3² azul
Nos últimos dias Mike vem organizando muitas reuniões com seus amigos, todas aqui em casa. Geralmente aparecem quatro deles: John, Richie, Antony e um cara que não costumo ver muito chamado Chris. Victoria vem também, o que é legal porque eu não gosto de ser a única garota do grupo, mas hoje, especialmente, ela não está aqui. Eu pensei em ir embora para não me sentir excluída, mas decidi ficar para tentar descobrir o que está acontecendo entre John e meu irmão. Mantenho os olhos abertos desde aquela ligação estranha entre os dois, e estou cada vez mais perto de descobrir a verdade.
Queria pedir a ajuda de Vic nessa investigação, mas tenho medo de vê-la ficar do lado de Mike ou até mesmo de descobrir que ela já sabe de alguma coisa e não me contou. A cada dia que passa eu sinto que Vic está mais próxima do meu irmão e de seus amigos; eles têm tantos segredos e piadas internas que quando saímos todos juntos ficam sussurrando sem parar. Confesso que no início fiquei com inveja dessa relação porque nunca consegui conversar com eles normalmente, mas depois lembrei da minha posição na escala social da escola e entendi que não era para acontecer. É óbvio que esses garotos não prestam para ser meus amigos! Eu sempre soube disso.
Hoje a reunião é na área de lazer da mansão, onde tem a piscina e o sofá de jogos, então fico no canto mais distante para observar. Ninguém sente a minha falta, mas John às vezes vem me oferecer uma bebida. Acho que os outros garotos não chegam perto de mim porque têm medo do meu irmão ficar bravo, ou algo do tipo. Teve uma hora que uma bola de futebol caiu perto dos meus pés e Richie pediu licença para Mike antes de vir buscar. Ele até fechou os olhos quando se agachou, e eu nem estou de saia!
Eu queria não estar me submetendo a isso, mas não tenho nada melhor para fazer e realmente quero conhecer mais do meu irmão. Sinto que recentemente estamos nos afastando muito, e isso me dá medo. Desde que nosso pai foi embora, quando éramos crianças, somos unidos e inseparáveis, mas a adolescência nos mudou tanto que agora é como se nem nos conhecêssemos mais! Eu tive que pedir ajuda ao melhor amigo dele para conseguir encontrar uma garota que Mike gostasse, e tudo porque eu não fazia ideia de qual era o tipo de pessoa que o atraía. Além do mais, tem algo acontecendo entre John e meu irmão, e preciso descobrir o que é. Se for perigoso ou se Mike estiver se metendo em confusões é meu dever impedir!
Estou focada no plano de continuar aqui e investigar a sua vida quando os garotos começam a contar piadas estranhas e eu sinto que é o momento de partir. Amo meu irmão, mas não tenho paciência para os seus amigos. Acho que já conheci demais dele por hoje e posso continuar tentando me aproximar amanhã. Além do mais, acho que Mike não me quer aqui. Estou atrapalhando a farra dele e dos seus amigos porque sou uma garota e sou sua irmã. Até eu percebo que é estranho ficar por perto.
Saio da área de lazer depois de dar boa noite a todos e vou para dentro de casa, onde encontro Richie, o garoto dos biscoitos, comendo biscoitos.
Amy não tem jeito.
— E aí, Nina!
Sorrio educadamente para ele e continuo meu caminho até o quarto. Ao fechar a porta, antes mesmo de acender as luzes, percebo que da pra ouvir a conversa de Mike e seus amigos daqui de dentro. Acho que a área de lazer produz eco, principalmente por causa da piscina fechada, e meu quarto fica na direção do sofás. Isso é estranho.
Me aproximo, curiosa. O que será que eles fazem quando não tem uma irmã por perto? Quero muito saber. Apuro os ouvidos e os escuto falando... de garotas. Eca. Mas fico curiosa, porque escuro o nome de Laura, e ninguém ali nem fala com ela! Por que será que de repente a minha melhor amiga virou o assunto da rodinha?
