria fazer um escândalo e caçar com unhas e dentes o responsável por machucar o seu carro. Afinal, Baby era uma lady e deveria ser tratada como tal, com delicadeza e amor.
Derek se aproximou do dragão, fazendo com que esse engolisse em seco.
– Sim, claro, nada de m-magia. – Concordou – Alias, a magia talvez não funcionária, pois é mais fácil destruir do que criar coisas, apesar da propaganda enganosa que mídia pop faz questão de fazer...Magia não é infalível e nem o instrumento para realizar todos os seus sonhos e anseios. Magia está mais relacionada a destruição e a desastres do que a milagres. É fácil manipular algo que já existe, fazer desaparecer de um lugar e reaparecer em outro...Mas recriar algo do nada? Isso é praticamente impossível...E concertar? Fazer que algo seja igual ao que era antes de sua destruição? Também algo difícil de fazer.
Derek assentiu com lentidão, cruzando os braços diante do seu musculoso peitoral.
– Teremos que concertar com nossas mãos. – Sentenciou o lobisomem.
– Desculpe...Teremos?
– Sim, primeira pessoa do plural.
– Eu e você? – Apontou para si mesmo e depois para o rabugento Hale.
– Essa é a perfeita definição de nós.
– M-mas...Eu não sei mexer com carros! Digo, sou um tatuador! Sou um artista!
– Com suor, lágrimas e sangue... – Derek sorriu e não foi aquele tipo de sorriso do estilo estou feliz e te perdoo, seremos amigos para sempre, venha correr comigo através do arco-íris, não, definitivamente não era esse tipo de sorriso –Melhor forma de trabalhar e se sentir satisfeito ao fim com os resultados.
Erorhion soltou um longo suspiro se resignando com o seu destino, pelo visto aquilo seria o seu karma.
– Ótimo, um problema de sua lista foi resolvido. Viva, estou feliz por você. – Disse em um tom monótono e destituído de emoção, John Stilinski que observava tudo com um profundo interesse – Agora, quanto a cidade de Beacon Hills...
– Quanto a isso, não se preocupe... – O dragão disse, buscando o seu celular, só então recordou que tinha abandonado a sua roupa no evento de tatuadores. No momento estava vestindo uma roupa fornecida pelo hospital, o que não fazia muito o seu estilo...Bem, quem teria o estilo de vestir roupas hospitalares? Mas, pelo menos estava combinando com o Isaac. Alias, o seu filhote ficava fofo em qualquer tipo de roupa.
– Você irá ligar para elas? – Derek questionou erguendo as sobrancelhas.
– Não tenho outra opção... Afinal, não terei dinheiro suficiente para bancar as consequências de meus erros. – Comentou enquanto estalava os dedos, fazendo sua roupa materializar em sua frente.
– Oh! – Melissa e Stiles bateram palmas, como aquilo fosse um tremendo truque de mágica (o que de fato era!).
– Elas? Quem são elas? – Quis saber Isaac, com certa hesitação – E...Quanto ao dinheiro...Eu posso emprestar um pouco do meu. Digo, não tenho muito, mas posso tentar ajudar na reconstrução para compensar.
– Isaac... – O dragão estava prestes a chorar, o seu namorado era tão fofo e gentil. Alguém errou em relação a raça sobrenatural a qual o jovem Lahey pertencia, não devia ser lobisomem e sim anjo.
– Isaac! – Interpôs o xerife – O senhor Eror...Erornin...Bem...O senhor dragão é maduro o suficiente para resolver seus próprios problemas.
– Por isso está ligando para as mães dele, para que elas resolvam o problema que ele criou. – Derek explicou ignorando o olhar nervoso que Erorhion lhe lançava.
– Mães? – Isaac inqueriu, curioso.
– Oh! Como ele é maduro e responsável, ainda dependendo da mamãe para resolver as confusões em que se mete... – Riu Laura.
