Kanima: Quem são? Onde vivem? O que fazem?

— Kanima... — Stiles testou a sonoridade daquele estranho nome — Não é um nome que inspire muito medo... Parece nome de algum personagem de anime.

— Isso é por que não sabes ainda a que se refere esse nome. — Ressaltou Derek com um rosnado.

— Então, me instrua com o seu conhecimento ao invés de ficar fazendo cara de enfezado por mais de dez minutos desde que o nosso amigo dragão fez a pergunta! Sério, Derek! Eu cronometrei! Ele fez a pergunta e você só ficou encarando com cara de quem comeu e não gostou...E ficamos tipo no vácuo! Isso não se faz! Sei que é interessante construir um suspense e tal...Mas caramba, tudo tem um limite!

Mais um rosnado. Essa parece ser a resposta do Hale para tudo.

— Isso é comum entre eles? — Sussurrou Erorhion para Isaac que assentiu com um sorriso.

— Você tem certeza que se trata de um Kanima? — Derek se voltou para o dragão, ignorando o seu namorado que cruzara os braços diante de peito e agora lançava olhares mortais ao seu amado lobisomem.

— Eu não confundiria a essência de ser como aquele...Sem falar que ele emitia muita energia negativa! Só podia ser um Kanima.

— Não há relatos da presença de Kanima a mais de duzentos anos! Em nosso território...Creio que nunca tivemos a presença de algo assim!

— Pois é... Sempre existe a primeira vez. — Erorhion bebericou do seu chá com elegância.

— Com licença. — Stiles levantou a mão, como uma criança no primário pedindo permissão para falar ou chamando atenção dos seus professores — Acho que falo pela a maioria aqui quanto a falta de informação sobre esse tal Mandiga...

— É Kanima. — Corrigiu Hale rangendo os dentes.

— Você sabe o que é, Aby? — Stiles se voltado para o caçador que mordiscava os biscoitos de gengibre sem muito interesse.

— Por acaso, sei... Kanima é um tipo de Lobisomem.

— Um tipo? Como assim? Eu pensava que só existia um tipo de lobisomem... Será que eles tem raças? Como os cachorros? Tipo, um lobisomem dálmata e outro poodle? — Tagarelou Stiles cujo cérebro já fomentava diversas possiblidades.

— Um lobisomem Poodle... — Pietro conteve a risada.

— Stiles... — Choramingou Scott — Obvio que não seria isso...Não é?

O adolescente olhou ansioso para o Hale, esperando que o mesmo sanasse suas dúvidas.

— Não existe lobisomens Poodles. — Derek foi enfático — Mas, o nanico está certo...

— Me chame de nanico de novo que eu mesmo farei uma tosa em seu pelo, de modo que lobisomens Poodles vão passar a existir no mundo sobrenatural! — Ameaçou Abraham, ameaça essa que o Hale fez questão de desconhecer.

— ... Kanima são um tipo de Lobisomem, ele seria uma mutação... Um lobisomem que rejeita a "mordida", sendo que isso normalmente estaria associado com profundos problemas emocionais por parte daquele que foi mordido, atrelados a algum evento traumático no passado. Invés de Lobo eles se transforma em ser reptiliano.

— Sério? Tipo de um ser mamífero ele se torna réptil? Com o meu parco conhecimento de Biologia sei que existe uma grande distância entre lobos e lagartos...Isso não faz sentido. — Analisou Stiles.

— Estamos falando de seres sobrenaturais. — Aby deu um meio sorriso arrogante — Ou seja, trata-se de algo além do natural, ou do que seria previsto pelas leis das ciências. De modo que, dentro de nosso padrão limitado de conhecimento pode-se concluir que eles não fazem sentido de fato.

— Existe sim um sentido para os Kanimas assumirem a forma de réptil. — Disse Erorhion — E eles não se distanciam muito dos lobisomens, apesar da aparência, seu poder ainda é sincronizado com as fases lunares, sendo a lua cheia o ápice de sua força. Também são seres sociáveis, assim como os lobos...

