Baby


"Girl, look at that body

Girl, look at that body

Girl, look at that body

I work out..."

Um camaro de coloração negra parou diante da oficina, chamada atenção de um dos mecânicos que observou assombrando o veículo com uma expressão confusa.

— Não pode ser... — Balbuciou incrédulo, ainda mais quando a porta se abriu e revelou Derek Hale. Será que estava tendo alucinações? Derek estava ouvindo aquele tipo de música? Normalmente o estilo musical do lobisomem envolvia músicas falando de decepções amorosas e bem... Esse sofrimento melodramático, perfeito para se ouvir em um bar em uma noite de bebedeira solitária. Alguns funcionários da oficina o apelidaram de Wolf-Emo, por suas costas, lógico. Uma música alegre como aquele fazia questionar a sanidade do Hale. Ou mesmo se era mesmo ele.

Outra pessoa saia do carro, um adolescente que continuava a cantarolar a música.

—I'm sexy and I know it ! I'm sexy and I know it! Vamos Derek! Cante! — Insistiu o mais novo, Derek emitiu um rosnado, mas pelo o visto isso não causava nenhum efeito no humano. — Essa música, tipo, foi feita para você! Com todos esses músculos e...Enfim... Bem que podia fazer a coreografia! Você assistiu o clipe? Eles tiram as calças e...

— Stiles! — Mais uma vez Derek rosnou — Eu não vou cantar essa música e dançar! — Falou aquilo como se o dito Stiles estivesse sugerindo a execução de alguma técnica de tortura.

— Estraga prazeres... Vou me contentar com a minha imaginação fértil, então!

— Oh! Esse é o Stiles! — O mecânico finalmente falou se aproximando da dupla e limpando as mãos sujas de grassa nas calças de macacão laranja, pelo menos, no passado deveriam ser laranja, já que grande parte da vestimenta já fora tomada por manchas escuras de diversos tamanhos, logo a cor predominante a muito tempo deixou de ser o alaranjado.

— Tio Tony... — Derek parecia embaraçado, como se tivesse sido pego fazendo algo que não devia.

— Como você sabe o meu nome? — Questionou o garoto.

— Meu sobrinho fala muito de você... Oh! Desculpe! Sou Antônio Gutierrez, tio do Derek. — Ofereceu a mão parcialmente limpa.

Stiles o analisou, não podia ver muitas semelhanças entre o homem e o Derek, além disso, não tinha o mesmo sobrenome e nem mesmo o olhar que sempre parecia dizer "Temam mortais sou um Hale". Contudo, a característica mais discrepante era o fato dele ser humano. E como sabia disso? Lobisomens normalmente não tinha cicatrizes, afinal, suas habilidades curativas preveniriam que doenças e danos que afligiam os humanos os afetasse. O dito tio, apresentava uma grande cicatriz no pescoço, porém era bem possível que tal ferimento fosse muito maior que aparentava, já que a roupa poderia estar ocultando mais marcas de um sofrimento antigo, a cicatriz em si deveria ser derivada de uma queimadura, a carne, bem como a pele, lesionada não retornou ao que era antes, resultando em uma incômoda aparência de papel ressecado e amassado. Stiles desviou o olhar daquela cicatrize, afinal, não deveria ser educado ficar encarando essas coisas, mas tio Tony não exibia sinal de desconforto, continuava a estender a mão, esperando pacientemente.

Stiles não o deixou esperando por muito tempo, logo aceitou o gestou e apertou a mão suada do mecânico.

— Infelizmente, Derek não me falou nada de você... — Não é que tivéssemos conversando muito, afinal, quando nos encontramos ou brigamos ou damos uns amassos. Essa última parte apenas existiu em seu pensamento, mas expressava a mais pura verdade. Eles ainda não avançaram muito no quesito "conversa, só para enfatizar ainda mais esse fato, lançou um olhar mortal para o lobisomem, este apenas enfiou as mãos nas calças e tentou parecer alheio a situação.

Lista de tarefas do formidável Stiles: ter uma conversa de verdade com Derek. Sem pegação. Beijos. Ou outras atividades que se enquadrem nesse quesito. Era um desafio, sabia disso, mas tinha que tentar! Ainda mais, se queria evoluir de "amigo" para namorado, teriam que parar de agir com a cabeça de baixo e começarem a agir com a cabeça de cima.

Tentou livrar sua mente destas preocupações e se concentrar no tio Tony. A existência dele só demonstrava o quão pouco sabia do seu "amigo" Hale, as poucas coisas que sabia eram oriundas de terceiros. Por exemplo, seu pai (o xerife) tinha lhe explicado que Derek, ao contrário de Scott, nasceu como um lobisomem, até o momento Stiles só tinha encontrando com Hales que eram, sem dúvida nenhuma, lobisomens... Não imaginara que dentro da família haveria humanos...

— Sou o irmão do pai do Derek. — Tony explicou como se tivesse lido a dúvida no rosto do adolescente — Deve ter notado que não sou um lobisomem. — E para denotar a evidência deu um leve tapa em sua pança. Talvez ser sexy e musculoso fosse outra característica lupina.

