Encontro -Parte I
Foi difícil convencer Derek em não pega-lo em casa. Sério. Não era necessário. Ainda mais, tendo em vista que justamente hoje o xerife resolveu ficar em casa de folga. Seria meio constrangedor explicar ao pai que teria um encontro com alguém... Ainda mais, sendo esse alguém um lobisomem, mais velho e bem macho. Sinceramente, não queria ter a famosa "conversa" com o seu pai sobre sua sexualidade, não quando ainda não tinha avançando na sua relação com o Hale. Seria ainda mais constrangedor tentar explicar que tipo de "amizade" compartilhava com o lobisomem.
Em definitivo, sem nenhum papo com o senhor Stilinski sobre amor, paqueras e possibilidades de seu filho ter se descoberto gay (ou melhor Bi!).
Desceu as escadas, lentamente. Tentando não fazer barulho e...
— O que você está fazendo? — Pelo visto suas técnicas sorrateiras precisavam melhorar. Ao fim da escada havia um grande arco que interligada a sala com a cozinha, de lá emergiu John com um grande sanduiche nas mãos.
— Eu que devo te perguntar isso! — Apontou de forma acusatória para o alimento inocente — Isso tem salame? Bacon? Molho Barbecue? Ketchup? Mostarda? Nenhuma verdura pelo visto... Como imaginei... Isso parece ser uma obra satânica para entupimento de artérias! Vá de reto satanás! — Disse fazendo o sinal da cruz para o coitado sanduiche.
O xerife somente rolou os olhos com o costumeiro drama do filho e soltou um suspiro.
— É só um lanche Stiles!
— Isso pode ser a sua última refeição, pai! Esqueceu a sua pressão? — O adolescente logo pegou o sanduiche "maligno" do seu pai que não se opôs ao ato.
— A minha pressão está bem...
— Por enquanto, mocinho. Mas ao comer isso! — Indicou a comida — Vai ocorrer um BOM!
John balançou a cabeça e acabou seguindo o filho a cozinha, passivamente.
— Não vamos inverter os papeis, sim? Eu ainda sou seu pai!
— E? —Stiles já estava preparando um novo sanduiche para o Xerife, pão integral, bastante alface, tomate, cebola e para não ser malvado um resto de peito de galinha grelhado do almoço — Eu estou fazendo Lacrosse, não é mesmo? Foi o senhor mesmo que disse que eu precisava ser o saudável, que não podia critica-lo sendo sedentário...Pois é, estou mudando os meus hábitos logo espero que o meu querido e amado pai faça o mesmo, não é?
John abriu a boca para contra argumentar, até mesmo levantou o dedo indicador, mas logo o abaixou.
— Perfeito! Aqui está! — Disse enquanto praticamente enfiava nos braços do xerife o sanduiche recém-feito.
Ops... Agora Stiles estava em uma situação difícil. Qual seria a desculpa que daria ao seu pai para sair? Não podia dizer que iria com Scott a algum lugar, pois o mesmo não estava em casa, tinha saído (sei lá para onde) logo cedo. Mesmo que dissesse que sairia sozinho sabia que o Xerife ficaria desconfiado e sua desconfiasse significava que vários oficiais ficariam de babá, o vigiando pela a cidade.
Sua mente estava trabalhando, pensando em uma boa e lógica explicação. Antes que pudesse falar algo a porta bateu, fortemente.
— Quem será? — Quis saber John já indo receber o visitante.
Abriu a porta para notar um jovem, adolescente, talvez. Podia se um pré-adolescente pelo o tamanho...
— Grzegorz está? — Nenhum "oi" tão pouco uma saudação mais amena, Abraham tinha chegado.
Perfeito!
— E quem é você? — Questionou o Stilinski sênior levemente irritado com o modo de falar do adolescente.
— Obviamente amigo do Grzegorz. Dã! — Curto e grosso. Céus! Stiles tinha que se apressar para evitar que uma briga se inicie.
— Olha aqui, mocinho...
— Soube que um policial americano usa como arma básica uma 9 mm, é verdade?
