Extras: As desventuras desses tolos casais - Apresentação
ZAUBERTRÄNKE (poção - em alemão)
O nome fora talhado na placa de madeira, dando um aspecto medieval e exótico. Algo que combinava com a pequena loja cuja a vitrine era repleta de frascos dos mais diversos formatos e cheios dos mais coloridos líquidos. Havia também vasos com plantas e ofertas do que parecia doces e salgados caseiros. Um pequeno quadro de avisos estava disposto logo a frente da vitrine a qual havia panfletos ali afixados que informavam sobre Homeopatia e Herbalismo, enfatizando o utilizo desses campos de estudo para fins medicinais e suplemento alimentar. O centro comercial de Beacon Hills parecia uma versão mais moderna do Beco Diagonal, cheio de lojas como aquela que ofereciam serviços que mesclavam o mundano com o místico.
Pietro sentia as suas mãos suarem, lia e relia a placa bem como os panfletos como se de alguma forma aquilo lhe trouxesse mais informação sobre dono daquela loja. Afinal, viera ali com um objetivo em mente: se apresentar para o guardião legal de Abraham, pedindo permissão para namorar o ex-caçador (mesmo que já estivessem fazendo isso!), se possível sem que o mesmo ex-caçador soubesse do fato. Era um grande objetivo, sabia disso, mas era necessário ser feito! Aby fazia questão de evitar aquele encontro e isso intrigava o vampiro. Será que o jovem humano estava com vergonha de seu namorado vampiro? Ou será que o tio de Aby era contra aquele tipo de relação? Tinha que descobrir o porquê!
– Entregar mais panfletos? Eu devia estar ajudando nas poções e não... – Uma garota acabara de sair da loja, ela era um pouco acima do peso, usava um vestido roxo que destacava a sua forma roliça. Estranhamente (ou concidentemente) seus cabelos também eram roxos, bem como o seu batom – Oh! Um cliente?
– Er... – Pietro não soube o que responder, mas nem precisou pois foi puxado pela a garota para o interior da loja antes que pudesse formular uma boa desculpa.
– Sabrina...Você não devia capturar as pessoas e arrastar para o nosso estabelecimento comercial. Já falamos sobre isso. – Alguém falou, Pietro ficou boquiaberto ao vislumbrar esse alguém...Ele era a cara do Abraham! Só que um pouco mais alto, cabelos negros ao invés de loiros, além de usar uma roupa...Pietro achou melhor não ficar olhando muito para a roupa apertada que o tio do seu namorado estava usando.
– Mas somos ainda loja nova na região! Temos que ser mais impetuosos em nossas abordagens! O capitalismo é fogo! – Declarou a garota-roxa de nome Sabrina.
– Impetuosos não deve ser sinônimo de sequestrar pessoas que porventura mirem nossa vitrine. – Aconselhou Petrus apoiado de forma relaxada no balcão.
Eu disse que deveria me deixar tomar conta da divulgação e propaganda da loja! – Outra voz falou, Pietro olhou para os lados tentando encontrar a fonte.
– Eu faria isso se você assumisse a forma humana, Salem. – Comentou o dono da loja para...Um gato? Sim, um gato preto que acabara de saltar para cima do balcão. Era ele que estava falando!
– Isso é preconceito para com os felinos? – Miou irritado o bichano.
– Não, só acho que para entregar os panfletos é necessário ter um polegar opositor.
– Eu gosto da minha forma felina! Sou muito útil, afinal eu acabei com sua praga de ratos!
– Que praga? – Petrus franziu o cenho, nesse momento ele se tornava ainda mais parecido com Abraham. Pietro suspirou...O seu Aby iria ficar muito bonito se ele seguisse mesmo a genética do seu tio.
– Exatamente. – Respondeu Salem ronronando.
– Pessoal...O cliente! – Sabrina disse apontando para Pietro.
– Oh! Desculpe! Onde estão meus modos! – Reclamou Petrus saindo de trás do balcão, sendo acompanhado do gato falante – Me chamo de Petrus Brand, sou o dono desse humilde estabelecimento comercial...