Vou até a sacada e deito no chão, perto da grade de ferro da moldura, para ver melhor. Mike, John, Antony e Chris estão empoleirados no sofá perto da TV, alguns no tapete do chão, conversando e rindo. Eles não falam alto, mas deviam maneirar no tom. E se eu estivesse dormindo? Com certeza iriam me atrapalhar!
Com o rumo da conversa deles acabo associando que Antony é aquele garoto do skate que sempre dá em cima de Laura e até a chamou para ir no cinema uma vez. Ele está falando sobre como minha amiga é difícil. Todo mundo ri do fracasso dele porque sabem que não há chances de os dois saírem juntos, mas Antony está otimista: diz que um dia vai conseguir.
Então a conversa rapidamente muda de direção e vai parar em Mike. Eles perguntam sobre Vic e como tudo realmente começou. Acho que meu irmão não conta a verdade, porque diz que a chamou para sair depois de perceber ela o encarava durante a aula de física, mas eles nem tem física juntos!
— E você, John?
Tenho medo dessa pergunta. Acho que John Hallister e garotas em uma mesma frase me traz péssimas lembranças, porque me recordo muito bem de quando o peguei embaixo da arquibancada da escola com Nancy Willians, por exemplo. Se Mike e o Stalker da Laura foram cautelosos e até mesmo fofos, tenho certeza de que John se sairá bem pior. Não sei se quero ouvir.
— O que tem eu? — John pergunta, porque estava distraído no celular.
— Todos os caras estão namorando — diz Richie, que estava ali o tempo todo e eu não notei. Ele olha para Antony e se corrige: — ou... se iludindo. Mas e você? Faz tempo que não te vemos com ninguém! Aconteceu alguma coisa com o seu amigão?
— É — outro garoto concorda. — Ultimamente você só anda pra lá e pra cá com a irmã do Mike. Você por acaso tá tendo alguma coisa com ela?
Prendo a respiração. John levanta o olhar, saindo do celular, e eu fico esperando sua resposta. Estou suando, mas ele parece tranquilo. Meu irmão, por outro lado, está bem curioso.
— Ela tá me ajudando em geometria, seu idiota. Você é muito pervertido! A Nina é quase a nossa irmã!
Respiro aliviada por ele ser tão bom mentiroso, mas fico um pouco incomodada com sua alegação de eu ser uma irmã para todo mundo. Deus me livre!
— Ele tá com a Nancy, esqueceu? — Mike finalmente fala alguma coisa — Eles tem aquele lance que parece que não existe, mas também nunca acaba.
O pessoal cai na risada enquanto John dá de ombros. Ele volta a mexer no celular, mas quando a conversa dos meninos migra para outro foco e Hallister é esquecido o seu olhar acaba vindo parar em mim. Ele sorri como se soubesse desde o início que estava sendo observado, e eu me sinto como uma criança pega no flagra.
John pisca como se guardássemos um segredo, e eu escuto meu celular notificar uma mensagem. Meu coração pula mesmo que eu saiba que ninguém lá embaixo pode escutar, e rastejo até estar na minha escrivaninha.
A mensagem é de John, e ela diz:
Péssima espiã, Nina. Você precisa mesmo assistir Missão Impossível.
Falta muito pouco para a festa de Eduardo, e eu não estou tão relaxada quanto deveria.
Culpa de John Hallister, claro.
Tudo começou pela internet. John postou uma foto no Instagram com o seu irmão, Trevor, e sua mãe, e algumas meninas da escola fizeram vários comentários a respeito da beleza da família Hallister, dizendo que queriam que John apresentasse seu irmão a elas. Estava até engraçado, admito, mas aí John disse que era muito mais legal que Trevor, e eu tive que me meter e dizer que era mentira. Conheço o irmão de John e ele é muito mais gentil e amigável que aquele sem noção! Mike poderia ter virado melhor amigo dele, não podia?
É claro que o fato de eu discordar gerou uma conversa finita de quase setenta comentários entre eu, ele e mais algumas garotas da nossa escola que insistiam em defendê-lo. O post ficou em alta por dias porque ninguém poderia deixar o inimigo ter a última palavra, e eu me senti em uma verdadeira guerra. A coisa ficou tão feia que em alguns minutos não estávamos mais falando sobre John e Trevor, mas sim de John e eu. A disputa para ver quem de nós dois era mais legal começou tão rápido quanto terminou, quando fizemos uma aposta para tirar a prova.