– Você não deveria criticar tanto...Afinal, me lembro muito bem das contas que tive que pagar pelas confusões que você se mete, Laura Hale. – Frisou Talia fazendo com que a lobisomem se engasgasse. Derek deu um tímido sorriso. Sim, sua irmã poderia causar muitos danos a bares e boates quando bebia além da conta. Lobisomens apresentam uma maior tolerância a álcool devido a seu metabolismo e habilidades curativas aumentados, mas certos destilados produzidos por seres sobrenaturais podem afetar até o mais resistente dos lobisomens e isso incluía Laura. Quando a Hale bebia, costumava incorporar uma personalidade louca por coisas fofas além dos limites do que é considerado normal: atacando e quase sequestrando indivíduos a qual se enquadrariam nessa categoria. O pior é que ele também se tornava bastante aberta para expor sua opinião quanto a indivíduos que se encaixam na categoria "feio de doer" ou "Nojento, porco" ou "Velho pervertido"...Enfim, ela não tinha controle sobre o que dizia e fazia, o que gerava perigosas brigas de bares e uma longa conta para que Talia pagasse.
– Er...Sim. Eu tenho duas mães. – Resolveu explicar, enquanto busca os contatos de suas progenitoras no seu smartphone – Elas vivem na China, no momento. E antes que perguntem, sim... eu quis dizer duas mães. E ambas são minhas mães biológicas, se posso usar esse termo. Nós dragões orientais não nos reproduzimos como vocês, no sentindo que não é necessário o sexo em que vocês usam para que ocorra troca de fluídos, espermatozoide e óvulo, fecundação...Enfim, essas coisas orgânicas. A reprodução dragoniana ocorre por meio da magia. Algo bastante complicado e minhas mães não precisaram me carregar em seus ventres para eu completasse o meu desenvolvimento...
– Espera... Você está querendo dizer que você nasceu como? De um ovo? – Indagou Stiles.
Um silêncio constrangedor ocorreu logo depois da pergunta ser feita. Erorhion corou e Laura soltou uma risada abafada.
– Isso realmente é fascinante. – Cortou o xerife em um tom que demonstrava que não parecia nem um pouco fascinado com tudo aquilo. Viver em Beacon Hills o fizera ter uma mente aberta para os diferentes seres sobrenaturais que ali residiam, logo, nada mais o surpreendia – E essas suas mães irão arcar com todo o custo aos danos públicos?
– Sim. – Quem respondeu foi Talia ao invés do constrangido dragão – Elas são como embaixadoras do mundo sobrenatural, poderosas e não digo só em relação a magia, mas também politicamente. Elas terão capital para nos ajudar, mas isso não significa que ficarão felizes com isso...
– Eu sei... – Confirmou Erorhion encontrando os contatos de suas mães, vacilava em ligar ou mesmo mandar a mensagem para elas. Sabia que elas ficariam irritadas, além de curiosas em saber o motivo dele se descontrolar ao ponto de causar desastres nem um pouco naturais. Iriam enchê-lo de perguntas...E logo descobririam sobre Isaac. E queria adiar essa descoberta o máximo possível.
– Eror, está tudo bem? – Questionou o seu namorado, tocando levemente o seu braço.
– Tudo perfeito. – Forçou um sorriso o dragão. Estava acumulando muito karma, teria que enfrentar as consequências cedo ou tarde.
~***~
– Então, a maior parte das regras daqui são o que meu pai inventa e acredite ele parece ter um hobbie que é criar regras. Não sei se isso tem algo relacionado a ele ser policial. Pode ser um desejo sádico de deixar a vida de seus filhos menos divertida. Ou simplesmente é falta de colesterol, quando ele não come a sua dose de bacon diária costuma descontar em nós. Não sei.
