¹rosa

Olhando-me no espelho, sinto como se eu fosse a garota mais feliz e bonita do mundo. Meus cabelos estão até mais sedosos esta manhã. Minha pele parece radiante, os olhos maiores que o normal mesmo sem a máscara para cílios ou maquiagem.

Não sei o que acontece nesses momentos da minha vida, mas às vezes me sinto deslumbrante. E então eu me sinto feia e instável. Até me sentir bem de novo. É como um círculo vicioso que nunca, jamais, poderei entender. Como é possível que, uma hora, eu me ame tanto e, depois, eu só fique desejando ter nascido com um pouco dos lábios da Angelina Jolie?

Minha mãe diz que isso faz parte da essência de qualquer mulher. Que eu e minha TPM somos um par realmente cruel quando juntas, mas eu não acredito nisso. É pura bobagem. Parece aquele papo que toda mãe recita quanto vê que a sua preciosa filhinha está sendo puramente dramática mesmo que você saiba que não é nada disso.

Pensando bem, acredito que, muitas vezes, não nos achamos bonitas o suficiente. Mas tudo bem. Chegarão aqueles dias em que seremos a própria Beyoncé de salto 15. Esses dias fazem tudo valer a pena, não fazem? Afinal, ninguém nunca consegue se amar 24 horas por dia, todos os dias da semana. Sempre há uma insegurança, um defeito. Sempre há aqueles dias em que não importa o que te digam, você simplesmente não consegue se olhar no espelho e gostar do que vê.

E, bem, também há aqueles dias em que não conseguimos parar de olhar para ele.

Como hoje! É até estranho, mas não me incomodo com aquela celulite do lado direito da minha coxa. Coloco uma saia que vai acima dos joelhos e sei que, se alguém se esforçar, a encontrará por ali, mas eu não ligo. Meu cabelo está realmente bonito hoje, então permanecerei de bom humor. É assim que funciona.

Termino de passar o batom escolhido para o dia. É o rosa. Eu amo esse tom, o comprei há alguns anos em uma feira na Inglaterra e sempre procuro outro igual para o caso desse acabar. Sou o tipo de pessoa que começa a imaginar bem cedo o quão triste será o dia em que eu não poderei mais combinar o meu rosa preferido com a cor da minha meia. Isso acontece mais do que eu gostaria, porque amo cores de batom. Cada uma delas define um estado de humor diferente da minha personalidade: o rosa é confiança, por exemplo. Amor próprio. Satisfação. Eu o uso quando estou me sentindo assim.

Termino de limpar os borrões rosa ao redor dos meus lábios e pego a minha mochila sobre o puff ao lado da penteadeira. Desço as escadas saltitante, feliz, tomando cuidado para que os meus saltos não me traiam de novo porque os degraus são largos e escorregadios e uma vez eu cai de bunda no chão. Desde então, todos os dias encontro Amélia, a empregada, me esperando com um copo de café expresso nas mãos, bem ao fim da escada. Eu não sei se ela acha que vou cair de novo ou se apenas gosta de me dar broncas por dormir demais e passar do horário, mas mesmo assim sou grata.

— Bom dia, Amy — estalo um beijo em sua bochecha. — Acho que estou atrasada.

— De novo — ela ressalta, entregando-me um copo. Sinto que desaprova o meu costume de sair sem tomar o café da manhã dos campeões, mas não posso comer bacon e panquecas se quero continuar vestindo 36.

— Até mais — é o meu jeito de fugir da bronca, passando por ela e saindo da casa para encontrar o carro do motorista me esperando ao fim das escadas da varanda.

É engraçado como nessa casa sempre tem alguém me esperando.

Estou prestes a entrar no carro quando um barulho desagradável e conhecido corta o ar. Ele vem se intensificando como uma onda de azar, levando embora toda a minha vibe feliz e espontânea. Só piora quando o som toma a forma de uma velha e suja moto que, juro, nunca deve ter visto a sombra de um jato de água.