Imagina só? Uma aposta! Eu nunca faço apostas porque tenho medo de ficar como aquelas viciadas que não saem de Las Vegas e moram dentro de cassinos, mas John insistiu muito na ideia de que era mais divertido do que eu! Até mesmo montou um grupo com duas garotas e alguns de seus amigos, insinuando que eu deveria fazer o mesmo para, no fim, vermos quem se sai melhor. Eu, claro, como uma adolescente responsável e madura, aceitei. O que mais eu poderia fazer? Ele estava testando a minha honra e a minha capacidade de conduzir uma participação em uma festa idiota de colegial! Eu não iria deixar isso passar nunca. É a minha chance de fazer John ver algumas verdades — principalmente a de que não sou ingênua e não sou criança. Sei muito bem como me divertir.
Por isso eu encarnei a Taylor Swfit e montei o meu próprio squad, chamando, claro, Laura Heron, Victória Bradon e Mariah Turner, uma garota da minha escola que eu quase não conheço, mas que foi a única a me defender naquele post idiota. Ela com certeza merece fazer parte do meu grupo e se divertir de verdade a noite inteira, ao contrário das que escolheram ficar com John. Nós vamos arrasar.
— Coração — escuto a voz do demônio chamar. Olho para a direção da porta da minha sacada e o vejo pular para dentro como se fosse a coisa mais natural do mundo. — Eu já escolhi o que quero como prêmio.
Estou sentada na minha penteadeira quando levo o susto causado pela sua presença. John criou esse hábito extremamente irritante de entrar no meu quarto usando a sacada quando bem entender, mas não pode funcionar desse jeito! Eu preciso de privacidade. E se eu estivesse hidratando o meu cabelo? Seria um desastre! Ninguém pode descobrir as vitaminas que coloco para que ele fique tão macio.
— John, limites! — brigo, levantando da minha penteadeira — E se eu estivesse me trocando?
Ele ajeita a jaqueta no corpo, sorri de lado e anda para dentro do meu quarto como se estivesse na sua própria casa. Eu acho o seu comportamento uma afronta, mas não tenho tempo de reclamar uma segunda vez, porque ele fala:
— O plano era que você estivesse se trocando, mas errei alguns minutos e perdi o show — então se acomoda na poltrona em forma de salto alto que tenho ao lado da cama e a analisa como se fosse algo extremamente bizarro e curioso, logo ficando entediado e voltando a prestar atenção em mim: — Eu quero uma foto.
Estou tão distraída pelo modo como ele julga o meu móvel preferido que fico confusa.
— O quê?
— Uma foto minha no seu Instagram — explica, então se levanta e vai para a outra poltrona que tenho no quarto.
Essa poltrona é normal. Comprei em uma loja de móveis usados. Achei que deixaria o meu quarto vintage, mas ficou um pouco desconexo por ser um modelo antigo e apagado no meio de um cômodo cheio de penugem rosa.
— Por que? — volto à conversa
— Porque eu sei que você não quer que a minha má reputação estrague a sua. Eu adoraria ver isso acontecer. Então, se eu ganhar, você posta uma foto minha no seu Instagram para que todos pensem que viramos melhores amigos e que você é tão sem futuro quanto eu.
Cruzo os braços e bato o pé direito repetidas vezes enquanto avalio a sua proposta. É claro que com uma aposta ele iria querer um prêmio, assim como eu também vou querer o meu — apesar de não ter pensado nisso direito. Uma foto no Instagram não parece algo tão absurdo assim, e eu poderia explicar para as pessoas que fiz isso por pena, então aceito.
— Ok. E se eu ganhar, quero que me conta a verdade sobre o que aconteceu com o seu celular.
Quando termino de falar, a sua expressão muda. John estava extremamente relaxado e zombeteiro antes da minha frase. Agora ele parece tenso e desconfortável, o que me deixa ainda mais curiosa a respeito do assunto.
— Isso é pessoal. — diz.
— Meu Instagram também.