— Er... — John foi tomado de surpresa pelo questionamento, primeiro como aquele menino sabia que ele era um policial? Se ele fosse mesmo amigo do Stiles talvez soubesse, mas mesmo assim... Perguntar algo relacionado a armas logo à primeira vista? — Sim... — Balbuciou a resposta, ainda incerto se deveria ou não dar essa informação a uma criança.
Abraham riu.
— Esse tipo de arma de nada irá adiantar se você estiver lutando contra um Minotauro, tão pouco fara danos a um Golem, muito menos a um Troll, isso é tão ultrapassado. Pensei que os Estados Unidos eram mais avançando...
O xerife novamente ficou sem saber o que responder. O que um garoto, baixo, cabelos loiros e angelicais, usando roupas de bandas de rock poderia saber sobre isso?
— Nem todos esperam que a polícia cace os seres sobrenaturais, Abraham! Eles devem manter a paz e não causar carnificina! — Interpôs Stiles, rapidamente.
— Eu não sugiro que eles cacem nada, afinal isso era a nossa função. Só acredito que, as vezes, um pulso firme é necessário para impor a ordem.
— Você era um caçador? — Havia um certo tom de entusiasmo na voz de John.
— Na verdade eu nunca fui, não cheguei a caçar um ser sobrenatural de verdade, mas fui treinado para fazê-lo. — Falou isso fazendo uma leve careta no final.
— Interessante, não que eu apoie as técnicas dos caçadores, mas seus conhecimentos seriam bem vindos na delegacia, tentei convencer os Argent a serem consultores em alguns casos e ... Eles foram bastante incisivos a não quererem participar das investigações. E quanto a você... ?
— Sou Abraham Van Helsing III. —Disse, sem dúvida seu nome dava um grande impacto.
— Eu conheço esse nome de algum lugar... Acho que de um filme... Ou livro...
Aby rolou os olhos.
— Sim, minha família já entrou em diversos processos para ganharem direitos autorais pelo uso indevido de nosso nome. Enfim, se quiser a minha ajuda... — Uma nova careta se fez no rosto angelical do holandês.
— Não, você é só uma criança, talvez a sua família...
— Azar, sou o único Van Helsing na cidade. Meu tio, meu guardião legal, não pertence ao clã dos caçadores, então ele não pode ajudar, a não ser que queira alguma amostra grátis de perfume ou cremes hidratantes, ele é um farmacêutico cosmetólogo, mas gosta de se denominar de boticário.
Stiles pressentiu que seu pai se conteve em perguntar mais, pois era bastante claro que Abraham parecia desconfortável e não pretendia falar muito do seu lado "caçador" da família.
— Enfim, vamos sair ou não? — Inqueriu bruscamente e mudando de assunto.
— Sair? — John fez essa pergunta arqueando as sobrancelhas e fitando o filho.
— Sim! Sair! Vou sair com o Aby hoje, já que Scott ultimamente está muito ocupado com romances e essas frescurites. Blerg! Eu, por outro lado, por estar solteiro e não ter nenhum pretendente no momento posso desfrutar de sair com amigos. Eu, sinceramente não sei o que os jovens de hoje dia veem no romance! Algo tão mamão com açúcar! Unicórnios! Gatos cagando arco-íris! Enfim, algo que te prende a alguém ao ponto de você esquecer que pode se divertir de outras formas! E a amizade entre HOMENS! A Bro-amizade! Isso não pode ser quebrada! Bro-mance! Isso tem um poder de mil Big-Bags! E por isso vamos sair hoje, para cultivar o nosso recém formado Bro-mance!— Nisso abraçou o nanico caçador que paralisou sem saber como reagir com a encenação.
— Me diz, senhor Stilinski, por acaso quando ele nasceu você o deixou cair de cabeça no chão, não é? Porque, sinceramente, isso pode explicar muita coisa.
John passou a mão por entre os frios grisalhos de seu cabelo, assumindo uma fisionomia confusa. Por fim, deu os ombros.
— Não, acho que isso deve ser causado por muito mais que uma leve batida na cabeça. Talvez eu tenha deixado cair de um penhasco ao algo do tipo. — Sorriu o xerife, ignorando o olhar assombrado que Stiles tinha lhe lançado— De qualquer forma, seja lá o que vocês dois pretendem fazer, desde que não seja algo ilegal, lógico... Façam antes do toque de recolher!