— Bom dia, coração — diz o garoto que estacionou logo atrás da minha carona.

Não preciso nem esperá-lo tirar o capacete para saber que é John Hallister, o melhor amigo do meu irmão e eterno terror da minha vida. Não que ele não seja bonito, mas é uma peste! Como uma criança. Por isso eu prefiro manter distância. Não tenho tempo para garotos do colegial.

Reviro os olhos. Enquanto isso, John desce da moto e sobe alguns degraus até estar ao meu lado. Ele sabe que eu odeio quando me chama de qualquer apelido, por isso sempre o faz.

— Olá, verme — respondo sorrindo.

— Acordou de bom humor! — comemora— Nem me deu um tapa de bom dia! Estamos avançando no nosso relacionamento, não estamos?

— Oh! É mesmo! — digo, empurrando meu copo de café contra o seu peito para que ele segure. John o faz por instinto e eu aproveito a mão livre para lhe dar um tapa no braço — Agora, sim. Seu dia está completo.

Ele apenas sorri, imbatível, e toma um gole do meu café. Faço uma cara feia.

— Não coloque os seus lábios sujos no meu copo!

John sorri mais abertamente e então passa a língua por toda a extensão do copo, me provocando e sabendo que não vou querer bebe-lo. Faço um som de nojo com a boca, reviro os olhos e desço os degraus para entrar no carro e deixá-lo falando sozinho.

Babaca.

— Quero que pare no Starbucks no caminho — informo ao motorista — Um porco roubou o meu café. 

Ao falar isso, olho para John com nojo e ele apenas levanta o copo como se estivesse fazendo um brinde. Então sorri mais ainda e diz um "te vejo na escola" feito apenas para me irritar, e o carro sai.

Fecho o vidro para aproveitar melhor o ar condicionado, revirando os olhos mais uma vez e pegando o meu celular no bolso externo da minha mochila. Há três mensagens de Laura, minha melhor amiga, e várias notificações do Instagram e do Facebook. O twitter também aparece, mas tenho uma relação de amor e ódio com ele. Fico dias sem entrar, às vezes meses. Quando volto, twitto algo a cada dez segundos. Depois sumo de novo.

Aproveito o meu dia de deslumbramento para tirar algumas selfies e atualizar as minhas redes sociais. Gosto muito de manter meus seguidores informados, mesmo que meu irmão diga que isso é prejudicial à imagem da família. Eu discordo. Não há nada de errado em ostentar meus saltos altos de grife quando quero, muito menos aproveitar a paisagem e iluminação da minha sacada para fazer fotos boas. Meu irmão é cauteloso e paranoico. Vive achando que entraremos em um escândalo nacional por qualquer coisa.

Ah, sim! Mamãe é muito famosa. Esse é o motivo da preocupação do meu irmão. Ele preza pelo trabalho dela como estilista. Diz que no mundo da moda qualquer coisa pode ser um escândalo. Eu já acredito que qualquer coisa em qualquer mundo pode ser um escândalo.

O carro para de frente para a casa de Laura, e eu guardo o celular para ver a minha melhor amiga deslizar sobre a varanda de sua casa e se juntar a mim, no banco de trás. Sempre dou carona a ela. Laura não tem um motorista e sua mãe a fazia ir de ônibus antes de me conhecer. Hoje, faço questão de carregá-la comigo.

— Por favor, me diga que você vai à festa do Eduardo — ela pede — Recebi o convite pelo Facebook e marquei presença no grupo. Todo mundo vai!

— Ah, amiga, não sei — faço bico — O meu irmão quer ir e é um saco ficar em qualquer lugar perto dele. Não tem diversão!

— O Edward vai estar lá, sabe? Você poderia aproveitar a deixa...

