Dois casais
Hilário.
Era isso que Abraham tinha concluído após presenciar a ato de cômico de Stiles na sala de aula. Ainda tinha um sorriso no rosto quando saiu da sala. Aquilo já estava se tornando comum, não o fato de Stiles se meter em confusão ou fazer papel de bobo, isso era tão certo de ocorre quanto a passagem das horas, o que estava se tornando recorrente era o fato dele sorrir. Em sua vida anterior, ou seja, quando morava ainda com o seu pai na Europa, nunca sentira vontade de sorrir ou mesmo de demonstrar emoções. Se mudar para os Estados Unidos fora sem dúvida uma boa ideia. Tinha conseguido seus primeiros amigos... Pela primeira vez estava tendo uma vida escolar normal e iria aproveita-la ao máximo.
Ao invés de seguir seus companheiros para o ônibus escolar, Aby desviou seu caminho para o estacionamento. Pelo menos três vezes por semana ele optava por correr como forma de voltar para casa. Era um bom exercício, afinal o Instituto ficava uns seis quilômetros de distância de Beacon Hills e já estava acostumado a correr distâncias maiores que aquelas. Rapidamente trocou o seu coturno por uns tênis de corrida e retirou o seu casaco jeans o amarrando na cintura. Estava fazendo alguns alongamentos, do tipo esticar os braços para o alto de sua cabeça e flexionar cada uma das pernas. Tudo parecia tranquilo... Outro dia normal em seu cotidiano, a não ser...
Se virou, trazendo sua perna consigo. Um chute cortando o ar. Isso tudo ocorreu em questão de segundos, mesmo assim sentiu que seu golpe não acertara o alvo.
— Pela a santa dentadura do Batman! –Exclamou Pietro, vampiro tinha saltado para o capô de um carro próximo — Será que podia evitar de tentar me matar só por me aproximar de você?
Abraham o encarou, quando fez isso não foi um simples olhar. Foi um total analise do outro indivíduo, seu cérebro logo lhe daria o prognostico: ameaça ou não. Era um velho habito que seu pai o forçara ter, tratar todos como possíveis inimigos ou aliados (bem que seu treinador/pai nunca confiava em ninguém o suficiente para chamar de aliado). Aby odiava ter essa mania de julgar a todos, mas também se tratava de uma forma de proteção. Contudo, a sua mirada se deteve em detalhes que não deveriam ser interessantes, como por exemplo a estampa que mostravam um recipiente de ketchup falando "Sei que iremos ter um romance picante!", ele se referia recipiente de molho de pimenta que era representado com curvas femininas. Os dois molhos se abraçava –com seus bracinhos desenhados e ridiculamente longos - e pareciam que iriam se beijar. Quem usaria uma camisa destas? Ainda mais, que frase ridícula! Óbvio que eles teriam o romance picante, afinal era um molho de pimenta...Espera...Isso seria algum tipo de piada? Ah! Agora Aby entendeu o significado!
— ...Não que eu não ache divertido desviar de seus ataques! Na verdade, me impressiona o quão elástico você é. Er...Digo...No bom sentido! Lógico! Não que eu pense em utilizar essa sua elasticidade e reflexos para propósitos nada castos. Não sou esse tipo de vampiro. –Pelo visto, Pietro estava tagarelando enquanto o caçador estava perdido em sua análise filosófica da camisa.
— E que tipo de vampiro você é? — Contestou cruzando os braços diante do peito.
— De um tipo único! — Pisco charmoso. Aby rolou os olhos, mas um leve rubor surgiu em suas bochechas — Se quiser saber mais, sugiro que...Meio que assim... Nós encontrássemos mais.
Abraham se aproximou do vampiro que por sua vez tinha já saltado do carro e estava encostado neste. Talvez tentado fazer uma postura atraente. Contudo, Pietro nunca seria um bad boy como Derek...Não com aquela camisa e aquele jeito meio que meigo.
