Extra: Aconteceu em uma tarde outonal...
Outono podia ser uma estação deslumbrante, com toda aquelas folhas caindo e clima frio, perfeito para uma boa xícara de chocolate quente. Entretanto, não podia se esquecer das desvantagens...
– Malditas folhas! – Resmungou Petrus enquanto equilibrado em uma escada, apoiada próximo a calha de sua casa. Calha essa que estavam entupidas com referidas folhas outonais, o que significava que durante as chuvas (outra característica daquela "maravilhosa" estação) ocorriam, a água transbordava e uma verdadeira cachoeira vertia do telhado. Era o seu dever solene manter seu novo lar. Quando morava na Europa, tinha um pequeno apartamento em um bairro popular em Berlim. Não tinha esses problemas, a não ser a infiltrações e problemas de calefação, mas ao se mudar para os Estados Unidos, com ajuda de Alam, conseguiu aquela casa de dois andares... E os problemas aumentaram!
– Eu consigo... – Disse convicto, apesar das pernas estarem tremendo e, como consequência, a escada também tremia. Alguns diziam que era teimoso...Talvez o fosse, mas Petrus preferia se definir como um rapaz independente. Saíra de casa com 16 anos e conseguiu se virar em viver sem ajuda financeira da família Brand. Conseguia entrar na faculdade, terminar seu curso e ainda aprendeu a usar a alquimia, tudo sozinho. Também lutou contra Arkadius Van Helsing, sozinho. Sempre o denunciando e tentando conseguir a guarda de seu sobrinho para si...Por fim conseguiu e agora poderiam começar, de fato, uma família. Por isso, não iria contratar ninguém para consertar a sua casa! Ele poderia se virar! Sempre se virou!
Bem, por mais que tivesse a convicção tal força do pensamento não era forte o suficiente para ir de encontro a gravidade! A escada vacilou. Petrus tentou se segurar nas calhas para dar algum suporte. Foi inútil, a escada caiu e o jovem alquimista iria cair junto... Sentiu seus pés dançarem no ar. A calha, logicamente, não iria suportar o seu peso.
– Scheiße... – Praguejou, sentindo seus dedos escorregarem. Já pressentia a dor que sentiria ao colidir com o chão...
~**~
Ao estacionar, a primeira coisa que fez foi descansar a testa no volante do carro e se perguntar o que estava fazendo aqui? Ele era um lobisomem ocupado, ainda mais com todos os problemas ocorrendo em Beacon Hills... Mas, mesmo assim, aí estava ele, estacionando logo ao lado da casa daquele intrigante humano que o envenenara dias atrás. E por que? Para entregar alguns papeis da universidade. Papeis esses que poderiam ser entregues depois, ou mesmo, tudo poderia ser resolvido via telefone ou email. Não. Peter Hale sentia que deveria ir ali, pessoalmente. Não sabia muito bem como explicar esse impulso...Já era um adulto, não devia estar tão susceptível a seus instintos. Mas...O que os seus instintos estavam tentando dizer ao direciona-lo para ali?
Talvez dizer que Petrus havia tentado envenena-lo fosse um termo pesado demais. Brand obviamente sabia o que estava fazendo, usou as proporções adequadas de Wolf-bane para paralisa-lo, mas não o machucar. Quiçá fosse isso que o tivesse atraído...Aquele jovem humano era, sem dúvida, admirável. Alquimistas são indivíduos capazes de controlar a química, os átomos, elementos, moléculas e compostos que são os blocos construtores da vida como um todo. Alguns preferiram os denominas de catalisadores vivos, pois eles podiam acelerar reações químicas e até mesmo possibilitar a existência de outras, gerando produtos totalmente distintos e originais. Contudo, poucos alquimistas conseguiam alcançar grandes feitos...Pois seu poder de manipulação da matéria é limitado. Às vezes, conseguiram transmutar pedras em ouro (mas o efeito não era permanente), criar elixires milagrosos com diversos efeitos colaterais... Peter nunca tinha conhecido um alquimista tão capaz quanto Petrus Brand, talvez fosse a consequência de ele ser um faísca. Os humanos que subitamente conseguem poderes sobrenaturais parecem adquirir habilidades acima da média. Bem que existem poucos desses faíscas por aí para se tecer um conceito verossímil de suas habilidades.