Não consigo evitar os pulinhos que dou quando escuto aquela frase. Deus sabe como tenho um precipício por Edward, o garoto novo da sala ao lado. Ele é uma gracinha e desde que chegou tenho agido como uma psicopata. O sigo pelos corredores e sempre dou um jeito de puxar assunto com ele, nem que seja para perguntar a hora.

O pensamento de vê-lo na festa certamente me anima, mas então, como um choque, meu corpo desacelera e eu me jogo contra o banco do carro.

— O que foi? — pergunta Laura.

— Meu irmão! Ele vai ficar no meu pé como um cachorrinho. Não terei um minuto a sós com Edward.

Laura parece entender e também se joga contra o banco. Nós duas estamos a derrota em pessoa enquanto o carro passa pelas ruas do bairro de forma tranquila. Eu só queria ser uma adolescente normal, para variar.

— E se... — Laura começa, pulando e arrumando a postura. Eu continuo derrotada, olhando-a — E se o seu irmão tivesse uma companhia?

— O quê?

— Uma namorada ou uma ficante, quem sabe. Assim ele não teria tempo para importunar você.

— Hm... — penso, parece uma ideia maravilhosa! Meu irmãozinho não seria tão fascinado pelas minhas escolhas se tivesse que se preocupar com as suas próprias.

Mas há um problema.

— Ele não gosta de ninguém — digo, decepcionada. — Como faremos isso se ele não demonstra interesse por ninguém?

— Ah, Nina, você não pode ser tão ingênua, não é? — pergunta — É claro que o seu irmão se interessa por alguém. É impossível não gostar de nenhuma garota do nosso colégio. Você só não sabe disso porque é irmã dele e ele nunca te contaria.

— E como vou descobrir uma coisa dessas?!

Ela sorri seu melhor sorriso diabólico de planos infalíveis e eu me levanto, batendo palminhas, porque os planos de Laura são os melhores e nunca falham.

— Bem, querida, sempre há uma pessoa no mundo que com certeza sabe esse tipo de coisa.

— E quem é? — perguntou com expectativa.

— O melhor amigo!

Passo a maior parte do meu tempo na escola tentando prestar atenção em cada movimento do meu irmão. Às vezes me distraio com Edward, mas é justificável porque hoje ele está usando uma blusa de mangas compridas que deixam os seus olhos muito mais verdes. Isso é maravilhoso, porque estou usando brincos verdes e sinto que alguma força divina escolheu nos fazer combinar.

Mas a questão é que Mike, meu irmão, não parece demonstrar interesse em garota nenhuma. Ele passa o intervalo todo com os seus colegas em uma mesa no canto do refeitório, e eu juro que é deprimente o modo como todos parecem idiotas e imaturos demais.

Menos Edward, é claro.

Então, quando o sinal toca, aproveito que John e Mike se separam para correr até o melhor amigo do meu irmão e seguí-lo enquanto ele se esquiva pelas laterais do pátio. Eu não sei para onde ele vai, mas preciso perguntar algo muito importante, então não paro até que ele chegue na parte debaixo da arquibancada do campo de futebol. Aqui ele puxa um cigarro do bolso de dentro da sua jaqueta e o acende.

Eu fico escondida atrás de um pilar, observando-o. Por algum motivo, estou curiosa sobre o que ele veio fazer aqui. Não é um lugar muito agradável. Se ele queria fumar, poderia ter escolhido qualquer outro canto da escola. Mas ele veio para cá, então deve ter algo de importante.

E então eu descubro o que é. E é tão óbvio que reviro os olhos e me pergunto por qual motivo não imaginei antes. É claro que ele escolheu a parte debaixo da arquibancada, mas não foi para fumar. Foi para se encontrar com Nancy, uma loira do terceiro ano que vive reclamando da quantidade de sal das batatas da cantina.

Ela aparece do lado oposto ao meu, e eu me sinto muito bem ao saber da fofoca em primeira mão: Nancy, a garota perfeita e líder de torcida, se encontrando com John Hallister, o desajustado da moto suja e da jaqueta de couro estilosa.