— Só que ao invés de buscarem uma alcateia, eles buscam um mestre. — Completou Derek — Erorhion está certo, existe sim um sentido mesmo que simbólico para a aparência dos Kanimas, esses seres buscam por vingança, ou melhor, um modo de sanar seus próprios problemas passados que muitas vezes está atrelado com sentimento profundo de fazer justiça com as próprias mãos. Lobos são seres de sangue quente, Kanimas apresentam sangue frio, são como opostos, dois lados de uma moeda. Enquanto nos lobisomens temos livre-arbítrio sobre nossas ações, o Kanima é obrigado a seguir ordens, pois eles não apresentam seu lobo interior desenvolvido devido aos problemas emocionais que age como um inibidor da transformação completa de um lobisomem. O réptil é um reflexo de sua condição confusa, incompleta e pronto para ser um predador mortal...A cobra, por exemplo, por vezes remete a dualidade, a luz, a escuridão, o mistério, a tentação, o engano, a morte, a destruição.

— O meu santo Darth Vader! — Exclamou Stiles ao fim da explicação — Gloria irmãos! Hoje é sem dúvida um dia de milagres... Derek Hale acabou de quebrar seu próprio recorde pessoal de número de palavras faladas sem ao menos rosnar! Na verdade, fiquei mais surpreso com o longo discurso! E não foi só esse... O meu querido Hale hoje está superando em seu tagarelar, estou orgulhoso!

Agora sim Derek rosnou, na verdade, rugiu, mas o adolescente apenas sorriu.

– Você tem sorte de estarmos em público... Quando ficarmos sozinhos... Vai se arrepender de me provocar tanto.– Era uma ameaça clara, algo que Stiles tentou disfarçar seu nervosismo (ou excitação) tossindo e tomando um grande gole do chá, contudo, sua mente, que nunca fica concentrada em um só foco, destacou uma dúvida.

— Espera...Você se referiu ao lobo interior? O que seria isso? — Stilinski franziu a testa e mirou Aby em busca de socorro, já que não tinha o Google para o auxiliar em suas dúvidas. O ex-caçador deu os ombros, um claro indicativo que Sua pesquisa não encontrou nenhum documento correspondente.

— Os lobisomens apresentam uma dualidade de consciências. — Agora era a vez de Pietro contribuir com a conversa, talvez estivesse fazendo isso porque seu pacote de marshmallow havia terminado, então falar seria uma ótima distração — Existe o humano, racional e dominante, e o lobo, instintivo que se torna mais perceptível durante a lua cheia ou quando o lobisomem se transforma na sua forma beta ou alfa. A parte humana sempre tenta controlar a lupina, mas essa última seria responsável por desencadear as principais características de um lobisomem, seus instintos, força, ligação com a alcateia, transformação... O equilíbrio entre as duas personalidades se torna quase como uma filosofia de vida para os lobisomens. Por exemplo, lobisomens recém-mordidos, quando se transformam as primeiras vezes, não conseguem controlar a sua consciência lupina, daí os ataques aleatórios que presenciamos no dia-a-dia. Já alguém que nasce lobisomem, desde a tenra idade treina a controlar essa parte animalesca de sua personalidade. Se um Kanima não tem esse lobo interior é como lhe faltasse algo... Tipo, algo espiritual/psicológico necessário para melhor interagir com o mundo a sua volta, creio que isso culmine em precisar de um mestre para guia-lo na sua forma "animal".

– Lobo interior... – Scott balbuciou mirando as próprias mãos – Isso explica muita coisa...

– Verdade. – Concordou Isaac que também parecia está refletindo sobre essas palavras.

– Por isso é tão importante que novos lobisomens sejam conduzidos para escolas de seres paranormais e serem treinados devidamente. – Acrescentou Derek.

– Mas... Esse negócio de consciência lupina...Ninguém explicou isso para a gente! – Falou Scott.

– Ainda. Vocês ainda estão no período de adaptação, logo as aulas especiais irão começar – Pelo visto Derek sabia muito sobre a programação do ano letivo, mas isso deveria ser relacionado ao fado de ser filho da diretora do instituto, ou mesmo por ele mesmo ter passado pela parte de ensino fundamental e médio do Instituto Beacon Hill.