— Tio Tony... Você é ainda um membro importante da alcateia, sendo humano ou não! — Falou, prontamente, Derek.

— Eu sei, eu sei. — Sorriu o mecânico e piscou para Stiles que observou a situação com extrema curiosidade. Então, humanos podiam fazer parte de uma alcateia? Os Hales aceitavam humanos? Se Tony era irmão do pai do Derek, isso significava que o mesmo era humano? Agora algo o deixava confuso em toda essa história, por que Derek parece ter um certo antagonismo para com os humanos já que estes faziam parte de sua alcateia? Pelo menos demonstrou um pouco disso na primeira vez que conheceu Stiles, e não era só ele, sua irmã parecia partilhar desta desconfiança.

"Será que ocorreu alguma coisa com os Hales?".

— Você deve ter vindo pelo o jipe, não é mesmo? — Perguntou Antônio, ainda com um sorriso alegre no rosto. Fez uma indicação para que o seguisse, foi isso que fizeram.

O mecânico levou a dupla para o outro lado da oficina, Stiles nem esperou que ele lhe desse permissão nem nada, quando viu o seu velho e querido jipe, saiu correndo para abraça-lo. Para o momento ser mais perfeito era melhor adicionar uma música de fundo, daquelas bem românticas, além disso, tinha que ter a filmagem em câmera lenta! Como não tinha nenhum desses recursos, resolveu improvisar. Andou lentamente, fazendo cada movimento o mais dramático possível. Por fim, alcançou o capô do seu jipe e o abraçou.

— Querida! Baby! Sentiu minha falta? Te trataram bem? Espero que sim, pois você é uma dama! Uma lady! Tem que ter tratamento vip, não é mesmo?

Derek levou a mão ao rosto, cobrindo o rubor que dominava já toda a sua cara. Não queria nem encarar o seu tio. Não que tivesse vergonha de Stiles... Mas é que tinha levando tanto tempo construindo uma imagem de lobisomem durão, sério, firme, como iria explicar a sua alcateia que tinha se apaixonado por um humano tal como Stiles, com suas excentricidades?

"Talvez essa imagem que você criou não seja o seu real eu..." Derek se surpreendeu com aquele pensamento. A verdade é que nunca tinha parado para analisar sobre isso... Contudo, seu antigo rei era fraco. Foi esse eu que ocasionou o incêndio...

— Obrigado, tio Tony! Você salvou a minha baby! — Falou Stiles segurando a mão do mecânico, como se esse fosse uma espécie de santo.

— Não tem que me agradecer, garoto! — Riu o senhor Gutierrez — Aliás, eu não fiz nada para concertar o carro...

— Não? Mas o Derek te ligou e...

— Meu sobrinho pediu espaço na minha garagem para que ele mesmo concertasse o seu...

— Tio Tony! — Interrompeu Derek, um pouco tarde demais, pelo o visto o seu amado tio já tinha revelado e muito do seu segredo. Tinha planejado entregar o jipe com o mínimo de explicação possível.

— Derek... — Stiles agora tinha voltado a sua atenção para o lobisomem que engoliu em seco — Você cuidou da minha baby?

— Sabe... É meio irritante você falar de sua... Digo...De seu carro desta forma! — Resmungou, massageando o pescoço.

O pequeno humano emitiu uma risada e teve a ousadia de se aproximar do Hale com um olhar que expressava um misto de diversão com malicia.

— Por acaso, você está com ciúmes do meu jipe?

Derek não estava corando. Um Hale não fica rubro! Só estava sentindo um pouco de calor, mesmo sendo outono.

— E-eu não estou com ciúmes! — Praticamente rugiu, mas isso não afetou o adolescente que na verdade parecia bastante feliz com a resposta.

— Não precisa se preocupar! A relação entre nós dois ... — Indicou a si mesmo e ao jipe — é apenas platônica!

Derek cruzou os braços diante do seu peito, aquilo era ridículo. Sentir ciúmes de um carro?! De onde Stiles tira essas ideais!

— De qualquer forma... Eu te agradeço! Mesmo que... Não sei como te pagar.

O lobisomem levantou uma sobrancelha e o fitou, com interesse. Sorriu. Isso sim afetava o jovem humano, a coloração avermelhada começou surgir por sobre as bochechas alvas do adolescente.

— Posso pensar em algumas formas de pagamento. — Disse o Hale, a situação podia ter evoluído para algo mais se não fosse a presença de uma terceira pessoa. Tio Tony os observava com muito interesse.

— Parece que você fez uma boa escolha, Der! — Piscou Antônio — Ele parece ser um bom garoto...

— Nós somos só amigos. — Derek tinha total certeza da falta de força em sua voz, como que não acreditasse naquela afirmação.

— E eu sugeri outra coisa? — Tio Tony disse em um tom provocador — Pois bem, tenho que continuar o meu trabalho, foi um grande prazer te conhecer, Stiles!

O mecânico se afastou deixando os dois rapazes ali, meio acanhados com toda a situação.