"Sério mesmo que você está justificado o seu interesse em Brand em uma pura curiosidade acadêmica? Quem está querendo enganar?" Resmungou, por fim levantando os seus olhos para fitar a paisagem do calmo subúrbio de Beacon Hill. Sim, havia ali um interesse, mas esse estava longe das habilidades alquímicas de Petrus...
Quando foi a última vez que se sentiu assim? Agindo que nem um cachorrinho alegre, atrás de um suculento osso? Sim, fora casado, mas aquela relação foi moldada em relações políticas, aliança entre alcateias segundo os interesses de seu pai, o antigo Alfa da alcateia Hale... Sua esposa era sua amiga, mas não era a sua amante. Sofreu com a sua morte, mas devido o laço de amizade que compartilhavam. Paixão? Amor? Não...Isso não existia. Oh! Agora se recordava quando se sentira assim...Houve um momento em sua vida que agiu de forma inconsequente, deixando que seus instintos dominassem o seu lado racional! Foi em sua adolescência, quando conheceu um certo vampiro.
– Só pode estar brincando comigo. – Resmungou, mas um sorriso se formou no canto de seus lábios ao visualizar uma Ferrari de coloração escura estacionando a sua frente. Pelo visto, não fora o único a ser atraído para ali... Era muita coincidência que as duas pessoas que descompassavam o seu coração estivessem logo ali? Juntos? Os deuses deveriam mesmo estar rindo a suas custas...Hoje era o dia de deixar Peter Hale louco!
– Já estou ficando velho para isso... – Deu uma risada rouca enquanto saia do veículo.
~**~
– Je n'y crois pas! – Rosnou Michel dando um leve soco no painel de seu carro, afinal, apesar de estar irritado, não iria danificar o seu veículo! Ainda estava pagando as prestações. Mas por que estava irritado? Ora, era um vampiro ocupado...Havia pilhas de relatórios em seu escritório para analisar, os clãs vampirescos não perderam tempo em solicitar explicações, entrarem em pânico e exigir mais ação da família Beaumont. Os ancestrais, os velhos vampiros e líderes da raça, também se comunicaram pedindo (ou melhor, ordenando) uma explicação sobre o ocorrido em Beacon Hills. Michel não deveria estar ali...Definitivamente! Todavia, não conseguiu controlar o seu impulso. Era como se uma força invisível o atraísse.
– Maldito instinto. – Culpou. Será que aquilo tudo era falta de libido? Não que fosse admitir em voz alta, mas fazia anos desde que tinha compartilhado a cama com alguém. Ao contrário de um certo lobisomem, que guardava camisinhas em seu porta-luvas, Michel era muito mais seletivo na escolhe de um parceiro ou parceira. Em outras palavras... (não que fosse admitir em voz alta!)...Sua última relação sexual foi a muito tempo atrás. Logo depois de se separar de um determinado lobisomem e se mudar para Paris. Não foi uma época que tivesse muito orgulho. Suas irmãs poderiam dizer que Michel era um romântico incorrigível, mas ele não conseguia se entregar alguém em busca de simples prazer carnal. Não era assim que funcionava para Michel Beaumont!
– E o que estou fazendo aqui? Mon Dieu! – Disse em um tom cansado. O que aquele humano impertinente fez para que o nobre Michel viesse correndo até ali, tal como um morcego faminto por um doce sangue fresco. Será que Petrus o havia encantado? Usado alguma poção...Não...Quem faz isso são bruxos! Petrus era um alquimista! Talvez, fosse o fato dele ser próximo a uma família de vampiros! Devia ser isso! Brand conhecia os Van Helsing, logo, depois da morte do vampiro, nada mais lógico que Michel, sendo o chefe dos Beaumont de Beacon Hills, ficasse de olho nos movimentos do humano. Ele só estava exercendo sua função como guardião dos clãs vampirescos!