Laura ia adorar saber disso.

Eu, por outro lado, começo a adorar bem menos a situação quando John puxa Nancy pela cintura e a prensa entre o seu corpo e uma das colunas. Ele joga o cigarro no chão e a beija de uma maneira tão erótica que fico constrangida. O limite é ultrapassado assim que ele coloca a mão por baixo de sua saia. Então eu sinto que preciso me retirar e dou passos lentos e cuidados para trás, tomando todo o cuidado para não...

Piso em uma folha. O estalo ecoa pelo local silencioso e consegue se sobressair acima dos gemidos eróticos de Nancy, que parece encontrar o paraíso com a mão de John entre suas pernas.

Eu seguro a respiração e me escondo atrás de uma viga, abaixando-me. Fecho os olhos e me encolho enquanto os escuto parar. Nancy fica preocupada com o barulho, mas John diz que não foi nada. Por fim, o sexto sentido da garota fala mais alto e eu escuto passos se afastando, esmagando folhas e tornando-se cada vez mais baixos.

Suspiro aliviada. Não sei por qual motivo fiquei tensa, mas sinto que seria constrangedor demais se algum dos dois me visse parada aqui que nem uma stalker maluca.

Quando o susto passa e as batidas do meu coração ficam estáveis, decido abrir os olhos e voltar para a aula. Ao invés disso, levo outro susto e caio no chão antes mesmo de conseguir me levantar por completo. Isso é muito constrangedor porque estou de saia e não preservo nada da minha classe quando permaneço no chão, sentada, respirando com dificuldade, com as pernas abertas.

Em desespero, procuro um jeito de olhar para John sem deixar meu rosto corar. Eu sei que vai ser difícil, afinal ele está parado com muita convicção na minha frente, com os braços cruzados e os olhos pregados em mim.

— Você é uma empata foda — diz, oferecendo a mão para me ajudar a levantar.

Lembro que há poucos segundos elas estavam na bunda de Nancy, então recuso e me levanto sozinha, limpando as folhas da minha saia e erguendo o nariz o mais alto que posso. Se eu fingir que está tudo bem, então estará.

— E você é um pervertido. Estamos em uma escola!

— Estamos embaixo da arquibancada do campo de futebol. Achei que você soubesse pra que serve esse lugar.

— Tenho certeza de que os arquitetos que construíram esse lugar não marcaram "lugar onde alunos podem foder" sobre o projeto da arquibancada!

Ele sorri. Eu não entendo.

— Tudo bem, então. Se quer ser ingênua e dissimulada, eu não vou perguntar por qual motivo está aqui.

Me sinto ofendida. Ele me chamou de ingênua e dissimulada?

— E se... — procuro argumentos, cruzando os braços — E se eu estou aqui porque vou me encontrar com uma pessoa?

John cai na gargalhada. É histérica e genuína demais para o meu gosto, o que me deixa muito mais ofendida. Espero por alguns segundos, mas ele não para, e eu tento não soar tão incomodada ao dizer:

— O quê? Acha que não posso vir com um garoto aqui? — pergunto, e então me passa pela cabeça que ele pode achar que eu não consigo ficar com ninguém — Acha que ninguém iria querer?

Ele para de rir, limpando uma lágrima do canto do olho direito. Então, enquanto controla a respiração, olha para mim e tenta se manter sério ao dizer:

— Não, muito pelo contrário. Acho que muitos garotos sonham em vir aqui com você.

— Então qual é a graça?

— Bem, nenhum deles se arriscaria. Você causa medo neles.

Abro a boca e a fecho algumas vezes enquanto tento entender o significado das suas palavras. John parece estar sendo sincero e isso me incomoda.

— Eu sou legal com todo mundo! — me defendo.