John levanta da poltrona e anda até estar parado na minha frente. Então me olha de cima abaixo, como se me avaliasse, e dá um riso banhada de superioridade:
— Você não tem chance alguma de ganhar, então tudo bem. Apostado.
Dito isto, ele anda até a minha sacada e pula dela para as vigas das paredes, me deixando aqui sozinha e muito determinada a ganhar esse desafio.
— Uma limusine?!
Mariah parece realmente animada com a notícia. Eu tive que confirmar mais de uma vez para que ela acreditasse que aluguei uma limusine para ir à festa. O que eu poderia fazer? Não sei dirigir e Mike não me levaria, porque vai com Victoria no carro novo dele. Além do mais, tenho que começar direito e chegar naquela festa humilhando John Hallister desde o primeiro segundo.
— Isso mesmo! — confirmo pela sétima vez e bato palminhas — Vamos beber e cantar o caminho todo, e, quando chegarmos lá, chegaremos arrasando.
Laura também fica feliz com a notícia e comemora aumentando o som da música que estamos escutando. Dançando, ela atravessa o meu quarto tentando desviar das roupas espalhadas pelo chão, indo na direção de Mariah, que está sendo maquiada por Victoria. Nós descobrimos que a namorada do meu irmão é muito boa com pincéis e a deixamos responsável por nos transformar em deusas, então há uma fila de produção acontecendo aqui. Eu me ofereci para encontrar algo combinando pra gente vestir, e tem que ser legal sem parecer que somos irmãs gêmeas, então demoro um pouco para encontrar, mas devo dizer que ficou lindo quando consegui! Todos sentirão inveja da nossa amizade quando chegarmos à festa extremamente deslumbrantes. Victoria, Mariah, Laura e eu dominaremos aquele lugar!
— E o Edward? — pergunta Laura enquanto penteia os cabelos de Mariah. Victória está concentrada em fazer o delineado perfeito nos olhos da nossa nova amiga. — Tudo certo com a babá?
— Sim, sim — respondo, animada. — Ela já deve estar conversando com Edward e ajustando os últimos detalhes agora.
— Então... Você vai ficar com ele? — pergunta Mariah. Eu faço que sim com a cabeça. — Ele é bonito.
— É, eu sei! — concordo. — O que é raro naquela escola.
— O John também é bonito — ela pensa.
— Mas é um idiota — rebato, e então fico séria, vendo a expressão interessada em seu rosto: — Idiota. Fique longe dele. Não se esqueça de que ele é o inimigo.
Todas dão risada, mas estou falando sério. Não quero nenhuma das minhas amigas magoadas pelo estilo de vida quase irresponsável de John e suas investidas nada românticas. O conheço há tempo suficiente para saber que ele gosta muito de ser ele mesmo para trocar isso por qualquer outra coisa, e garotas como Mariah merecem algo especial.
Pego o batom vermelho e dou para Victoria passar. Não digo o significado para ela porque não quero assustá-la, mas a cor fica realmente linda. Já eu passo o batom azul, porque quero me divertir e azul é a cor mais alegre que conheço. Você nunca vê um ambiente triste pintado de azul. Quem fica para baixo em uma piscina? Na praia? No Facebook? As pessoas ficam felizes quando estão em contato com a cor azul! Eu preciso de felicidade e diversão hoje.
É perfeito, está tudo perfeito! Vic até dispensou a carona do meu irmão para acompanhar a gente. A única coisa que falta é Mike sair de casa para que eu possa ir sem que ele me impeça — quando já estivermos na festa, não haverá nada que ele possa fazer para me obrigar a ir embora.
Nos arrumamos por mais quarenta minutos até Mike sair. Então ligo para o motorista da limusine e ele vem um tempo depois. Nós entramos e bebemos aquelas coisas horríveis com sabor de fruta até que eu me sinta zonza o suficiente para dançar sem me preocupar com o que os outros estão pensamos, e chegamos na festa parcialmente bêbadas.