– Stiles...Isso é meio que é propaganda enganosa. Seu pai não é tão rígido assim. – Scott tentou defender John ainda mais quando o referido pai nem estava ali para se defender. Os dois estavam fazendo um tour com Isaac, já que agora o garoto iria morar com eles. Aquela notícia foi recebida com alegria por todos os membros do grupo de amigos, afinal, depois de tudo, Isaac merecia um lugar tal como um lar.
– Nosso pai, Scott. – Corrigiu Stiles – Ele é mais seu pai do que...Bem...Aquele cara.
McCall fez uma careta.
– Pois é... Mas tecnicamente minha mãe não se separou...
– Porque aquele cara não assinou os papeis! Então, esqueça o tecnicamente, sim? Pois meu pai é seu pai também.
Scott deu um sorriso tímido e olhou de relance para Isaac que os observava com um olhar confuso.
– Parece que temos isso em comum...Pais escrotos.
Isaac deu um sorriso amarelado. Fazia dois dias desde a morte do seu pai, seu corpo ainda não tinha sido liberado para o sepultamento. Estavam fazendo testes e análises, sabiam que fora o Kanima apesar de ainda não terem interrogado Isaac a respeito, mas isso só era questão de tempo.
– Um problema que teremos é compartilhar o banheiro. – Continuou explicando, Stiles seguindo pelo corredor, justamente para uma porta a direita – Já vou logo avisando que o Scott gosta de passar muito tempo lá, se embelezando para Alisson, não que tenha muito resultado...
– Ei! Isso não é verdade! – Reclamou lobisomem, ruborizando levemente.
– Os seus pais também usam esse banheiro? – Perguntou Lahey evitando que uma possível briga começasse.
– Não. Eles têm agora o quarto de casa que possuem seu próprio. Além disso, no andar térreo tem o banheiro das visitas...Por quê?
– Porque alguém está no nosso banheiro! – Exclamou Scott que ouvi água corrente, agora que aguçava sua audição lupina.
– Um ladrão! – Concluiu Stiles em um sussurro.
– Em nosso banheiro? – McCall não parecia que acreditava nessa possibilidade.
– E tomando banho? – Completou Isaac que também escutara que alguém estava se molhando e até mesmo cantarolando.
– Vocês acham que poderia ser o Kanima? – Insistiu, Stilinski.
– E volto a perguntar: no nosso banheiro?
– Até um réptil feioso tem que tomar banho. Eu recomendaria escovar os dentes, pois ele tem um tremendo bafo!
– Não acho que poderia ser o Kanima, tão pouco um ladrão... – Sugeriu Isaac.
– Só tem um jeito de descobrir. – Scott tocou na maçaneta da porta. Indicou para que seus companheiros se calassem e por fim, abriu de forma abrupta.
– AHHH! – O grito mais parecia um arranhar de garras afiadas em um quadro negro, ou mesmo nos vidros de uma janela. Eles conheciam muito bem de quem seria aquele som...
– Por Netuno, vocês não sabem bater na porta? – Reclamou o adolescente de pele bronzeada, cabelos loiros e...Tomando banho de espumas na banheira.
– Ethan? – Isaac arqueou as sobrancelhas, surpreso com a presença de seu antigo colega de quarto em um local tão inusitado.
– O que você está fazendo aqui? – Interrogou, Scott.
– Tomando banho... – O tritão fez biquinho, pegando uma toalha para cobrir seu tórax.
– Isso eu consigo ver, mas aqui?
– Não tem banheiras no dormitório do Instituto.
– Isso ainda não é uma boa justificativa para você estar aqui.
– Hum... – Isaac interveio, solicito – Ethan... Você, por acaso está com saudades? Digo, agora estou morando com Stiles e Scott, tive que sair do dormitório...
O tritão assentiu lentamente.
– Isso é tão injusto. Agora estou sozinho...E irão colocar outro colega de quarto! Você tinha uma vibe tão positiva, Isaac! Tipo, éramos brothers e tínhamos uma perfeita sintonia. E se o próximo colega de quarto não tiver uma vibe boa? Eu joguei os búzios e eles meio que indicaram que é possível que eu encontre alguém bem problemático! Isso será horrível! Irá manchar a áurea do quarto! Eu já enchi o quarto de cristais e queimei incensos, para tentar preservar o equilíbrio...