— Toque de recolher? — Inqueriu Aby, sem entender.
— É assim que ele denomina o nosso horário de dormir. — Resmungou Stiles.
— Antes das 10. Esse é o horário que tem que chegar em casa, senão... Castigo! Ouviu bem?
Stiles assentiu, embaraçado por receber esse falatório todo na frente de um amigo.
— Sim, pai. — Murmurou cabisbaixo.
— Pois bem, podem ir. — Disse o xerife parecendo satisfeito por ter exaltado a sua autoridade paternal.
Enquanto o seu filho se arrumava apressadamente e saía com o novo e estranho amigo, John resolveu mandar algumas mensagens para alguns de seus subordinados. Aquele papo maluco de seu filho sobre "solteiro" só fez ativar o seu sentido investigativo... Sim, sabia que cerca de 70%, não sejamos francos, 90% do que saia da boca de Stiles era as vezes informações desnecessárias que só deus sabe onde ele conseguiu encontrar, ainda estava traumatizado com a curiosa redação que seu amado filho escreveu sobre o sistema de encanamento da cidade, detalhando o contexto histórico e até mesmo citando os engenheiros e tal, a prova era de matemática e a questão era apenas um simples cálculo de transformação de volume (litro para mililitro). Enfim, seu filho tinha uma habilidade para divagar por assuntos totalmente aleatórios. Também sabia que entre aquela enxurrada de palavras sem sentido...Havia um sentido.
***
—E o que você está fazendo aqui? — Como sempre, Derek não conteve o seu rosnado, mesmo que o alvo de sua irritação atual fosse a presença de seu melhor amigo: Pietro Beaumont.
— Sabe, eu podia te perguntar a mesma coisa. — Disse o vampiro tirando o capacete vermelho que usava, havia chamas desenhas nas laterais, provavelmente era para dar um aspecto maneiro, contudo a scooter que usava como veículo, um modelo retro que facilmente se veria em filmes românticos ambientados na Europa, tirava um pouco de seu brilho "macho-cool".
— Eu tenho direito de ir ao cinema... — Se defendeu, cruzando os braços e apoiando em seu mustang negro. Sim, essa era a postura de macho-alfa. Algumas fêmeas humanas concordaram passando por eles e lançando olhares nada sutis ao Hale.
— Direito você tem, mas isso não significa que você vá. — Analisou Pietro, arrumando a sua moto ao lado do carro do amigo — Nada contra, acho muito legal que você tente fazer coisas sociais ao invés de ficar trancado no seu quarto sendo emo.
— Eu não fico trancando no meu quarto o tempo todo! — Rosnou.
— Verdade, você pode ser emo em outros locais, como na minha casa, por exemplo...Serio, cara, Aquelas músicas melosas, filmes de drama sem final feliz, livros como "A guerra dos tronos" em que a maioria morre, eu já estava pensando em trazer um padre para te benzer!
— Você está exagerando... — Não tem nada de errado com os seus gostos, não estava reclamando dos milhares de vídeo-games que tinham na residência do Beaumont, nem a quantidade de doces que encontrava nos armários da cozinha ou geladeira.
— Cara...Eu só quero dizer que estou feliz que tenha saído! — Nisso deu um tapinha amigo no ombro do outro.
Será que deveria contar ao outro sobre o encontro? Talvez fosse melhor não, não contara para ninguém, fora o seu tio Tony, mas esse tinha presenciado todo o "pedido", não tinha como esconder dele. Ainda mais, nunca chegou a conversar sobre romances e seus antigos amores para com Pietro. Seria estranho iniciar uma conversa deste tipo agora.
— Oh... Agora entendi tudo... — Balbuciou o vampiro. Derek arqueou as sobrancelhas, abismado e meio assustado com o que o companheiro estava dizendo. Como assim, ele entendia tudo? Mas se acalmou, pois percebeu que Pietro não estava o encarando e sim seus olhos de íris vermelha estavam vidrados em outro ponto na paisagem...
Era melhor dizer, dois pontos.