Todo mundo para e nos olha, impressionados com a limusine. Percebo que foi um pouco exagerado e que essa nossa chegada está sendo muito dramática, mas não ligo. Estou acostumada a receber atenção, e sei que essas garotas cochichando queriam estar no nosso lugar. Quem não iria querer? Somos bonitas, estilosas e acabamos de chegar a uma festa em uma limusine. Estou muito orgulhosa do meu início triunfal!
Assim que descemos o motorista vai embora e as pessoas voltam a nos olhar de uma maneira normal. Grudo no braço de Laura, que gruda no de Victoria, que gruda no de Mariah e nós entramos pela porta da frente juntas. A música está alta, mas não insuportável, e o lugar tem cheiro de álcool e de limão. Todos os convidados já chegaram porque fomos as últimas a aparecer, mas isso é bom: pegamos a festa em seu auge. Nada do início chato, nem do fim caótico. Estamos no ponto certo.
A primeira coisa que faço é procurar por Edward com o olhar, mas não o encontro entre os grupos de garotos espalhados por aí. É quando percebo que eu não faço a mínima ideia de quem são seus amigos. Isso com certeza vai deixar a missão mais difícil, porque localizá-lo no meio de todos esses meninos que, sinceramente, são iguais, parece impossível sem mais algumas referências.
Estou mordendo o lábio inferior nervosamente quando John aparece na minha frente, entrando em foco. Ele está usando uma camiseta branca e um chapéu engraçado que sei que não é dele.
— Você está muito gostosa, coração! — levanta o copo em um brinde, visivelmente bêbado.
Eu deveria saber que ele iria ficar alterado antes mesmo do fim da festa. Posso estar bêbada, mas não estou arrastando palavras e nem mesmo corada, então posso julgá-lo.
— É, eu sei — levanto o queixo — Estou bonita o suficiente para me divertir muito mais que você.
Ele balança a cabeça negativamente, como se lamentasse:
— Se você estiver bonita, então não se diverte, coração — seu tom de voz está mais baixo, como se contasse um segredo. — Está vendo as minhas meninas? — pergunta, apontando para o lado de fora, onde a piscina está cheia. — Jess e Kate se jogaram na piscina assim que chegamos, e toda a maquiagem se foi. Elas continuam bonitas mesmo que não do jeito que você gosta, e sabe de uma coisa? Não importa. As duas estão se divertindo muito mais com as roupas molhadas. E eu também.
— A cada dia que passa, John, você me dá mais nojo. — então me afasto e arrumo o cabelo — Eu sei me divertir sem perder a classe, e posso te provar.
Ele faz um sinal de que vai vomitar quando digo a palavra classe, mas tenho certeza de que a minha filosofia faz bem mais sentido que a dele. Eu não fiquei horas me arrumando para simplesmente jogar tudo fora. Além do mais, não vi Edward ainda e eu fiz tudo exclusivamente para ele. John Hallister e seu discurso de bêbado experiente não podem mudar isso, então o deixo para trás, vendo-o voltar para a piscina, e puxo Laura, que puxa Mariah, que puxa Vic para longe.
Eu e minhas três companheiras de aventura passamos para o próximo cômodo da casa, onde as pessoas dançam, e formamos aquela rodinha já bem conhecida de amigas que não querem que seu espaço seja invadido por qualquer idiota. É o melhor método anti-intrusos que alguém pode aderir. Ou deveria ser porque, com tanta gente bêbada, não durou mais do que vinte minutos e logo estávamos dançando com mais desconhecidos do que conhecidos, o que levou Laura a se empolgar um pouco.
Minha melhor amiga sempre diz que não gosta de festas, mas é a primeira a descer até o chão quando alguma música da Beyoncé começa a tocar. Crazy in Love é definitivamente o seu ponto fraco, e eu não a julgo por isso. Seria o meu também se eu não estivesse tão preocupada em olhar para o lado de fora, procurando Edward e espiando John para saber se ele está se divertindo mais do que eu.
— Onde está Victoria?!
A voz de Mariah é abafada pela música, mas consigo reconhecer a pergunta. Começo a procurar por Vic pela casa, mas não a encontro de imediato. Só depois de alguns segundos que a vejo perto da escada com o meu irmão. Que alívio! Achei que Vic pudesse ter passado mal sem que a gente visse. Seria um desastre, porque ela está perfeita e vomitar em festas sempre acaba com a sua roupa.
