Eu já havia tirado a minha carteira de motorista, mas preferia ir andando, pois assim, tinha mais tempo para pensar e tomar o caminho de volta para casa, caso a insegurança dominasse o meu corpo.

– Até que enfim chegou! – disse Shawn, com a mesma animação de sempre. – Ah, qual foi! Melhora essa cara ai, não vai querer me deixar desanimado, não é?

Realmente não queria, só a minha desanimação já estava de bom tamanho

– Vamos começar logo com isso, porque eu posso muito bem desistir e voltar pra casa.

E então, o garoto me entregou panfletos.

Ele queria que eu os entregasse para todos que passassem, diz ele, que treinar o contato físico com as pessoas ajudaria a melhorar o meu caso.

Nem um minuto havia se passado e eu percebi que os papéis já estavam molhados com o meu suor.

Assim que o meu melhor amigo percebeu, me puxou para um canto.

– Aurora, eu estou aqui, tá tudo bem. – segurou minhas mãos. – Você tem que se esforçar, aos poucos, você vai melhorar.

– Eu não consigo, Shawn. É muita pressão pra mim! – entreguei os panfletos pra ele. – Obrigada por tentar, mas não tem jeito.

Dito isso, sai daquele lugar às pressas, tentando buscar por ar.

É como se tudo estivesse desmoronando, e a cada passo que eu dava, mais ar me faltava.