– Aulas especiais? Sério? Espero que seja algo do tipo "Defesa contra as Artes das Trevas"! – Stiles agora ficara ansioso, estava cansado de aulas sem graça como Matemática e Economia... Afinal, se estava em uma escola para seres sobrenaturais, se esperava ter coisas diferentes de um padrão escolar do resto do Estados Unidos! Bem, havia os alunos que representavam uma verdadeira diversidade de seres advindo de contos de fadas, mitologia e filmes de terror, mas ver esses mesmos seres mijando no mictório do banheiro, ou reclamando da comida do refeitório ou dando desculpas que alguém (ou ele mesmo) comeu o seu dever de casa... Tirava toda a magia do sobrenatural!

– Estamos perdendo o foco da conversa... – Lembrou o dragão – Esqueceram do Kanima?

– Não esquecemos, Shenlong! – Tranquilizou Stilinski – É assim que esse grupo funciona mesmo, vai se acostumando... Ás vezes saímos um pouco do caminho principal, mas sempre retornamos, talvez seguindo por um caminho paralelo, ou quem sabe, descobrimos um atalho! Ou melhor, podemos pedir carona a um motorista imaginário e ele nos deixa em uma parada também imaginária próxima do dito caminho principal. Também podemos pagar um taxi imaginário ou mesmo um ônibus...

– O que o idiota do Stiles está querendo dizer que podemos enrolar um pouco, mas não distanciamos muito do objetivo principal. – Cortou Abraham sem paciência de ouvir aquela louca analogia de Stiles até o final.

– Hum... Shenlong? Esse nome me é familiar...– Matutou Erorhion.

– Enfim, voltando ao Largatizomem. – O outro adolescente humano não parecia afetado pela a interrupção dada por Aby – Vocês disseram que ele precisa de um mestre, logo por não ter livre-arbítrio o Largatizomem se torna totalmente controlado por esse tal mestre... Assim, podemos concluir que o verdadeiro culpado da morte do vampiro seria aquele que controla o Largati...

– Quer parar de chamar o Kanima dessa maneira! – Interpôs Derek, irritado.

– Acho que Largatizomem é um nome bem mais lógico! Lobisomem e Largatizomem! Faz todo o sentido semântico! – Argumentou Stiles.

– Mas como esse mestre se aproximou do Largati...Digo...Kanima? E como podemos identificar um Kanima? – Questionou Isaac interrompendo uma possível briga que se iniciaria entre os namorados.

– Na reserva...Eu o farejei, mas ele não cheirava como um lobisomem. Era algo estranho. Algo novo. – Analisou Scott – Mas, sei que posso identifica-lo novamente! Principalmente agora que sei o que farejei!

– Não se animem, um Kanima tem o cheiro comum de lobisomem em sua forma humana, quando muda de forma, aí sim poderíamos fareja-lo. Na verdade, fora a sua transformação em ser reptiliano, o Kanima pode se passar como um lobisomem normal... É bem provável que ele nem sequer lembra do que fez quando era um Kanima. – Disse o Hale, mas logo acrescentou – Espere! Quem disse que deixarei você fareja-o, Scott? Essa é minha investigação... Trata-se de um assunto da Alcateia Hale e da polícia local!

– Sim, sim. Nós sabemos. Scott só estava fazendo uma observação.– Stiles piscou de forma nada discreta para os amigos. Aby levou a mão ao rosto tentando conter a irritação quando ao gesto que obviamente dizia "Dane-se as autoridades, nós iremos investigar sozinhos!".

– Por que você piscou? – Inqueriu Derek franzido a testa.

– Querido, pessoas piscam o tempo para poder lubrificar os olhos.

– Isso eu sei! Mas, esse piscar não foi normal.

– Agora você se tornou um especialista em "piscalogia"? Não sabia!

– Stiles...Eu só permiti que participasse dessa entrevista e nada mais! Isso é muito sério para você brincar de detetive!

– Não estou brincando, você não conseguiria essa entrevista sem mim. Lembre-se disso, meu caro Sherlock! – Cruzou os braços diante do peito e sorriu de forma arrogante – Alias, você não respondeu à pergunta do Isaac...Também queria saber essa história do mestre.

Derek fez um sinal com as mãos como quisesse, talvez, enforcar Stiles, lógico que era só no sentindo figurado. Seu lobo interior nunca permitiria que machucasse o seu mate, mas as vezes... A tentação era deveras grande. Sim, realmente teria que ficar sozinho com Stilinski... Ele merecia uma bela punição. Esse pensamento foi o suficiente para que se controlasse e por fim pudesse falar sem rosnar ou rugir.