— Tudo bem, ela já volta — conforto Mariah.
Esqueci de contar que Mike e Vic estão namorando, mas assim que sairmos dessa festa a deixarei por dentro de todos os detalhes. Quem sabe Mariah não ajuda com meus planos de não deixar que eles se separem nunca?
Continuo dançando, feliz pelo bom gosto de quem montou a playlist da festa, e estou quase esquecendo Edward e essa aposta estúpida quando Laura se aproxima de mim, parando de dançar, e comenta olhando para fora:
— Eu acho que estamos perdendo a aposta.
Quando sigo o seu olhar, o que eu vejo é algo totalmente injusto! John Hallister não pode simplesmente beijar as integrantes do seu grupo, principalmente as duas ao mesmo tempo. Isso vai tirar totalmente a neutralidade dos votos! É golpe baixo e algo muito sujo de se fazer em um jogo limpo. Sem falar que não estava escrito em nenhum momento que se divertir incluía apelo sexual.
Tenho vontade de empurrar os dois na piscina, mas Laura diz que não adiantaria muito.
— Já estão molhados — é o que argumenta.
Fico com muita raiva, e em um impulso pego Laura e Mariah pelos pulsos, puxando-as para a sala de visitas. Vou encontrar um jeito de nos divertimos bem mais que ele! Todos olharão para nós e pensarão "cara, como essas garotas sabem se divertir!", e nós ganharemos a aposta sem precisar apelar de maneira alguma. Como já disse antes, tenho muita classe e sou bem mais competitiva que John Hallister. Ele que se engana se pensa que vou deixá-lo sair dessa com uma foto postada no meu Instagram! Meu perfil tem o feed perfeito e não vou estragar a harmonia das minhas fotos com o rosto de um Hallister por lá, arruinando tudo.
Quando chegamos à sala de visitas há uma roda de pessoas em torno de uma pequena mesa de madeira, e eu vejo pelo menos doze copinhos de vidro espalhados sobre ela. Todos estão gritando incentivos para quem está virando a rodada, e eu me meto no meio deles para começar a participar também porque acho que já vi isso em filmes. Geralmente acontece um pouco antes da mocinha ficar muito louca e começar a arrancar as roupas, o que gera cenas épicas e proporciona histórias que serão repetidas pelo resto do ano letivo. Eu preciso tentar.
Ninguém reclama do fato de eu ter furado a fila, então lanço uma aposta silenciosa para o meu oponente — uma garota do segundo ano que eu tenho certeza de que se chama Mia —, e nós começamos a beber para ver quem termina primeiro. Eu ganho, acabando muito antes dela, mas a menina não parece se sentir chateada e até mesmo se levanta, grita e comemora a vitória comigo ao pular e me abraçar.
— Você é uma máquina mortífera que usa vodca como combustível! — diz Mia, cambaleando.
Mesmo zonza eu a seguro pelos ombros e nós duas rimos debilmente de sua piada. Então somos meio que expulsas de volta para a plateia porque a próxima rodada precisa começar.
Quem vai jogar agora é Laura e Mariah, que ficaram animadas depois que me viram ganhar. Elas se desafiam e acabam empatando, o que as faz virar mais uma rodada. Dessa vez quem ganha é Laura, e ela comemora bebendo o último copo de Mariah, que foi muito devagar. Todo mundo ri, e eu ainda estou muito próxima de Mia quando sou desafiada de novo, mas por um garoto do segundo ano. Acho que o nome dele é Josh, e eu me lembro de termos conversado em uma aula do Sr. Thorn essa semana. Ele me perguntou se eu viria à festa e eu disse que sim porque achei que Edward ficaria com ciúmes de nos ver juntos, mas agora reparo que Josh é muito bonito. Ele tem um sorriso brilhante e sotaque inglês, e por isso aceito o seu desafio. Quero conversar mais com ele.