"O que eu estou pensando!?" Se repreendeu.
— Você sabe o que eu sou, não é? — Disse isso enquanto tocava com a ponta do dedo o peitoral do vampiro — Minha família é especializada a caçar seres como você. Sei milhares de maneiras diferentes de fincar uma estaca em seu coração. Com ângulos diferentes bem como instrumentos diversos.
Pietro engoliu em seco. Seus olhos de cor vermelha focavam ora nos olhos azuis de Abraham ora no dedo do mesmo ainda pressionando aonde deveria estar o coração do vampiro.
— Você devia me temer e não ficar atrás de mim! –Concluiu Aby.
— Irá implantar alguma estaca em mim?
— Não! –Respondeu prontamente Aby, horrorizado com a ideia.
— Então, Não devo temer nada... – O rapaz mais velho tinha colocado sua mão sobre a o dedo do caçador e retirado daquela zona. Abraham o mirava confuso – E não irei deixar de ir atrás de você.
– Por quê?
– Existe uma grande diferença ser de uma família de caçadores e ser um caçador.
Abraham se surpreendeu com aquela afirmação. Não estava esperado uma aceitação tão rapidamente por parte de um vampiro, afinal essa raça é que mais está ressentida por anos que os Van Helsing caçaram e mataram aqueles seres, em particular.
– Ainda mais, eu estou interessado em você, Abraham Van Helsing III. – O vampiro deu um meio sorriso arrancando um completo corar de Aby.
– V-você é louco... M-mesmo que eu não seja um caçador de fato ainda sou um Van Helsing, tentar uma amizade comigo não será bem visto por sua família. Lhe causarei problemas!
– Imagine como reagirão ao saberem que não pretendo ter apenas uma amizade com um Van Helsing. – Piscou Pietro risonho. Desta vez Abraham ficou sem palavras. Resmungou algumas palavras em holandês e em alemão, como se tivesse esquecido completamente o idioma inglês.
– V-você deve ter algum problema cerebral! – Ralhou depois de um tempo retirando bruscamente a sua mão ainda capturado pelos dedos frios do vampiro. O loiro pressionou essa mesma mão de encontro ao seu peito, como que assim pudesse controlar seus batimentos cardíacos enlouquecidos.
– Eu disse que não era um vampiro normal. –Disse enfiando as mãos nos bolsos da calça jeans – Então, você pretende fazer uma corrida, não?
Abraham no respondeu, ocupado demais tentando controlar as reações de seu próprio corpo. Estava ofegante sem ao menos fazer esforço físico? Será que Stiles sentia da mesma forma quando estava com Derek?
"Por que estou me comparando ao Stiles? Não é como eu e ele tivessem na mesma situação!".
– Pretende continuar me seguindo, não é mesmo? – Perguntou enquanto retirava a sua touca liberando seus cachos loiros aprisionados. O vampiro abriu e fechou a boca, como se tivesse hipnotizado com a mudança de aparência de Aby – Será que consegue me acompanhar? Vampiros não são conhecidos por sua estamina.
– Irei provar a você que está enganado! – Pietro estava animado, como se tivesse ganhando na loteria, isso ocasionou o surgimento de um leve sorriso nos lábios do mais novo.
– Vamos logo antes que eu mude de ideia! –Disse já começando a correr.
– E-espere! V-você não deveria dizer " Um, dois, três, meia e Já" ? – O vampiro o seguiu, meio atrapalhado.
***
Silencio.
Isso era uma das poucas coisas que Stiles mais odiava. Fora as balinhas amarelas do M&M, sim, ele era o tipo de cara que ficava catando os pequenos pedaços de chocolates coloridos, separando todos aqueles que eram amarelos, isso não é sinal de loucura e sim de preferência! Stiles não era o tipo de pessoa que relaxava quando não havia som, na verdade era o oposto. O silêncio o deixava nervoso e ansioso. Era que sentia naquele momento, naquela maçante viagem do instituto até a suposta oficina pertencente a um tio Derek. Tinha tentando iniciar uma conversa, mas o lobisomem só lhe respondia com monossílabos e rosnados, logo desistiu.