– Eu sei. – Respondeu o vampiro antes mesmo que percebesse que declarara isso em voz alta.
–Hã? Você sabe? – O rapaz ergueu as sobrancelhas.
– Er...Digo...
"Droga! Droga! O que devo falar?" Pietro não era bom sob pressão, ainda mais quando tinha esquecido de trazer algum doce consigo! Mas, pelo visto, não precisaria responder por enquanto pois mais um cliente adentrara na loja, abrindo bruscamente a porta.
– Eu tenho uma reclamação! – Anunciou para que todos pudessem ouvir.
Petrus colocou as mãos na cintura e observou o novo personagem.
– Oh, sim? E o que seria?
– Esse produto aqui! – Disse colocando sobre a bancada um frasco – Ele não está funcionando! Digo, ele não cumpre o que promete!
– E o que você pensa que é a função desse produto? – Petrus pegou o frasco, um sorriso se estampava os seus lábios.
– Ora, é para fazer crescer cabelo! – Pietro repara que o humano/cliente era totalmente careca.
– Bem, pois esse produto cumpre o que promete.
– Como assim? Olhe a minha cabeça! – Gritou apontando para sua mais que evidente calvície – Veja! Veja! Nenhum cabelo!
– Ora, a questão é que essa solução faz sim crescer cabelo ou melhor pelos...Só que não nessa parte do seu corpo. – Informou, compassivo o alquimista.
– E em que parte do corpo eu devia usar isso?
Petrus sorriu, seus olhos desceram lentamente, navegando o corpo do seu cliente careca, que por sua vez já estava todo embaraçado, e parou, logo abaixo de sua virilha.
– Você ainda não me disse ainda aonde devo aplicar essa pomada... – Insistiu.
– Estou olhando para o local, mas se queres tanto que eu fale...
– Oh! OH! – A ficha tinha caído.
– Você não leu o rótulo do frasco? Aqui está dizendo... – O longo dedo de Petrus apontava para as letras cursivas do referido rótulo – "Passar com delicadeza em seu saco escrot...
– Já entendi! – Cortou o cliente pegando retirando o frasco das mãos do outro – Eu...Bem, acho que vou indo.
– Se quiser, tenho outro produto para tratar do seu outro problema capilar.
– T-talvez outra hora. – Disse olhando para os lados, parece que só agora tinha notado que havia uma plateia o mirando.
Tão rápido veio como também fora embora. O cliente tinha praticamente corrido rumo a saída.
– Petrus! – Reclamou Sabrina – Perdemos um cliente!
– Não perdemos não, sei que ele vai voltar. – Piscou divertido, mas logo voltou sua atenção para Pietro que engoliu em seco.
E agora? Qual seria a desculpa?
– Tio! Eu não acredito que você me fez catalogar o seu almoxarifado...Eu não sei o nome de todas essas tralhas que você encomenda. Além disso, precisamos mesmo de três caixas de Mandrágoras? – Se as coisas poderiam piorar? Pietro já sabia que sim ao ver seu namorado vindo de uma sala cuja a placa (também talhada em madeira) dizia "Cuidado! Só pessoal autorizado! Risco de transmutação em sapo!".
Os olhos do ex-caçador pareciam que iriam saltar para fora ao avistar o seu vampiro.
– Ah! O que você... – A pergunta morreu em sua garganta, fingiu tossir, mas seu tio era deveras observador para deixar isso passar.
– Aby, você o conhece? – Inqueriu Petrus.
– Ele...Ele estuda na faculdade Beacon Hills. Nos só somos conhecidos! Minha escola é do lado da faculdade, como você deve saber! – Disse lançando olhares de advertência para Pietro.
– Sério? Um estudante universitário, que fofo. – Piscou para o vampiro que mais uma vez engoliu em seco.
– Ele não é fofo! – Abraham praticamente rosnou – E ele não faz o seu tipo!
Petrus nada disse, ao invés disse se voltou para uma das estantes e pegou um frasco contendo esferas coloridas.