"Non-sens! (Tolice) Irei usar esses argumentos para tentar ocultar minhas reais intensões? Agindo desta forma estou menosprezando o meu intelecto!" Pensou enquanto cerrava os punhos ao redor do volante.
Batidas no vidro o fizeram sobressaltar, com os caninos amostra virou rosto para encarar aquele que ousou desperta-lo do seu momento de autoanalise!
– Lindo dia, não é mesmo?
Peter Hale disse com o seu melhor sorriso, não que aquele sorriso o fizesse parecer mais novo e não despertava estranhos sentimentos em Michel.
– O que, pelo Santo Nosferatu, você está fazendo aqui? – Falou enquanto abria a sua porta em um movimento brusco fazendo com que o outro saltasse para trás.
– Acredito que o mesmo que você. – Nisso ele mostrou uma pasta de documentos que tinha em mãos. Os olhos de íris escarlate logo buscaram uma pasta semelhante de documentos disposta no banco de passageiro de seu carro.
– Você não tinha obrigação de estar aqui! – Disse o vampiro com rispidez.
– Alam fez a proposta de integrar mais um membro para a equipe de professores das "aulas especiais", mas ele não pode entregar os formulários pessoalmente, pois, como emissário está viajando para uma Alcateia vizinha. Logo, imaginei que sendo eu o chefe da disciplina deveria me prontificar a entregar os documentos. – Explicou calmamente o Hale.
– E-e-e...E eu sou o vice na chefia, logo... Pensei que você deveria estar muito ocupado por vir, então, tomei a iniciativa. – Michel falou, odiando a si mesmo por ter gaguejado. Não imaginara que Peter estaria ali! Isso não estava de acordo com o seu plano de "evitar o máximo possível ficar a sós com Peter Hale".
– E eu pensei o mesmo de você. – Respondeu – Alias, você poderia ter me ligado.
– E-eu não tenho o seu telefone. – Mentiu.
– Não tem? Sendo o vice na chefia e também o líder dos Beaumont em Beacon hills? – O Hale ainda teve o descaramento de levantar sua elegante e sexy sobrancelha. Aquilo era golpe baixo.
Michel foi salvo em responder, isso por que o som de algo caído e de um palavrão dito em outra língua chamou atenção dos dois seres sobrenaturais. Os mesmos trocaram rápidos olhares e se lançaram rumo ao som.
~**~
Petrus fechou os olhos quando suas mãos escorregaram da calha. A queda seria de apenas alguns segundos. Esperou pelo impacto. Esperou e... Nada! Confuso, abriu lentamente os olhos só para se surpreender. Braços fortes o seguravam, olhos de íris avermelhada o miravam com preocupação.
– O que pensa que estava fazendo? Isso é bastante perigoso! – Reclamava o vampiro, Petrus ainda estava tentando processar a nova situação em que se encontrava. De onde surgiu aquele vampiro gostoso? Espera...Era o mesmo vampiro que viera anteriormente a sua loja...O que desejava saber sobre a estaca.
– Michel? – Inqueriu, hesitante.
– Hã? – O outro franziu o cenho – Obvio que sou eu, humano. Ou já esqueceu? Pode ser que tenha batido a cabeça antes de eu chegar...Vocês humanos sempre tão frágeis!
E o vampiro começou a avalia-lo, tocando a sua face com tamanho cuidado que Brand nem fizera questão de afasta-lo, não gostava muito de ser paparicado, mas sentir os longos e frios dedos do Beaumont o tocando gerou uma onda de calma se alastrando por seu corpo. Será o efeito de algum feromônio vampiresco? Não queria ser a Bella do Crepúsculo!
– Eu estou bem! – Falou por fim tentando se libertar dos braços confortáveis do vampiro.
– Iria ser uma bela queda. – Outro invasor. Também o reconhecia da situação anterior. O lobisomem...Peter Hale – Uma atitude meio que imprudente para alguém que acredito ser inteligente.