— Não é esse tipo de medo, Nina — explica — É que você é muito bonita, muito rica e muito popular. Qualquer garoto tem medo de tentar qualquer coisa com você e ser rejeitado, humilhado ou difamado.

— Isso é um absurdo!

— Ah, é? Então me diga: quantos garotos da sua sala te chamaram para sair esse ano?

Paro para pensar. Meu cérebro dá um nó. Não consigo lembrar de ninguém da minha sala, especificamente.

— Viu? — ele se gaba — Todos têm medo que você os rejeite. Todos acham que não são bons o suficiente. Você é tão perfeita que os assusta.

Oh, céus! Eu nunca tinha parado para pensar nisso. Só agora percebo que todos os caras com quem sai eram do terceiro ano, ou eram mais velhos, de fora. Ninguém da minha sala nunca se arriscou a falar comigo. Me sinto um monstro.

— Você não tem medo de mim — observo.

— Não estou tentando transar com você, Nina. Não preciso ter medo de ser rejeitado. Até porque... Você não me rejeitaria.

Reviro os olhos.

— Convencido.

— Convencido? É um fato.

Eu tenho certeza de que ele está falando sobre sexo, então me limito a cruzar os braços e fingir indiferença. John não precisa saber que nunca dormi com nenhum cara com quem sai. Isso só servirá para alimentar o ego patético dele. Deixe-o pensar que tenho experiência com homens mais velhos. Talvez assim pare de ser tão boçal.

— Sabe o que dizem sobre os que muito falam, não é? — o provoco.

John parece surpreso com a resposta, mas sorri. E então se aproxima. Dois passos. E eu me afasto até bater com a viga contra as minhas costas.

Ele está muito perto. Tão perto que posso sentir o cheiro de nicotina e canela em seu hálito.

— Eu poderia te provar — diz — Mas há um código que me impede de foder a irmã do meu melhor amigo.

Fico surpresa por um instante, mas lhe dou um tapa.

— E também há o código que diz que eu não estou a fim de transar com você, querido. Abaixa essa bola.

Ele não parece ofendido e até ri da minha resposta, afastando-se e dando de ombros.

— Tudo bem, então. Se não ia encontrar ninguém e não quer transar comigo, por que veio até aqui?

Ah, sim! Eu tinha me esquecido. Toda essa coisa de tensão sexual e discussão sobre egocentrismo me fez esquecer de que eu tenho um motivo para passar por esse vexame. E é um bom.

— Preciso da sua ajuda — digo.

Ele ergue as sobrancelhas.

— Também há um código que me proíbe de vender drogas para você.

— Ah, cale a boca! — reviro os olhos — Eu preciso que me ajude a encontrar uma namorada para o meu irmão.

John primeiramente ri, mas depois percebe que não é uma piada. E então eu explico tudo para ele, falando até mesmo de Edward, e quando termino ele tem uma expressão pensativa no rosto.

— Deus, você é mesmo mimada — diz.

— Só quero uma vida social.

— E o que eu ganho com isso?

Não havia pensado nisso, mas deveria ter. John nunca fez nada de graça, desde que nos conhecemos. E olha que eu o conheci aos meus seis anos de idade. Faz muito tempo.

— Eu não sei, o que você quer?

O garoto parece pensar um pouco. Então sorri mais um de seus sorriso já característicos e diz:

— Primeiro, quero que me diga uma coisa:— e juro que, quando completa a frase, ele parece o diabo em pessoa — Quanto tempo demora da sua casa até a escola? Mas, não de carro. A pé.

EU TO  MUITO ANIMADA SOCORRO SKSKDKDKD
BV TÁ finalmente de volta!!! Eu não sei vocês, mas John me deixou com muita saudade. Aff amo ele demais.
Não se esqueçam de me seguir no Instagram (andresa7ios) porque lá vou postar o tom de rosa que a nina escolheu nesse capítulo. Também tenho umas dicas de marcas baratas pra vocês comprarem!
Até o próximo capítulo!


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