Nós ficamos mais vinte minutos bebendo doses de vodca pura, e a cada virada eu sinto minha garganta queimar junto com o meu estômago. Não entendo o que está acontecendo porque nunca bebi assim antes, mas acredito que ver algumas coisas girando seja normal. Também começo a ficar com sono, mas Laura me impede de sentar e me puxa de volta para a pista de dança antes que eu estrague tudo. Nós dançamos juntas e Mariah está se divertindo tanto que isso me consola e me dá esperanças de que podemos ganhar esse desafio. Só então, depois de quase três horas, lembro de Edward, e em um surto desesperado paro de dançar, estico as mãos para que as minhas amigas também parem e grito para elas que vou encontrar o amor da minha vida.
Saio um pouco desnorteada, deixando Laura e Mariah para trás, dançando, e uso as palavras de incentivos das minhas amigas como combustível para sair pela casa perguntando para todo mundo se alguém viu o Ed — pelido que eu inventei para ele porque, muito bêbada, já não consigo falar Edward sem me enrolar toda.
— Eu acho que ele está no andar de cima — alguém diz, e eu subo as escadas com muita dificuldade.
Não o encontro, mas vejo o anfitrião da festa e lhe dou um abraço muito apertado, agradecendo-o pela bebida grátis. Então começo a pedir desculpas por nunca tê-lo notado antes da festa e ele ri, me segurando quando tropeço. Insisto nas desculpas até que ele é puxado por uma garota de cabelos negros e eu sou obrigada a me apoiar na parede mais próxima, sentindo uma súbita vontade de vomitar. Quando passa, volto a procurar Ed, mas toda vez que chego ao lugar que alguém diz tê-lo visto, eu não o encontro. Começo a ficar frustrada e muito mais enjoada, até que finalmente vejo um relance dos fios de cabelo castanhos extremamente preciosos que ele tem. Sem dúvidas, penso, é ele, e começo a andar em sua direção até o meu telefone tocar.
Tenho que parar para atender o celular. Por algum motivo, não consigo andar e apertar o botão ao mesmo tempo. Do outro lado da linha, uma voz feminina razoavelmente conhecida parece preocupada e me faz quase ter uma taque de pânico aqui mesmo, no meio da festa, quando me passa uma notícia para lá de ruim. Eu fico parada, encostada contra uma parede até conseguir raciocinar o que me foi dito, e então ando por entre as pessoas, indo na direção da saída sem demonstrar muita preocupação com o fato de estar pisando nos pés de muita gente.
Do lado de fora da casa consigo respirar melhor e adotar uma velocidade considerável para chegar à piscina em um minuto. Quando me afasto das beiradas molhadas para não escorregar, encontro John jogando bebida em quem está dentro da água. Vou até ele e o puxo pelo braço, tomando muito cuidado para não tropeçar com o impulso. Ele me olha confuso, depois diz algo sobre eu não saber perder, e eu coloco o dedo indicador desajeitadamente sobre os seus lábios para pedir silêncio, afinal estou cada vez mais incapaz de formar frases coerentes e preciso de concentração.
— Sabe aquela babá que você indicou para cuidar da irmã do Edward? — pergunto depois de lutar muito para fazer as palavras dentro da minha cabeça fazer sentido. John balança a cabeça afirmativamente, sério, e eu continuo: — Ela perdeu a droga da irmã dele e não consegue mais achar!
N/A: hellou!!!
Eu tô muito feliz com essa att! É a primeira parte dessa saga maluca que é a festa de Eduardo hahaha espero que estejam gostando. Qual as teorias de vocês para tudo o que essa galera ainda vai aprontar? Acham que a Nina vai conseguir ficar com o Edward? Como que eles vão resolver essa situação da irmã perdida do crush?
Parece que a Nina vai ter que fazer um rap pedindo pro Edward notar ela, porque não tá nada fácil ahahhaha vamos ficar na torcida pela miga <3
Até a próxima, beijão!
Post do John no Insta, com a foto do irmão dele:
Post no Facebook onde houve a proposta da aposta entre John e Nina. Alguns nomes estão diferentes por terem sido adaptados para a história <3
Se quiserem ver o post com todos os comentários, é só entrar no grupo O Maravilhoso Mundo da Andy R., que aconteceu por lá ^^
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