– E quem não o tipo do Petrus? Ele pega tudo e a todos! – Comentou Salem soltando um miado divertido.
– Cuidado, gato... Ou eu mudo a cor de seu pelo outra vez. Ou posso preferir, simplesmente, fazer seu pelo cair...Você ficaria um perfeito Sphynx! – Advertiu Petrus, o bichano sibilou e se escondeu atrás de Sabrina.
– Enfim... – O alquimista parecia analisar o frasco que tinha nas mãos – Se você veio a minha loja, deve ter um motivo, não é mesmo senhor-vampiro-universitário-bonitão?
– Bem...
– Ele já está de saída! – Interveio Abraham.
– Eu estou falando com o meu cliente, Aby. Fique quietinho, sim?
O garoto mordeu o lábio inferior e obedeceu ao seu tio, mesmo que estivesse mais do que na cara que desejava lançar Pietro pela a vitrine da loja.
– Talvez...Eu devesse ir. – Disse apontando para a porta, afinal, estava começando a temer por sua vida.
– Ora, que não! Você acabou de chegar! Por que não aceita uma amostra grátis de um dos meus produtos mais requisitados?
– Eu realmente não queria incomodar!
– Não incomoda nenhum pouco! Além disso, essas balinhas são conhecidas como verdadeiros afrodisíacos... Na verdade, eu potencializei as propriedades de alguns compostos químicos, gerando uma espécie de feromônio do amor. Se você comer uma delas, vai acabar secretando essa substância por seus poros e qualquer pessoa a 100 metros de você ficará excitada e se lançara aos seus pés!
– Uau. – Foi tudo que Pietro pode dizer sobre aquela explicação, bem que não precisava daquele produto, mas ficava surpreso de algo assim existir de fato (e ser comercializado!).
– Ele não precisa disso! – Abraham se postou entre o vampiro e seu tio.
– Não? Oh! Se o problema dele é virilidade, eu tenho outro produto que...
– Tio Petrus! Posso garantir que ele é bastante viril!
– Pode é? – Petrus deu um sorriso provocador que fez o coração de Pietro saltar, esperava que um dia Aby pudesse lhe dar um sorriso assim – Que fato interessante de se saber...
Aby corou.
– B-bem...
– Eu posso namora-lo? – Soltou Pietro subitamente.
– Desculpe, querido, eu não costumo ter relações firmes com ninguém. – Informou Petrus todo sorridente, agora sim Aby tinha rosnado.
– N-não ...Digo, eu me referia ao Abraham!
– Oh! Sim! Mas, vocês já não namoram?
Abraham ficou boquiaberto com a pergunta lançada por seu tio.
– V-você sabia?
– Querido, achou mesmo que não iria notar o fato de você se arrumar tanto para ir à escola? Ou mesmo as longas conversas no telefone que "misteriosamente" terminam quando eu aparecia? E a pesquisa sobre vampiros? E ainda mais, teve todo aquele papo no Skype com o filho do Xerife... Vocês discutindo sobre a veracidade das fanfics sobrenaturais. Se me recordo bem, você parecia bem interessado sobre o fato de alguns aurores retratarem vampiros como mortos-vivos, se eles eram capazes de ter uma ereç...
– Tio! Já chega!
– Mas, você sabe que eu posso ter uma ere...
– Você também, Pietro, calado! – Rosnou o pequeno humano.
– Isso é bem melhor que a novela das 8... – Comentou Salem para Sabrina que apenas assentiu.
– Pois bem... – Petrus ainda não tinha acabado – Só não entendi muito bem por que você não me contou que estava namorando...
Aby deu os ombros.
– Eu só... Não sabia como contar...Digo, se você fosse o meu pai.
– Eu não sou! – Pela primeira vez Pietro notou uma verdadeira rispidez no tom de voz do alquimista – Nunca me compare com aquele... Monstro. Sou seu tio, somos uma família...Sei que viveu muito tempo sobre a opressão de seu pai, mas o modo como ele te tratava e controlava não era saudável. Não é assim que famílias funcionam!