– O mestre seria alguém que também apresenta um desejo de vingança, de modo que sincronize com o Kanima, em termo de pensamento, formando uma espécie de elo mental... – Explanou.

– Um desejo de vingança... Levando-se em consideração que esse tal mestre mandou o Kanima matar o vampiro com uma estaca que parece ser da minha família. – Analisou Abraham Van Helsing – Logo, creio que suas intenções são bastante claras.

– Claras? Sério? Tipo... Claras como?– Scott estava perdido (como sempre).

– Aham. – Concordou Pietro enquanto colocava açúcar em seu chá (nota: já estava passando da quinta colher do pó adocicado) – Eu também cheguei a mesma conclusão. Quem iria encenar um assassinato como esse? O que eles teriam a ganhar? Não esqueçamos do tratado de paz entre os caçadores e seres sobrenaturais...Esse é o primeiro ano da trégua. Uma morte aqui, perto do terreno do Instituto Beacon Hills pode causar a reabertura de antigas feridas.

– O mestre pode ser um caçador que não esteja feliz com o tratado! Logo, deseja se vingar! – Concluiu Aby cujo pensamento se voltava para o seu pai, sem dúvida ele teria seus motivos para tentar causar uma revolta por parte dos sobrenaturais, os forçando a atacar os jovens filhos de caçadores do Instituto... Sim, Arkadius Van Helsing não pensaria duas vezes em pôr em risco seu único filho para alcançar o seu objetivo e restaurar o poder dos caçadores.

– Pode também ser um ser sobrenatural. – Sugeriu o dragão – Muitos não aceitaram o tratado, não perdoam o que os caçadores fizeram para com a comunidade sobrenatural... Se buscam alguém com desejo de vingança, podem encontrar uma longa lista de seres que tiveram um ente querido, ou mais de um, morto devido as ações dos caçadores.

– Ok. Sim, temos muitos suspeitos. Contudo, o mais importante agora é que com essa informação sabemos que Aby não poderia ser o mestre. Ele não tem motivos para desejar a quebra do tratado. – Falou Stiles.

– Não tem é? – Derek arqueou uma sobrancelha, ainda não conseguia confiar no garoto, mesmo sabendo que seu melhor amigo estava apaixonado pelo mesmo.

– Com o tratado, Aby conseguiu a oportunidade de vir ao Instituto, de fazer amigos e de conseguir um namorado (vampiro, devo sublinhar)! – Continuou Stilinski – Com esse assassinato, a aceitação que ele almejava, a vida que construiu até agora... Tudo se perderia! Não. Abraham não tem motivo nenhum de buscar esse tipo de vingança.

Isaac e Scott prontamente assentiram.

Aby sentiu suas bochechas corarem, também sentiu a mão de Pietro cobrindo a sua própria lhe dando apoio. Ver outros se preocupando e o defendendo, era algo ainda tão novo para ele...

Derek suspirou.

– Não é a mim que devem convencer, infelizmente.

Stiles sabia que aquilo era verdade. Mesmo que no Instituto depois da batalha épica contra os vamp-emos (ainda não tinha encontrado um nome adequado), havia uma persistente "nevoa de desconfiança" pairando sob Aby. Só havia um meio de limpar, definitivamente, a barra de seu amigo: Capturando o Kanima.

Se o fizessem, saberiam quem deveria ser o mestre!

Para isso, Stiles Stilinski teria que bolar um magnifico plano.

Algo que estava formulando naquele exato momento... Sob os olhares desconfiados de Derek Hale. 


~~**Palavras da autora**~~

Esse capítulo dediquei a explicação do Kanima, sim, quando assisti a série, fiquei um pouco confusa quanto o que seria de fato o Kanima. Pq ele era assim e tal? Sei que tem uma explicação (pesquisei a respeito e tal), mas quis acrescentar alguns aspectos mais piscicológicos e simbólicos em relação ao Kanima.

Espero que tenha ficado claro!

Sim, pessoal, esse foi focado na explicação, mas os próximos vamos ter mais dos nossos casais: MOmento punição de Stiles (de novo!)

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