– Ei... – Isaac tocou no ombro do seu melhor amigo, também sentia falta do seu antigo quarto e da companhia do tritão. Afinal, foi no dormitório que primeiro encontrou a paz que tanto almejava para sua vida conturbada.
– Você pode sempre vir me visitar. Sempre. Ainda seremos amigos... – Garantiu Lahey.
– Isaac! – Choramingou Ethan, que puxou o adolescente para um abraço, fazendo com que ambos caíssem na banheira.
– E quando fazer essas visitas, tente fazer em locais mais normais e com menos nudez. – Sugeriu Scott, tentando ignorar a zorra que o estreito banheiro tinha se tornado.
– O que vocês estão fazendo? Já repararam que vocês têm meio que uma fixação por banheiros.
Para completar a presença de visitantes inconvenientes...
Na porta de entrada do banheiro estava Abraham Van Helsing III com uma expressão divertida estampada no rosto.
– Scott, essa não é a nossa casa e sim a casa da mãe Joana, só pode! – Falou Stiles.
– E o que você está fazendo aqui? – Scott já estava começando a ficar cansado de fazer essa pergunta.
– Também estava com saudades. – Provocou o ex-caçador.
– Aham. Conta outra. Você veio roubar os meus pudins, isso sim! – Acusou Stilinski, Aby apenas rolou os olhos com aquela tola acusação. Havia outras coisas para pegar na geladeira dos Stilinski do que os pudins.
– Na verdade, vim aqui conversar com Isaac.
– Comigo? – Issac tinha conseguido se desvencilhar dos braços molhados do tritão.
– Pode ser muito cedo para conversar sobre isso...Mas, acredito que o tempo é o que menos dispomos no momento.
– Você veio interrogá-lo sobre o que ocorreu. – Concluiu, Stiles.
– Não. Está muito cedo. Isaac ainda está se recuperando.
– Não, Scott...Eu estou bem. – Isaac garantiu, já estava cansado de o tratarem como fosse de porcelana. Já estava na hora de enfrentar suas lembranças – Temos mesmo que discutir sobre o que ocorreu...
– Concordo... Ainda mais porque acho que... – Stilinski assumiu uma expressão séria, algo que lhe era característica – O ataque de Isaac não foi aleatório e acredito que a morte de senhor Lahey pode ter sido um acidente.
– Como assim? – Ethan e Scott perguntaram ao mesmo tempo. Isaac sentiu um calafrio percorrer o seu corpo.
– Em outras palavras. – Aby franziu o cenho – Você acha que o alvo era o Isaac?
Stiles assentiu lentamente. De fato, eles teriam muito que conversar.
~~**Palavras da autora**~~
Novos personagens irão aparecer mais adiante!
Outra coisa, lendo os comentários de vocês percebo algumas afirmações/perguntas frequentes. Então vou esclarecer alguns pontos: Sim, apesar desta fanfic ser baseada na série Teen Wolf, não segue a mesma dinâmica e regras do mundo criado pela série, a parte dos lobisomens é diferente, pois não necessita ser um alfa para transformar alguém em lobisomem, a diferença é que a porcentagem de sobrevivência de quem é mordido por um alfa é maior.
O alfa não se transformará em um Lobo.
Personagens da série que se transformam/ou são algo mais, como a Lydia, aqui são apenas humanos, ok? Nem todos terão poderes ou algo do tipo, certo? (Aby não tem a faísca e isso não parece diminuí-lo em relação aos outros).
Personagens que morreram na série, não necessáriamente irão morrer nessa fanfic.
Conclusão, imaginem que é um universo alternativo inspirado na série, mas que não a segue ao pé da letra. Ok?
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