Petrus se levantou e limpou as folhas pregadas em sua roupa, um macacão folgado que utilizava para fazer aqueles tipos de serviços braçais. Não era bonito e tão pouco exaltava as suas formas, pelo contrário, o deixava com um jeito infantil, tal como uma criança vestindo as roupas de seu pai. Por isso, evitava que outros o vissem assim. Feria a sua imagem sexy e atrevida que tanto lutara para criar.
– Vou levar em consideração a sua sentença como um elogio a minha pessoa. Obrigado por me achar inteligente, senhor Hale. – Fez uma pequena reverência.
– De nada, senhor Brand. – Riu Peter, dava para sentir o cheiro da irritação que emanava do rapaz.
– Também espero por um obrigado, por salvar a sua vida ou algo do tipo.
Michel parecia sentido, quase se podia ver um biquinho formando em seus lábios, mas o orgulho do vampiro evitou tamanha humilhação.
"Ele tem razão..." Pensou, sentindo culpa preencher seu peito " Não devia ser mal-agradecido por algo assim!".
– Tem razão, bonitão. – Assentiu resoluto – Devo te agradecer.
Falando isso se aproximou do vampiro, cutucou o seu peitoral. Michel gostava de usar terno, parecia um agente do governo ou um empresário, mas o terno não ocultava a forma de seu corpo em proporção equilibrado de músculo contrabalanceada com sua altura. Um verdadeiro elfo vampiro.
– Como devo te agradecer? – Inqueriu, deixando seu dedo navegar pelo tórax de Beaumont, descendo do seu peito para sua barriga e logo chegando no cinto de sua calça de linho.
Michel não disse nada, apenas engoliu em seco. Peter observava meio que fascinado.
– Ah! O que acha de chá gelado? – Disse subitamente afastando a sua mão e se dirigindo para a casa – Não! Nesse clima é melhor um chocolate quente! O que acham?
O vampiro soltou um baixo resmungo de insatisfação, o humano poderia não ter ouvido, mas Peter sim ouviu.
– Na ultima vez que você ofereceu bebidas, não tivemos uma boa experiência. – Comentou, o lobisomem.
Petrus parou nas escadas que davam para a entrada de sua casa e voltou seus olhos cor de esmeralda para os seus convidados inesperados.
– Não tiveram? Isso é uma pena. Meus parceiros e parceiras normalmente tem uma opinião diferente...Os adjetivos que eles costumam dizer despois de um encontro comigo seriam: fogoso, flexível, insaciável...
– Provocador? – Sugeriu Peter soltando um rosnado. E por que? Estava com ciúmes dos antigos parceiros de Petrus?
– Hum... – Levou um dos dedos aos lábios – Talvez eles tenham mencionando essa palavra, não me lembro...
– Sei... – Agora foi a vez de Michel rosnar.
Petrus teve que conter o riso, que dupla de homens tinha encontrado. Será deveria desperdiçar?
– Outra coisa que me recordo de nosso encontro anterior é que... – Subiu o resto dos degraus, sua mão acariciando o corrimão levemente. Ao chegar no topo se virou novamente, vendo que os dois seres sobrenaturais ainda o vigiavam de longe, como se estivesse hesitando em segui-lo – ...Havia uma punição que nenhum dos dois teve coragem de me dar.
Isso parece ter chamado a atenção do vampiro e lobisomem. Um rosnar ligeiramente diferente foi emitido... Algo que fez o coração de Petrus acelerar e um gostoso calor se propagar por seu corpo.
– Então, estou com a tarde livre... O que acham de continuarmos o nosso assunto anterior? Não gosto de deixar nada inacabado...
E entrou na casa. Não se passou nem três segundos para que os outros dois, correndo e empurrando um ao outro, para ser o primeiro a passar pela porta, subiram os degraus para segui-lo.
Sem dúvida, o seu fim de tarde podia ser muito divertido...
~~**Palavras da autora**~~
Vamos ver se consigo escrever antes do fim do ano! Pois terá mais um capítulo com o Lemon! Primeiro Lemon da história! Mais um especial e um presente para vocês!
Isso ocorreu depois do primeiro encontro de Petrus com Michel e Peter! Antes das aulas especiais! Ok?
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top