"Por que eu não o torno logo meu namorado?" Aquela pergunta capciosa era adequada para o momento e ambos pensavam na mesma questão. Evitando olhar um para o outro, os dois pensavam sobre a mesma coisa: que estranha amizade eles tinham.

Havia obstáculos. Derek, principalmente, estava relutante sobre tentar uma relação amorosa de verdade. Algo mais sério. Seu passado na área do romance lhe causou profundas cicatrizes e não pretendia criar outras novas.

Stiles, por sua vez, não tinha muito experiência em romances. Muito menos tivera outra pessoa a qual pudesse chamar de namorado (muito menos namorada). Estava inseguro em dar um passo à frente e se arrepender. Não queria que sua primeira relação fosse um total desastre e que o traumatizasse!

— Bem... Acho que não vou precisar de sua carona para voltar para casa... — Começou a falar Stiles, quebrando o silêncio que se instalou entre eles.

— Acho que você está certo.

— Então, tchau. — O garoto tinha colocando as mãos dentro do seu casaco avermelhado. Fitava os próprios pés.

— Tchau... — Falou Derek que também assumia uma postura não muito diferente de Stiles.

Nenhum dos dois parecia estar com vontade de se afastar. Ninguém tomou a iniciativa. Continuaram ali, parados. Esperando. O que? Um sinal? Um milagre?

— Pelo amor da cueca do Supermam! –Exclamou Stiles causando um sobressalto do próprio Derek (não que ele tenha se assustado, um lobisomem não é pego desprevenido! Nunca!).

— O q...

O adolescente ainda o surpreenderia ainda mais, indo até o Hale e puxando pela a gola de couro de sua jaqueta. Seus rostos se aproximaram. Seus lábios se encontraram. Pela a terceira vez naquele dia os dois tinham se beijado. Na verdade, parecia ser a coisa mais natural que deveriam fazer. O toque. O gosto. O prazer. Tudo era demasiado natural. Por que eles estavam impedindo que isso ocorresse afinal? Por que tanta insegurança se o sentimento estava ali? Por que complicar algo que deveria ser tão simples?

— Amanhã. Cinema. — Balbuciou Stiles com os lábios a milímetros de distância da boca do lobisomem.

— O que? — Derek não queria falar, dane-se a fala, deviam continuar se beijando e esquecer todo o resto. Mas o dedo indicador do humano colocando sobre seus lábios o impediu de continuar — O que? ­— Repetiu, agora com um rosnado.

— Amanhã, teremos um encontro. Quero que me leve ao cinema. — Não era um pedido e sim uma ordem. Derek pensou que não tinha ouvido direito (meio impossível, levando-se em conta a sua superaudição).

— Se quiser que sejamos "amigos" temos que começar a fazer coisas de "amigos". E isso inclui me levar ao cinema! — Stiles se afastou o seu dedo ainda se mantinha nos lábios do mais velho, parecia relutante de retira-lo dali — Venha me pegar as 8, ok?

Derek não sabia o que responder. Observou o humano retirar o seu dedo, com um certo pesar, e se distanciar. Entrou em seu jipe. Em poucos minutos tinha partido. O lobisomem ainda estava tentando entender o que tinha acontecido.

— Olha, sobrinho... — Tony tinha se aproximado, estava segurando uma caixa de ferramentas, pronto para iniciar o seu trabalho — Acho que o garoto acabou de te chamar para um encontro.

— Encontro? — Não queria ter que admitir em voz alta, mas a verdade era que nunca tivera um encontro de verdade. Com Paige (sua primeira namorada) a relação deles fora sempre às escondidas, tendo em vista que os pais da garota nunca aceitariam o namoro da mesma com um ser sobrenatural. Já com Kate (segunda namorada) , seus encontros eram furtivos, rodeados de tensão, medo e luxúria. Sair para ir ao cinema? Nunca tinha feito isso...

— Você vai se sair bem! — Tio Tony deu um tapinha no ombro do sobrinho — Já estava na hora de você ter algo assim...

— Assim como?

— Você sabe... — Deu os ombros — Normal.

— Eu sou um ser sobrenatural... Nada em minha vida pode ser normal.

— Aí que você se engana. Mesmo sendo um lobisomem, vampiro ou que diabo seja... Todos precisam sair com os amigos, se divertir, namorar. Deve viver a vida e aproveita-la. Não é saudável se prender ao passado e as suas dores. Você ainda é jovem, Derek... Aproveite as oportunidades que a vida lhe oferece. — Falando isso Tony se afastou, mas antes entregou a caixa de ferramentas para o sobrinho — Tem um moto que precisa de manutenção! Além disso, poderia revisar algumas peças para mim?! Perfeito!

— Eu não sou seu funcionário! — Rosnou Derek, mas foi ignorado pelo tio. Suspirou e resolveu "trabalhar".

"Vou ter meu primeiroencontro..." Não queria parecer ansioso e tão pouco feliz, mas estava falhandoindubitavelmente.    


Notas:

Música LMFAO - Sexy and I Know It

(uma das minhas músicas preferidas)



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