O loirinho abaixou a cabeça.
– Desculpe.
Petrus soltou um suspiro e colocou as suas mãos sobre os ombros do sobrinho.
– Está tudo bem. Você tem que confiar em mim, Abraham. Eu te amo... E por te amar, irei sempre te apoiar em suas decisões.
Aby assentiu. Pietro sentia que um peso tinha sido retirado de suas costas, pois agora sabia que a causa da relutância de Abraham em apresenta-lo como namorado não estava relacionada a vergonha ou mesmo a algum empecilho imposto por Petrus Brand... Mesmo assim, sentia sua antipatia para com o pai de Abraham aumentar cada vez mais. Mesmo não estando ali presente fisicamente, a sombra do líder dos Van Helsing pairava sobre eles...Pietro prometeu a si mesmo que iria dissipar aquela nuvem escura que persistia a assombrar o seu Abraham.
– Enfim! É um prazer te conhecer... Qual seria o seu nome mesmo, docinho?
– Pietro. Pietro Beaumont.
– Que lindinho, aqui...Um presente! – Ao falar isso lançou uma das balas coloridas do frasco para o vampiro que, automaticamente a capturou, afinal, eram anos de treinamento lançando jujubas e outros doces para o ar e tentando captura-los... Por isso, agiu por instinto!
– Tio! O que foi que você fez? – Exclamou Aby alarmado – Pietro, cospe! Cospe isso!
– Não dá...Eu já engoli...E tem gosto de amora! Só que devia ser mais doce...
– Dane-se o gosto! Não confie em nada que o meu tio te dá de comer ou beber! E isso não era aquele afrodisíaco-poção do amor?
Petrus soltou uma risada.
– Vocês realmente acreditaram nisso? Acha mesmo que aqui é um sex-shop ou algo do tipo? Essas balas são doces dietéticos, apenas!
Abraham soltou um suspiro. Pietro pegou o frasco para si e começou a comer mais algumas dessas ditas balas.
– Bem, pode ser pouco açucaras, mas são gostosas.
– Que bom que aprecia o meu trabalho. Eu sou muito bom com as minhas mãos, sabe? Alguns dizem que tenho dedos mágicos! – Piscou Petrus de forma galante, como consequência Pietro se engasgou com as balas, com isso pode concluir que Petrus Brand podia ser muito perigoso.
– Meu trabalho aqui acabou! – Exclamou Aby um pouco alto demais – Então, vou sair...
– Mas já? Ainda quero conhecer o Pietro melhor! – Choramingou o rapaz.
Aby não respondeu, apenas puxou o ainda engasgado vampiro para longe dali...
– Petrus... – Chamou Sabrina.
– Sim?
– Aquelas balas...
– Hum?
– Elas não eram a sua versão do viagra que formulamos para o dia dos namorados?
– Oh? Era? – A expressão de Petrus não parecia de surpresa – Mas eu não menti para eles, também são balas dietéticas...Só com alguns aditivos!
– Não sei se você sabe, mas é comum que os "pais" não estimulem a vida sexual de seus "filhos". – Comentou Salem.
– Ora, não se preocupem, só foi uma brincadeira. Além disso, quando toquei as balas mudei algumas propriedades...
Sabrina ergueu as sobrancelhas, Petrus tinha uma estranha habilidade, a qual ele chamava de faísca, que o tornava um alquimista especial, ele literalmente conseguia mudar as propriedade físico-químicas dos objetos.
– E pode ser que que tenha também adicionado um laxante...
– Oh! Céus! Você não presta! – Miou Salem.
Petrus apenas piscou divertido para os seus funcionários.
Palavras da autora
Pretendo adicionar mais um extra, agora voltado para Isaac e o seu dragão!
Espero que tenham gostado!
Além disso, conhecemos um pouco mais sobre Petrus Brand!
Esse capítulo tem duas referências de um clássico seriado e uma cena de um filme que adoro (com a temática de bruxas) vamos ver se vocês conseguem perceber!
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