– Quer saber? Quero ouvir música! –Disse isso já apertando nos botões do rádio no painel.
– Ei! –Rosnou Hale, tentou parar o humano de tocar em seu precioso carro, mas infelizmente fora deveras lento, ainda mais não queria causar um acidente.
– Isso é um caso de vida ou morte! – Falou enquanto buscava uma estação de rádio com alguma música animada, pelo visto Derek gostava de música country (quem diria?) pois só tinha marcado tais estações em seus favoritos – Sabia que tédio pode fazer muito mal à saúde?
– Só estás no carro a 5 minutos... Como podes já estar entediado?
– Foram 5 longos minutos! – Se defendeu finalmente encontrando uma música que gostava.
"It might seem crazy what I'm about to say
Sunshine she's here, you can take a break
I'm a hot air balloon that could go to space
With the air, like I don't care baby by the way"
– Adoro essa música! – E começou a cantar junto. Derek rolou os olhos, já estava analisando a possibilidade de lançar Stiles pela janela.
"Because I'm happy
Clap along if you feel like a room without a roof
Because I'm happy
Clap along if you feel like happiness is the truth"
Stiles começou a bater palmas seguindo a música.
– Vamos lá sour-Wolf! Bate palmas!
– Se não percebeu, estou dirigindo! – Derek falou isso apertando com bastante força o volante.
– Podia pelo menos cantar! Vai me dizer que não conhece essa música?
– Se eu dizer que não vai fazer você se calar ou desligar o rádio?
– Nope! – Sorriu o humano de um modo bem travesso – Mas se você não cantar é bem provável que eu aumente o som... E quem sabe? Talvez eu abaixe o vidro e cante bem alto, sua imagem de lobo-emo será realmente destruída.
– Você não faria isso... – Derek disse com incerteza, aquele garoto parecia ser difícil de prever.
– Está me desafiando? – O dedo do adolescente pressionou provocadoramente um dos botões para baixar o vidro da janela. Os olhos do lobisomem observavam com interesse o movimento. Na verdade, estava prestando muito atenção em todos os movimentos do humano.
– UOH! – Exclamou Stiles quando o carro parou no acostamento cantando os pneus – Derek... –Balbuciou ao ver os olhos amarelados do lobisomem.
– Você gosta de me provocar! Me colocar no limite! – Rosnou o Hale retirando o cinto de segurança e batendo as mãos no volante –Eu devia te odiar! Afinal, você não cala a boca! Mas...
– Mas você não me odeia, não é? – Que coragem dominou Stiles para tirar o próprio cinto e depois, lentamente, engatinhar até o frustrado lobisomem? Não sabia, contudo, sentia que devia fazer isso.
– Não faça perguntas que você já sabe a resposta... – Resmungou em meio a um novo rosnado.
Stiles riu, estava sentando no colo do lobo, as mãos de Derek tinham abandonando o volante e agora acariciavam a cintura do humano.
– Será que sei mesmo a resposta? – Sussurrou enquanto inclinava a sua cabeça de encontro aos lábios de Derek parando a milímetros, podia sentir a respiração quente do outro – Eu disse para você começar a usar palavras para se comunicar, Derek... É isso que os namor... Digo...Amigos fazem, sabe?
– Dane-se o que os outros fazem. –Mais um rosnado, Derek tentou diminuir a distância entre eles, mas Stiles sorriu inclinando a cabeça para trás – Stiles...
– Acho que tenho que começar a adestrar você. – Disse pressionando a palma de sua mão no meio do peitoral do lobisomem, podia sentir com facilidade os músculos tensos e firmes do Hale por debaixo da camisa fina de algodão.