— Oi! Linda noite, não é? — Stiles, arrastando um relutante Abraham pelo o braço, se aproximou da dupla de rapazes mais velhos.
— Er... — Pietro tinha perdido o dom da fala, parecia totalmente abobalhado ao ver o caçador com um traje incomum, pelo menos para seu estilo. Cabelos soltos, sem estar preso em uma toca, uma roupa mais clara, ainda com slogans de uma banda (desta vez era ACDC com tons prateados) e usava até mesmo tênis all-Star! Trocando o seu usual coturno.
— Ele sempre foi baixo assim? — Deixou escapar Derek ao notar agora o quão diferente o suposto caçador estava.
— O que disse, pulguento? — Rangeu os dentes Aby — Posso ser baixo, mas muitos dos pontos fracos dos homens se encontra localizados da cintura para baixo, eu tomaria cuidado se fosse você.
Oh! Mesmo com a mudança de aparência a essência continuava a mesma.
— Isso é uma ameaça? — Respondeu o lobisomem com o seu já comum rosnado.
— Oh! Oh! Tempo! Nada de brigas! Se comportem, crianças! Ai ai ai! — Stiles se pôs entre dos dois esquentadinhos. Só então que a atenção do Hale se divergiu para o seu humano. Sim, seu. Seu lobo interior adorava usar possessivos. Stiles usava uma camisa de flanela quadricula e vermelha, aberta, deixando amostra sua regata branca, cor que se assemelhava com o próprio tom de pele do adolescente, dando a falsa ilusão que estava com o peitoral nu. Para completar usava uma calça skinny negra que se moldava perfeitamente em seu corpo, ressaltando, precisamente, a sua bunda. Derek lambeu os lábios já imaginando em formas de rasgar toda aquela vestimenta e...
— Oi! — Stiles estalou os dedos bem no meio de seu rosto — Terra chamando Sour-Wolf! Na escuta?
— Tsk... Pare com isso! — Resmungou, não gostando de ser despertado do meio de sua fantasia.
— Ok! Então, isso é um encontro duplo? — Perguntou animado, Pietro.
— Sim! — Respondeu Stiles — Abraham estava reclamando tanto que ainda não tinha assistindo um filme americano em nossos cinemas, sabe?
— Eu não fa... — O caçador foi calado por uma pisada nada sutil de Stilinski.
— Enfim, achei que seria uma boa ideia apresenta-lo a cultura da nação da Liberdade, tortas de maçãs e fast-foods!
— Uma ótima ideia! — Concordou o vampiro ainda mais animado — Eu vou apresenta-lo a máquina de algodão doce! — Nisso capturou a mão do nanico caçador e o arrastou para o balcão de doces ignorando os protestos do humano.
— Encontro duplo? — Questionou Derek arqueando uma sobrancelha.
— Ora, vai ser divertido! — O garoto deu um soquinho no ombro do lobo — Ainda mais, isso vai ajudar ao Aby se soltar um pouco!
— Sei... — Derek tinha outros planos para aquele encontro, mas para que eles tivessem sucesso os dois deveriam estar sozinhos e se possível em algum canto escuro do cinema, fazendo outras coisas que nada envolvia ver filmes.
"Estou me tornando um tremendo de um pervertido!" Pensou, assombrando com quão criativo e maliciosa a sua mente estava se tornando.
— Então... — Sentiu um roçar de leve em sua mão. Notou a mão do humano a poucos milímetros da sua. Um dos dedos de Stiles segurou o dedo mindinho de Derek — Acho que devemos entrar, não é?
O lobisomem logo envolveu a mão pequena e fria do humano por sobre a sua própria mão quente. Aquele simples gesto foi o suficiente para fazer seu coração aumentar o seu ritmo.
Um encontro, seja ele duplo, triplo...Ou o que seja... Não importava, desde que tivesse Stiles perto isso já seria o suficiente.
##Notas da autora##
Hello!
Demorei mais cheguei!
Sim, sei que vocês devem estar "meio" que chateados comigo devido o ultimo cap (sim, fui má mesmo, queria trazer suspense), mas quem espera sempre alcança, jovens e queridos amigos!
E aí está o cap!!!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top