– Eu não sou um cachorro para ser adestrado... Não confunda as coisas, Stilinski.
Stiles não levou a sério a ameaça, deixou a sua mão descer, passou do peitoral para o abdômen, chegou ao fim da camisa e segurou firmemente o cinto de Derek, estou soltou algo muito semelhante com um gemido.
– Eu sempre quis ter um cachorrinho. Mas meu pai achou que não era responsável o suficiente. –Seu dedo brincou com a fivela, ameaçando abri-la.
– Stiles... – Novo rosnado, mas agora havia um arfar adicionado a ele.
O humano o surpreendeu, puxando pela a gola da jaqueta, para um fervoroso beijo. Muito mais quente do que trocaram no estacionamento a momentos atrás, nem podia ser comparado com o que ocorreu no vestiário. Seus dentes colidiam. Mordidas eram trocadas entre lábios de um e de outro. As mãos de Stiles se afundaram nos cabelos escuros de Derek, enquanto este se preocupava em trazer a cintura do garoto cada vez para mais perto. O ar dentro do carro começou a ficar quente. Os vidros embaçaram.
Stiles se libertou do beijo só para descer pelo o pescoço de Derek e dar uma forte mordida. O lobisomem rugiu. Seus olhos assumiram um tom perigosamente dourado. Por impulso, o lobisomem pressionou o humano de encontro ao volante, aquele pequeno espaço lhe parecia limitante... Queria tomar o humano para si. Queria arrancar aquelas malditas roupas e...
O som da buzina o fez despertar do seu estado excitado. Tapou os ouvidos. Pelo o visto aqueles momentos quentes, fazia com que seus outros sentidos se tornassem sensíveis.
– Tempo. –Falou Stiles, ofegante, fazendo um sinal com a mão indicando que deveria parar. Derek o fitou atónico o humano – Pensei que deveríamos ir a uma oficina mecânica, não é?
Derek tentou impedir que o garoto saísse de seu colo, mas esse insistiu de voltar para o seu acento com um sorriso satisfeito no rosto e uma evidente ereção.
– O que queria provar com tudo isso? – Rezingou o lobisomem.
– Eu te marquei... – Falou apontando para o próprio pescoço querendo indicar a marca que deixara no pescoço de Derek, este, por sua vez, levou a mão para o local em seu corpo e corou – Agora estamos quites! Queria provar que não é só você que vai tomar a iniciativa nessa... Er... Amizade! Não pense que pode me controlar e fazer o que quiser comigo!
O humano tagarelava mas a mente de Derek estava em outro local. Tinha sido marcado... Stiles provavelmente não sabia nada sobre as tradições de flerte dos lobisomens. Mal sabia que acabara de marcar Derek como seu. O pior de tudo? O Hale não tinha se enfadado com aquele ato. Na verdade seu lobo interno uivava de alegria. Nunca deixara alguém se aproximar o suficiente para marca-lo. Stiles tinha facilmente passado por suas defesas e o mordido. Será que era isso que sua mãe tentara falar com ele na noite anterior? Sobre os parceiros predestinados?
A música continuava a tocar ao fundo.
"Because I'm happy
Clap along if you feel like happiness is the truth
Because I'm happy
Clap along if you know what happiness is to you
Because I'm happy
Clap along if you feel like that's what you wanna do"
Stiles o observava, preocupado, como se analisando se tinha passado dos limites. Derek se aproximou e roubou um beijo.
O humano agora estava confuso, tocou os próprios lábios. Talvez tentando decifrar a estranha amizade que tinham.
-Because i'm happy... –Murmurou, por fim, o lobisomem arrancando um sorriso animado de Stiles que recomeçou a cantar a música com toda a força. Desta vez, Derek o acompanhou na cantoria.
Notas finais:
Pharrell Williams - Happy!
musica a qual me inspirei para escrever esse capítulo.
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